“O organismo pode sentir somente o que ele por si
mesmo expressa.”
Nasceu
em 24 de março de 1897, em Dobrzanica, uma pequena aldeia do distrito de
Peremyshliany, no noroeste da Ucrânia (na época o território pertencia ao
Império Austro-Húngaro), no seio de uma família abastada de proprietários
judeus germanizados. Era filho de Leon e Cäcylie (Roniger) Reich. Pouco depois,
a família mudou-se para sul, para a região da Bukovina, onde
o pai foi gerir uma grande fazenda em Jujinetz. O jovem Reich foi educado
estritamente segundo a cultura alemã e os pais mantiveram-no sempre afastado da
população judaica de cultura iídiche. Até aos 13 anos teve sempre professores
particulares e depois estudaria no liceu de Czernowitz.
Desde
cedo, vivendo na fazenda e em contato direto com a natureza, se interessou
pelos fenômenos e funções naturais. Na sua autobiografia de juventude, Passion
of Youth, Reich conta que aos quatro anos já sabia o essencial sobre a
sexualidade animal e humana, e que nessa tenra idade tentou intimidade erótica com
uma criada. Aos onze anos e meio teve a sua primeira cópula, com a cozinheira
da casa, que lhe ensinou os movimentos de vaivém do coito.
Em
1909, Cäcylie, durante as frequentes viagens e ausências do seu ciumento e
colérico marido, foi seduzida pelo preceptor dos filhos. À noite, o jovem
Wilhelm espiava os amantes, chegando mesmo a sentir desejo pela própria mãe. No
início de 1910, Leon acabaria por descobrir o adultério, com o involuntário
testemunho do aterrado Wilhelm. A partir de então, Leon passou a atormentar e a
humilhar impiedosa e diariamente a sua mulher, de tal forma que Cäcylie acabou
por se suicidar com veneno, morrendo em 1 de Outubro de 1910, no culminar de
uma tragédia familiar de contornos edipianos, que muito traumatizaria Reich e
lhe definiria o rumo da sua vida.
Em
1914, cheio de remorsos, o pai contraiu voluntariamente uma pneumonia que
degenerou em tuberculose e morreu, deixando o jovem Reich e seu irmão Robert
(nascido em 1900), desamparados e a braços com a gestão da fazenda em
circunstâncias muito difíceis. Apesar de tudo, Reich prossegue os seus estudos,
mas no ano seguinte, no decurso da I Guerra Mundial, a região é invadida pelos
Russos e a fazenda é destruída. Reich teve de fugir para Viena, completamente
arruinado, onde foi incorporado no exército austríaco, graduando-se como
oficial e servindo na frente italiana.
Em
1918, com o final da guerra, Reich regressou a Viena e à vida civil e, ansioso
de aprender rapidamente uma profissão que lhe permitisse subsistir, ingressou
no curso de Direito, o mais breve de todos, mas depressa se aborreceu e logo se
transferiu para a Faculdade de Medicina, onde, aluno sobredotado, e valendo-se
do seu estatuto especial de veterano de guerra, completou o curso de seis anos
em apenas quatro. Sobrevivia dando explicações aos seus colegas. Em 1919, ao
preparar um seminário sobre sexologia conhece Freud e fica bastante
impressionado com o seu mestre: "Ao contrário dos outros psicanalistas,
Freud não se dava ares e comportava-se com a maior das naturalidades. Os seus
movimentos eram ágeis e descontraídos.”.
Formando-se
em 1922, inicia seus trabalhos com o tratamento de pacientes com distúrbios
mentais, na Universidade Neurológica e Psiquiátrica, junto a Paul Schilder. Inclui
no tratamento técnicas de hipnose e de psicoterapia.
Em
1924, faz sua pós-graduação, sendo membro integrante da sociedade psicanalítica
de Viena, até 1930.
Foi
casado com a sua paciente Annie Reich (que se tornaria psicanalista), de quem
se divorciou em 1932, e de quem teve duas filhas, Eva e Lore. Viveu mais tarde
com a bailarina Elsa Lindenberg, de quem se separaria ao partir para os E.U.A.. Pouco
depois de lá chegar, viveria com a sua assistente Ilse Ollendorf, com quem se
casaria e com quem teve um filho, Peter. Mais tarde, divorciar-se-ia de Ilse e
teria uma ligação com a bióloga e sua colaboradora, Aurora Karrer, sua última
companheira.
Em
1933 é forçado pelo nazismo a sair da Alemanha, mudando-se para Oslo, na
Noruega, laborando no Instituto de Psicologia da universidade local. Ali vive
até 1939, quando muda-se para Nova Iorque, cuidando de divulgar suas ideias,
agora na língua inglesa, tendo seu "A função do orgasmo" sido neste
idioma publicado a primeira vez em 1942.
Nos
Estados Unidos Reich cria um instituto para o estudo do "orgónio",
passando a fazer muitas pesquisas, inclusive para tratamento do câncer,
pesquisas essas publicadas em seu livro "A Biopatia do Câncer". Em
1954 passa a ser investigado pela FDA (Federal Food and Drug Administration),
que lhe rende um processo e posterior aprisionamento, após infrutíferas
tentativas de apelação. Reich não reconhecia outra pessoa na defesa de sua
ciência para si.
Encarcerado
desde 12 de março de 1957, morre de ataque cardíaco em 3 de novembro.
Foi
um discípulo dissidente de Sigmund Freud, propôs a gênese da neurose como
consequência dos conflitos de poder que se estabelecem nas relações sociais e
suas implicações emocionais e psicológicas.
Reich
dava grande ênfase à importância de desenvolver uma livre expressão dos
sentimentos sexuais e emocionais dentro do relacionamento amoroso maduro. Reich
enfatizou a natureza essencialmente sexual das energias com as quais lidava e
descobriu que a energia orgone era bloqueada de forma mais intensa na pélvis.
Embora
divergindo de Freud, Reich deste não se apartou, na compreensão de que toda a
psique humana deriva da compreensão das funções sexuais.
Suas
opiniões radicais a respeito da sexualidade resultaram em consideráveis
equívocos e distorções de seu trabalho por autores futuros e, consequentemente,
despertaram muitos ataques difamatórios e infundados.
Reich
morreu na cadeia totalmente à parte de amigos e familiares e provavelmente
enlouquecido. Uma amiga que afirma que conhece a irmã de Wilhelm, e esta afirma
que se tornou absolutamente impossível realizar-se uma autópsia no corpo de W.
Reich, dadas as condições encontradas. Afirma a irmã de Reich que os
"intestinos estavam fora do corpo". Existe a suspeita de
envenenamento, o que coloca em discussão a formulação no texto de que ele tenha
morrido de ataque cardíaco. Até a mulher dele o abandonou, todos os amigos
pessoais chegados dele o abandonaram, dadas as circunstâncias políticas da
época, até ser amigo de um "comunista" era perigoso... Segregar
alguém a tal ponto numa cadeia é enlouquecê-lo, quase uma sentença de morte.
SUA
OBRA MAIS CONHECIDA
A
Função do Orgasmo este é o título sua obra mais conhecida expõe conceitos para
os quais a psicanálise freudiana não estava preparada.
Nesta
obra, Reich aproxima-se, por meio transverso, de ideias menosprezadas pelo meio
científico tradicional, falando da existência de uma substância intangível, vital,
que batizara de orgone cósmico.
Analisando
os efeitos da respiração no ato sexual sobre o indivíduo, Reich chegou à
conclusão que seu uso harmonizaria o corpo físico, com implicações na própria
mente, normalizando o fluxo de trocas com o meio, pela correta absorção do orgônio.
Reich
condenava frontalmente a prática de Yoga, que via como uma tentativa de
reprimir os impulsos vitais por meio de técnicas respiratórias, o que impediria
a liberação da energia vital e, portanto, a manutenção dos bloqueios psíquicos
(causadores das neuroses) e musculares (causadores concorrentes de doenças
somáticas).
A Psicanálise,
tal como construída pelo seu criador, impunha um quase total engessamento das ideias
em torno daquilo que dissera Freud.
Embora
acreditasse estar contribuindo para o avanço da teoria psicanalítica (conforme
ele aponta em A Função do Orgasmo), as teorizações de Reich a respeito do corpo
que culminaram na Vegeto-Terapia e depois sua forte oposição à noção da
"Pulsão de Morte" Freudiana gradativamente tiveram o efeito de
torná-lo um rebelde dentro do movimento. Como Reich também se envolvia
ativamente com a política, e a ordem geral era de que a psicanálise deveria ser
uma ciência acima de disputas políticas, Reich acabou sendo finalmente expulso
com base nesse argumento. Seus métodos revolucionários não geraram apenas o
desconforto da sociedade psicanalítica, mas de diversos lugares por onde
passou. Nos Estados Unidos, foi sistematicamente perseguido pelas técnicas e
instrumentos de saúde nos quais vinha trabalhando, sendo taxado de
"charlatão" e sendo eventualmente preso por conta de acusações da FDA
(Food and Drugs Association).
PRINCIPAIS
IDEIAS DOS SEUS ESTUDOS
“O
homem precisa,primeiro e acima de tudo,matar sua fome e satisfazer seus desejos
sexuais.A sociedade moderna torna difícil a primeira e frustra a segunda.”
Reich
dava ênfase a importância de desenvolver uma livre expressão dos sentimentos
sexuais e emocionais dentro do relacionamento amoroso e maduro. Reich enfatizou
a natureza essencialmente sexual das energias com as quais lidava e descobriu
que a energia orgone era bloqueada de forma mais intensa na pélvis.
Embora
Reich admirasse o trabalho de Freud, se divergiu em alguns fatores e se derivou
da psique humana e da compreensão das funções sexuais. Um mestre iluminado,
Osho e o irmão de Reich afirmam que Reich morreu na cadeia totalmente a parte
de amigos e familiares e provavelmente enlouquecida.
Em
seu trabalho sobre Couraça Muscular, Reich descobriu que: A perda da rigidez
crônica dos músculos resultava frequentemente em sensações físicas
particulares, em sentimentos de calor e frio, formigamento, coceira e uma
espécie de despertar emocional.
A
mobilização e a descarga de bioenergia são estágios essenciais no processo de
excitação sexual e orgasmo.
Reich
julgava ser característico de todos os organismos vivos: TENSÃO MECÂNICA:
Órgãos sexuais se intumescem de fluido. CARGA BIOENERGÉTICA: Resulta uma
intensa excitação. DESCARGA BIOENERGÉTICA: Excitação sexual descarregada em
contrações musculares. RELAXAMENTO MECÂNICO: Segue-se um relaxamento físico.
Depois do contato físico, a energia se acumula em ambos os corpos e, por fim, é
descarregada no orgasmo, o qual se constitui essencialmente num fenômeno de
descarga da bioenergia.
Ele
derivou o termo energia "orgônica" a partir de organismo e orgasmo.
Dizia que a Energia Orgônica cósmica funciona no organismo vivo como energia
biológica específica. Assim sendo, governa o organismo total e se expressa nas
emoções e nos movimentos puramente biofísicos dos órgãos.
A
Energia Orgônica é livre de massa; não tem inércia nem peso. Está presente em
qualquer parte, embora em concentrações diferentes, até mesmo num vácuo. É o
meio para a atividade eletromagnética e gravitacional, o substrato da maioria
dos fenômenos naturais básicos.
A
Energia Orgônica está em constante movimento e pode ser observada sob condições
apropriadas. Altas concentrações de Energia Orgônica atraem a Energia Orgônica
de ambientes menos concentrados (o que contradiz a lei da entropia).
A
Energia Orgônica forma unidades que se tornam o centro da atividade criativa.
Estas incluem células, plantas e animais, e também nuvens, planetas, estrelas e
galáxias.
Desde
que Reich anunciou a descoberta da Energia Orgônica até hoje, nenhuma repetição
bem intencionada de qualquer experimento crítico em Energia Orgônica foi
divulgada, confirmando ou refutando seus resultados. Apesar do ridículo, da
difamação e das tentativas de se repudiar Reich e sua orgonomia, não existe
nenhuma contraevidência de seus experimentos em qualquer publicação científica,
muito menos uma refutação sistemática dos trabalhos científicos que sustentam
sua posição.
Três
instrumentos principais para dissolver a couraça: Armazenamento de energia no
corpo por meio de respiração profunda. Ataque direto dos músculos cronicamente
tensos (por meio de pressão, beliscões e assim por diante) a fim de soltá-los.
Manutenção da cooperação do paciente lidando abertamente com quaisquer
resistências ou restrições que emergem.
OLHOS,
BOCA, PESCOÇO, TÓRAX, DIAFRAGMA, ABDOMEM, PELVE
A
couraça dos olhos é expressa por uma imobilidade da testa e uma expressão
"vazia" dos olhos, que nos veem por detrás de uma rígida máscara. A
couraça é dissolvida fazendo-se com que os pacientes abram bem seus olhos, como
se estivessem com medo, a fim de mobilizar as pálpebras e a testa, forçando uma
expressão emocional e encorajando o movimento livre dos olhos, fazer movimentos
circulares com os olhos e olhar de lado a lado. O segmento oral inclui os
músculos do queixo, garganta e a parte de trás da cabeça. O maxilar pode ser
excessivamente preso ou frouxo de forma antinatural. As expressões emocionais
relativas ao ato de chorar, morder com raiva, gritar, sugar e fazer caretas são
todas inibidas por este segmento. A couraça pode ser solta encorajando-se o
paciente a imitar o choro, a produzir sons que mobilizem os lábios, a morder e
a vomitar e pelo trabalho direto com os músculos envolvidos. Este segmento
inclui os músculos profundos do pescoço e também a língua. A couraça funciona principalmente
para segurar a raiva ou o choro. Pressão direta sobre os músculos profundos do
pescoço não é possível, portanto, gritar, berrar e vomitar são meios
importantes para soltar este segmento. Este segmento inclui os músculos longos
do tórax, os músculos dos ombros e da omoplata, toda a caixa torácica, as mãos
e os braços. Ele serve para inibir o riso, a raiva, a tristeza e o desejo. A
inibição da respiração, que é um meio importante de suprimir toda emoção,
ocorre em grande parte no tórax. A couraça pode ser solta através do trabalho
com respiração, especialmente o desenvolvimento da expiração completa. Os
braços e as mãos são dos para bater, rasgar, sufocar, triturar e entrar em
contato com o desejo.
Este
segmento contém todos os músculos da pelve e membros inferiores. Quanto mais
intensa a couraça, mais a pelve é puxada para trás e saliente nesta parte. Os
músculos glúteos são tesos e doloridos, a pelve é rígida, "morta" e
assexual. A couraça pélvica serve para inibir a ansiedade e a raiva, bem como o
prazer. Este segmento inclui o diafragma, estômago, plexo solar, vários órgãos
internos e músculos ao longo das vértebras torácicas baixas. A couraça é
expressa por uma curvatura da espinha para frente, de modo que há um espaço
considerável entre a parte de baixo das costas do paciente e o colchão. É muito
mais difícil expirar do que inspirar. A couraça inibe principalmente a raiva
extremada. Os quatro primeiros segmentos devem estar mais ou menos livres antes
que o diafragma possa ser solto através do trabalho repetido com respiração e
reflexo do vômito (pessoas com bloqueio intenso neste segmento acham
virtualmente impossível vomitar). O segmento abdominal inclui os músculos
abdominais longos e os músculos das costas. Tensão nos músculos lombares está
ligada ao medo de ataque. A couraça nos flancos de uma pessoa produz
instabilidade e relaciona-se com a inibição do rancor. A dissolução da couraça,
neste segmento, é relativamente simples, desde que os segmentos mais altos
estejam abertos.
A
COURAÇA
O
indivíduo encouraçado seria incapaz de: Conhecer sensação de prazer orgônico,
emitir um suspiro de prazer, deixar sair um grito de raiva, e imitir um punho
atingindo o colchão com raiva.
Só
seria capaz de conhecer a sensação de agrado. Produzirá um gemido ou um impulso
de vomitar ao invés de suspiro.
No
processo de encouraçamento havia criado duas tradições intelectuais
distorcidas, as quais formaram a base da civilização: TRADIÇÃO MECANICISTA, e
TRADIÇÃO DE UMA RELIGIÃO MÍSTICA.
O
SER HUMANO LIVRE DA COURAÇA
-Desenvolve
plena atividade Sexual. -Identifica-se com a natureza e com tudo que a rodeia,
assim passa a sentir-se vivo novamente. -Deixa o trabalho que é executado de
forma mecânica e procura um que lhe de prazer, que preenche suas necessidades e
desejos internos.
-Vai
expressar suas emoções biológicas primitivas, vivenciar o prazer da vida,
berrar quando tem vontade e chorar também quando tiver vontade. Exprimir suas
emoções de agrado.
É
em torno do “ego" que a couraça se forma e a descreve como resultado do
conflito entre as exigências e um mundo externo que frustra essas exigências.
Reich
descobriu que cada atitude de caráter tem uma atitude física correspondente e
que o caráter do individuo é expresso corporalmente sob a forma de rigidez
muscular ou COURAÇA muscular.
Reich
então começou a trabalhar no relaxamento da couraça muscular. Eles descobriu
que a perda da mesma libertava energia libidinal. O trabalho de Reich lidava
com a libertação e emoções (prazer, raiva, ansiedade) através do trabalho com o
corpo.
Ele
analisava em detalhes a postura de seus pacientes e seus hábitos físicos a fim
de conscientizá-los de como reprimiam sentimentos vitais em diferentes partes
do corpo.
Reich
fazia os pacientes intensificarem uma tensão particular a fim de tornarem-se
mais conscientes dela e de aliviar a emoção que havia sido presa naquela parte
do corpo. Só depois que a emoção assim “engarrafada” fosse expressa, é que a
tensão crônica poderia ser aliviada por completo.
As
tensões musculares crônicas servem para bloquear uma das três excitações
biológicas: Ansiedade, raiva ou excitação sexual. Ele concluiu que a couraça
física e psicológica eram essencialmente a mesma coisa.
O Caráter
Genital foi usado por Freud para indicar o ultimo estágio do desenvolvimento
psicossexual. Reich adotou este termo para se referir à pessoa que adquiriu
potencia orgástica. Para ele a potencia orgástica era a capacidade de
descarregar completamente a excitação sexual reprimida por meio de
involuntárias e agradáveis convulsões do corpo.
Reich
descobriu que assim que seus pacientes renunciavam á sua couraça e desenvolviam
potencia orgástica, muitas áreas de funcionamento neurótico mudavam de forma
espontânea. No lugar de rígidos controles neuróticos, os indivíduos
desenvolviam uma capacidade para autorregulação.
Após
a terapia, muitos pacientes de Reich desenvolviam grande ternura e
sensibilidade procuravam relacionamentos mais duráveis e realizados. Os (as)
pacientes cujos casamentos eram estéreis e sem amor, descobriram na terapia
reichiana que já não poderiam mais ter relações sexuais por um mero senso de
obrigação.
Reich
sentia que indivíduos criados numa atmosfera que nega a vida e o sexo
desenvolvem um medo do prazer, o qual é representado por sua Couraça Muscular.
Essa Couraça do Caráter é a base do isolamento, da indigência, do desejo de
autoridade, do medo da responsabilidade, do anseio místico, da miséria sexual e
da revolta neurótica, assim como de uma condescendência patológica.
Reich
não era otimista demais no que dizia respeito aos possíveis efeitos de suas
descobertas. Ele acreditava que a maioria das pessoas, por causa de sua intensa
couraça, seria incapaz de compreender suas teorias e distorceria suas ideias.
Para
ele, um ensino sobre a vida, dirigido e distorcido por indivíduos encouraçados,
irá acarretar um desastre final a toda a humanidade e às suas instituições. O
resultado mais provável do princípio da potência orgástica será uma perniciosa
filosofia de bolso, espalhada por todos os cantos. Tal como uma flecha que, ao
desprender-se do arco, salta firmemente retesada, a procura de um prazer
genital rápido, fácil e deletério devastará a comunidade humana.
Por
fim, na idade adulta, a maioria das pessoas se vê envolvida na armadilha de um
casamento compulsivo, para o qual estão sexualmente despreparadas.
Reich
também salienta que os casamentos desmoronam em consequência das discrepâncias
sempre intensificadas entre as necessidades sexuais e as condições econômicas.
As
necessidades sexuais podem ser satisfeitas com um e o mesmo companheiro durante
algum tempo. Também o vínculo econômico, a exigência moralista e o hábito
humano favorecem a permanência da relação matrimonial. Isso acaba resultando na
infelicidade do casamento. A situação familiar que se desenvolve segue de forma
a recriar a mesma atmosfera neurótica para a próxima geração de crianças.
Outro
obstáculo ao crescimento é a repressão social e cultural dos instintos naturais
e da sexualidade do indivíduo. Reich sentia que esta era a maior fonte de
neuroses e que ela ocorre durante as três principais fases da vida, ou seja,
durante a primeira infância, puberdade e idade adulta.
Os
bebês e as crianças pequenas são confrontados com uma atmosfera familiar
neurótica, autoritária e repressora do ponto de vista sexual. Em relação a este
período de vida, Reich basicamente reafirma as observações de Freud a respeito
dos efeitos negativos das exigências dos pais, relativas ao treinamento da
toalete, às autorrestrições e ao bom comportamento por parte das crianças
pequenas.
Durante
a puberdade, os jovens são impedidos de atingir uma vida sexual real e a
masturbação é proibida. Talvez até mais importantes que isto, a sociedade em
geral torna impossível, aos adolescentes, lograr uma vida de trabalho
significativa. Por causa deste estilo de vida antinatural, torna-se
especialmente difícil aos adolescentes ultrapassar sua ligação infantil com os
pais.
O
Terapeuta deve ter superado todos os medos de sons sexuais abertamente emitidos
e do "ondular orgástico“. Baker, recomenda que nenhum terapeuta deveria
tentar tratar pacientes que tenham problemas que ele não foi capaz de
solucionar em si mesmo. O pré-requisito indispensável em qualquer método usado
pelo terapeuta para libertar as emoções contidas na musculatura é que ele
esteja em contato com suas próprias sensações.
A
terapia de Reich tem o objetivo de dissolver as couraças. Para isso utiliza as
ferramentas: Aumento da energia do corpo através de respiração profunda. Atacar
diretamente os músculos cronicamente tensos através de pressão, compressão para
afrouxa-los. Manter a cooperação do paciente lidando abertamente com todas as
resistências ou restrições emocionais que surgirem.
Expressão
sonora; movimentos expressivos dos membros; visualização; expressões faciais;
técnicas posturais e de equilíbrio; alongamento; vivenciais envolvendo a
dinâmica dos relacionamentos humanos, relação paciente-terapeuta.
OUTRAS
TECNICAS TERAPÊUTICAS
A
massagem reichiana utiliza tipos específicos de toque aplicados sobre a musculatura
e sobre pontos da superfície do corpo. A visão é o sentido mais importante na
estruturação do psiquismo humano.
OS
MOVIMENTOS OCULARES, A FOTOESTIMULAÇÃO, E A RESPIRAÇÃO
A
contenção das emoções sempre envolve a contenção dos movimentos respiratórios.
Também chamados de movimentos desbloqueantes ou de movimentos ontogeneticamente
significativos.
O
osteopata Dr. Morton Herskowitz , que agora vive na Filadélfia, foi o último
terapeuta treinado pelo próprio Wilhelm Reich.
“Eu
era capaz de suportar ser subjugado por Reich porque eu gostava da verdade. E,
coisa bastante estranha, eu não era subjugado por isto. No decorrer de toda
esta atitude terapêutica em relação a mim, sua voz era amorosa e ele sentava-se
a meu lado e fazia-me olhar para ele. Reich me aceitava e subjugava apenas
minha vaidade e minha falsidade. Mas eu entendi, naquele momento, que a
honestidade e o amor verdadeiros, tanto de um terapeuta quanto dos pais, por
vezes é a coragem de ser aparentemente cruel sempre que necessário. Entretanto,
isto exige muito do terapeuta, de seu treinamento e de seu diagnóstico."
Reich
morreu em 1957, numa prisão americana. Sua trajetória de vida, fugindo do
nazismo e da difamação tanto pessoal quanto de suas ideias, é trágica, mas
também imensamente rica na produção de trabalhos polêmicos, mas nunca
facilmente descartáveis. Embora mais conhecido pelas suas ideias libertárias na
política e na sexualidade no auge da contracultura, movimento que teve seu
marco no ano de 1968, suas ideias foram apropriadas e distorcidas, fazendo com
que seu nome ficasse associado ao movimento hippie e ganhasse contornos
meramente ideológicos.
Reich,
na verdade, produziu um corpo teórico ímpar, com milhares de páginas escritas e
pouco lidas, principalmente pelos seus críticos, passando pela psicologia
profunda, psicanálise, biologia, física, protocolos científicos, filosofia,
sociologia e epistemologia.
O
artigo “Mesmer, Reichembach e Reich: O insólito e o conhecimento científico”, fornece
uma ideia geral do desenvolvimento de suas ideias e trabalhos, no ítem que
trata especificamente de Reich. Portanto, nesta apresentação, irei me dedicar
mais especificamente, embora de forma sucinta, a abordar o cerne do seu
pensamento, naquilo em que este se diferencia da psicanálise, na qual teve
início, em direção à uma compreensão sui generis do
problema do corpo e mente.
Os
clínicos e estudantes minimamente familiarizados como obra de Reich sabem que
alguns conceitos, como os de defesa de caráter e couraça muscular são centrais.
Sabem também da atenção com os funcionamentos corporais e da importância
presente em sua obra de um referencial energético. Nunca é demasiado lembrar
como esse referencial energético – a libido, o pulsional – é componente
indispensável da metapsicologia freudiana. A maneira como o corpo real entra na
clínica “psicanalítica” será aqui apresentada.
DEFESA PSÍQUICA E
RESISTÊNCIA DE CARÁTER
“No inconsciente está a representação da pulsão, não sua energia”
Freud.
Qual
deve ser o objetivo da análise, tornar consciente o inconsciente, ou modificar
a estrutura libidinal? Por que algumas análises, apesar de conduzidas a
contento, geram resultados insatisfatórios, enquanto outras têm sucesso? Estas
são questões que cedo se apresentam ao então jovem Reich, na sua prática
clínica. O fator estrutural é incompatível com o tópico, o percebe, em função
de uma dinâmica defensiva com características sistêmicas que receberá o nome de
resistência de caráter.
O
conceito de resistência não era estranho ao pensamento psicanalítico; ao
contrário, logo foi percebido que determinados conteúdos só se tornam
acessíveis à consciência quando as resistências quanto a isso são interpretadas
e eliminadas.
Mas
há algo mais. Toda neurose se deve ao conflito entre demandas “instintivas”, principalmente
demandas sexuais infantis e as forças repressivas do ego. Como essas demandas
buscam satisfação, procuram um objeto: daí a transferência. Todo processo
analítico deve ser feito eliminando-se as resistências quanto ao reconhecimento
da existência destas demandas e, feito isso, estas seriam sublimadas.
Isso
traz um problema, percebeu Reich: a sublimação só poderia mesmo se dar quando
existe acesso à expressão genital. Há uma gratificação sexual que necessita
existir de fato. Existe um fator quantitativo presente: o orgasmo não é um
fenômeno psíquico; refere-se a uma redução de toda atividade psíquica dando
lugar a uma biológica. Demanda atividade motora de fato. Se se considera a
neurose como tendo etiologia sexual, então se deve levar também em questão o
orgasmo.
Freud
havia dito antes que sem conflito sexual, não haveria neurose. Reich
especifica: não há neurose sem perturbação orgástica, o que inclui, justamente,
a dimensão econômico energética na sua perspectiva quantitativa de fato. Isso
leva-o a postular sobre a potência orgástica, diferenciando-a de potência
eretiva e ejaculativa. Sobre essa diferenciação e sua importância para o nosso
tema de estudo, iremos nos deter mais detalhadamente adiante.
Sobre
a resistência de caráter: Reich descreve como uma vez instaurado um conflito
psíquico, este determina uma alteração na fisiologia da vida emocional, e esta,
por sua vez, passa a alimentar e fornecer a energia do próprio “conflito”, numa
espécie de circuito retro-alimentado. Há aqui uma dimensão sistêmica e
dialógica que iremos agora descrever.
O
caráter, contrapartida psíquica da couraça muscular, é basicamente um mecanismo
de defesa, de proteção narcísica, os vários traços individuais e isolados
funcionando de forma compacta, unitária, assim como as contrações crônicas de
determinados grupos musculares se expressam funcionalmente na couraça muscular.
Também como a couraça, o caráter é histórico, pode ser remontado à experiências
infantis e demandas sexuais e afetivas frustadas e recalcadas. Em ambos
(caráter e couraça muscular), sua função econômica é servir de proteção contra
os estímulos do mundo externo e, ao mesmo tempo, manter sob jugo estas
demandas, utilizando a energia em formações reativas, modos típicos e rígidos
de reação e contrações musculares crônicas, evitando, com isso, o surgimento da
ansiedade (ansiedade flutuante). A definição do caráter de cada um guarda a relação
com o momento, do ponto de vista do desenvolvimento psicossexual, em que os
principais conflitos se deram e foram resolvidos. O caráter, por sua vez,
determina o quanto de gratificação sexual genital se torna possível.
Uma
vez estabelecido um traço de caráter, isto torna desnecessária uma grande parte
da repressão, já que o traço é aceito pelo ego, é egosintônico, passa a fazer
parte do mesmo. Por isso, é mais difícil eliminar os recalcamentos que deram
origem ao traço de caráter, do que eliminar os que conduziram ao sintoma.
A
dimensão dialógica do caráter, por sua vez, se revela na sua função (do
caráter) de evitar, ao mesmo tempo, a angústia “real” (perigos do mundo,
castigo, etc.) e a angústia estásica (princípio econômico da formação do
caráter) enquanto serve, concomitantemente, de modo secundário de obtenção de
satisfação.
Levando-se
em conta isso, de nada valeria interpretar a existência de um dado impulso,
desejo, ou afeto recalcados, se não se leva em consideração a função defensiva
(econômica-energética) do caráter. A interpretação “resvala” na função defesa
do mesmo, e há ali somente a produção de um saber intelectualizado,
racionalizado, que não produz transformações na personalidade.
Os
então recém-surgidos conceitos de resistência de caráter, estase libidinal e
potência orgástica são interconectados e apoiam-se mutuamente na compreensão do
fenômeno.
A
estase define a condição de acúmulo, de libido insatisfeita, resultante da
existência do conflito sexual, na maneira em que este afeta a capacidade
orgástica (o conflito psíquico alterando a fisiologia da vida emocional).
Tentando explicitar ainda mais a dinâmica envolvida: se para Freud (num segundo
momento) a ansiedade é postulada como sendo sinal do ego, e causa da repressão,
Reich entende de outra forma, distinguindo ansiedade que é produto do sinal do
ego, daquela que é fruto da estase, vendo que o medo do ego depende da estase
libidinal. Num círculo vicioso, o conflito estabelecido impede satisfação
orgástica plena, fantasias de castração causando repressão da libido genital,
ansiedade atual resultando dessa repressão, e fornecendo o afeto para a
ansiedade de castração. Somente via excitação somática uma ideia psicológica
pode causar um afeto. Toda neurose de caráter tem um núcleo atual neurótico que
ativa as fantasias patogênicas. Por sua vez, essa estase se expressa
diretamente em alterações tais como: pressão alta, vaso constrição, pupilas
dilatadas, diarreia, tontura, boca seca, suor frio, etc. (equivalentes
somáticos), quando o equilíbrio neurótico se encontra ameaçado, quando falha a
função defesa do caráter.
A
perspectiva econômico-sexual, como Reich a definiu, surgiu de limitações do
instrumental clínico então vigente, que geraram questões e alterações nos meios
de abordagem clínica, e isto, novas teorizações. E nestas, surge de forma
incoercível a necessidade de se observar o lugar central que o referencial
estrutural, econômico-energético, ocupava no entendimento dos fenômenos da vida
emocional. Mas devemos salientar mais uma vez: o fator quantitativo, na ótica
da economia libidinal, levava a uma concepção da existência de uma questão
energética de fato, não metafórica, na composição do acontecimento neurótico.
E
esse fator quantitativo, assim considerado, gera também uma consequência
radical: o somático, o corporal, entra em cena de forma literal. Vejamos o que
definimos como corporal aqui: o fator econômico esteve inicialmente, no
pensamento freudiano, ligado à ideia de aparelho neuronal, e depois, aparelho
psíquico. É neste(s) que se daria a circulação e outros processos energéticos.
“Refiro-me ao conceito de que,
nas funções mentais, deve-se distinguir algo, uma carga de afeto ou soma de
excitação que possui todas as características de uma quantidade (embora não
tenhamos meios de medi-la) passível de aumento, diminuição, deslocamento e
descarga, e que se espalha sobre os traços mnêmicos das representações como uma
carga elétrica espalhada pela superfície de um corpo.” (Freud).
“Nas funções mentais… que se espalha sobre os traços mnêmicos“.
O
recorte da citação freudiana deixa em evidência uma concepção que
implicitamente equivale psíquico à cerebral, este sim o “o local” onde os
processos econômicos estariam se dando.
Mas
a observação clínica traduz um corporal que, fenomenologicamente, refere-se à
totalidade do organismo: fenômenos como suor frio, boca seca, mas também
respiração curta, tensões crônicas em grupos musculares específicos e,
principalmente as fortes reações corporais que acompanham vivências afetivas
intensas. Clonismos musculares, movimentos involuntários que se dão quando as
resistências caracteriológicas e ou musculares sofrem intervenção clínica são
também elementos importantes. É possível reconhecer, nestes acontecimentos,
tanto a existência de uma corporeidade expressa num funcionamento unitário
irredutível, quanto a presença de uma descarga, em termos de atividade motora;
um fator quantitativo que envolve forças muito além da escala que seria esperada
para uma dimensão psíquica, cerebral.
Pode-se
entender que estes fenômenos corporais, incluindo as intensidades presentes,
apenas expressam a atividade cerebral específica, atividade do sistema nervoso,
onde a ação motora seria expressão desta atividade. Esse seria um viés
neurofisiológico clássico, que situa o cérebro como causador destas atividades
corporais.
Mas
as dificuldades clínicas que levaram ao desenvolvimento da análise do caráter,
já haviam assinalado a importância do reconhecimento da existência de uma
dimensão sistêmica, que como uma superestrutura, se sobrepunha aos
funcionamentos mais simples da dinâmica da vida emocional. Essa dimensão
sistêmica implicava que, tanto do ponto de vista da intervenção clínica, quanto
do da teorização sobre a mesma, houvesse um olhar que muitas vezes modificava o
entendimento vigente sobre os modos, graus e tipos de relações existentes entre
os componentes da teoria em questão, o que por sua vez evocava novos modos
práticos de intervenções clínicas, e em seguida, novas teorizações.
Essa
dimensão sistêmica não implica na negação da especificidade da atividade do
sistema nervoso central, mas sim em relativizar a suficiência da “causalidade”
das explicações surgidas a partir do referencial neurofisiológico, cerebral.
Vejamos
um exemplo concreto no território dos mecanismos de defesa: o conceito de
mecanismos de defesa do ego traz a ideia de uma mecânica onde um determinado
impulso recalcado sofre a ação de um dado procedimento psíquico, um modo
operante como, por exemplo, deslocamento, negação, etc. A tarefa clínica
consistiria em localizar o impulso, e o procedimento de defesa para abordá-lo
em primeiro lugar. Feito isto, tornar-se-ia possível o reconhecimento
consciente do impulso mencionado.
Ora,
a experiência clínica demonstra que, caso não se tenha feito anteriormente o
“desmonte” da função defesa do caráter, mesmo quando se localiza corretamente
tanto o impulso em questão, quanto sua defesa específica, isto é inoperante.
Eis aqui materializada a questão do “convencimento” por parte do paciente, da
correção da interpretação. Prevalece a potência do conjunto, a somatória
organizada dos modos de defesa chamada caráter. Reich postulou que a principal
resistência, na análise, era sempre a resistência de caráter. Este como
superestrutura, se sobrepõe ao efeito que produziria a intervenção clínica
voltada para a defesa específica relativa àquele impulso específico. O caráter
revela uma qualidade de “teia”, “rede”, e utilizando uma analogia hidráulica,
nele a energia flui deslocando-se de defesas principais para secundárias e vice
versa, mantendo a integridade da função defesa intacta. A dinâmica do conjunto
anula a linearidade causa-efeito presente na postura de se analizar o emergente
(no sentido psicanalítico do termo).
CORPO E COURAÇA
MUSCULAR
O
conceito de “acting-out”, no pensamento psicanalítico, designa um acontecimento
onde, num processo analítico, um paciente traduz em um ato, ou uma atividade
motora, um determinado conteúdo que poderia ser psiquicamente elaborado.
Uma
atividade defensiva, portanto. Assim, dentro deste referencial, tudo aquilo que
encaminha à corporeidade fica associado a uma “negatividade” (atuações,
conversões histéricas, somatizações).
Mas
a experiência clínica na abordagem do tipo “análise do caráter”, gera outras
conclusões, onde as atividades corporais relativas à vida emocional são
percebidas não unicamente como modos típicos de defesa, mas como registros de algo
que pode também ser de outra ordem conceitual, outro olhar epistemológico: a
dimensão somática da vida emocional, sua contrapartida, o somático entendido
como elemento antagônico-complementar da vida psíquica. Como mencionamos acima,
a abordagem caráter analítica gerava não somente fortes reações emocionais, mas
também atividade motora e neurovegetativa. Relatos de pacientes descreviam a
existência, imediatamente antes e durante as reações emocionais, de sensações
como se algo “corresse” por debaixo da pele, espalhando-se pelo corpo. A
existência dessas sensações contumava preceder a manifestação de uma
movimentação involuntária, clonismos musculares, em parte localizadas ou que se
estendia pelo corpo todo, produzindo um movimento ondulatório característico
que, pela obviedade do mesmo, Reich denominou “reflexo orgástico”. Dependendo
do paciente em questão, essa atividade involuntária surgia com uma qualidade
unitária íntegra, ou então, evidenciava-se uma “quebra” da qualidade unitária,
aqui e ali no corpo, quebra essa localizada em “anéis” perpendiculares ao eixo
do corpo. Estes anéis, por sua vez, portavam imobilidade muscular crônica,
tensões que eram de natureza diferente das tensões do dia a dia. Quando estas
tensões, em conjunto com outras técnicas analíticas, eram abordadas na clínica,
toda uma organização corporal, com um sentido emocional específico,
evidenciava-se, assim como o seu alívio (das tensões) era acompanhado de
reações emocionais, atividade muscular involuntária, insights significativos e
rememorizações.
Uma estrutura psíquica é ao mesmo
tempo uma estrutura biofísica, que apresenta uma indicação do estado específico
de interação das forças vegetativas de uma pessoa (Reich).
Logo
se tornou evidente que a corporeidade, nos seus arranjos típicos para cada
indivíduo, era a contrapartida somática da vida emocional e psíquica, formando
ambas uma unidade irredutível. A neurose tem uma contrapartida corporal, o
recalque no psiquismo tem sua antítese em mecanismos corporais de contenção e
detenção de impulsos e atividade motora, a couraça muscular, como definiu
Reich. Arranjos de grupos musculares e ritmos corporais passam a informar sobre
a personalidade, e técnicas e manobras visando uma intervenção desta ordem são
desenvolvidas e passam a fazer parte dos instrumentais da clínica.
EPISTEMOLOGIA E
CIÊNCIA
As investigações psicanaliticas
resultam de fato não em explicar o homem pela sua infra extrutura sexual, mas
em reencontrar na sexualidade as relações e atitudes que anteriormente passavam
por ações e atitudes de consciência, e o significado da psicanálise não é tanto
o de tornar biológica a psicologia, quanto a de descobrir um movimento
dialético em funções que se acreditavam puramente corporais (M. Ponty).
Mais
que uma dialética, entendemos que lidamos aqui, concomitantemente, com um
referencial energético, um princípio dialógico e uma noção sistêmica,
intrinsecamente interligados, no pensamento reichiano. É uma perspectiva
crítica ao referencial mecanicista, reducionista que, dado o sucesso do
empreendimento científico, passou a ser considerado o único referencial que pode
de fato dar conta de se conhecer o mundo a nossa volta.
Essa
expressão tão comumente empregada, “o mundo a nossa volta”, implicitamente
deixa de fora da definição de “mundo” a nós, os seres que habitamos e somos
deste mundo. Ao produzir soluções tão significativas para a nossa existência
emocional, o pensamento reichiano apresenta um modelo que reintroduz o vivente
no mundo (conceitualmente), e assim também aponta para uma direção
complementar, o funcionalismo orgonômico, denominação dada por
Reich ao método experimental e de pensamento desenvolvido por ele contribuir de
forma importante para o conhecimento do mundo não orgânico, de uma maneira não
conseguida pelo referencial mecanicista reducionista.
Ainda
no outro artigo citado (Mesmer, Reichembach e Reich: O
insólito e o conhecimento científico), quando da apresentação
superficial que faço dos seus trabalhos científicos (Reich), no caso dos bíons
e dos experimentos com a energia “orgone”, evidencia-se uma lógica onde é feita
a abstração de certas regras gerais presentes em diferentes fenômenos, que
lembra bastante a “importação de conceitos” presente no chamado “pensamento
complexo”, bem posterior ao tempo reichiano. Essa abstração, por sua vez, longe
de permanener unicamente como especulação filosófica, deu ensejo a verificações
experimentais que validam fortemente o modêlo reichiano ( para saber mais sobre
o tema, e acompanhar algumas destas verificações experimentais, o leitor deve
procurar as obras “The Cancer Biopathy”,
“Selected Writings” e “Cosmic Superimposition”,
entre outras).
Um
consequência lógica dos trabalhos reichianos é a relocação, num campo
conceitual mais amplo, dos conteúdos da psicologia e psicanálise. Não no
sentido de reduzir estes últimos à biologia ou à física, mas sim, no de um
salto conceitual, reorganizador, que pode ter consequências tão marcantes para
a nossa visão de mundo, como tiveram a teoria da relatividade e a mecânica
quântica, no início do século XX.
Reich dava grande ênfase
à importância de desenvolver uma livre expressão de sentimentos sexuais e
emocionais dentro do relacionamento amoroso maduro. Reich enfatizou a natureza
essencialmente sexual das energias com as quais lidava e descobriu que a
bioenergia era bloqueada de forma mais intensa na área pélvica de seus
pacientes.
Ele chegou a acreditar que a meta da terapia
deveria ser a libertação dos bloqueios do corpo e a obtenção de plena
capacidade para o orgasmo sexual, o qual sentia estar bloqueado na maioria dos
homens e das mulheres.
As opiniões radicais de Reich a
respeito de sexualidade resultaram em consideráveis equívocos e distorções de
seu trabalho por autores futuros e, consequentemente, despertaram muitos
ataques difamatórios e infundados.
Wilhelm Reich se
interessou muito pela sexualidade humana. Quando era jovem estudante de
Medicina, Reich
visitou Freud pela primeira vez para procurar ajuda a fim de organizar um
seminário sobre sexologia na escola médica que ele frequentava (Higgens e Raphael, 1967). Além disso,
a principal atividade política de Reich consistia em ajudar a fundar clínicas
de higiene sexual patrocinadas pelos comunistas para a classe trabalhadora, na Áustria
e na Alemanha.
As ideias de Reich e suas clínicas eram muito
controvertidas para a época e seu programa de para as clínicas de orientação
sexual incluía características modernas ainda hoje. Entre seus tópicos
destacavam-se: Livre distribuição de
anticoncepcionais para qualquer pessoa e educação intensiva para o controle da
natalidade. Completa abolição das proibições com relação ao aborto. Abolição da
distinção legal entre casados e não casados; liberdade de divórcio. Eliminação
de doenças venéreas e prevenção de problemas sexuais através da educação
sexual. Treinamento de médicos, terapeutas, professores etc., em todas as
questões relevantes da higiene sexual. Tratamento, ao invés de punição, para
agressões sexuais.
A COMPOSIÇÃO DO CARÁTER
De acordo com Reich, o caráter é composto das
atitudes habituais de uma pessoa e de seu padrão consistente de respostas para
várias situações. Inclui atitudes e valores conscientes, estilo de
comportamento (timidez, agressividade e assim por diante) e atitudes físicas
(postura, hábitos de manutenção e movimentação do corpo).
O conceito de caráter já havia sido discutido
anteriormente por Freud, em sua obra Caráter e Erotismo Anal. Reich elaborou
este conceito e foi o primeiro analista a tratar pacientes pela interpretação
da natureza e função de seu caráter, ao invés de analisar seus sintomas.
Reich sentia que o caráter se
forma como uma defesa contra a ansiedade criada pelos intensos sentimentos
sexuais da criança e o consequente medo da punição. A primeira defesa contra
este medo é o Mecanismo de Defesa do
Ego conhecido por repressão, o qual refreia os impulsos sexuais por
algum tempo. À medida que as Defesas
do Ego se tornam cronicamente ativas e automáticas, elas evoluem para traços
ou couraça caracterológica.
Esse conceito de couraça caracterológica de Reich inclui
a soma total de todas as forças defensivas repressoras organizadas de forma
mais ou menos coerente dentro do próprio ego. Para ele, o desenvolvimento de um
traço neurótico de caráter indicaria a solução de um problema reprimido ou, por
outro lado, ele torna o processo de repressão desnecessário ou transforma a
repressão numa formação relativamente rígida e aceita pelo ego.
Assim pensando, Reich afirma que os traços de caráter
neuróticos não são a mesma coisa que sintomas neuróticos. A diferença entre
esses traços neuróticos e os sintomas neuróticos repousa no fato de que
sintomas neuróticos, tais como os medos, fobias, etc., são experienciados como
estranhos ao indivíduo, como elementos exteriores à psique, enquanto que traços
de caráter neuróticos (ordem excessiva ou timidez ansiosa, por exemplo) são
experimentados como partes integrantes da personalidade.
A pessoa pode se queixar do fato de ser
tímida, mas esta timidez não parece ser significativa ou patológica como são os
sintomas neuróticos. As defesas de caráter são particularmente efetivas e, além
disso, difíceis de erradicarem pelo fato de serem bem racionalizadas pelo
indivíduo e experimentadas como parte de seu auto-conceito.
Reich se esforçou continuamente para tornar
seus pacientes mais conscientes de seus traços neuróticos de caráter. Ele
imitava com frequência suas características, gestos ou posturas, ou fazia com
que seus pacientes repetissem ou exagerassem uma faceta habitual do
comportamento, por exemplo, um sorriso nervoso. À medida que os pacientes
cessavam de tomar como certa sua constituição de caráter, aumentava sua
motivação para mudar.
A COURAÇA MUSCULAR
Reich descobriu que cada
atitude de caráter tem uma atitude física correspondente e que o caráter do
indivíduo é expresso corporalmente sob a forma de rigidez muscular ou couraça
muscular. Reich
começou a trabalhar, então, no relaxamento da couraça muscular. Ele descobriu
que a perda da couraça muscular libertava energia libidinal e auxiliava o
processo de psicanálise. O trabalho psiquiátrico de dava cada vez mais com a
libertação de emoções (prazer, raiva, ansiedade) através do trabalho com o
corpo. Ele descobriu que isto conduzia a uma vivência muito mais intensa do que
o material infantil trabalhado pela psicanálise.
Reich começou, primeiramente,
com a aplicação de técnicas de análise de caráter e das atitudes físicas. Ele
analisava em detalhes a postura de seus pacientes e seus hábitos físicos a fim
de conscientizá-los de como reprimiam sentimentos vitais em diferentes partes
do corpo. Fazia os pacientes intensificarem uma tensão particular a fim de
tornarem-se mais conscientes dela e de aliviar a emoção que havia sido presa
naquela parte do corpo. Ele descobriu que só depois que a emoção assim
"engarrafada" fosse expressa, é que a tensão crônica poderia ser
aliviada por completo. Aos poucos, Reich começou a trabalhar diretamente com
suas mãos sobre os músculos tensos a fim de soltar ás emoções presas a eles.
Em seu trabalho sobre couraça muscular, Reich descobriu
que tensões musculares crônicas servem ara bloquear uma das três excitações biológicas:
ansiedade, raiva ou excitação sexual. Ele concluiu que a couraça física e a
psicológica eram essencialmente a mesma coisa. Com esse raciocínio, as couraças
de caráter eram vistas agora como equivalentes à hipertonia muscular.
O CARÁTER GENITAL
O termo Caráter Genital foi usado por Freud
para indicar o último estágio do desenvolvimento psicossexual. Reich adotou-o
para se referir especificamente à pessoa que adquiriu potência orgástica. Para
ele a potência orgástica era a capacidade de abandonar-se, livre de quaisquer
inibições, ao fluxo de energia biológica, era a capacidade de descarregar
completamente a excitação sexual reprimida por meio de involuntárias e
agradáveis convulsões do corpo.
Reich descobriu que
assim que seus pacientes renunciavam à sua couraça e desenvolviam potência
orgástica, muitas áreas de funcionamento neurótico mudavam de forma espontânea.
No lugar de rígidos controles neuróticos, os indivíduos desenvolviam uma
capacidade para auto-regulação. Reich descreveu indivíduos autorreguladores
como naturais mais do que morais. Eles agem em termos de suas próprias
inclinações e sentimentos internos, ao invés de seguirem algum código externo
ou ordens pré-estabelecidas por outros.
Depois da terapia reichiana, muitos pacientes
que antes eram neuroticamente promíscuos, desenvolviam grande ternura e
sensibilidade e procuraram, de forma espontânea, relacionamentos mais duráveis
e realizadores. Os (as) pacientes cujos casamentos eram estéreis e sem amor,
descobriram na terapia reichiana que já não poderiam mais ter relações sexuais
por um mero senso de obrigação.
Os caracteres genitais não estão aprisionados
em suas couraças e defesas psicológicas. Eles são capazes de se encouraçar,
quando necessário, contra um ambiente hostil. Entretanto, sua couraça é feita
mais ou menos conscientemente e pode ser dissolvida quando não houver mais
necessidade dela.
Reich escreveu que caracteres
genitais trabalharam sobre o complexo de Édipo, de maneira que o material
edipiano já não é mais tão intensamente carregado ou reprimido. O superego,
para ele, tornam-se "sexo-afirmativo", portanto o Id e o Superego
passam a estar em harmonia. O Caráter
Genital é capaz de experimentar livre e plenamente o orgasmo sexual,
descarregando por completo toda libido excessiva. Dessa forma, o orgasmo, o
clímax da atividade sexual, seria caracterizado pela entrega à experiência
sexual e pelo movimento desinibido, involuntário, ao contrário dos movimentos
forçados ou até violentos dos indivíduos encouraçados.
A BIOENERGIA
Em seu trabalho sobre Couraça Muscular, Reich descobriu
que a perda da rigidez crônica dos músculos resultava frequentemente em
sensações físicas particulares, em sentimentos de calor e frio, formigamento,
coceira e uma espécie de despertar emocional. Ele concluiu que essas sensações
eram devidas a movimentos de uma energia vegetativa ou biológica liberada.
Reich também descobriu que a mobilização e a
descarga de bioenergia são estágios essenciais no processo de excitação sexual
e orgasmo. Ele chamou a isto de Fórmula do Orgasmo, um processo de quatro
partes o qual Reich julgava ser característico de todos os organismos vivos: -Tensão Mecânica. -Carga Bioenergética. -Descarga
Bioenergética.
-Relaxamento
Mecânico.
Depois do contato físico, a energia se
acumula em ambos os corpos e, por fim, é descarregada no orgasmo, o qual se
constitui essencialmente num fenômeno de descarga da bioenergia.
O ato sexual teria a seguinte sequencia: 1-Órgãos sexuais se entumecem de fluido, tensão
mecânica. 2-Resulta uma intensa excitação, carga bioenergética. 3-Excitação
sexual descarregada em contrações musculares, descarga bioenergética. 4-Segue-se
um relaxamento físico e relaxamento mecânico.
A ENERGIA ORGÔNICA
Aos poucos Reich estendeu seu interesse pelo
funcionamento físico dos pacientes à pesquisa de laboratório em Fisiologia e
Biologia e, finalmente dedicou-se à pesquisa em Física. Ele chegou a acreditar
que a bioenergia no organismo individual não é nada mais do que um aspecto de
uma energia universal, presente em todas as coisas. Ele derivou o termo energia
"orgônica" a partir de organismo e orgasmo. Dizia que a Energia Orgônica
cósmica funciona no organismo vivo como energia biológica específica. Assim
sendo, governa o organismo total e se expressa nas emoções e nos movimentos
puramente biofísicos dos órgãos.
A extensiva pesquisa de Reich sobre
Energia Orgônica e tópicos
relacionados à ela foi ignorada ou repudiada pela maioria dos cientistas.
Seus achados contradizem muitos
axiomas e teorias estabelecidos pela Física e Biologia, e é certo que o
trabalho de Reich não deixa de ter falhas experimentais. Entretanto, sua
pesquisa nunca foi rejeitada ou mesmo revista com cuidado e seriamente
criticada por qualquer crítico científico respeitável.
Desde que Reich anunciou a descoberta da Energia
Orgônica até hoje, nenhuma repetição bem intencionada de qualquer experimento
crítico em Energia Orgônica foi divulgada, confirmando ou refutando seus
resultados. Apesar do ridículo, da difamação e das tentativas de se repudiar
Reich e sua orgonomia, não existe nenhuma contra-evidência de seus experimentos
em qualquer publicação científica, muito menos uma refutação sistemática dos
trabalhos científico que sustentam sua posição.
AS PROPRIEDADES DA ENERGIA ORGÔNICA
Segundo Reich, a Energia
Orgônica teria as seguintes propriedades principais:
1. A Energia Orgônica é livre de massa; não tem
inércia nem peso. 2. Está presente em qualquer parte, embora em concentrações diferentes,
até mesmo num vácuo. 3. É o meio para a atividade eletromagnética e
gravitacional, o substrato da maioria dos fenômenos naturais básicos. 4. A
Energia Orgônica está em constante movimento e pode ser observada sob condições
apropriadas. 5. Altas concentrações de Energia Orgônica atraem a Energia
Orgônica de ambientes menos concentrados (o que contradiz a lei da entropia). 6.
A Energia Orgônica forma unidades que se tornam o centro da atividade criativa.
Estas incluem células, plantas e animais, e também nuvens, planetas, estrelas e
galáxias.
Reich definiu crescimento como o processo de
dissolução da nossa couraça psicológica e física, tornando-nos, gradualmente,
seres humanos mais livres, abertos e capazes de gozar um orgasmo pleno e
satisfatório.
Reich achava que a couraça muscular está
organizada em sete principais segmentos de armadura, que são compostos de
músculos e órgãos com funções expressivas relacionadas. Estes segmentos formam
uma série de sete anéis mais ou menos horizontais, em ângulos retos com a
espinha e o torso. Os principais segmentos da couraça estão centrados nos
olhos, boca, pescoço, tórax, diafragma, abdome e pelve.
De acordo com Reich, a Energia Orgônica flui
naturalmente por todo o corpo, de cima a baixo, paralela à espinha. Os anéis da
couraça formam-se em ângulo reto com este fluxo e operam para rompê-lo. Reich
afirma que não é por acaso que na cultura ocidental aprendemos a dizer sim
movendo a cabeça para cima e para baixo, na direção do fluxo de energia do
corpo, enquanto que aprendemos a dizer não movendo a cabeça de um lado para o
outro, na direção transversa da couraça.
A couraça serve para restringir tanto o livre
fluxo de energia como a livre expressão de emoções do indivíduo. O que começa
inicialmente como defesa contra sentimentos de tensão e ansiedade excessivos,
torna-se uma camisa-de-força física e emocional. No organismo humano
encouraçado, a Energia Orgônica
é presa nos espasmos musculares crônicos.
Após a perda de um anel da couraça, o orgon
do corpo não começa de imediato a correr livremente. Logo que os primeiros
blocos da couraça são dissolvidos, nós descobrimos que, com os fluxos e as
sensações orgônicas, a expressão do "dar" se desenvolve cada vez
mais. Entretanto, couraças ainda existentes evitam seu desenvolvimento total.
A DISSOLVIÇÃO DOS SEGUIMENTOS DA COURAÇA
A terapia reichiana consiste em dissolver
cada segmento da couraça, começando pelos olhos e terminando na pelves. Cada
segmento é uma unidade mais ou menos independente com a qual se precisa lidar
separadamente.
Três instrumentos
principais são usados para dissolver a couraça: 1. Armazenamento de energia no corpo por meio de respiração
profunda; 2. Ataque direto dos
músculos cronicamente tensos (por meio de pressão, beliscões e assim por
diante) a fim de soltá-los; 3. Manutenção
da cooperação do paciente lidando abertamente com quaisquer resistências ou
restrições que emergem.
OS OLHOS
A couraça dos olhos é expressa por uma
imobilidade da testa e uma expressão "vazia" dos olhos, que nos veem
por detrás de uma rígida máscara. A couraça é dissolvida fazendo-se com que os
pacientes abram bem seus olhos, como se estivessem com medo, a fim de mobilizar
as pálpebras e a testa, forçando uma expressão emocional e encorajando o
movimento livre dos olhos, fazer movimentos circulares com os olhos e olhar de
lado a lado.
A BOCA
O segmento oral inclui os músculos do queixo,
garganta e a parte de trás da cabeça. O maxilar pode ser excessivamente preso
ou frouxo de forma antinatural. As expressões emocionais relativas ao ato de
chorar, morder com raiva, gritar, sugar e fazer caretas são todas inibidas por
este segmento. A couraça pode ser solta encorajando-se o paciente a imitar o
choro, a produzir sons que mobilizem os lábios, a morder e a vomitar e pelo
trabalho direto com os músculos envolvidos.
O PESCOÇO
Este segmento inclui os músculos profundos do
pescoço e também a língua. A couraça funciona principalmente para segurar a
raiva ou o choro. Pressão direta sobre os músculos profundos do pescoço não é
possível, portanto, gritar, berrar e vomitar são meios importantes para soltar
este segmento.
O TÓRAX
Este segmento inclui os músculos longos do
tórax, os músculos dos ombros e da omoplata, toda a caixa torácica, as mãos e
os braços. Ele serve para inibir o riso, a raiva, a tristeza e o desejo. A
inibição da respiração, que é um meio importante de suprimir toda emoção,
ocorre em grande parte no tórax. A couraça pode ser solta através do trabalho
com respiração, especialmente o desenvolvimento da expiração completa. Os
braços e as mãos são dos para bater, rasgar, sufocar, triturar e entrar em contato
com o desejo.
O DIAFRAGMA
Este segmento inclui o diafragma, estômago,
plexo solar, vários órgãos internos e músculos ao longo das vértebras torácicas
baixas. A couraça é expressa por uma curvatura da espinha para frente, de modo
que há um espaço considerável entre a parte de baixo das costas do paciente e o
colchão. É muito mais difícil expirar do que inspirar. A couraça inibe
principalmente a raiva extremada. Os quatro primeiros segmentos devem estar
mais ou menos livres antes que o diafragma possa ser solto através do trabalho
repetido com respiração e reflexo do vômito (pessoas com bloqueio intenso neste
segmento acham virtualmente impossível vomitar).
O ABDOMEN
O segmento abdominal inclui os músculos
abdominais longos e os músculos das costas. Tensão nos músculos lombares está
ligada ao medo de ataque. A couraça nos flancos de uma pessoa produz
instabilidade e relaciona-se com a inibição do rancor. A dissolução da couraça,
neste segmento, é relativamente simples, desde que os segmentos mais altos estejam
abertos.
A PELVE
Este segmento contém todos os músculos da
pelve e membros inferiores. Quanto mais intensa a couraça, mais a pelve é
puxada para trás e saliente nesta parte. Os músculos glúteos são tesos e
doloridos, a pelve é rígida, "morta" e assexual. A couraça pélvica
serve para inibir a ansiedade e a raiva, bem como o prazer.
A ansiedade e a raiva resultam das inibições
das sensações de prazer sexual, e é impossível experienciar livremente o prazer
nesta área até que a raiva tenha sido liberada dos músculos pélvicos. A couraça
pode ser solta primeiramente mobilizando a pelve e fazendo com que o paciente
chute os pés repetidas vezes e também bata no colchão com sua pelve.
Reich descobriu que à medida
que seus pacientes começavam a desenvolver capacidade para plena entrega
genital, toda sua existência e estilo de vida mudavam basicamente.
Acreditava Reich que a unificação do reflexo do
orgasmo também restaurava as sensações de profundidade e seriedade. Os
pacientes lembram-se do tempo da sua primeira infância, quando a unidade de
suas sensações corporais não estava perturbada.
Tomados de emoção, falam do tempo em que,
crianças, sentiam-se identificados com a natureza e com tudo que os rodeava, do
tempo em que se sentiam "vivos" e como finalmente tudo isto fora
despedaçado e esmagado pela educação.
Estes indivíduos começavam a sentir que a
rígida moralidade da sociedade, que anteriormente reconheciam como certa, era
uma coisa estranha e antinatural. Atitudes em relação ao trabalho também
mudavam de forma nítida.
Aqueles que faziam seu trabalho como uma
necessidade mecânica, habitualmente largavam seus empregos para procurar um
trabalho novo e vital que preenchesse suas necessidades e desejos interiores.
Aqueles que já estavam interessados em sua profissão, muitas vezes
desabrochavam com energia, interesses e habilidades novas.
OS OBSTÁCULOS AO CRESCIMENTO
A Couraça
é o maior obstáculo ao crescimento segundo Reich. O indivíduo encouraçado seria
incapaz de dissolver sua couraça e, portanto, seria incapaz de expressar as
emoções biológicas primitivas. Ele conhece a sensação de agrado, mas não aquela
de prazer orgônico. Ele não pode emitir um suspiro de prazer e, se tentar, irá
produzir um gemido, um berro reprimido ou um impulso para vomitar. Ele é
incapaz de deixar sair um grito de raiva ou imitar um punho atingindo o colchão
com raiva.
Reich sentiu que o processo
de encouraçamento havia criado duas tradições intelectuais distorcidas, as
quais formaram a base da civilização: a religião mística e a ciência mecanicista.
Os mecanicistas são tão bem encouraçados que não têm ideia real de seus
próprios processos de vida ou de sua natureza interna. Eles têm um medo básico
de emoções profundas, vivacidade e espontaneidade. Eles tendem a desenvolver um
conceito rígido e mecânico da natureza e estão primariamente interessados nos
objetos externos e nas ciências naturais.
Comentando sua ideia, achava que pelo fato de
uma máquina ter que ser perfeita, por conseguinte, o pensamento e as ações do
homem da ciência também teriam que ser perfeitos. Perfeccionismo é uma
característica essencial do pensamento mecanicista. Ele não tolera erros e
incertezas, e as situações de mudança são inoportunas. Mas este princípio,
quando aplicado a processos da natureza, inevitavelmente conduz à confusão,
pois a natureza não opera mecanicamente, mas funcionalmente.
Os místicos não desenvolveram sua couraça tão
completamente. Eles permanecem, em parte, em contato com sua própria energia
vital, e são capazes de grande compreensão interna (insight) por causa deste
contato parcial com sua intimidade. Entretanto, Reich via essa compreensão interna
(insight) como distorcida, uma vez que os místicos tendem a se tornar ascéticos
e antissexuais, a rejeitar sua própria natureza física e a perder o contato com
seus corpos. Eles repudiam a origem da força vital em seus próprios corpos e
localizam-na numa alma hipotética, que eles sentem ter apenas uma tênue conexão
com o corpo.
Sobre os místicos, achava Reich que
no rompimento da unidade de sentimento do corpo pela supressão sexual e no
contínuo anseio de restabelecer contato consigo mesmo e com o mundo,
encontra-se a raiz de todas as religiões negadoras do sexo. Deus seria a ideia
mistificada da harmonia vegetativa entre o eu e a natureza.
A REPRESSÃO SEXUAL
“Só
se fantasia o que não se pode ter na realidade.”
Outro obstáculo ao crescimento é a repressão
social e cultural dos instintos naturais e da sexualidade do indivíduo. Reich sentia
que esta era a maior fonte de neuroses e que ela ocorre durante as três principais
fases da vida, ou seja, durante a primeira infância, puberdade e idade adulta.
Os bebês e as crianças pequenas são
confrontados com uma atmosfera familiar neurótica, autoritária e repressora do
ponto de vista sexual. Em relação a este período de vida, Reich basicamente
reafirma as observações de Freud a respeito dos efeitos negativos das
exigências dos pais, relativas ao treinamento da toalete, às autorrestrições e
ao bom comportamento por parte das crianças pequenas.
Durante a puberdade, os jovens são impedidos
de atingir uma vida sexual real e a masturbação é proibida. Talvez até mais
importantes que isto, a sociedade em geral torna impossível, aos adolescentes,
lograr uma vida de trabalho significativa. Por causa deste estilo de vida
antinatural, torna-se especialmente difícil aos adolescentes ultrapassar sua
ligação infantil com os pais.
Por fim, na idade adulta, a maioria das
pessoas se vê envolvida na armadilha de um casamento compulsivo, para o qual
estão sexualmente despreparadas. Reich também salienta que os casamentos
desmoronam em consequência das discrepâncias sempre intensificadas entre as
necessidades sexuais e as condições econômicas. As necessidades sexuais podem
ser satisfeitas com um e o mesmo companheiro durante algum tempo. Também o
vínculo econômico, a exigência moralista e o hábito humano favorecem a
permanência da relação matrimonial. Isso acaba resultando na infelicidade do
casamento. A situação familiar que se desenvolve segue de forma a recriar a
mesma atmosfera neurótica para a próxima geração de crianças.
Reich sentia que indivíduos
criados numa atmosfera que nega a vida e o sexo desenvolvem um medo do prazer,
o qual é representado por sua Couraça
Muscular. Essa Couraça do Caráter é a base do isolamento, da indigência,
do desejo de autoridade, do medo da responsabilidade, do anseio místico, da
miséria sexual e da revolta neurótica, assim como de uma condescendência
patológica.
Reich não era otimista demais
no que dizia respeito aos possíveis efeitos de suas descobertas. Ele acreditava
que a maioria das pessoas, por causa de sua intensa couraça, seria incapaz de
compreender suas teorias e distorceria suas ideias. Para ele, um ensino sobre a
vida, dirigido e distorcido por indivíduos encouraçados, irá acarretar um
desastre final a toda a humanidade e às suas instituições. O resultado mais
provável do princípio da potência orgástica será uma perniciosa filosofia de
bolso, espalhada por todos os cantos. Tal como uma flecha que, ao desprender-se
do arco, salta firmemente retesada, a procura de um prazer genital rápido,
fácil e deletério devastará a comunidade humana.
A couraça serve para nos desligar de nossa
natureza interna e também da miséria social que nos circunda. Natureza e
cultura, instinto e moralidade, sexualidade e realização são elementos que se
tornam incompatíveis. A unidade e congruência de cultura e natureza, trabalho e
amor, moralidade e sexualidade, unidade esta desejada desde tempos imemoriais,
continuará a ser um sonho enquanto o homem continuar a condenar a exigência
biológica de satisfação sexual natural (orgástica). A democracia verdadeira e a
liberdade baseadas na consciência e responsabilidade estão também condenadas a
permanecer como uma ilusão até que esta evidência seja satisfeita.
O CORPO
Reich, como a grande maioria
dos autores modernos, via mente e corpo como uma só unidade. Aos poucos ele
passou de um trabalho analítico, baseado apenas na linguagem, para a análise
dos aspectos físico e psicológico do caráter e da couraça caracterológica, dando
maior ênfase no trabalho com a Couraça Muscular e no desenvolvimento de um
livre fluxo de bioenergia.
Relacionamento Social
Reich via o relacionamento
social como função do caráter do indivíduo. O indivíduo médio vê o mundo
através do filtro de sua couraça. Caracteres genitais, tendo ultrapassado seu
encouraçamento rígido, são os únicos verdadeiramente capazes de reagir de forma
aberta e honesta aos outros.
Reich acreditava firmemente
nos ideais comunistas enunciados por Marx,
aclamando a livre organização na qual o livre desenvolvimento de cada um se
tornaria a base do livre desenvolvimento de todos. Reich formulou o conceito de democracia
do trabalho, uma forma natural de organização social na qual as pessoas
cooperam harmonicamente para favorecer suas necessidades e interesses mútuos, e
tentou efetivar esses princípios no Instituto Orgon.
A VONTADE
Reich não se interessou diretamente pela
vontade, embora tenha enfatizado a importância de um trabalho significativo e
construtivo. Um de seus princípios era de que "você não precisa fazer nada de especial ou novo. Tudo o que você
precisa fazer é continuar o que tem feito: lavrar seu campo, manejar seu
martelo, examinar seus pacientes, levar suas crianças à escola ou ao parque de
diversões, falar sobre os fatos do dia, penetrar sempre mais profundamente nos
segredos da natureza. Todas essas coisas você já faz. Mas você pensa que
nenhuma delas tem importância... Tudo o que você tem a fazer é continuar o que
você sempre fez e sempre quis fazer: seu trabalho, deixar suas crianças
crescerem felizes, amar a mulher".
AS EMOÇÕES
Reich descobriu que as
tensões crônicas servem para bloquear o fluxo de energia subjacente às emoções
mais intensas. A couraça impede que o indivíduo experimente emoções fortes e,
portanto, limita e distorce a expressão de sentimentos. As emoções deste modo
bloqueadas não são eliminadas, pois jamais podem ser completamente expressas.
Segundo Reich,
um indivíduo só se liberta de uma emoção bloqueada experienciando-a de forma
plena.
Reich notou também que a
frustração do prazer, muitas vezes conduz à raiva e à fúria. Na terapia
reichiana, em primeiro lugar é preciso lidar com as emoções negativas, para que
os sentimentos positivos que elas encobrem possam ser completamente
experienciados.
O INTELECTO
Reich se opunha a qualquer
separação de intelecto, emoções e corpo. Ele afirmava que o intelecto é, na
verdade, uma função biológica, e que ele pode ter uma carga afetiva tão forte
quanto qualquer emoção. Reich argumentava que o desenvolvimento completo do intelecto
requer o desenvolvimento de uma verdadeira genitalidade. A primazia do
intelecto pressupõe uma disciplinada economia de libido, isto é, primazia
genital. A primazia intelectual e genital tem a mesma relação mútua que êxtase
sexual e neurose, sentimento de culpa e religião, histeria e superstição.
Acreditava Reich que, habitualmente, o intelecto
opera como mecanismo de defesa, de tal forma que a linguagem falada muitas
vezes funciona também como uma defesa. Ela obscurece a linguagem expressiva do
núcleo biológico. Em muitos casos, isto vai tão longe que as palavras já não
expressam nada e a linguagem falada já não é nada mais do que uma atividade sem
sentido dos respectivos músculos.
O SELF
Para Reich, o Self é o núcleo biológico saudável
de cada indivíduo. A maioria das pessoas não está em contato com o Self por
causa da couraça física e das defesas psicológicas. Indagava Reich:
"O que é que impedia uma pessoa de perceber sua própria personalidade
(Self)? Afinal, a personalidade (himself) é o que a pessoa é. Gradualmente
comecei a entender que é o ser total que constitui a massa compacta e obstinada
que obstrui todos os esforços da análise. A personalidade inteira do paciente,
o seu caráter, a sua individualidade resistiam à análise".
Segundo Reich, a interação de impulsos
reprimidos e forças defensivas repressoras cria uma terceira camada entre as
duas correntes libidinais opostas: uma camada de falta de contato. Esta falta
de contato não está interposta entre as duas forças. É antes, uma expressão da
interação concentrada das duas.
O contato requer um livre movimento de
energia. Ele só se torna possível quando o indivíduo dissolve sua couraça e
torna-se plenamente consciente do corpo e de suas sensações e necessidades,
entrando em contato com o núcleo, os impulsos primários. Enquanto há a presença
de bloqueios, o fluxo de energia e a consciência são restritos, e a
autopercepção é bastante diminuída e distorcida.
O TERAPEUTA
Além de treino na técnica terapêutica, o
terapeuta deve ter feito um progresso considerável em seu crescimento e
desenvolvimento pessoais. Ao trabalhar tanto psicológica quanto fisicamente com
um indivíduo, o terapeuta deve ter superado todos os medos de sons sexuais
abertamente emitidos e do "ondular orgástico", livre movimento de
energia no corpo.
Baker, um dos principais terapeutas reichianos nos
Estados Unidos, recomenda que nenhum terapeuta deveria tentar tratar pacientes
que tenham problemas que ele não foi capaz de solucionar em si mesmo, e nem
deveria esperar que um paciente faça coisas que ele não pode fazer e que não
foi capaz de fazer. Outro reichiano eminente escreveu que o pré-requisito
indispensável em qualquer método usado pelo terapeuta para libertar as emoções
contidas na musculatura é que ele esteja em contato com suas próprias sensações
e que seja capaz de empatizar completamente com o paciente e de sentir em seu
próprio corpo o efeito das constrições particulares da energia do paciente.
Reich era ele próprio
considerado um terapeuta brilhante e teimoso. Mesmo sendo um analista ortodoxo,
ele era extremamente honesto e até brutalmente direto com seus pacientes.
Nic Waal, um dos melhores psiquiatras da Noruega,
escreveu o seguinte a respeito de suas experiências em terapia com Reich:
"Eu era capaz de suportar ser
subjugado por Reich porque eu gostava da verdade. E, coisa bastante estranha,
eu não era subjugado por isto. No decorrer de toda esta atitude terapêutica em
relação a mim, sua voz era amorosa e ele sentava-se a meu lado e fazia-me olhar
para ele. Reich me aceitava e subjugava apenas minha vaidade e minha falsidade.
Mas eu entendi, naquele momento, que a honestidade e o amor verdadeiros, tanto
de um terapeuta quanto dos pais, por vezes é a coragem de ser aparentemente
cruel sempre que necessário. Entretanto, isto exige muito do terapeuta, de seu
treinamento e de seu diagnóstico."
“A
carga organótica dos tecidos celulares do sangue determina o grau de
suscetibilidade para infecção ou disposição para doenças.”
BIBLIOGRAFIA DO DR.
WILHELM REICH
(1922) Paixão de juventude: uma autobiografia 1897-1922.
(1925) O caráter impulsivo: um estudo psicanalítico da
patologia do ego.
(1927) Psicopatologia e sociologia da vida sexual.
(1930, 1936, 1945, 1949) A Revolução Sexual.
(1932, 1935, /1951) A irrupção da moral sexual repressiva /
As origens da moral sexual.
(1932) O Combate Sexual da Juventude.
(1933, 1945, 1949) Análise do Caráter.
(1933, 1934, /1946) Psicologia de Massa do Fascismo /
Psicologia de Massas do Fascismo.
(1934) O que é a consciência de classe?
(1942) A Função do Orgasmo: problemas econômico-sexuais da
energia biológica.
(1948) A Biopatia do Câncer.
(1948) Escuta, Zé Ninguém! / Escute, Zé Ninguém!
(1949, 1951) O Éter, Deus e o Diabo: seguido de A
Superposição Cósmica.
(1953) O Assassinato de Cristo: Volume Um de A peste
emocional da humanidade.
(1954) Reich Fala de Freud.
Pesquisa
realizada pelo Dr. Josué Campos Macedo