sexta-feira, 22 de agosto de 2014

A CIÊNCIA DA PSICOPEDAGOGIA


A Psicopedagogia é uma área de conhecimento transdisciplinar que tem em sua origem a Pedagogia e a Psicologia. Aborda as relações entre o sujeito com o conhecimento na sua construção e reconstrução. As áreas abrangidas neste curso correspondem à Pedagogia e à Psicologia com referência ao processo de aprendizagem, seus estilos, suas modalidades, tendo como foco crianças, adolescentes e adultos. Prevê-se que a intervenção psicopedagógica possa ocorrer em instituições escolares e em outras instituições, tendo como objetivo geral a formação técnica do profissional para atuar na intervenção psicopedagógica nessas instituições.
A Psicopedagogia é a área do conhecimento que estuda como as pessoas constroem o conhecimento. Em outras palavras, busca decifrar como ocorre o processo de construção do conhecimento nos indivíduos. Assim, ela se propõe a: identificar os pontos que possam, porventura, estar travando essa aprendizagem; atuar de maneira preventiva para evitá-los e, ainda, propiciar estratégias e ferramentas que possibilitem facilitar esse aprendizado.
A Psicopedagogia busca na Psicologia, Psicanálise, Psicolinguística, Neurologia, Psicomotricidade, Fonoaudiologia, Psiquiatria, entre outros, o conhecimento necessário para aprender como se dá o processo de aprendizagem nos indivíduos.
É preciso, em tempo, desfazer o equívoco de que a psicopedagogia é a fusão da Pedagogia com a Psicologia, ou vice-versa. Ela vai além dos conhecimentos específicos de ambas as áreas, como dissemos anteriormente.
Atualmente a Psicopedagogia se divide em: Psicopedagogia Clínica e Psicopedagogia Institucional.
ATUAÇÃO DO PSICOPEDAGOGO
Realiza o trabalho de intervenção psicopedagógica no processo de aprendizagem, oferecendo conhecimento para atuação na instituição, tanto na prevenção, como no tratamento dos problemas de aprendizagem; atua numa abordagem psicopedagógica-clínica, considerando o sujeito em seu processo de aprendizagem, no seu meio escolar, sociocultural e familiar; contribui com a construção de conhecimento na área da Psicopedagogia por meio da pesquisa.
A PSICOPEDAGOGIA E A PSICOLOGIA ESCOLAR
A Psicopedagogia está intimamente ligada à Psicologia Educacional, da qual uma parte aplicada à prática. Ela diferencia-se da Psicologia Escolar, também esta uma subdisciplina da Psicologia Educacional, sob três aspectos:
Quanto à origem, a Psicologia Escolar surgiu para compreender as causas do fracasso de certas crianças no sistema escolar enquanto a psicopedagogia surgiu para o tratamento de determinadas dificuldades de aprendizagem específicas;
Quanto à formação, a Psicologia Escolar é uma especialização na área de psicologia, enquanto a psicopedagogia é aberta a profissionais de diferentes áreas e,
Quanto à atuação, a Psicologia Escolar é uma área propriamente psicológica enquanto a psicopedagogia é uma área plenamente interdisciplinar, tanto psicológica como pedagógica.
CONCEPÇÃO DA ANÁLISE DO COMPORTAMENTO
De acordo com a concepção da Análise do Comportamento, o processo de aprendizagem acontece na relação entre o objeto de conhecimento e o aluno. O professor programa a forma como o objeto de conhecimento será organizado, respeitando as características individuais do aluno. O objetivo é que o aluno se interesse pelo processo de conhecimento e aja sobre o objeto de conhecimento.
Apesar do que alguns críticos erroneamente afirmam, para os analistas do comportamento o aluno não deve assumir uma posição passiva durante o aprendizado. Pelo contrário, responder a questões, formular questões e relacionar diferentes conteúdos é fundamental. Para que a aprendizagem seja mais efetiva, o professor deve investigar o nível de conhecimento do aluno, identificando seus pontos fortes e fracos e adaptando os conteúdos de forma a facilitar o ensino.
CONCEPÇÃO RACIONALISTA
Na concepção racionalista, a aprendizagem é fruto da capacidade interna do aluno. Ele é, ou não, “inteligente” porque já nasceu com a capacidade, ou não, de aprender. Sua aprendizagem também estará relacionada à maturação biológica, só podendo aprender determinados conteúdos quando tiver a prontidão necessária para isso. O aluno já traz uma capacidade inata para aprender. Quando não aprende, é considerado incapaz; se aprende diz-se que tem um bom grau de quociente intelectual ou (Q.I.). Nesta concepção, o papel do professor é de organizador do conteúdo, levando em consideração a idade do indivíduo. De acordo com as pesquisas na área cognitiva de aprendizagem, quando uma pessoa apresenta uma deficiência de aprendizado em algum assunto específico, é provável que as ferramentas mentais como análise, percepção, memória, analogia, imaginação e organização mental das informações não estarão desenvolvidas apropriadamente. É necessário preparar essas competências mentais para desenvolver o aprendizado mais sistêmico antes de aplicar o conteúdo em si no aluno. Essa "capacidade inata" de aprender é vista como variável, porque, dependendo do seu sistema mental, o indivíduo pode tê-lo desenvolvido muito bem ou não. Caso negativo, uma orientação especial é capaz de desenvolver esses pontos mais precários de aprendizagem.
CONCEPÇÃO CONSTRUTIVISTA
A concepção construtivista define a aprendizagem como um processo de troca mútua entre o meio e o indivíduo, tendo o outro como mediador. O aluno é um elemento ativo que age e constrói sua aprendizagem. Cabe ao professor instigar o sujeito, desafiando, mobilizando, questionando e utilizando os “erros” de forma construtiva, garantindo assim uma reelaboração das hipóteses levantadas, favorecendo a construção do conhecimento. Nesta concepção o aluno não é apenas alguém que aprende, mas sim o que vivencia os dois processos, sendo ao mesmo tempo ensinante e aprendente.
Alguns teóricos da Psicopedagogia defendem que “para que haja aprendizagem, intervêm o nível cognitivo e o desejante, além do organismo e do corpo, por isso aproxima-se dos referenciais teóricos do construtivismo, pois foca a subjetivação, enfatizando o interacionismo; acredita no ato de aprender como uma interação, crença esta fundamentada nas ideias de Pichon Rivière e de Vygotsky; defende a importância da simbolização no processo de aprendizagem baseada nos estudos psicanalíticos, além da contribuição de Carl Gustav Jung pela Psicologia Analítica.
É necessário que o psicopedagogo tenha um olhar abrangente sobre as causas das dificuldades de aprendizagem, indo além dos problemas biológicos, rompendo assim com a visão simplista dos problemas de aprendizagem, procurando compreender mais profundamente como ocorre este processo de aprender numa abordagem integrada, na qual não se toma apenas um aspecto da pessoa, mas sua integralidade.
Necessariamente, nas dificuldades de aprendizagem que apresenta um sujeito, está envolvido também o ensinante. Portanto, o problema de aprendizagem deve ser diagnosticado, prevenido e curado, a partir dos dois personagens e no vínculo. Assim, cabe ao psicopedagogo voltar seu olhar para esses sujeitos, ensinante e aprendente, como para os vínculos e a circulação do saber entre eles. Uma tarefa primordial no diagnóstico é resgatar o amor. Em geral, os terapeutas tendem a carregar nas tintas sobre o desamor, sobre o que falta, e poucas vezes se evidencia o que se tem e onde o amor é resgatável. Sem dúvida, isto é o que nos importa no caminho da cura.
O psicopedagogo Reuven Feuerstein, criador das teorias da Experiência da Aprendizagem Mediada e da Modificabilidade cognitiva estrutural, defende a ideia de que a inteligência pode ser "exercitada" e "expandida". O método Feuerstein, de estímulo da inteligência, tem auxiliado indivíduos portadores de deficiências e considerados inaptos. Indivíduos, como o neto de Feuerstein (portador de síndrome de Down), apresentaram um grande desenvolvimento de inteligência, adquirindo a capacidade de aprender.

A REGULAMENTAÇÃO DO CURSO DE PSICOPEDAGOGIA
No Brasil vivencia-se ainda a luta, para que se regulamente a profissão de psicopedagogo, de modo que este seja formado em cursos de graduação a exemplo do que já acontece na Europa, em especial, na França e em Portugal, além de outros países.
Em 2005 foi reconhecido o primeiro curso de graduação em Psicopedagogia, oferecido pela PUC/RS (em extinção). Na época o Brasil já contava com outros cursos em andamento: no Centro Universitário La Salle, (Canoas, RS) e no Centro Universitário FIEO (Osasco, São Paulo). Nesta última instituição, em 2006, foi recomendado pela CAPES o primeiro mestrado acadêmico com área de concentração em Psicopedagogia.
A regulamentação brasileira não tem avançado a partir do Projeto de Lei nº 128/2000 e da Lei n.º 10.891. Entretanto, a regulamentação de qualquer nova profissão, a exemplo das tentativas de regulamentação da Psicanálise no Brasil, que é livre no mundo, têm encontrado em prerrogativa constitucional a sua impossibilidade, pois o Art. 5º da Constituição Brasileira prevê o "livre exercício profissional", sendo entendido que é desnecessário e oneroso para o Estado a regulamentação de profissões, exceto quando há risco iminente para a sociedade.

TERMINOLOGIA UTILIZADA
ENSINANTE-APRENDENTE: termo usado para indicar que todo sujeito exerce as duas funções simultaneamente.
DIAGNÓSTICO PSICOPEDAGÓGICO: trata-se da avaliação da situação e história individual baseado nos princípios psicopedagógicos, o que difere do diagnóstico psicológico ou da avaliação educacional.
DIFAJ: termo cunhado por Alicia Fernández para descrever o modelo de atendimento psicopedagógico implementado. É o acrônimo para "Diagnóstico Interdisciplinar Familiar de Aprendizagem em uma Jornada".
INTELIGÊNCIA ATRAPADA: estado de inibição cognitiva caracterizado pelo esquema mental de defesa ou fuga, desenvolvido pelo próprio sujeito que impede ou atrapalha a aprendizagem.
QUEIXA: termo que designa o problema vivenciado pelo sujeito, em geral criança ou adolescente, na visão dos pais ou de quem apresenta o caso ao profissional psicopedagogo (Ex: "Ele não consegue ler"; "Ela escreve de trás para frente"; "Ele troca as letras"; "Ele não sabe nada").
VÍNCULO: relação mútua entre a criança ou adolescente e o outro (família, colegas, profissionais etc.).

A IMPORTÂNCIA DO PSICOPEDAGOGO
A intervenção do  pode ser de forma preventiva, a qual detecta as dificuldades e promove sugestões metodológicas, orientação vocacional, educacional e ocupacional ou de forma terapêutica. Seja em escolas, identificando alunos com dificuldades ou em hospitais, elaborando diagnósticos das pessoas internadas. Também pode trabalhar em centros comunitários, em consultórios ou orientando pessoas quanto ao processo de aprendizagem. Ademais, áreas como treinamento, educação continuada e acompanhamento de pessoas com deficiência, aumentaram a demanda de psicopedagogo no meio empresarial. Em contrapartida, numa linha terapêutica a função é tratar a dificuldade de aprendizagem, diagnosticando e desenvolvendo técnicas remediativas.
A partir do estudo da origem da dificuldade em aprender, o psicopedagogo desenvolve atividades que estimulam as funções cognitivas que não estão ativadas no paciente e a questão afetiva e social. O psicopedagogo contribui para a construção da autonomia e independência, através da relação com “como eu aprendo” e “como me relaciono com o saber”. Durante as sessões com o psicopedagogo, os recursos como jogos, livros e computador, tem a finalidade de descobrir os estilos de aprendizagem do paciente: ritmos, hábitos adquiridos, motivações, ansiedades, defesas e conflitos em relação ao aprender. O psicopedagogo tem a função de auxiliar o indivíduo que não aprende a se encontrar nesse processo, além de ajudá-lo a desenvolver habilidades para isso.
Quando existe a dificuldade para articular o “eu” e o “outro”, significa falta de autonomia para a aprendizagem, acontece uma discrepância entre o corpo, o pensamento e a emoção. Se você não tem facilidade de interação, tem a sensação de estar ameaçado quando está em grupo, necessita da intervenção do psicopedagogo. Quando a pessoa se sente excluída, precisa de uma equipe estruturada para ajudá-lo com as questões cognitivas, sócio-afetivas e com a autoconfiança.
Logo pode ser de forma preventiva, a qual detecta as dificuldades e promove sugestões metodológicas, orientação vocacional, educacional e ocupacional ou de forma terapêutica. Seja em escolas, identificando alunos com dificuldades ou em hospitais, elaborando diagnósticos das pessoas internadas.

O ATENDIMENTO PSICOPEDAGÓGICO CLÍNICO
São utilizados recursos para a construção do conhecimento. O tratamento deve estar voltado para a construção do conhecimento, e não para o produto final. São utilizados diversos recursos pelo psicopedagogo: dramatizações, jogos, leituras, diálogos, desenhos, projetos e outras maneiras que serão descobertas no decorrer dos atendimentos. O psicopedagogo tem informação para orientar pais e professores, ser o mediador de todo o processo e, assim, ir além da junção do conhecimento do psicólogo e pedagogo.
É com o apoio e intervenção adequada de um psicopedagogo que a pessoa pode ter sucesso na vida escolar e social, e progredir em carreiras bem-sucedidas, em cargos de destaques, ao longo da vida. A partir do estudo da origem da dificuldade em aprender, o psicopedagogo desenvolve atividades que estimulam as funções cognitivas que não estão ativadas no paciente e a questão afetiva e social. O psicopedagogo contribui para a construção da autonomia e independência, através da relação com “como eu aprendo” e “como me relaciono com o saber”.  Durante as sessões com o psicopedagogo, os recursos como jogos, livros e computador, tem a finalidade de descobrir os estilos de aprendizagem do paciente: ritmos, hábitos adquiridos, motivações, ansiedades, defesas e conflitos em relação ao aprender. O psicopedagogo tem a função de auxiliar o indivíduo que não aprende a se encontrar nesse processo, além de ajudá-lo a desenvolver habilidades para isso.

A DISLEXIA
É importante saber que a dislexia não é uma doença, senão um distúrbio genético e neurobiológico que independe da preguiça, falta de atenção ou má alfabetização. O que ocorre é uma desordem no caminho das informações, o que inibe o processo de entendimento das letras e, por sua vez, pode comprometer a escrita. É claro que os sintomas da dislexia variam de acordo com os diferentes graus do transtorno, mas a pessoa tem dificuldade para decodificar as letras do alfabeto e tudo o que é relacionado à leitura. O disléxico não consegue associar o símbolo gráfico e as letras ao som que eles representam.
Ter dislexia não é o fim do mundo, o disléxico não é deficiente. Fique tranquilo! Ele pode ser uma pessoa saudável e inteligente, porém com dificuldade acima do comum em aprender a ler. Geralmente, o disléxico possui um QI normal ou até mesmo acima do normal.
Quanto antes descobrir a dislexia, melhor será para evitar rótulos depreciativos ao portador, dificuldades com os colegas na escola, constrangimento no local de trabalho, problemas de relacionamento seja com amigos, parceiros ou familiares. Afinal, quantas vezes algum disléxico, por não saber a origem de seu problema, não soube argumentar contra críticas, ridicularizarão, zombaria onde trabalha ou estuda? Quantas vezes, você, mãe, pai, já não se preocupou com as dificuldades de seu filho? Há exemplos de que disléxicos podem conviver com o distúrbio, sim. Para que isso aconteça, é preciso buscar ajuda de profissionais.
PERSONALIDADES PORTADORAS DE DISLEXIA:
-Pablo Picasso: Um mestre da arte no século XX, é considerado um dos artistas mais famosos e versáteis do mundo, foi pintor, escultor, desenhista e escritor de poesia;
-George Washington: político e militar foi o primeiro presidente constitucional dos Estados Unidos. Ele é visto pelos americanos como o “Pai da Pátria”;
-Joss Stone: a jovem, nascida em 1987, é cantora e compositora inglesa de Soul e Blues, além de atriz. Já vendeu mais de onze milhões de álbuns em todo e mundo e venceu vários prêmios;
Os sintomas da dislexia variam de acordo com os diferentes graus do transtorno, mas a pessoa tem dificuldade para decodificar as letras do alfabeto e tudo o que é relacionado à leitura. O disléxico não consegue associar o símbolo gráfico e as letras ao som que eles representam. Podem confundir direita com esquerda, no sentido espacial, ou escrever de forma invertida, ao invés de “vovó”, “ovóv”, “topa” por “pato”. A dislexia também gera a omissão de sílabas ou letras como “transorno” para “transtorno”, até mesmo a confusão de palavras com grafia similar, por exemplo, n-u, w-m, a-e, p-q, p-b, b-d… Ter a necessidade de seguir a linha do texto com os dedos é outro sintoma de dislexia. O indivíduo sofre com a pobreza de vocabulário, escassez de conhecimento prévio, confusão com relação às tarefas escolares, podendo resultar num atraso escolar. A existência de casos de dislexia na família, dificuldades para compreensão de texto, reconhecer rimas e símbolos, decorar tabuada, inversão, acréscimo ou omissão de letras, saltar ou retroceder linhas no momento da leitura, são sinais de dislexia.
ALGUNS SINAIS QUE PODEM DIAGNOSTICAR A DISLEXIA
- Quando a incompreensão na leitura ultrapassa a fase de alfabetização;
- A leitura é silabada;
- Faz adivinhações, por exemplo, entende a palavra “famoso” como “família” (pois esta última é mais frequente);
- Troca, omite ou inverte as letras durante a leitura;
- Substituição: “todos” por “totos”;
- Omissão: “Chuva forte” por “chuva fote”;
- Acréscimo de letras ou sílabas: “Estranho” por “estrainho”;
-Separação: “Está embaixo da cama” por “Está em baixo da cama”;
Ou “Caiu uma chuva” por “caiu um a chuva”;
- Junção: “A lua está entre as nuvens” por “Alua está entreas nuvens”.

O TDA/H TRANSTORNO DO DÉFICIT DE ATENÇÃO COM OU SEM HIPERATIVIDADE
O Transtorno do Déficit de Atenção (TDA/H) é o diagnóstico neuropsiquiátrico usado para nomear um comportamento desatencional com ou sem histórico de hiperatividade física ou mental excessivo, presentes predominantemente em crianças e adolescentes. Em adultos tal diagnóstico só foi constatado a partir dos anos 90. Acredita-se que os sintomas desapareçam na medida em que os indivíduos adentrem para idade adulta, havendo poucos casos de prevalência, principalmente da hiperativade, nessa parcela da população.
Vale salientar que o diagnóstico neuropsiquiátrico, não deve ser o único processo a ser realizado em uma criança ou adolescente que apresentam os sintomas presentes no TDA/H, já que sua análise se baseia em variáveis que cobrem apenas parte do contexto de vida do indivíduo e nem sempre levam em conta fatores importantes que podem estar provocando um comportamento desatento, impulsivo e hiperativo da criança. Esses sintomas podem, em uma leitura relativizada, estar sinalizando na vida desses indivíduos um incômodo, uma dor ou até mesmo uma angústia em relação a algo que vem acontecendo em seu processo de vida. Quem sabe, até mesmo a entrada na escola e sua nova adaptação ao contexto escolar? Analisar esses fatores é crucial no processo, principalmente antes do uso da medicação, que pode até ajudar no processo, mas não irá calar a dor daquele que a experimenta. A recomendação é a de que somente com a ajuda de uma equipe interdisciplinar formada por: psicólogos, psicopedagogos, professores, psicanalistas, entre outros das áreas afins, pode-se aproximar da possível causa de tal comportamento. Nem sempre a medicação, única , sem possibilitar ao sujeito o espaço para que o indivíduo possa externalizar sua dor, poderá dar conta do tratamento.
A primeira menção do transtorno surgiu aproximadamente na década de 20, com o pediatra inglês George Frederick Still. Still, como é conhecido, nomeou o atual transtorno de comportamento como um transtorno médico, nomeando-o como defeito de conduta moral ou controle moral, herdado geneticamente de seus pais. Segundo ele, o defeito era originado por um provável dano cerebral. Existiam também especulações de que sua causa poderia também ocorrer por problemas na hora do parto. Podemos pensar em como essa definição nos parece familiar ainda nos dias de hoje, com um vocabulário mais específico e técnico, claro, devido ao avanço da ciência. Porém, se analisarmos bem, o que parece mudar são muito mais os termos técnicos, não se houve falar mais em controle moral e sim, controle das funções executivas do lóbulo frontal, ou algo parecido, do que propriamente em comprovações técnicas que comprovem a causa do problema. O psiquiatra e psicanalista, Rossano Lima Cabral chama a atenção para esse fato de forma muito relevante em sua trajetória de pesquisa sobre o tema. Vale a pena prestarmos atenção no que ele tem a dizer sobre o assunto, sempre que for possível.
Nas décadas de 30 a 40, concomitantemente com o surgimento das anfetaminas, Still resolveu mudar o nome para disfunção cerebral mínima, já que não foi comprovado até então o dano cerebral. A partir daí, adota-se, as recém-nascidas, anfetaminas como forma para tratamento da tal disfunção.
Os anos se passaram e na década de 60 e 70 a ênfase deslocou-se muito mais para a questão da hiperatividade, já que a falta de atenção era um fator insuficiente para um diagnostico infantil, visto que, naquela época, achava-se que o transtorno tinha a tendência de desaparecer na adolescência. Esse fato acontece em muitos casos ainda hoje.
Em 1968, o Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders (DSM III), atualmente (DSM IV ), em uma nova tentativa de categorização, com base no que foi dito até agora, reclassifica a disfunção como reação hipercinética. E mais tarde, em 1978, seguindo ainda essa ênfase na hiperatividade outra mudança acontece, passando a se chamar transtorno hipercinético.
Ao que tudo indica, parecia não haver mais um consenso médico em como realmente esse “problema” poderia ser categorizado. Seria doença ocasionada por uma lesão ou desvio de comportamento? Temos, contudo, a impressão de que os estudos estavam redirecionando o assunto muito mais para uma reação comportamental do que, na verdade, para uma disfunção ou doença.
Nos anos que se seguiram, entrando ao longo da década de 80, percebemos claramente o deslocamento de interesse no foco do problema. Agora não mais seria dada atenção especial a hiperatividade, mas sim à desatenção. E como desatenção não é um problema exclusivo de crianças e adolescentes, muito longe disso, os adultos foram inclusos no grupo dos portadores da “lesão, disfunção, distúrbio, reação, déficit, transtorno” ou simplesmente, (DDA) Distúrbio Do Déficit de Atenção. Nome que passaram a denominar a “lesão, disfunção, distúrbio, reação, déficit ou transtorno” no CID-9 (CLASSIFICAÇÃO INTERNACIONAL DE DOENÇAS), atualmente na versão 10 CLASSIFICAÇÃO DE TRANSTORNOS MENTAIS E DE COMPORTAMENTO DA CID 10 (CID 10). Até aqui, acreditava-se que a hiperatividade desaparecia, mas a desatenção acentuada permaneceria ao longo da vida do sujeito, adentrando ,portanto, até a fase adulta.
Seria então, o TDA/H, uma lesão, disfunção, distúrbio, reação, déficit ou transtorno” relacionado com o tipo de atividade do sujeito? Se isso fosse comprovado, justificaria a exceção do grupo de idosos com o diagnóstico. Sobre esse tema me aprofundo no tópico: Idosos também podem sofrer do Transtorno do Déficit de Atenção?
Finalmente nos anos 80, início dos anos 90, adotou-se uma solução de compromisso que mudava novamente o nome da “lesão, disfunção, distúrbio, reação, déficit ou transtorno” para TDA/H, Transtorno do Déficit da Atenção com ou sem hiperatividade (impulsividade). Hoje, finalmente é assim que esse transtorno é conhecido e reconhecido na atualidade.
Não precisamos ir muito longe para ver especialistas renomados, com importantes títulos e grande experiência profissional apontarem uma tabela de critérios diagnósticos para a “lesão, disfunção, reação, déficit, distúrbio (DDA) ou,finalmente, Transtorno do Déficit da Atenção com ou sem Hiperatividade (TDA/H)”. Esse fato em minha opinião é extremamente preocupante, pois temos visto uma divulgação exacerbada de que ao seguir os pontos apresentados nessa tal tabela todos poderão levantar hipóteses sobre o problema.
De acordo com essa tabela, que possui de doze a dezoito perguntas sobre seu comportamento, poderão te incluir no público alvo do transtorno. Ao que tudo indica, se ao menos seis ou nove dos sintomas do Transtorno do Deficit de Atenção e Hiperatividade (TDH/A) presentes na tabela, estiverem sendo reconhecidos em seu comportamento por um período mínimo de 6 meses, pronto! Você está condenado a ser um “provável” Portador do Déficit de Atenção, que pode ser mais brando se só houver um tipo, ou gravíssimo se for acoplado a ambos os problemas, que são a desatenção e hiperatividade. Procure ajuda neuropsiquiátrica e prepare-se para a Ritalina ( metilfenopropano), pois ela é a melhor opção para o seu caso de desatenção e/ou com hiperatividade.
Analisando o caminho, mesmo que de forma resumida e aproximada, sobre como o TDA/H foi “descoberto” ao longo dos anos até os dias atuais, o que chama a atenção até o momento é o fato desse diagnóstico ter sido construído de maneira controversa, simplória e extremamente reducionista, desde o seu surgimento até os dias atuais.

A HIPERATIVIDADE
O que é preciso deixar claro, em minha opinião, é que existem “opiniões” e teorias sobre o assunto e não verdades absolutas como estão sendo divulgadas. Por exemplo, gostaria que fossem apresentados a população reflexões do tipo:
-Você sabia que não há nenhum exame que aponte os níveis de Dopamina e Noradrenalina no organismo humano, mesmo com todo avanço da ciência e que o diagnóstico realizado é com base em um aspecto dimensional? Ou seja, pode ou não ser resultado de uma disfunção emocional e comportamental do cérebro na vida da criança, do adolescente, do adulto ou até mesmo do idoso durante um determinado momento ou de um longo período de sua vida;
-Será que essa impulsividade da criança, do adolescente ou até mesmo do adulto, não retrata um incômodo, ou um desagrado com a tentativa da sociedade em padronizar comportamentos principalmente escolares? Nesses casos, realmente, a imagem cerebral pode apontar indícios correlatos de ativações cerebrais que não têm causas absolutas no campo biológico, mas sim comportamentais influenciadas pela sociedade imediatista e multifocal em que vivemos?

COMO AGIR COM CRIANÇAS HIPERATIVAS E DESATENTAS NA ESCOLA
Como ajudar seu filho com comportamento hiperativo e/ou desatento na escola.
O comportamento hiperativo de crianças e adolescentes tem se acentuado nos últimos anos. Famílias, escolas e consultórios dos profissionais da saúde mental frequentemente lidam com essa questão. As pesquisas apontam que para cada vinte alunos em uma turma escolar, pelo menos cinco apresentam esse comportamento. O problema se torna mais acentuado quando o comportamento hiperativo dos filhos atravessa os muros da escola.
Queixas dos professores pelo mau comportamento dessas crianças que não param quietas no momento da explicação do conteúdo, idas e vindas à direção da escola e em quase todos os casos, resultados insuficientes para acompanhar a média da sua turma, como preço final de seus esforços. A partir daí, além de ter que lidar com a hiperatividade dos filhos, as famílias precisam ajudá-los a recuperar as notas perdidas. O círculo vicioso está formado.
Contudo, queria destacar a diferença entre ser e estar hiperativa para evitar equívocos na hora de procurar um diagnóstico quando há suspeita de hiperatividade, por parte da escola ou da família. “Estar” hiperativa é diferente de “Ser” hiperativa! Estar indica que o processo é momentâneo, a criança pode estar vivendo uma fase mais agitada, por um motivo ou outro na sua vida. Ser, significa carregar o rótulo por toda a sua vida. E esse peso é com certeza muito pesado! O fato se agrava mais quando o indivíduo ainda compra a ideia de que seus desafios e fracassos se justificarão exclusivamente por causa dessa condição. É importante pontuarmos essa diferença. Toda criança apresenta um comportamento similar ao de hiperatividade até certa fase de seu desenvolvimento, principalmente nos anos que marcam sua descoberta do mundo. Explorar intensamente o território que se abre para elas no momento em que adquirem a habilidade de engatinhar, andar, correr, pular, falar e pensar, são processos considerados dentro dos parâmetros normais, mesmo que um pouco mais intensos nesse percurso de seu desenvolvimento.
SER desatento é diferente de ESTAR desatendo. É preciso prestar atenção nisso para não receber diagnóstico de TDA/H errado.
Não somos todos iguais, não vivemos em uma sociedade padronizada. Nem precisaremos ir muito longe para reparar a criação de uma menina e de um menino. Aos meninos é “permitido”: correr, pular e se machucar. É “coisa” de homem! Se um garoto for tratado com um pouco mais de cuidado, logo somos tentados a pensar que irá ficar com modos de menina. Ao mesmo tempo, para as meninas o comando é: ser quietinha e recatada!  Afinal, ela é menina! E por ser menina “parece” merecer maiores cuidados!
Esses modelos de comportamento transmitidos por nossa cultura, que perpassa aos nossos filhos e netos, pode ser variáveis importantes a serem consideradas quando tentamos compreender o porquê dos índices de hiperatividade serem mais elevado no sexo masculino.
Muitos profissionais principalmente da área neuropsiquiátrica alimentam a ideia de que a cultura não influencia o diagnóstico para TDA/H, Transtorno do Déficit da Atenção Com ou Sem Hiperatividade. Contudo, esses argumentos são de hipóteses subjetivas. Não podemos afastar essa dúvida simplesmente porque não há como constatar essa negação. Sabemos o peso que a cultura tem sobre o comportamento humano, ignorá-la seria pouco prudente.
Vivemos em uma sociedade do imediatismo. Necessitamos sermos rápidos, eficazes eficientes para potencializarmos nossas competências. As crianças veem esse modelo ser construído em casa através das múltiplas funções desempenhadas por seus pais. Tal modelo pode levá-la a responder a vários estímulos, tais como ver televisão ao mesmo tempo em que conversa com seus trinta amigos da turma escolar no Facebook para atualizar as fofocas da escola e ainda fazer seus exercícios escolares.
O fato de haver um mapeamento através da imagem diferenciada no cérebro de pessoas com transtorno de déficit de atenção no lóbulo frontal desses indivíduos, comprovada pelas neurociências, não pode ser prova suficiente para afirmarmos que achamos a causa do problema. Costumamos dizer que não adianta combater a febre, que é o sintoma, sem identificar e combater a causadora da infecção. Constatar apenas que a febre está presente é tarefa das neurociências, importantíssima para o processo, mas isso apenas não basta. No caso do déficit de atenção com ou sem hiperatividade (TDA/H), não há como saber se a causa da ativação do cérebro no lóbulo temporal frontal dos hiperativos é realmente hereditária, porque não há como verificar esse fato através de exames. Disfunção dos neurotransmissores: Noradrenalina e Dopamina? Por mais avançada que esteja as ciências não há sequer um exame que possa comprovar a origem dessas disfunções. A lógica pode ser clara, mas o que poucos sabem é que é pouco precisa!

CUIDADO COM O USO DE RITALINA
A Ritalina (metilfenidato) é a alternativa medicamentosa mais comum para portadores de TDAH (déficit de atenção) e hiperatividade. Tomar ou não a droga é uma decisão que cabe a cada pessoa. Tem gente que prefere deixar a medicação como último recurso e recorrer à psicoterapia comportamental-cognitiva, coach comportamental e neurofeedback. Muitos especialistas dizem que é possível fazer o tratamento de TDAH, com ou sem hiperatividade, com essas terapias, pois elas levam a ganhos permanentes porque ensinam a pessoa a lidar melhor com as limitações do TDAH ou até mesmo superá-las. Já o efeito da Ritalina é provisório, a substância de 10 mg dura em torno de quatro horas no organismo. Segundo os médicos, quando o efeito acaba, todos os sintomas voltam.
Tomar ou não a Ritalina? Eis a questão. Especialistas afirmam que cabe ao profissional envolvido com o paciente apresentar um leque de possibilidades, mostrando os prós e contras, as possíveis consequências a curto e a longo prazos por uma ou outra escolha. Os efeitos colaterais da Ritalina são: perda de apetite, taquicardia, boca seca. Os médicos dizem que esses efeitos são leve e desaparecem logo, mas em crianças com altura inferior a esperada para a idade ou com problemas de crescimento ou hormonais, o uso da medicação pode não ser recomendado.
Toda a abordagem neuropsiquiátrica está para uma percepção dimensional das causas do TDA/H. Precisamos abrir o leque e considerarmos outras variáveis na história de vida de uma criança ou adolescente antes de darmos um remedinho “mágico”, Ritalina (metilfenopropano) na maioria dos casos, pensando ser essa a solução do problema. As ocorrências que experimentamos nos apontam que a maioria das pessoas diagnosticadas com o TDA/H abandona o tratamento por não suportar as contraindicações que tais medicações ,cujo o principio ativo é o metilfenopropano, a Ritalina, causam em seus organismos.
Alguns fazem opções por tomarem apenas na época de provas, outros nem voltam ao consultório do psiquiatra e abandonam o tratamento por conta própria, principalmente devido à depressão, a insônia e a falta de apetite que o medicamento provoca.
A identificação das causas que levam as pessoas a serem desatentas ou hiperativas deveria ser tarefa para uma equipe especializada de profissionais da educação e saúde e não apenas de um psiquiatra ou neurologista. Ou seja, um diagnóstico mais próximo do “preciso”, se é que existe, deve ser realizado por uma equipe interdisciplinar que incluem: professores psicopedagogos, psicólogos, psicanalistas, neurologistas e psiquiatras.
“RITALINA (Cloridrato de metilfenidato). Uso adulto e em crianças acima de 6 anos.
Forma farmacêutica e apresentação: Comprimidos sulcados: Embalagem contendo 20 comprimidos de 10 mg. Composição: Cada comprimido contém 10 mg de cloridrato de metilfenidato. Excipientes: Fosfato tricálcico, lactose, amido, gelatina, estearato de magnésio e talco. Informações ao paciente: Ação esperada do medicamento: RITALINA tem como substância ativa o metilfenidato que atua como um fraco estimulante do sistema nervoso central. Cuidados: o medicamento deve ser administrado de preferência 30 a 45 minutos antes das refeições. Se o medicamento for administrado no final do dia, os pacientes com dificuldade para dormir devem tomar a última dose antes das 18 horas.
Os pacientes em uso de RITALINA normalmente se queixam de desconforto abdominal, náusea, azia, nervosismo e insônia no início do tratamento. Essas queixas diminuem espontaneamente ou após alguns dias, tomando-se os comprimidos durante as refeições.
RITALINA pode causar diminuição de apetite e isso pode resultar em perda de peso ou atraso de crescimento (peso e altura), especialmente em crianças. Podem ocorrer outras reações como dor de cabeça, sonolência, tontura, dificuldade na realização dos movimentos voluntários, alterações nos batimentos cardíacos, febre e reações alérgicas. RITALINA pode causar insônia, se for administrado muito próximo da hora costumeira de dormir.
Contraindicações e precauções: RITALINA não deve ser usado para aliviar a fadiga normal. Os pacientes agitados, tensos ou ansiosos não devem ser tratados com RITALINA. Os pacientes que apresentam reações alérgicas ao metilfenidato ou a qualquer componente da formulação, portadores de glaucoma (aumento da pressão intraocular), de distúrbios cardíacos ou tireoidianos não devem tomar RITALINA. O produto não deve ser utilizado em crianças menores de 6 anos de idade. O abuso de RITALINA pode levar à tolerância acentuada e à dependência. Devem ser feitos exames de sangue periódicos durante os tratamentos prolongados.
RITALINA pode causar tonturas e problemas de concentração. Ao dirigir veículos e/ou operar máquinas o paciente deve avaliar, com seu médico, os riscos e benefícios do tratamento antes de iniciá-lo.
Metilfenidato é um fraco estimulante do sistema nervoso central, com efeitos mais evidentes sobre as atividades mentais que nas ações motoras. Seu mecanismo de ação no homem ainda não foi completamente elucidado, mas acredita-se que seu efeito estimulante é devido a uma estimulação cortical e possivelmente a uma estimulação do sistema de excitação reticular. O mecanismo pelo qual ele exerce seus efeitos psíquicos e comportamentais em crianças não está claramente estabelecido, nem há evidência conclusiva que demonstre como esses efeitos se relacionam com a condição do sistema nervoso central.
Sua ingestão junto com alimentos acelera a absorção, mas não tem efeito na quantidade absorvida.
INDICAÇÕES: Transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH). O TDAH era anteriormente conhecido como distúrbio de déficit de atenção ou disfunção cerebral mínima. Outros termos utilizados para descrever essa síndrome comportamental incluíam: distúrbio hipercinético, lesão cerebral mínima, disfunção cerebral mínima, disfunção cerebral menor e síndrome psicorgânica de crianças. RITALINA é indicado como parte de um programa de tratamento amplo que tipicamente inclui medidas psicológicas, educacionais e sociais, direcionadas a crianças estáveis com uma síndrome comportamental caracterizada por distractibilidade moderada a grave, déficit de atenção, hiperatividade, labilidade emocional e impulsividade. O diagnóstico deve ser feito de acordo com o critério DSM-IV ou com as normas na CID-10. Os sinais neurológicos não localizáveis (fracos), a deficiência de aprendizado e EEG anormal podem, ou não, estar presentes e um diagnóstico de disfunção do sistema nervoso central pode, ou não, ser assegurado. Considerações especiais sobre o diagnóstico de
TDAH: A etiologia específica dessa síndrome é desconhecida e não há teste diagnóstico específico. O diagnóstico correto requer uma investigação médica, neuropsicológica, educacional e social. As características comumente relatadas incluem: história de déficit de atenção, distractibilidade, labilidade emocional, impulsividade, hiperatividade moderada a grave, sinais neurológicos menores e EEG anormal. O aprendizado pode ou não estar prejudicado. O diagnóstico deve ser baseado na história e avaliação completas da criança e não apenas na presença de uma ou mais dessas características. O tratamento medicamentoso não é indicado para todas as crianças com a síndrome. Os estimulantes não são indicados a crianças que apresentem sintomas secundários a fatores ambientais (em particular, crianças submetidas a maus tratos) e/ou distúrbios psiquiátricos primários, incluindo-se psicoses.
Contraindicações: RITALINA é contraindicado para pacientes com ansiedade, tensão, agitação, hipertireoidismo, arritmia cardíaca, angina do peito grave e glaucoma. RITALINA não deve ser administrado a pacientes com conhecida hipersensibilidade ao metilfenidato ou a um dos componentes da formulação. Também é contraindicado a pacientes com tiques motores, ou com irmãos com tiques ou ainda com diagnóstico ou história familiar de síndrome de Tourette.
Os dados clínicos indicam que as crianças que receberam RITALINA não possuem maior probabilidade de dependência do medicamento em relação aos adolescentes e aos adultos.
Precauções: Não há comprovação de que a substância ativa de RITALINA e/ou seus metabólitos passem ao leite materno, mas por razões de segurança, as mães que estejam amamentando não devem utilizar RITALINA. O tratamento com RITALINA não é indicado em todos os casos de TDAH.
Efeitos sobre a habilidade de dirigir veículos e/ou operar máquinas. RITALINA pode causar tontura e sonolência. Aconselha-se tomar os devidos cuidados ao dirigir, operar máquinas ou envolver-se em outras atividades de risco.
No tratamento do TDAH, procura-se adaptar a administração do medicamento aos períodos de maiores dificuldades escolares, comportamentais e sociais para o paciente. RITALINA deve ser iniciada com doses menores, com incrementos em intervalos semanais. Doses diárias acima de 60 mg não são recomendadas. FONTE DA INFORMAÇÃO: NOVARTIS Biociências S/A.”

TIQUES NERVOSOS
Tiques são movimentos involuntários, rápidos, repetitivos e estereotipados, que surgem de maneira súbita e não apresentam ritmo determinado. Alguns exemplos são piscadas de olhos e movimentos com os ombros, mas as manifestações também podem se dar na forma de sons emitidos pelo paciente (vocalizações). Podem ser contínuos ou surgir repentinamente, como acessos.
A intensidade dos tiques é variável. Alguns são quase imperceptíveis, mas outros são bastante complexos, como saltos ou fortes latidos. Há também casos em que são “camuflados” em atitudes corriqueiras, como afastar o cabelo do rosto ou ajeitar a roupa. Neste caso, só são reconhecidos pelo seu caráter repetitivo. O paciente consegue evitar os tiques, porém com esforço e tensão emocional. Algumas vezes, as manifestações são precedidas por uma sensação desconfortável, chamada premonitória e, frequentemente, seguidas por um sentimento de alívio. Costumam desaparecer durante o sono e diminuir com a ingestão de bebidas alcoólicas ou durante atividades que exijam concentração. Por outro lado, fatores como estresse, fadiga, ansiedade e excitação aumentam a intensidade dos movimentos característicos.
TIQUES COMPLEXOS
Os tiques podem ser simples ou complexos. No primeiro caso, estão as manifestações mais diretas, como piscar os olhos, fazer caretas, torcer o nariz ou a boca, trincar os dentes, levantar os ombros, mover os dedos das mãos e sacudir a cabeça ou o pescoço. Entre as vocalizações dessa categoria estão “coçar” a garganta, estalar a língua, gritar, assobiar, roncar e imitar sons de animais, como grunhidos, uivos, zumbidos e latidos.
Já os tiques complexos podem organizar-se e serem ritualizados. Assemelham-se às compulsões, manifestações precedidas de fenômenos cognitivos ou obsessões (ideias, pensamentos e imagens), normalmente acompanhadas de intensa ansiedade, palpitações, tremores e sudorese. A diferença é que os tiques são precedidos por uma sensação de obrigatoriedade, de ter que fazer algo, que age como uma pressão crescente que precisa ser descarregada. Além disso, portadores de tiques relatam sensações táteis ou musculares que antecipam os comportamentos repetitivos (sensações premonitórias), o que não ocorre com as compulsões.
SÍNDROME DE TOURETTE
Portadores de tiques costumam apresentar mais de um tipo de manifestação. Quando elas são múltiplas e envolvem tanto tiques motores como vocais, não necessariamente ao mesmo tempo, caracterizam a síndrome de Tourette.
O distúrbio surge por volta dos 7 anos, mas esse evento pode variar dos 2 aos 15 anos. No início, ocorrem tiques motores simples, como piscadelas dos olhos. Aos 11 anos, em média, a criança apresenta vocalizações, como pigarro, fungadelas, tosse e exclamações coloquiais, entre outras. Essa ordem, entretanto, pode ser invertida.
O tique também pode se manifestar como uma emissão involuntária de palavras ou gestos obscenos (coprolalia e copropraxia, respectivamente). A coprolalia ocorre em menos de um terço dos casos e talvez sofra alguma influência cultural, já que é mais frequente em determinados países. Na Dinamarca, por exemplo, é seis vezes mais comum que no Japão. A copropraxia, por sua vez, afeta de 1% a 21% dos pacientes. Em menos da metade dos casos, também pode ocorrer repetição de palavras ouvidas (ecolalia), de gestos observados (ecopraxia) ou da própria fala (palilalia).
ESTIMATIVAS DE REMISSÃO
Calcula-se que um terço dos pacientes apresente remissão completa no fim da adolescência; outro terço, melhora dos tiques. O restante provavelmente continuará com o problema inalterado durante a vida adulta. Ainda assim, há relatos de desaparecimento dos tiques de forma espontânea em 3% a 5% dos casos.
Depois que a síndrome de Tourette se instala, os sintomas variam de intensidade, principalmente na adolescência. Alguns distúrbios de comportamento costumam aparecer junto com a doença, como hiperatividade, automutilação, problemas de conduta e de aprendizado, além do transtorno obsessivo-compulsivo (TOC). Estudos sugerem que mais de 40% dos portadores da síndrome de Tourette também apresentam TOC e cerca de 90%, sintomas obsessivos.
Há casos em que os transtornos associados são mais preocupantes que os tiques. A síndrome de Tourette raramente é grave e nem sempre exige tratamento com medicações. Muitas pessoas passam a vida com tiques sem maiores problemas.
Causas
Cerca de 1% da população mundial tem síndrome de Tourette, desde as formas mais brandas e não-diagnosticadas até as mais graves. Os tiques costumam afetar até 20% das crianças, mas em geral desaparecem espontaneamente, em menos de três meses. Caso contrário, há suspeita de tiques crônicos ou síndrome de Tourette.
A causa da doença é desconhecida, mas sabe-se que há influência de fatores genéticos e neurobiológicos. Estudos com famílias de portadores indicam que há uma transmissão genética da predisposição à síndrome. Entre gêmeos idênticos (monozigóticos), quando um irmão é afetado, em mais de 50% dos casos o outro também possui a doença. Se não forem idênticos, esse percentual é de 10%. Quando todos os tipos de tique são incluídos, e não apenas a síndrome de Tourette, a taxa de concordância entre gêmeos monozigóticos aumenta para 77%.
Investigações sugerem que também há uma relação entre problemas na gravidez e a ocorrência da doença no filho. Algumas mostram uma incidência 1,5 vez maior de complicações durante a gestação de portadores de tiques do que na de indivíduos saudáveis. Entretanto, nem todas as pesquisas conseguiram demostrar essa correspondência.
Os fatores psicológicos também podem ter grande influência no desenvolvimento do transtorno. Os tiques pioram, por exemplo, na presença de eventos estressantes, não necessariamente desagradáveis. Já se verificou que há uma associação entre o conteúdo dos tiques, seu início e os eventos marcantes na vida das crianças portadoras da doença.
ESTUDOS E PESQUISAS
Estudos com ressonância magnética cerebral mostraram que há alterações em algumas estruturas cerebrais, conhecidas como gânglios da base e corpo caloso, de portadores da síndrome. Tomografias de maior precisão, que funcionam à base da emissão de partículas subatômicas (pósitrons e fótons), revelaram que esses pacientes, em geral, apresentam menor atividade em algumas regiões do cérebro, chamadas córtex frontal e temporal, cíngulo, estriado e tálamo.
Inúmeras pesquisas sugerem que a síndrome de Tourette seja influenciada por um substrato neuroquímico. A principal teoria dessa linha é que, nos portadores do transtorno, há uma atividade maior da dopamina, uma substância que auxilia na transmissão dos impulsos nervosos de um neurônio para outro. Medicamentos que inibem a ação da dopamina reduzem a intensidade e frequência dos tiques, enquanto drogas que estimulam sua atividade causam exacerbação das manifestações. A incidência da síndrome é maior no sexo masculino. Por isso, acredita-se que os tiques estejam relacionados a influência dos hormônios masculinos sobre o sistema nervoso central. Há relatos exacerbação dos sintomas associada ao uso exagerado de esteróides androgênicos, anabolizantes que aumentam a massa muscular. Em outros casos, os tiques intensificam-se no período pré-menstrual, o que demonstra uma relação do problema com o equilíbrio hormonal.
Alguns pesquisadores também sugerem que há uma relação entre os tiques e outros transtornos e anticorpos que atacam o cérebro (antineurais), produzidos pelo organismo para combater infecções causadas por estreptococos. Essa teoria baseia-se no fato de que algumas pessoas começam a apresentar tiques ou pioram seu estado depois de sofrerem infecções de garganta. Estudos realizados no Projeto Transtornos do Espectro Obsessivo-Compulsivo (Protoc), do Instituto de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da USP, mostraram que a febre reumática, uma complicação posterior à infecção de garganta que está associada a alterações imunológicas, pode aumentar a chance de se ter síndrome de Tourette tanto nos pacientes como em seus familiares.
O TRATAMENTO
O tratamento da síndrome de Tourette envolve a terapia psicossocial e a farmacológica. Antes de ser iniciado, deve-se fazer uma avaliação dos tiques, no que diz respeito a localização, frequência, intensidade, complexidade e interferência na vida cotidiana. Também devem ser analisados aspectos como ambiente escolar e familiar, relacionamentos e distúrbios associados ao problema.
Até o momento, não há cura para os tiques e a síndrome de Tourette, mas medicamentos podem ajudar a aliviar os sintomas. Estima-se que 60% dos portadores precise desse tipo de tratamento. A filosofia da terapia é conservadora: as doses são as menores possíveis, para evitar que o paciente tome remédio desnecessariamente. Mesmo com o auxílio de drogas, os tiques não desaparecem completamente.
Em determinados casos, indica-se a psicoterapia, inclusive com orientação a pais, familiares e professores. É importante que todos estejam bem informados a respeito da doença, suas características e o modo de lidar com o paciente. Deve-se evitar a estigmatização e atitudes superprotetoras, porque a criança pode perceber e manipular a doença para obter o que deseja.
Há relatos de cura com a psicoterapia comportamental. Nesse contexto, a técnica conhecida como reversão de hábito tem se mostrado a mais adequada. Consiste basicamente em ensinar o paciente a perceber quando os tiques vão ocorrer para então tentar suprimi-los, modificá-los ou substituí-los por outro, menos incômodo. Uma manifestação desagradável e embaraçosa, como acenar para pessoas desconhecidas, pode ser modificada, com esforço e treino, para uma atitude mais aceitável ou imperceptível, como passar a mão no cabelo ou no corpo.
A maioria dos portadores de tiques e síndrome de Tourette tem grande melhora no início da vida adulta, com diminuição dos sintomas ou adaptação a tiques mais estáveis e moderados. A redução mais significativa ocorre por volta dos 20 anos. A evolução, muitas vezes, é instável. A gravidade na infância não indica como será a evolução do quadro. Por isso, na maioria dos casos, a abordagem psicossocial e educacional é o elemento mais importante, porque ajuda o paciente e a família a entenderem os sintomas e aprenderem como lidar com eles, sem a necessidade de medicação.

EXEMPLOS DE TIQUES MAIS FREQUENTES

Tiques Simples
Tiques Complexos
Motores
Piscamento dos olhos; Eye Jerking (desvios do globo ocular); caretas faciais; movimentos de torção do nariz e boca; estalar a mandíbula; trincar os dentes; levantar dos ombros; movimentos dos dedos das mãos; chutes; tensão abdominal ou de outras partes do corpo; sacudidelas de cabeça, pescoço, ou outras partes do corpo.
Gestos faciais; estiramento da língua; manutenção de certos olhares; gestos das mãos; bater palmas; atirar ou jogar; empurrar; tocar a face; movimentos de “arrumação”; pular; bater o pé; agachar-se; saltitar; dobrar-se; rodopiar ou rodar ao andar; girar; retorcer-se; posturas distônicas; desvios oculares(rodar os olhos para cima ou para os lados); lamber mãos, dedos ou objetos; tocar, bater em ou checar partes do corpo, outras pessoas ou objetos; beijar; arrumar; beliscar; escrever a mesma letra ou palavra; retroceder sobre os próprios passos; Movimentos lentificados ou inibição; bater com a cabeça; morder a boca, os lábios ou outra parte do corpo; ”cutucar” feridas ou os olhos; ecopraxia e copropraxia.
Vocais
Coçar a garganta; fungar; cuspir; estalar a língua ou a mandíbula; Cacarejar, roncar, chiar, latir, apitar, gritar, grunhir, gorgolejar, gemer, uivar, assobiar, zumbir, sorver e inúmeros outros sons.
Proferição súbita de sílabas inapropriadas, palavras- “ôps”, “êpa”, frases curtas e complexas incluindo palilalia, coprolalia e ecolalia. Outras anormalidades da fala como bloqueio da fala.

AS PRINCIPAIS DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM
Para muitos, as expressões “dificuldade” e “transtorno” de aprendizagem têm o mesmo significado. Mas vale enfatizar que são dois problemas diferentes e que se manifestam e devem ser tratadas de maneiras distintas.
As dificuldades de aprendizagem, normalmente, estão relacionadas a fatores externos que acabam interferindo no processo do aprender do estudante, como a metodologia da escola e dos professores, a influência dos colegas…
Em contrapartida, os transtornos, normalmente, estão intrínsecos e fazem parte do aluno, seja uma disfunção neurológica, química, fatores hereditários, imaturidade…
Partindo do princípio que, para muitos, dificuldades e transtornos têm o mesmo significado, podemos citar quais são as principais dificuldades de aprendizagem.
-TRANSTORNO DE DÉFICIT DE ATENÇÃO COM OU SEM HIPERATIVIDADE: é um problema de desatenção com ou sem hiperatividade (quando a criança é agitada e não consegue parar quieta. Elas se machucam com mais frequência, não têm paciência, interrompem conversas…;
-DISCALCULIA: dificuldade de aprender tudo o que está relacionado a números como: operações matemáticas; dificuldade de entender os conceitos e a aplicação da matemática; seguir sequências; classificar números…;
-DISLALIA: um distúrbio de fala, caracterizado pela dificuldade em articular as palavras e pela má pronunciação, omitindo, acrescentando, trocando ou distorcendo os fonemas;
-DISORTOGRAFIA: dificuldade de aprender e desenvolver as habilidades da linguagem escrita, é um transtorno específico da grafia que, geralmente, acompanha a dislexia.
Ainda que muitos pensem que transtorno e dificuldade de aprendizagem sejam o mesmo, é importante ter conhecimento sobre a diferença entre eles. Antes de procurar um professor particular para o seu filho, busque um diagnóstico clínico para saber quais os seus problemas de aprendizagem. Confundir transtorno com dificuldades pode acarretar sérios problemas na vida do sujeito e tratá-los da mesma maneira, provavelmente, não surtirá o efeito desejável.

CONCLUSÃO
A Psicopedagogia é a área de estudo dos processos e das dificuldades de aprendizagem de crianças, adolescentes e adultos. O psicopedagogo identifica as dificuldades e os transtornos que impedem o estudante de assimilar o conteúdo ensinado na escola. Para isso, faz uso de conhecimentos da pedagogia, da psicanálise, da psicologia e da antropologia. Analisa o comportamento do aluno, observando como ele aprende. Promove intervenções em caso de fracasso ou de evasão escolar. Além de trabalhar em escolas, pode atuar em hospitais, auxiliando os pacientes a manter contato com os conteúdos escolares. Pode trabalhar também em centros comunitários ou em consultório, público ou particular, orientando estudantes e seus familiares no processo de aprendizagem.

Pesquisa realizada pelo Dr. Josué Campos Macedo