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sábado, 21 de junho de 2014

AS PSICOPATOLOGIAS


A IMPORTÂNCIA DA SAÚDE MENTAL
A Saúde é definida pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como “um estado de bem-estar físico, mental e social, e não apenas a ausência de doença ou dor”. Não se trata apenas da ausência de doença, mas sim um bem-estar em que nos permite responder de forma positiva às adversidades. Assim, trata-se de um estado em que nos sentimos bem tanto connosco como na relação com os demais. Segundo a OMS, a saúde mental é definida como “o estado de bem-estar no qual o indivíduo realiza as suas capacidades, pode fazer face ao stress normal da vida, trabalhar de forma produtiva e frutífera e contribuir para a comunidade em que se insere”. A doença mental inclui perturbações e desequilíbrios mentais, disfuncionamentos associados à angústia, sintomas e doenças mentais diagnosticáveis, como por exemplo, a esquizofrenia e a depressão.
AS DIFERENÇAS ENTRE SAÚDE FÍSICA E SAÚDE MENTAL
O nosso corpo é constituído pelo corpo e mente, e cada uma destas componentes tem necessidades próprias, que devem ser colmatadas para termos uma vida equilibrada e estabilizada. O desequilíbrio de uma delas acarreta o mau funcionamento geral desse organismo. A saúde física trata-se do bom funcionamento do nosso organismo e das funções vitais inerentes. A saúde mental e a saúde física estão interligados e são interdependentes, tornando-se cada vez mais evidente que a saúde mental é indispensável para o bem-estar geral dos indivíduos. Uma boa qualidade de vida depende destes dois fatores e é um processo contínuo e consciente do indivíduo no sentido de procurar gratificação nas suas atividades, comportamentos e pensamentos positivos. A saúde física e mental mantêm uma relação de reciprocidade, estão interligados e são interdependentes. Ambas são de extrema importância.
Atualmente muitas pessoas no mundo sofrem de perturbações psiquiátricas, sendo as perturbações mais proeminentes são as perturbações de ansiedade, depressão, estresse e as perturbações relacionadas com o álcool, fumo e demais drogas.
FATORES QUE INFLUENCIAM MAIS A SAÚDE MENTAL DA POPULAÇÃO
O fato das pessoas com este tipo de perturbações não terem acesso a qualquer tratamento, a personalidade, antecedentes pessoais e familiares de transtornos mentais (como é o caso da depressão), fatores genéticos, estresse, problemas laborais, uso abusivo de drogas, abuso físico e sexual, aspetos biológicos, psicossociais e culturais.
A IMPORTÂNCIA DOS PROFISSIONAIS DA SAÚDE MENTAL NA NOSSA COMUNIDADE
Os profissionais de saúde acabam por ter um papel de grande responsabilidade tendo em conta a sua profissão e proximidade com a comunidade. A saúde mental acaba por estar intimamente ligada concomitantemente com a nossa saúde física. Assim, os profissionais de saúde ao trabalharem a saúde mental, paralelamente estão a incidir noutros fatores, contribuindo assim para o bem estar dos seus usuários.
Podemos ter vários campos de ação, pois se trata de uma área bastante abrangente. Um dos campos é a prevenção, de forma pró-ativa na redução dos fatores geradores de perturbação mental, com projetos de promoção de saúde mental nas escolas, envolvendo pais e professores; desenvolver em espaços da comunidade outros projetos de saúde mental, tendo em conta o tipo de intervenientes e desenvolver parcerias com outros parceiros da comunidade. Outro será a reabilitação dos elementos (crianças, jovens, adultos e idosos) sinalizados onde seja necessário o desenvolvimento de competências para uma efetiva e sustentada melhoria da qualidade de vida.

CONCEITO DE PSICOPATOLOGIA
A Psicopatologia é uma área do conhecimento que objetiva estudar os estados psíquicos relacionados ao sofrimento mental. É a área de estudos que está na base da Psiquiatria, cujo enfoque é clínico. É um campo do saber, um conjunto de discursos com variados objetos, métodos, questões: por um lado, encontra-se em suas bases as disciplinas biológicas e as neurociências, e por outro se constitui com inúmeros saberes oriundos da Psicanálise, Psicologia, Antropologia, Sociologia, Filosofia, Linguística e História.
O termo "psico-pato-logia" é composta de três palavras gregas: "psychê", que produziu "psique", "psiquismo", "psíquico", "alma"; "pathos", que resultou em "paixão", "excesso", "passagem", "passividade", "sofrimento", e "logos", que resultou em "lógica", "discurso", "narrativa", "conhecimento". Psicopatologia seria, então, um discurso, um saber, (logos) sobre o sofrimento, (pathos) da mente (psiquê). Ou seja, um discurso representativo a respeito do pathos, o sofrimento psíquico, sobre o padecer psíquico.
A história do tratamento da mental é fascinante e mas também lamentável. O reconhecimento da doença mental data de 2.000 A.C. Os babilônios acreditavam na possessão demoníaca como a causa da doença mental, um estado tratado humanitariamente com uma combinação de magia e orações. As antigas culturas hebraicas consideravam a doença mental uma punição pelos pecados e contavam com a cura por meio da magia e da oração. Os filósofos gregos notadamente Sócrates, Platão e Aristóteles afirmavam ser o distúrbio mental resultante de processos de pensamento desordenados. Prescreviam o método persuasivo de cura por meio da força das palavras.
No século IV, com o estabelecimento do catolicismo romano, o distúrbio mental voltou a ser atribuído aos espíritos demoníacos. O tratamento imposto então pela igreja romana por mais de mil anos consistia na tortura e na execução daqueles considerados possuídos pelo demônio. Iniciada no século XV e prosseguindo por 300 anos, a inquisição conduzida pela Igreja perseguia a heresia e a bruxaria, identificando implacavelmente os sintomas de doenças mentais, para os quais a única cura estava na punição severa.
Por volta do século XVIII, a doença mental passou a ser vista como um comportamento irracional. As pessoas portadoras de doenças mentais ficavam confinadas em instituições semelhantes a prisões. Embora não fossem mais condenadas à morte, não recebiam nenhum tipo de tratamento. Às vezes, os pacientes eram exibidos publicamente como animais de zoológico. Alguns passavam anos acorrentados às camas ou com os braços e pernas presos com barras de ferro. Outros tinham arcos de ferro em volta do pescoço, presos por correntes em ganchos pendurados na parede, assim como um cão com coleira. Essas prisões ficaram conhecidas como asilos para lunáticos e eram descritas como "cemitérios para os mortos-vivos" (Scull, Mackenzie e Hervey, 1996, p. 118).
Pode-se considerar a psicopatologia um campo de pesquisa principalmente de psicanalistas, psiquiatras e de psicólogos clínicos. Porém a Filosofia só admite enfermidades biológicas ou antropológicas, sendo assim de forma conceitual só admite as doenças que possam de alguma forma serem diagnosticadas no corpo. Portanto as patologias psíquicas seriam aquelas que se manifestam juntamente com alterações patológicas orgânicas.
A psicopatologia enquanto estudo dos transtornos mentais é referida como psicopatologia geral. É uma visão descritiva dos comportamentos que se desviam do que é o meio-termo, a média, isto é, do que é esperado pela racionalidade. O estudo das patologias mentais pode estar vinculado a uma teoria psicológica específica, por exemplo, Psicologia Humanista, uma área da Psicologia (Psicologia do Desenvolvimento) ou mesmo a outras áreas do conhecimento (Neurologia, Genética). Pode-se dizer que a psicopatologia pode ser compreendida por vários vieses, e estes, combinados, dão determinada leitura acerca do sofrimento mental. Essa diversidade de compreensões, ao mesmo tempo em que mostra a complexidade da área, pode causar certa confusão; assim, é fundamental que o interessado no estudo da psicopatologia tenha ciência de que existem várias teorias e abordagens na compreensão dos transtornos mentais e de comportamento.
A psicopatologia enquanto estudo e pesquisa do que é constitutivo do sujeito, do que é universal e não desviante, é enfocado pela psicopatologia fundamental. A Psicanálise se aproxima desse enfoque ao propor a hipótese do inconsciente enquanto processo psíquico constitutivo que permite explicar a formação de sintomas, sonhos, atos falhos, sintomas.
A psicopatologia estuda os fenômenos patológicos ou distúrbios mentais e outros fenômenos anormais. Ela tenta, especialmente, estabelecer a diferença entre o normal e o patológico.
Na antiguidade greco-latina, as doenças mentais eram vistas como corpos que sofrem e almas que geram a desordem. Por sua vez, a idade média impõe o poder do religioso para explicar e tratar os casos patológicos. O século das luzes abre mais a porta aos processos de cura do que à tentativa de descrição das doenças.
Segundo Pierre Pichot, psicólogo e psiquiatra francês, o termo psicopatologia foi empregue pela primeira vez em 1876, na Alemanha, mas com um sentido semelhante ao de Psicologia clínica. O seu nascimento, como método e disciplina própria, ocorre bem mais tarde.

Na França, no início do século XX, Théodule Ribot (1839-1916) criou com a Psicologia científica o método patológico, que permitiu, ao estudar o que é o patológico, compreender a Psicologia normal.

Pouco tempo depois, Karl Jaspers institui o termo psicopatologia, ao publicar o seu livro Psicopatologia geral em 1913, na Alemanha.
A psicopatologia nasce no início do século XX na França, no momento em que a Psicologia, como disciplina científica, se começa a separar da Filosofia. Na Medicina, Claude Bernard vai salientar o interesse do estudo fisiopatológico, que será tomado como modelo pela psicopatologia.
PSICOSES, NEUROSES E PSICOPATOLOGIAS
Sigmund Freud, entre outros, iniciam um longo caminho para a elaboração de uma nosografia do psicopatológico, ou seja, uma classificação das doenças mentais e, mais tarde, vai surgir uma classificação que apresenta três grandes categorias: a das psicoses, a das neuroses e a das psicopatias. As psicosessão uma doença mental de certa duração na qual os indivíduos perdem frequentemente o contato com a realidade e não apresenta, na maioria das vezes, consciência do seu problema.
As neuroses correspondem a perturbações psíquicas que apresentam muitos conflitos e, em geral, enfraquecem a personalidade.
DIFERENÇA ENTRE PSICOPATIA E PSICOPATOLOGIA
Psicopata, a rigor designa toda pessoa que sofre de doença mental seja neurose ou psicose ou tem personalidade psicopática. Contudo essa última categoria nosológica em especial, dá o nome ao grupo conhecido como sociopatas. Estes por sua vez, na perspectiva psicanalítica são os portadores de neuroses de caráter ou perversões sexuais. A psicopatia é um distúrbio mental grave caracterizado por um desvio de caráter, ausência de sentimentos genuínos, frieza, insensibilidade aos sentimentos alheios, manipulação, egocentrismo, falta de remorso e culpa para atos cruéis e inflexibilidade com castigos e punições. Apesar da psicopatia ser muito mais frequente nos indivíduos do sexo masculino, também atinge as mulheres, em variados níveis, embora com características diferenciadas e menos específicas que a psicopatia que atinge os homens. Embora popularmente a psicopatia seja conhecida como tal, ou como "sociopatia", cientificamente, a doença é denominada como sinônimo do diagnóstico do transtorno de personalidade antissocial. Psicopatologia é uma disciplina inter-científica fundamental no estudo dos estados psíquicos patológicos. É considerada, a nível teórico e clínico o coração da psiquiatria. É um campo de saber, um conjunto de discursos com variados objetos, métodos, questões. A psicopatologia enquanto estudo das anormalidades da vida mental é às vezes referida como psicopatologia geral, psicologia anormal, psicologia da anormalidade e psicologia do patológico. É uma visão das patologias mentais fundamentada na fenomenologia (no sentido de psicologia das manifestações da consciência), em oposição a uma abordagem estritamente médica de tais patologias, buscando não reduzir o sujeito a conceitos patológicos, enquadrando-o em padrões baseados em pressupostos e preconceitos.

COMO PERCEBER A EXISTÊNCIA DAS PSICOPATOLOGIAS
As psicopatias são percebidas como alterações do comportamento que resultam de perturbação da personalidade ou de desadaptação dos indivíduos, em relação a si mesmos ou ao ambiente em que se integram.
A psicopatologia nasceu à sombra da Psiquiatria, mas enquanto esta última tem como objetivo a cura, a profilaxia (uso de medidas sistemáticas para evitar, prevenir uma doença) e a reeducação, fazendo uso de modelos Medicinais e bioquímicos para resolução de problemas, a psicopatologia procura observar, conhecer e compreender através de método clínico e psicoterapêutico.
O desenvolvimento deste ramo da Psicologia e das suas diferentes correntes, proporciona aplicações igualmente diferentes. Neste sentido, é de referir duas grandes vertentes da psicopatologia: uma psicodinâmica (que tem como base a Psicanálise e como método específico o clínico) e uma psicosistêmica (que tem como base as teorias comportamentais e como método específico o experimental).
A psicopatologia contemporânea tenta integrar os conhecimentos provindos de diversas ciências, visando uma perspectiva cada vez mais biopsicossocial, isto é, de um ponto de biológico, psicológico e social.
Dentro deste campo, a maior controvérsia de sempre é entre a distinção e a definição do que é normal do que é patológico. Assim, muitos especialistas da psicopatologia defendem que a saúde mental se traduz na capacidade de interação e de mudança de um indivíduo. Quanto maior for a sua capacidade de interação e de mudança, melhor será a sua saúde mental. A impossibilidade de cura é justificada pela incapacidade do doente de "acatar" a mudança ou pela incapacidade de resposta por parte do clínico.
Estabelecer o que é normal e o que é patológico foi sempre algo real e problemático. Existirão sempre dúvidas, até porque o que é normal ou o que é patológico varia nos tempos, nas culturas e na maneira de encarar a vida.

SAÚDE MENTAL, NORMALIDADE E PSICOPATOLOGIA
Uma das primeiras, e talvez uma das mais importantes, discussões sobre psicopatologia diz respeito à questão da normalidade. Existem várias definições sobre o que é "normal". Estatisticamente, normal refere-se a uma propriedade de uma distribuição que aponta uma tendência, o que seria "mais comum" de encontrar em determinada amostra, o mais provável. Assim, o normal é o que seria o mais provável de encontrarmos numa população, o comum, o esperado. Portanto, deste ponto de vista, os comportamentos que são considerados típicos, ou seja, que são os "esperados" de se encontrar ou de acordo com os padrões sociais aceitáveis para o agir, podem ser considerados comportamentos "normais". Nessa definição, os parâmetros da cultura (morais) são a referência para aquilo que é o esperado em termos de comportamento, e o que estiver fora deste padrão, já pode ser pensado como indício de patologia. A norma ou referência da saúde mental seria um "comportamento médio" da população, e a partir deste os comportamentos individuais poderiam ser avaliados.
Saúde, normalidade e psicopatologia são termos altamente relacionados. A psicopatologia passa a ocorrer quando o comportamento esperado de uma pessoa, ou eventualmente de um grupo de pessoas, foge àquilo que é esperado como referência de determinada sociedade, quando a pessoa passa a ter alterações importantes em relação ao comportamento que tinha no passado, com prejuízos significativos em seu funcionamento (comportamento), causando a si e a outros, especialmente seus familiares, acentuado grau de sofrimento. Tem-se como expectativa que a normalidade seja o tipo de comportamento que mais ocorre em qualquer cultura. A saúde mental, por sua vez, seria então uma condição ideal ou desejada para que essa normalidade possa vir a existir, com qualidade e capaz de oferecer as melhores condições para que as pessoas vivam satisfatoriamente, produzam com eficiência e possam gozar de certo grau de felicidade para com as pessoas próximas a si. Segundo a OMS, a saúde mental refere-se a um amplo espectro de atividades direta ou indiretamente relacionadas com o componente de bem-estar, que inclui a definição de um estado de completo bem-estar físico, mental e social, e não somente a ausência de doença. Este conceito engloba não apenas o comportamento manifesto, mas o sentimento de bem-estar e a capacidade de ser produtivo e bem adaptado à sociedade.
Considera-se a presença de alguma psicopatologia a partir de critérios diagnósticos. Esses critérios são catalogados em manuais que apresentam o conjunto de sintomas necessários e suficientes para que se possa considerar que alguém está apresentando algum tipo de transtorno mental. Os critérios variam muito de grupo de transtornos (p. ex., transtornos de humor e transtornos de ansiedade possuem diferentes critérios gerais) e dos transtornos entre si (p. ex., transtorno depressivo maior e distimia), exigindo muitas vezes a elaboração de um diagnóstico diferencial. O Manual Diagnóstico e Estatísticos de Transtornos Mentais e de Comportamento da Associação Psiquiátrica Americana, quarta edição (DSM-IV-TR), que é o manual utilizado nos Estados Unidos como referência para entendimento e diagnóstico, define os transtornos mentais como síndromes ou padrões comportamentais ou psicológicos com importância clínica, que ocorrem num indivíduo. Estes padrões estão associados com sofrimento, incapacitação ou com risco de sofrimento, morte, dor, deficiência ou perda importante da liberdade. Essa síndrome ou transtorno não deve constituir uma resposta previsível e culturalmente aceita diante de um fato, como o luto. Além disso, deve ser considerada no momento como uma manifestação de uma disfunção comportamental, psicológica ou biológica no indivíduo. O DSM-IV-TR assinala que nem comportamentos considerados fora da norma social predominante (p. ex., político, religioso ou sexual), nem conflitos entre o indivíduo e a sociedade são transtornos mentais, a menos que sejam sintomas de uma disfunção no indivíduo como descrito antes.
São vários os fatores que podem caracterizar um transtorno. De forma geral, considera-se que a presença de uma psicopatologia ocorra quando houver uma variação quantitativa em determinados tipos específicos de afetos, comportamentos e pensamentos, afetando um ou mais aspectos do estado mental da pessoa. Neste sentido, a psicopatologia não é um estado qualitativamente diferente da vida normal, mas sim a presença de alterações quantitativas. Por exemplo, considera-se que a tristeza seja normal e esperada na vida de qualquer pessoa, e é mesmo necessária em determinados momentos da vida (p. ex., em situação de luto). Entretanto, num quadro depressivo estabelecido, a tristeza é mais intensa e mais duradoura do que seria esperado numa situação normal e transitória. Assim, uma situação normal e esperada torna-se patológica não por ser uma experiência ou vivência qualitativamente diferente, mas por ser mais ou menos intensa do que se espera em situações normais.
PSICOPATOLOGIA DESCRITIVA VERSUS PSICOPATOLOGIA DINÂMICA
Para a descritiva interessa fundamentalmente a forma das alterações psíquicas, a estrutura dos sintomas, àquilo que caracteriza a vivência patológica como sintoma mais ou menos típico. Para a dinâmica interessa o conteúdo da vivência, os movimentos internos dos afetos, desejos e temores do indivíduo, sua experiência particular, pessoal, não necessariamente classificável em sintomas previamente descritos. A boa prática em saúde mental implica uma combinação hábil e equilibrada de uma abordagem descritiva, diagnóstica e objetiva e uma abordagem dinâmica, pessoal e subjetiva do doente e sua doença.
PSICOPATOLOGIA MÉDICA VERSUS PSICOPATOLOGIA EXISTENCIAL
A perspectiva médico-naturalista trabalha com uma noção de homem centrada no corpo, no ser biológico como espécie natural e universal. Assim, o adoecimento mental é visto como um mau funcionamento do cérebro, uma desregulação, uma disfunção de alguma parte do “aparelho biológico”. Já na existencial, o doente é visto principalmente como “existência singular”, como ser lançado a um mundo que é apenas natural e biológico na sua dimensão elementar, mas que é fundamentalmente histórico e humano.
O ser é construído pela experiência particular de cada sujeito, na sua relação com outros sujeitos, na abertura para a construção de cada destino pessoal. A doença mental não é vista tanto como disfunção biológica ou psicológica, mas, sobretudo, como um modo particular de existência, uma forma trágica de ser no mundo, de construir um destino, um modo particularmente doloroso de ser com os outros.
PSICOPATOLOGIA COMPORTAMENTAL-COGNITIVISTA VERSUS PSICOPATOLOGIA PSICANALÍTICA
No enfoque comportamental, o homem é visto como um conjunto de comportamentos observáveis, verificáveis, regulados por estímulos específicos e gerais, bem como por certas leis e determinantes do aprendizado. Associada a essa visão, a perspectiva cognitivista centra atenção sobre as representações cognitivistas conscientes de cada indivíduo. As representações conscientes seriam vistas como essenciais ao funcionamento mental, normal e patológico. Os sintomas resultam de comportamentos e representações cognitivas disfuncionais, aprendidas e reforçadas pela experiência sociofamiliar.
Na visão psicanalítica, o homem é visto como ser “determinado”, dominado por forças, desejos e conflitos inconscientes. A Psicanálise dá grande importância aos afetos que, segundo ela, dominam o psiquismo; o homem racional, autocontrolado, senhor de si e de seus desejos é, para ela, uma enorme ilusão. Na visão psicanalítica, os sintomas e as síndromes mentais são considerados formas de expressão de conflitos, predominantemente inconscientes, de desejos que não podem ser realizados, de temores a que o indivíduo não tem acesso.
O sintoma é aceito, nesse caso, como uma “formação de compromisso”, certo arranjo entre o desejo inconsciente, as normas e as permissões culturais e as possibilidades reais de satisfação desse desejo. A resultante desse emaranhado de forças, dessa “trama conflitiva” inconsciente é o que identificamos como sintoma psicopatológico.
PSICOPATOLOGIA CATEGORIAL VERSUS PSICOPATOLOGIA DIMENSIONAL
As entidades nosológicas ou transtornos mentais específicos podem ser compreendidos como entidades completamente individualizáveis, com contornos e fronteiras bem demarcados. As categorias diagnósticas seriam “espécies únicas”, tal qual espécies biológicas, cuja identificação precisa seria uma das tarefas da psicopatologia.
Em contraposição a essa visão “categorial”, a visão “dimensional” em psicopatologia seria hipoteticamente mais adequada à realidade clínica. Haveria, então, dimensões como, por exemplo, o espectro esquizofrênico, que incluiria desde formas muito graves, tipo “demência precoce” (com grave deterioração da personalidade, embotamento afetivo, muitos sintomas residuais), formas menos deteriorantes de esquizofrenia, formas com sintomas afetivos, chegando até o polo de transtornos afetivos, incluindo formas com sintomas psicóticos até formas puras de depressão e mania.
PSICOPATOLOGIA BIOLÓGICA VERSUS PSICOPATOLOGIA SOCIOCULTURAL
A psicopatologia biológica enfatiza os aspectos cerebrais, neuroquímicos ou neurofisiológicos das doenças e sintomas mentais. A base de todo transtorno mental são alterações de mecanismos neurais e de determinadas áreas e circuitos cerebrais. Doenças mentais são (de fato) doenças cerebrais.
Em contraposição, a perspectiva sociocultural pretende estudar os transtornos mentais como comportamentos desviantes que surgem a partir de determinados fatores socioculturais, como a discriminação, a pobreza, a migração, o estresse ocupacional, a desmoralização sociofamiliar e outros.
Os sintomas e síndromes devem ser estudados, segundo tal perspectiva, no seu contexto eminentemente sociocultural, simbólico e histórico. É nesse contexto de normas, valores e símbolos culturalmente construídos que os sintomas recebem seu significado e, portanto, poderiam ser precisamente estudados e tratados. Mais que isso, a cultura, nessa perspectiva, é elemento fundamental na própria determinação do que é normal ou patológico na constituição dos transtornos e nos repertórios terapêuticos disponíveis em cada sociedade.
PSICOPATOLOGIA OPERACIONAL-PRAGMÁTICA VERSUS PSICOPATOLOGIA FUNDAMENTAL
Na visão operacional-pragmática, as definições básicas dos transtornos mentais e dos sintomas são formuladas e tomadas de modo arbitrário, em função de sua utilidade pragmática, clínica ou para pesquisa. Não se questiona a natureza da doença ou do sintoma ou os fundamentos filosóficos ou antropológicos de determinada definição. É o modelo adotado pelas modernas classificações de transtornos mentais: o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais 4ª edição (DSM-IV), da Associação Americana de Psiquiatria e a Classificação Internacional de Doenças, versão número 10 (CID-10), da OMS.
O projeto de psicopatologia fundamental, proposto pelo psicanalista francês Pierre Fedida, objetiva centrar a atenção da pesquisa psicopatológica sobre os fundamentos de cada conceito psicopatológico. Além disso, tal psicopatologia enfatiza a noção de doença mental enquanto pathos, que significa sofrimento, paixão e passividade. O pathos é um sofrimento/paixão, que ao ser narrado a um interlocutor, em determinadas condições, pode ser transformado em experiência e enriquecimento.
Ficará a cargo do profissional, ao avaliar seu cliente, estabelecer critérios e os momentos corretos de escolha da melhor escola psicopatológica. A maioria das psicopatologias tem início com os distúrbios mais clássicos de nossa manutenção vital, o sono. É comum encontrar como queixa principal esta observação do paciente ou parceiro (a), família, amigos e outros.
A Psicopatologia se estabelece através da observação e sistematização de fenômenos do psiquismo humano e presta a sua indispensável colaboração aos profissionais que trabalham com saúde mental, particularmente os médicos em geral, aos psiquiatras aos psicólogos, sociólogos a todo o grupo das ciências humanas.

VISÕES SOBRE A PSICOPATOLOGIA
Da mesma forma que as diversas correntes da Psicologia consideram as causas e consequências do comportamento de forma diferenciada, elaborando com frequência teorias com termos e nomenclaturas específicas, quando se trata da psicopatologia esta influência se faz sentir de forma muito intensa. Os transtornos mentais são usualmente compreendidos a partir destas teorias psicológicas, e pode ocorrer que dependendo da teoria à qual se está tomando como referência, a linguagem e os conceitos sejam diferentes. Para minimizar esta situação, usualmente utiliza-se uma nomenclatura psiquiátrica mais descritiva como "fiel" ou referência para a compreensão dos transtornos mentais.
PSICOLOGIA COGNITIVA
A cognição é considerada como um conjunto amplo de funções mentais, tais como pensamento, linguagem, memória, sensopercepção, orientação, atenção e outras. No sentido amplo, o estudo da cognição incluiria o estudo dos afetos e humores, visto que também alteram e são afetados de forma significativa pelos processos de pensamento.
De forma genérica, a Psicologia cognitiva estuda a relação que os processos cognitivos possuem com os afetos e comportamentos, e como estes realimentam os processos cognitivos. É amplamente confirmado que a forma como se processam as informações vindas do ambiente direcionam a análise da realidade e a autoimagem, da mesma forma que padrões já estabelecidos de pensamento "filtram" os dados da realidade que mais encaixam com nossa visão de mundo. Por exemplo, uma pessoa com sintomas depressivos tende a pensar a realidade de forma mais pessimista e limitada, o que está de acordo com seu estado de humor que "modula" como ela percebe da realidade. Assim, os sentimentos negativistas filtram as situações que estão relacionadas com eles (tendem a focar mais nos problemas que nas soluções, por exemplo). Da mesma forma, padrões aprendidos de pensamento podem favorecer que alguém foque em determinados aspectos da realidade em sintonia com eles; uma pessoa que teve uma infância onde foi alvo de muitas críticas por seus pais tende a perceber o ambiente de forma mais agressiva, e espera ser criticada por outros. Assim corre mais risco de desenvolver uma psicopatologia.
COMPORTAMENTALISMO (BEHAVIORISMO)
O comportamentalismo (tradução do inglês behaviorism, comportamento) postula que o comportamento depende em grande medida do que ocorre em função das contingências (fatores ou variáveis) ambientais. Tendo como um dos principais expoentes B. F. Skinner, o behaviorismo influenciou muito, e influencia ainda, a educação e a psicoterapia, propondo intervenções que objetivem compreender e modificar o comportamento.
O behaviorismo postula que o comportamento é aprendido. Desta forma, coloca grande ênfase no ambiente como fator de organização e configuração daquilo que fazemos. O grande elemento que define o que fazemos são as consequências; se temos tal ou qual comportamento, o fazemos em virtude de buscar, de forma mais ou menos clara, determinado resultado. Quanto menos compreendermos os efeitos de nossos comportamentos, assim como os elementos que o desencadeiam (contingências), podemos dizer que somos menos livres e menos autodeterminados. A psicopatologia pode ser compreendida como um conjunto de aprendizagens que levaram a comportamentos que são pouco adaptados ao contexto atual, causando respostas emocionais de sofrimento. Portanto, a terapia pode buscar a modificação destes aprendizados, visando um comportamento mais bem adaptado.
RELAÇÕES ENTRE A PSICOLOGIA COGNITIVA E O BEHAVIORISMO
Uma ampla gama de psicólogos clínicos e pesquisadores efetuam uma fusão entre os conhecimentos da Psicologia cognitiva e do behaviorismo. Embora do ponto de vista conceitual e da pesquisa esse movimento receba várias críticas (de ambos os lados, mas talvez mais do lado behaviorista), do ponto de vista prático os psicólogos clínicos entendem que é uma integração eficiente, pois combina teorizações e técnicas de modificação de comportamento com estratégias de revisão e alteração de esquemas cognitivos. Desta forma, caracteriza-se a Psicologia cognitivo-comportamental como região de interface entre as duas teorias.
PSICANÁLISE
A Psicanálise foi uma das primeiras teorias com aspecto científico que objetivou compreender o fenômeno da psicopatologia. Fundada por Sigmund Freud, postulava que o comportamento era em grande medida determinado pelos aspectos inconscientes da personalidade. Desta forma, o homem possui menos controle sobre os seus atos do que gosta de acreditar que tem, e esse pode ser um fator relacionado com o surgimento e a manutenção dos transtornos mentais.
Não existe uma forma única de compreender a psicopatologia pela visão psicanalítica. O tema é complexo por, pelo menos, duas razões: na medida em que Freud foi avançando em sua elaboração sobre o funcionamento psíquico, foi incorporando e integrando conceitos. Um segundo fator é que por Psicanálise entende-se uma gama ampla de formulações teóricas sobre o inconsciente; neste sentido, há autores que são entendidos como psicanalíticos (como Anna Freud, Melanie Klein e Jacques Lacan) e outros, dissidentes, que aproveitaram alguns aspectos da Psicanálise freudiana e organizaram suas formulações (como Wilhelm Reich, Alfred Adler e Carl Gustav Jung).
Abordando a conceitualização psicanalítica clássica, pode-se dizer que o inconsciente, em interação com o pré-consciente e consciente, seriam as instâncias psíquicas responsáveis pelo funcionamento adequado ou patológico. Na medida em que há conteúdos inconscientes reprimidos, ou recalcados, que estão por alguma razão proibidos de vir à consciência, esta pressão poderia ser geradora de sofrimento. Se esse impedimento for muito forte ou prolongado, há chances de ocorrer o desenvolvimento de patologias.
FENOMENOLOGIA
Karl Jaspers afirmava que o objetivo da fenomenologia é "sentir, apreender e refletir sobre o que realmente acontece na alma do homem". No entanto, a psicopatologia é a própria razão de existir da Psiquiatria, sua disciplina fundamental, básica, nuclear. Para Jaspers, a psicopatologia tem por objetivo estudar descritivamente os fenômenos psíquicos anormais, exatamente como se apresentam à experiência imediata, buscando aquilo que constitui a experiência vivida pelo enfermo.
A psicopatologia se estabelece através da observação e sistematização de fenômenos do psiquismo humano e presta a sua indispensável colaboração aos profissionais que trabalham com saúde mental, em especial os psiquiatras, os psicanalistas, os psicólogos, os médicos de família e os neurologistas clínicos. Pode estar fundamentada na fenomenologia (no sentido de Psicologia das manifestações da consciência), em oposição a uma abordagem estritamente médica de tais patologias, buscando não reduzir o sujeito a conceitos patológicos, enquadrando-o em padrões baseados em pressupostos e preconceitos.
Autores como Karl Jaspers e Eugène Minkowski buscam uma ponte possível entre a psicopatologia descritiva e a fenomenológica. Diferentemente de outras especialidades médicas, em que os sinais e sintomas são ícones ou índices, a Psiquiatria trabalha também com símbolos. Posto isso, o pensamento, a sensibilidade e a intuição ainda são, e sempre serão, o instrumento propedêutico principal do psiquiatra, pois que, sem a homogeneidade conceitual do que seja cada fato psíquico não há, e não haverá, homogeneidade na abordagem clínico-terapêutica do mesmo. Essa seria uma tarefa do terapeuta: mergulhar nos fenômenos que transitam entre duas consciências, a nossa, a do psiquiatra/pessoa e a do outro, a do paciente/pessoa. Deixar que os fenômenos se fragmentem, que suas partes confluam ou se esparjam, num movimento próprio e intrínseco a eles. Cabe ao profissional efetuar uma leitura da configuração final desse jogo estrutural, sem maiores pressupostos ou intencionalidade, e com procedimentos posteriores de verificação.

SISTEMAS DE CLASSIFICAÇÃO DOS TRANSTORNOS MENTAIS
As manifestações psicopatológicas podem ser classificadas de diversas maneiras, por etiologia a exemplo das orgânicas e psicológicas por tipo de alteração a exemplo da neurose e psicose que considera a relação com a consciência perda de contato com a realidade na concepção psicanalítica desta, etc. A categoria de classificação possui fins estatísticos ou seja de tabulação de prontuários em serviços de saúde, atestados, declarações de óbito. Entre as mais conhecidas estão a CID (Classificação Internacional das Doenças e de Problemas relacionados à Saúde que está na 10ª revisão e se inciou em 1893) e o DSM (referente aoManual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, uma publicação da American Psychiatric Association, Washington D.C., sendo a sua 4ª edição conhecida pela designação “DSM-IV-TR”). A CID-10 é a classificação usada no Brasil nos serviços de saúde para referenciar todos os quadros de enfermidades e doenças, inclusive os transtornos mentais. O DSM-IV-TR é também bastante utilizado para fins de diagnóstico, pois permite uma avaliação multiaxial do paciente.
A importância dos sistemas de classificação reside no fato de que propõe categorias diagnósticas, visando diferenciar os diversos quadros relacionados aos transtornos mentais, pela separação em grandes grupos de patologias. A CID-10 e o DSM-IV-TR são sistemas diferentes, propostos respectivamente pela Organização Mundial da Saúde e pela American Psychiatric Association (APA), e possuem diferentes formas de classificação. Tanto a CID-10 quanto o DSM-IV-TR são sistemas de classificação a-teóricos, ou seja, não estão vinculados direta ou exclusivamente a uma teoria psicológica (p. ex., Psicanálise, cognitivismo, humanismo) na explicação da gênese, manutenção e tratamento dos sintomas. Esta visão a-teórica permite que os sistemas sejam utilizados, virtualmente, por todos os profissionais da saúde.

CLASSIFICAÇÃO INTERNACIONAL DE DOENÇAS CID-10
A CID-10 apresenta um caráter descritivo por diagnóstico, com os principais aspectos clínicos e outros associados, mesmo que menos importantes. Fornece diretrizes diagnósticas que são as orientações que visam auxiliar o profissional a avaliar o conjunto de sinais e de sintomas apresentados pelo paciente.
Pode-se conferir aqui a lista completa do capítulo da CID-10 referente aos transtornos mentais e de comportamento.
De forma resumida, o capítulo V da CID-10 que corresponde aos Transtornos Mentais e Comportamentais inclui as seguintes categorias de classificação:
F00-F09 - Transtornos mentais orgânicos, inclusive os sintomáticos.
F10-F19 - Transtornos mentais e comportamentais devidos ao uso de substancias psicoativas.
F20-F29 - Esquizofrenia, transtornos esquizotípicos e delirantes.
F30-F48 - Transtorno do humor (afetivos).
F40-F48 - Transtornos neuróticos, transtornos relacionados com o estresse e transtornos somatoformes.
F50-F59 - Síndromes comportamentais associadas com distúrbios fisiológicos e a fatores físicos.
F60-F69 - Transtorno de personalidade e do comportamento do adulto.
F70-F79 - Retardo Mental.
F80-F89 - Transtornos do desenvolvimento psicológico.
F90-F98 - Transtornos do comportamento e transtornos emocionais que aparecem habitualmente na infância e adolescência.
DSM-IV-TR
O DSM-IV-TR é um sistema diagnóstico definido como multiaxial. Isso significa que ele avalia vários fatores, ou "eixos" (axis) do comportamento, buscando uma compreensão que vai além do simples diagnóstico do transtorno mental atual.

SÃO OS CINCO EIXOS DE AVALIAÇÃO DO DSM-IV-TR (p. 59-69):
Eixo
O que avalia
Descrição
Eixo I
Transtornos Clínicos
Outras condições que podem ser foco de atenção clínica
Apresenta os transtornos mentais e de comportamento e outras condições que podem ser foco de atenção do clínico.
Eixo II
Transtornos de Personalidade
Retardo Mental
Apresenta eventual presença de transtorno de personalidade e/ou a ocorrência de retardo mental.
Eixo III
Condições Médicas Gerais
Relata possíveis condições médicas associadas e/ou concomitantes aos transtornos mentais avaliados que podem, ou não, aumentar os sintomas do paciente.
Eixo IV
Problemas Psicossociais e Ambientais
Apresenta fatores sociais, ambientais, de trabalho, etc., associados aos transtornos mentais e que podem aumentar ou reduzir a intensidade dos sintomas dos eixos I ou II.
Eixo V
Avaliação Global do Funcionamento (AGF)
Escore de avaliação do funcionamento do paciente no momento da avaliação. Valor 0 (zero) para informações inadequadas, 100 (cem) para funcionamento superior e, entre 1 e 99, valores intermediários de intensidade de sintomas.

ORGANIZAÇÃO GERAL DAS CATEGORIAS DO DSM-IV-TR:
1. Transtornos geralmente diagnosticados pela primeira vez na infância ou na adolescência
2. Delirium, demência, transtorno amnéstico e outros transtornos cognitivos
3. Transtornos mentais causados por uma condição médica geral
4. Transtornos relacionados a substâncias
5. Esquizofrenia e outros transtornos psicóticos
6. Transtornos do humor
7. Transtornos de ansiedade
8. Transtornos somatoformes
9. Transtornos factícios
10. Transtornos dissociativos
11. Transtornos sexuais e da identidade de gênero
12. Transtornos da alimentação
13. Transtornos do sono
14. Transtornos do controle do impulso não classificados em outro local
15. Transtornos de adaptação
16. Transtornos de personalidade
17. Outras condições que podem ser foco de atenção clínica

CONCEITO SOBRE DOENÇA MENTAL
Doença mental é um termo que abrange tudo: a clínica, as ciências e a sociedade.
Já é antiga a afirmação: “de médico e de louco todos temos um pouco”.
Todos “podemos” afirmar quem é doente mental, mas não estamos imunes à doença mental.
Na maioria das vezes, as pessoas clivam e assumem-se como “médicos” (doentes são os outros) ou em parte “loucos” - mas no bom sentido, porque loucos, verdadeiramente, são sempre os outros.
É como pensarmos que os “normais” são como nós e os doentes são os diferentes. Nada de mais errado. Mas fica-nos o pseudo-bem-estar de que, excluindo os outros, excluímos de nós a doença mental.
Assim começou e continua o estigma da doença mental.
A história da doença mental revela que, desde cedo, as pessoas com comportamentos e atitudes desajustadas da sociedade e com situações extremas de doença fossem segregadas e remetidos para prisões onde eram contidas, colocando “a salvo” a sociedade (e não os doentes). Só muito posteriormente estes viriam a ser alvo de atenção e intervenção, surgindo neste contexto prisional os primeiros tratamentos médicos psiquiátricos.
O termo doença mental tem, infelizmente, ainda um sentido pejorativo, por ignorância e sentimento de ameaça e vulnerabilidade das pessoas. A imagem e conceito de doença são ainda associados a pessoas violentas, agressivas, incapazes, “tolinhas” ou que só cometem loucuras. Nada de mais errado. A doença mental é, atualmente, extremamente comum.
A doença mental não deve ser confundida com a quebra de normas ou funcionamentos sociais, de sentimentos, de crenças ou valores religiosos ou morais que divirjam deste ou daquele grupo, sociedade ou cultura.
Há ainda um grande desconhecimento da evolução do diagnóstico e tratamento das doenças mentais entre os profissionais de saúde (não ligados à saúde mental) e na sociedade, o que contribui para a estigmatização da doença mental.
Compete aos técnicos de saúde mental estudar, avaliar, tratar e refletir, para que se consiga evoluir mais e intervir cada vez melhor, bem como informar e alertar a sociedade para desmistificar a doença mental. Mas este aspeto também se aplica a outras doenças que, de igual modo, tiveram que ultrapassar muitas barreiras. O cancro, por exemplo, foi alvo de grandes campanhas que promoveram o diagnóstico precoce, apesar do conhecimento científico incompleto e da complexidade e grau de eficácia insuficiente dos tratamentos, que contribuíram para uma grande evolução nessa área.
Ainda hoje se verifica que, por motivo de doença mental, a pessoa pode necessitar de baixa ou estar incapaz de exercer as suas tarefas diárias e ser mal vista pela sociedade.
Ou seja, além de estar doente, tem ainda de enfrentar ou refugiar-se da atitude de ignorância dos outros.
A doença mental é hoje definida e estudada por profissionais com métodos e rigor científicos.
O desenvolvimento de critérios de diagnóstico de doença mental dos manuais da Associação Americana de Psiquiatria ou da Organização Mundial de Saúde vieram definir e orientar, do ponto de vista clínico, uma uniformidade de conceitos sobre o que é ou não a doença mental.
Os psiquiatras e outros profissionais de saúde mental têm hoje critérios de diagnóstico, métodos de intervenção e terapêuticas fundamentados em estudos científicos.
A procura de um serviço de saúde mental não significa necessariamente que se está doente mentalmente segundo os critérios clínicos, mas tão somente pode significar que se está em sofrimento emocional, com dificuldades relacionais ou preocupado com aspetos profissionais e pessoais, por exemplo.
A conotação da doença mental com aspetos pessoais e sociais negativos é algo que vem do passado longínquo e se projeta nos dias de hoje, sem qualquer correspondência com a realidade atual.
Ao longo dos tempos, o Homem sempre revelou dificuldade em compreender a doença mental, mas com a evolução científica e a maior oferta de serviços de tratamento da doença mental, atualmente a pessoa em risco de doença ou com doença mental ou que sente algum mal-estar ou sofrimento emocional procura muito mais facilmente ajuda, apoio e tratamento.
O modelo estritamente biomédico considera que a doença mental é equiparável a outras doenças, com um substrato físico, associado a alterações cerebrais, nomeadamente, de neurotransmissores, receptores neuronais que provocam sintomas e são tratados com medicação.
Claro que isto é uma realidade, mas não se pode reduzir a doença e o sofrimento mental da pessoa apenas ao biológico. A dimensão da doença mental está muito para além do substrato biológico que está presente em todas as emoções e comportamentos, quer sejam patológicos ou não. A doença mental é muito mais complexa e, por isso, coloca dificuldades ao técnico e a quem dela sofre. Esta complexidade, apesar de ser difícil de compreender, não pode ser desvalorizada ou negada e, por isso, desviada para aspetos interpessoais, sociais, morais e culturais.
O termo doença mental tem, ao longo dos tempos, acentuado e contribuído também para a dualidade mental/físico, o que não é realidade. Nem as doenças físicas são só físicas, nem as mentais são só mentais. Ambas se manifestam numa pessoa que é simultaneamente corpo e mente.
As doenças mentais não são problemas da vida, são um problema na vida do doente.
As pessoas não adoecem porque querem ou escolheram ser doentes. Também não melhoram apenas com a vontade e desejo pessoal. A pessoa com doença mental necessita de tratamento como qualquer outra pessoa que sofra de diabetes, cancro ou hipertensão arterial.
A doença mental deve ser encarada como algo que funciona mal no nosso cérebro e que provoca a doença, tal como noutras doenças orgânicas ou como resposta a circunstâncias anormais e, neste caso, constitui uma disfunção psicológica.
Em qualquer dos casos, em que uma ou mais variáveis (disfunção cerebral ou circunstâncias anormais) estão presentes temos uma doença ou risco de a ter. Caso as duas variáveis estejam bem teremos provavelmente um estado de saúde mental. Mas nem sempre.
Temos também de inserir a doença mental no domínio psicológico, em que a pessoa sem lesão ou sem substrato físico prévio alterado, em determinadas situações de crescimento psicológico ou acontecimentos de vida pode adoecer mentalmente.
A pessoa pode possuir déficits ou mecanismos psicológicos prévios que, mesmo em circunstâncias aparentemente “normais”, evolui para a doença mental.
Claro que as condições físicas e psicológicas são indissociáveis e a importância de uma ou de outra muda de doente para doente, não existindo uma sem a outra.
A doença mental não é um desvio do comportamento ou atitude social, mas pode implicar ou desencadear alterações do comportamento social ou cumprimento de normas sociais.
A doença mental implica sempre uma disfunção no indivíduo e não apenas uma diferença.
Uma coisa são as normas sociais, isto é, situações em que as pessoas infrinjam ou não cumpram ou não concordem com determinados valores, outra coisa é uma perturbação do comportamento ou violação dessas regras por doença mental.
Muitos dos problemas que atualmente diminuem a saúde mental das pessoas são relevantes em termos de disfunção psicológica, mas não em grau suficiente para que possam ser considerados doença mental no sentido mais estrito do termo, em que o componente biológico é determinante ou clinicamente significativo, mas afetam a qualidade de vida das pessoas e colocam-nas em risco de adoecerem.
A doença mental implica a presença de um conjunto de sinais ou sintomas clinicamente significativos e que não é uma resposta comum, adequada, inserida no contexto cultural e social em que a pessoa vive, mas resultado de uma disfunção ou anomalia psicológica, biológica e social.
São critérios da doença mental mal-estar ou déficit funcional clinicamente significativo, um impacto e prejuízo na vida da pessoa doente, ao nível pessoal, social, ocupacional ou qualquer outra área importante da vida da pessoa, deteriorar as capacidades ou provocar uma mudança inequívoca no funcionamento da pessoa.
Outro dos critérios é a duração e persistência dos sintomas.
Não é demais salientar a diferença que existe entre doença mental e as diferentes emoções, comportamentos, atitudes, reações das pessoas enquanto indivíduos inseridos nos mais variados grupos, contextos ou cultura.
As causas das doenças mentais são múltiplas, diferindo de doente para doente.
Um dos aspetos característicos da doença mental é a heterogeneidade dos quadros clínicos. Podemos ter uma depressão em pessoas muito diferentes, daí a grande complexidade das apresentações clínicas e dos problemas associados a cada pessoa. As pessoas sofrem de doença mental e não é “a doença mental”. Por isso, devemos dizer que a pessoa tem uma depressão e está deprimida e não que é um deprimido.
Atendendo a esta complexidade, os diagnósticos devem ser feitos por profissionais com formação clínica apropriada, experiência e capacidade de avaliação clínica.
Outro aspeto muito relevante é o fato de, para o mesmo diagnóstico, termos pessoas com manutenção da capacidade funcional, outras com incapacidade funcional parcial ou total e, dentro da mesma pessoa e diagnóstico, podemos ter alterações da capacidade funcional conforme o momento da avaliação.
Perturbação mental é o termo que tem sido usado nos manuais de classificação das doenças mentais por se basearem em descrições físicas e critérios de diagnóstico.
Não há uma definição completa da doença mental, isto é, que englobe todas as situações de doença mental.
Por isso, cientificamente e clinicamente temos de nos orientar por critérios de diagnóstico que vão sendo, como em todas as áreas do conhecimento, revistos e atualizados e têm contribuído para uma maior objetividade no diagnóstico e tratamento da doença mental.

OS PRINCIPAIS SINTOMAS DAS DOENÇAS MENTAIS
As doenças mentais são condições de anormalidade ou comprometimento de ordem psicológica, mental ou cognitiva. Há diversos fatores que explicam os transtornos psiquiátricos, como genética, problemas bioquímicos, como hormônios ou substâncias tóxicas, e até mesmo o estilo de vida. Os sintomas podem ser observados no dia a dia. Confira uma entrevista com o especialista sobre o assunto.
O desenvolvimento de doenças mentais está mais frequente. Isso se deve ao estilo de vida que levamos.
Desde sempre, na história da humanidade, temos a consciência do sofrimento mental. Como este é variável na sua intensidade, nem sempre estamos falando de situações incompatíveis com a vida do dia a dia. É muito possível que o estresse, próprio do mundo moderno, aumente a incidência destes transtornos. Estamos cada vez mais alertas para tais patologias e, portanto, diagnosticando-as mais precocemente suas apresentações serão menos graves.
Quais são as doenças mentais mais comuns variam de lugar para lugar e de cultura para cultura, mas, de maneira geral, os transtornos de humor, como a depressão, os transtornos bipolares, os transtornos da ansiedade e as dependências químicas, principalmente o alcoolismo, em nosso meio são as patologias psiquiátricas mais comuns.
Os sintomas são extremamente variáveis, mas a tristeza patológica, a ansiedade, as alucinações e os delírios são bastante comuns e de importância extrema no diagnóstico destas doenças. E esses são apenas os mais chamativos, mas existem muitos outros.
Alguns deles:
Alcoolismo: sintomas de abstinência quando o indivíduo fica sem bebida alcóolica, como alucinações e agitação.
Depressão: apatia, pensamento lento e desmotivação, isolamento e depreciação.
Transtornos de ansiedade: palpitações, irritabilidade, falta de ar, suor, mãos frias e úmidas, boca seca, náuseas e diarreia. O transtorno do pânico é uma crise de ansiedade, com medo intenso e sensação de asfixia.
Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC): atitudes obsessivas e compulsões que consomem muito tempo e interferem na rotina e nas atividades diárias do paciente.
Transtorno bipolar: alterações de humor onde há um aumento da energia e, em outros momentos, uma baixa patológica do humor e algo próximo de estados de depressão.
Existem perfis mais propensos a desenvolver doenças mentais. Há pessoas extremamente sensíveis. Essa já é uma pré-disposição. Podemos dizer que é sempre importante conhecer a história familiar de doenças, tanto físicas como mentais, para poder determinar a propensão individual aos transtornos psicológicos.

OS PRINCIPAIS TRANSTORNOS MENTAIS
Transtornos mentais (ou doenças mentais, transtornos psiquiátricos ou psíquicos, entre outras nomenclaturas) são condições de anormalidade, sofrimento ou comprometimento de ordem psicológica, mental ou cognitiva. Em geral, um transtorno representa um significativo impacto na vida do paciente, provocando sintomas como desconforto emocional, distúrbio de conduta e enfraquecimento da memória.
Dentre os fatores causadores, a genética, a química cerebral (problemas hormonais ou uso de substâncias tóxicas que afetam o cérebro) e o estilo de vida são tidos como os principais desencadeadores dos diversos transtornos existentes. Doenças em outras partes do corpo podem afetar a mente, e inversamente, transtornos ou doenças mentais podem também desencadear outras doenças pelo corpo, produzindo sintomas somáticos.
Uma doença ou transtorno mental pode ser tratado através de medicamentos, ou várias formas de psicoterapia. O diagnóstico envolve o exame do estado mental confrontando seu histórico clínico, utilizando-se também de testes psicológicos, exames neurológicos, de imagem e exames físicos.
ABUSO DE DROGAS (DEPENDÊNCIA QUÍMICA E PSICOLÓGICA)
Vivemos em um mundo de drogas. Drogas para todas as idades e para todos os gostos. Algumas são chamadas lícitas e outras ilícitas. Algumas são proibidas; seu uso e porte são qualificadas de contraversão. Outras são permitidas e difundidas até pelos pais e pelos meios de comunicação. Seu uso é, muitas vezes, valorizado. Por sua vez, certas drogas são conceituadas e permitidas pelos médicos e Conselhos de Medicina.
Algumas drogas, como as colas e os solventes, são usadas preferencialmente pelas crianças desamparadas, os pivetes; outras são mais comuns entre os jovens de condição econômica variada –xaropes, maconha e cogumelos. Algumas são usadas principalmente pelas mulheres da classe média e alta com objetivo de perder alguns quilinhos, como os anorexígenos. Certas drogas são mais consumidas pelos adultos jovens, de poder econômico alto, cocaína, LSD, heroína. Algumas toneladas de drogas são largamente utilizadas por adultos e idosos pertencentes às mais diversas classes sociais, para permitir-lhes dormir ou suportar este mundo confuso: tranquilizantes, soníferos e analgésicos. Finalmente, as drogas mais difundidas e consumidas, possivelmente mais “democratizadas”, já que são usadas universalmente por todos: cafeína, álcool e tabaco; ninguém escapa de pelo menos inalar a fumaça do cigarro do vizinho, beber um cafezinho ou um copo de cerveja ou licor.
Não sei; duvido que alguém saiba, as razões de preferências tão diversas, das diferentes posições e atitudes da sociedade a favor de uma e contra outras.
Para tentar aclarar minha mente recorri a certos conceitos básicos: os de abuso e dependência da substância, e aqueles relacionados como consequência: tolerância e síndrome de abstinência. Antecipadamente, confesso ao leitor que os resultados não foram animadores, pois continuei sem entender este comportamento humano, ou seja, o uso de drogas diferentes por diferentes indivíduos, a permissão de umas e a proibição de outras, e o consumo universal de muitos. Encontrei em um manual de diagnóstico em Psiquiatria a definição procurada, que foi a seguinte:
Abuso de drogas: “Uso habitual de agentes químicos apesar das consequências danosas, que dependem das propriedades farmacológicas e toxicológicas das drogas, da personalidade do usuário, das necessidades nas quais ele vive, e do grau no qual ele negligencia sua saúde individual e bem-estar através da diferença e perda econômica”.
Existe abuso da droga quando seu uso ultrapassa os 30 dias e existe tolerância quando se necessita de mais droga para obter-se os desejados: daí o aumento das dosagens e a instalação dos quadros tóxicos. Por último, ocorre a síndrome de abstinência quando ao reduzir-se a droga ou quando ocorre a sua interrupção, seguem-se distúrbios fisiológicos e psicológicos, geralmente transitórios.
Ora, a maioria das drogas proibidas, assim como as permitidas, cafeína, nicotina, álcool, sedativos, etc, aí se enquadram, o que nos leva a pensar que esse não é o motivo da classificação usada, assim como das proibições e permissões legais, de exigência de um ou de outro receituário médico, ou de incentivo familiar para se beber café ou cerveja e fumar, pois todas elas são semelhantes. Deve haver algo mais.
Alguns teóricos combatem certas drogas simplesmente afirmando que elas “causam prazer”, e os indivíduos consumidores delas abandonariam outras atividades caso elas fossem liberadas. Ora, isso é uma forma muito simplista de explicar um comportamento tão complexo. O cigarro, as bebidas, o café e mesmo os tranquilizantes, todos nós temos um médico amigo ou parente que fornece gratuitamente as receitas, são facilmente adquiridos e, nem por isso são consumidos exageradamente por todos; apenas uma minoria é prejudicada. Se utilizarmos o conceito de prazer deveremos proibir os alimentos saborosos e a torcida do Atlético, impedir o jogador de jogar cartas ou futebol e abolir até mesmo as relações sexuais, pois tudo isso causa prazer e também dependência menos psíquica, talvez física.
Vamos a outro argumento. Parece que certos indivíduos, por motivos biológicos e genéticos, são mais propensos do que outros a ficar “presos”, dependentes da droga, a levarem ao exagero um modo de vida em detrimento de outro. Seriam os indivíduos de “alto risco”, os prováveis toxicômanos. Mas acredito que esses seriam, também, os mais sujeitos a se tornar viciados em café, comida, jogos, cigarros, sexo ou até mesmo no trabalho sem pausa nem sentido. Deveríamos condená-los, por causa de um “defeito biológico”?
No outro extremo do biológico vêm as “explicações sociais”. A própria sociedade induz o através de vários meios: de um lado, a propaganda generalizada, de outro, a incapacidade para abolir, várias de suas doenças e para dirimir conflitos, injustiças e preconceitos. Anuncia-se um belo carro, uma bela “gata”, mas não se fornecem ao consumidor os meios da sua aquisição e conquista. Costuma-se, com frequência, considerar o “outro, o vizinho ou o parente, como o responsável por induzir os mais jovens ao uso das drogas.
Outra explicação é a da Psicologia. O indivíduo usa café, álcool, tabaco, maconha, doce, cocaína, cerveja, heroína, até sexo, para ficar “diferente” de seu estado “normal”. Com isso, a pessoa se sente mais animada, agressiva, expansiva e extrovertida ou introvertida. Em resumo, a droga seria usada como automedicação.
Todas essas explicações contém, provavelmente, algo de verdade e, também, de mito. Não estou, neste artigo, defendendo o uso das chamadas  proibidas ou exortando ao uso delas, nem também, indo ao outro extremo de combatê-las ferozmente; assim como não defendo o abuso de tabaco, café, cerveja e comida e nem combato, como se fosse a pior coisa do mundo, o seu uso. Acredito que qualquer pessoa que esteja bem consigo mesma e que tenha algum propósito de “nível mais elevado”, isto é, objetivos individuais claramente definidos, nunca será presa e dependente das drogas, seja das lícitas, seja das ilícitas.
O mundo contraditório e confuso das drogas permite a produção, de um lado, dos defensores ferozes das chamadas drogas proibidas, quase sempre com objetivos pecuniários; de outro lado, a de combatentes impiedosos, que disso se utilizam para criar liderança e poder. Esses últimos, ao combatê-las, fazem disso sua “droga” e aliviam sua ira ao sentenciar os “errados” e “marginais” enquanto eles, os acusadores, se sentem como os anjos puros, habitantes diferenciados deste paraíso chamado Terra.
As drogas podem causar dependência psicológica ou dependência química e física. A dependência psicológica baseia-se no desejo de continuar tomando uma droga para induzir o prazer ou aliviar a tensão e evitar o desconforto. As drogas que produzem dependência psicológica é particularmente comum com drogas que alteram o humor e as sensações e que afetam o sistema nervoso central, e produzem um ou mais dos efeitos a seguir:
Reduzem a ansiedade e a tensão.
Causam alegria, euforia ou outras mudanças agradáveis do humor.
Produzem a impressão de aumento da capacidade mental e física.
Alteram a percepção sensorial.
Algumas drogas causam dependência física e química, que nem sempre é acompanhada de dependência psicológica. No caso de drogas que causam dependência física e química, o corpo adapta-se à droga quando ela é usada continuamente, acarretando tolerância e sintomas de abstinência quando o seu uso é interrompido. Geralmente ocorre a necessidade de aumentar progressivamente a dose de uma droga para reproduzir o efeito originalmente obtido com doses menores.
A atividade relacionada à droga passa a ocupar uma grande parte do dia, de modo que a adição geralmente interfere na sua capacidade laborativa, nos estudos ou na interação normal com a família e os amigos. Nos casos de dependência grave, os pensamentos e as atividades são direcionados predominantemente à obtenção e ao uso da droga. Um droga-adido pode manipular, mentir ou roubar para satisfazer a sua adição.
Um indivíduo que apresenta síndrome de abstinência sente-se doente e pode apresentar muitos sintomas, como cefaléia, diarréia ou tremores. A abstinência pode desencadear uma doença grave, potencialmente letal.
ALCOOLISMO
O alcoolismo é uma doença crônica caracterizada pela tendência de beber mais do que o pretendido, tentativas fracassadas de interromper o consumo de bebidas alcoólicas e o consumo contínuo apesar das más consequências sociais e laborativas. O alcoolismo é comum. Aproximadamente 8% dos adultos americanos apresentam algum problema com o uso de bebidas alcoólicas. Os homens apresentam uma probabilidade quatro vezes maior que as mulheres de tornarem-se alcoolistas, Indivíduos de todas as faixas etárias são suscetíveis.
Cada vez mais, crianças e adolescentes vêm apresentando problemas com o álcool, com consequências particularmente desastrosas. O álcool causa tanto a dependência psicológica quanto a física. Normalmente, o alcoolismo interfere na capacidade de socialização e laborativa, acarretando muitos outros comportamentos destrutivos. Os alcoolistas podem estar intoxicados diariamente. A embriaguez tende a desagregar a família e as relações sociais e, geralmente, leva ao divórcio. O grande número de dias de ausência no trabalho acaba levando ao desemprego. Os alcoolistas nem sempre conseguem controlar o seu comportamento; tendem a dirigir quando bêbados e sofrem lesões físicas em decorrência de quedas, brigas ou acidentes automobilísticos. Alguns podem tornar-se violentos.
Causas
A causa do alcoolismo é desconhecida, mas o consumo do álcool não é o único fator. Dentre os indivíduos que consomem bebidas alcoólicas, aproximadamente 10% tornam-se alcoolistas. Os parentes próximos de alcoolistas apresentam uma maior incidência de alcoolismo que outras pessoas. Do mesmo modo, é mais provável que ocorra alcoolismo nos filhos biológicos de alcoolistas que nos filhos adotados, o que sugere o envolvimento de um defeito genético ou bioquímico no alcoolismo. Algumas pesquisas mostram que os indivíduos com risco de alcoolismo embriagam-se menos facilmente que os não alcoolistas, isto é, o cérebro deles é menos sensível aos efeitos do álcool.
Além de um possível defeito genético, determinados traços estruturais e da personalidade podem predispor determinados indivíduos ao alcoolismo. Os alcoolistas frequentemente são oriundos de lares desfeitos e, frequentemente, a sua relação com os pais é conturbada. Os alcoolistas tendem a sentir-se isolados, solitários, tímidos, deprimidos ou hostis. Alguns apresentam comportamentos autodestrutivos e outros são sexualmente imaturos. Apesar disso, o abuso e a dependência do álcool são tão comuns que os alcoolistas podem ser identificados entre pessoas com qualquer tipo de personalidade.
Efeitos Biológicos
O álcool é rapidamente absorvido do intestino delgado para o interior da corrente sanguínea. Como a sua absorção é mais rápida do que a sua metabolização e eliminação do organismo, os níveis de álcool no sangue aumentam rapidamente. Uma pequena quantidade de álcool presente no sangue é excretada inalterada na urina, no suor e no ar expirado. O restante, que representa a maioria da quantidade ingerida, é metabolizado pelo fígado, produzindo cerca de 210 calorias para cada 30 ml (7 cal/ml) de álcool puro consumido. O álcool deprime imediatamente as funções cerebrais e o grau de depressão depende de seu nível no sangue (quanto mais elevado o nível, maior o comprometimento). O nível de álcool no sangue pode ser mensurado ou estimado por meio da quantidade presente em uma amostra de ar expirado na respiração. Nos EUA, leis estaduais limitam o nível de álcool no sangue permitido ao motorista que está dirigindo um automóvel. A maioria dos estados americanos estabeleceu o limite de 0,1 (100 miligramas de álcool por decilitro de sangue), mas outros estados (p.ex., Califórnia) estabeleceram o limite em 0,08. Mesmo um nível de álcool no sangue igual a 0,08 pode reduzir a capacidade de uma pessoa de dirigir um automóvel com segurança.
O consumo prolongado de quantidades excessivas de álcool lesa muitos órgãos do corpo, particularmente o fígado, o cérebro e o coração. Como muitas outras drogas, o álcool tende a induzir à tolerância, de modo que os indivíduos que tomam regularmente mais de duas doses por dia podem beber mais álcool que os outros, sem ficar embriagados. Os alcoolistas também podem tornar-se tolerantes a outros depressivos. Por exemplo, aqueles que fazem uso de barbitúricos ou benzodiazepínicos muitas vezes necessitam de doses mais elevadas para obter um efeito terapêutico. Aparentemente, a tolerância não altera o metabolismo ou a excreção do álcool. Em vez disso, o álcool induz o cérebro e outros tecidos a adaptarem-se à sua presença. Se um alcoolista para de beber abruptamente, ele pode apresentar sintomas da abstinência. A síndrome da abstinência alcoólica geralmente começa 12 a 48 horas após a última ingestão de bebidas alcoólicas. Os sintomas discretos incluem o tremor, a fraqueza, a sudorese e a náusea. Alguns indivíduos apresentam convulsões (denominadas epilepsia alcoólica ou convulsões alcoólicas).
Os alcoolistas inveterados que param de beber podem apresentar a alucinose alcoólica. Eles podem ter alucinações e ouvir vozes que parecem acusadoras e ameaçadoras, causando apreensão e terror. A alucinose alcoólica pode durar dias e pode ser controlada com medicamentos antipsicóticos (p.ex., clorpromazina ou tioridazina). Se não for tratada, a síndrome da abstinência alcoólica pode acarretar um conjunto de sintomas mais graves denominado delirium tremens (DT). Normalmente, o delirium tremens não começa imediatamente. Ao contrário, ele ocorre aproximadamente 2 a 10 dias após a interrupção do consumo de álcool. No delirium tremens, o indivíduo inicialmente demonstra ansiedade e, posteriormente, apresenta confusão mental progressiva, sonolência, pesadelos, sudorese excessiva e depressão profunda. A frequência do pulso tende a aumentar. O indivíduo pode apresentar febre. O episódio pode se agravar com alucinações fugazes, delírios que produzem medo, inquietação e desorientação, com alucinações visuais que podem causar terror. Os objetos vistos com pouca luz podem ser particularmente apavorantes. Finalmente, o indivíduo apresenta confusão mental e desorientação extrema.
Algumas vezes, um indivíduo com delirium tremens sente que o chão está se movendo, que as paredes estão caindo ou que o quarto está rodando. Com a evolução do delirium tremens, o indivíduo passa a apresentar tremor de mãos persistente, que, algumas vezes, estende-se à cabeça e ao resto do corpo, e a maioria dos indivíduos apresenta uma incoordenação grave. O delirium tremens pode ser fatal, sobretudo quando ele não é tratado. Outros problemas estão diretamente relacionados aos efeitos tóxicos do álcool sobre o cérebro e o fígado. Um fígado lesado pelo álcool é menos capaz de livrar o corpo das substâncias tóxicas que podem causar o coma hepático. Um indivíduo que desenvolve um coma hepático torna-se embotado, sonolento, estuporoso e confuso e, muitas vezes, apresenta um tremor estranho das mãos. O coma hepático é potencialmente letal e deve ser tratado imediatamente. A síndrome de Korsakoff (psicose amnésica de Korsakoff) é comum em indivíduos que ingerem regularmente grandes volumes de álcool, sobretudo quando são desnutridos ou apresentam deficiência de vitaminas do complexo B (particularmente de tiamina). O indivíduo com síndrome de Korsakoff perde a memória recente.
A sua memória é tão ruim que frequentemente inventa histórias para tentar cobrir a sua incapacidade de recordação. Algumas vezes, após um episódio de delirium tremens, o indivíduo apresenta a síndrome de Korsakoff. Alguns indivíduos com síndrome de Korsakoff também apresentam a encefalopatia de Wernicke, cujos sintomas incluem movimentos anormais dos olhos, confusão mental, movimentos descoordenados e disfunção nervosa. A síndrome de Korsakoff pode ser fatal, exceto se a deficiência de tiamina for imediatamente tratada. Em uma gestante, a história de consumo crônico e intenso de bebidas alcoólicas pode estar associada a defeitos congênitos graves do feto em desenvolvimento como, por exemplo, o baixo peso ao nascimento, a baixa estatura, a cabeça pequena, lesões cardíacas, lesões musculares e nível de inteligência baixo ou retardo mental. O uso social e moderado de bebidas alcoólicas (p.ex., duas taças de vinho de aproximadamente 120 ml) não está associado a esses problemas.
ALCOÓLICOS ANÔNIMOS
Não existe algo que beneficie tanto os alcoólatras e de modo tão eficaz quanto a ajuda que eles próprios podem se dar participando dos Alcoólicos Anônimos (AA). Os Alcoólicos Anônimos atuam dentro de um contexto religioso. Existem instituições alternativas para aqueles que preferem uma abordagem mais secular. O alcoolista deve sentir-se à vontade em um grupo específico (de preferência, participando de um grupo cujos membros compartilham interesses outros que não o alcoolismo). Por exemplo, algumas áreas metropolitanas têm grupos de Alcoólicos Anônimos para médicos, dentistas ou outros profissionais e para aqueles que se dedicam a certos hobbies, assim como para indivíduos solteiros ou homossexuais de ambos os sexos. Os Alcoólicos Anônimos proveem um local onde o alcoolista em recuperação pode socializar-se longe de um bar com amigos não alcoolistas que sempre estão à disposição para apoiá-lo quando a vontade de beber torna-se novamente imperiosa. O alcoolista ouve as confissões de todos os membros do grupo a respeito de como estão lutando diariamente para evitar a ingestão de uma dose de bebida. Finalmente, propondo meios para que o alcoolista ajude os demais, o Alcoólicos Anônimos permite que o indivíduo recupere a confiança e a autoestima que, anteriormente, somente eram encontradas após a ingestão de álcool.
ALUCINÓGENOS
Os alucinógenos incluem o LSD (dietilamida do ácido lisérgico), a psilocibina (cogumelo mágico), a mescalina (peiote) e o 2,5-dimetoxi-4-metilanfetamina (DOM, STP), um derivado da anfetamina. Geralmente, essas drogas não causam alucinações verdadeiras. As alucinações verdadeiras ocorrem quando um indivíduo crê que as coisas anormais que vê ou ouve estão realmente acontecendo. Em contraste, a maioria dos indivíduos com adição a alucinógenos compreende que as sensações anormais não são reais e são causadas pela droga. Por essa razão, essas drogas são na realidade pseudo-alucinógenos ou falsos alucinógenos.
Sintomas
Os alucinógenos distorcem as sensações auditivas e visuais. Além disso, as sensações podem mesclar-se. Por exemplo, a audição de música pode provocar o surgimento de cores e essas se movimentam ao ritmo da música. Os principais perigos da utilização dessas drogas são os efeitos psicológicos e o comprometimento do julgamento que elas produzem, os quais podem levar a tomadas de decisões perigosas ou a acidentes. Por exemplo, um usuário pode pensar que é capaz de voar e pode inclusive pular de uma janela para provar isto, com consequentes lesões graves ou a morte. Os alucinógenos estimulam o cérebro. O efeito em si pode depender do estado de humor do usuário no momento do consumo da droga e do ambiente onde ela é consumida. Por exemplo, os indivíduos que estavam deprimidos antes de tomar a droga podem sentir-se mais tristes quando ela produzir os seus efeitos.
A capacidade do usuário em lidar com as distorções visuais e auditivas também afeta a experiência. Um indivíduo inexperiente e assustado é menos capaz de lidar com a experiência que alguém que já conhece os efeitos da droga e não teme a “viagem” (trip). Um usuário sob a influência de um alucinógeno, normalmente o LSD, pode apresentar uma extrema ansiedade e entrar em pânico, o que resultará em uma “viagem ruim” (bad trip). Ele poderá querer interromper a “viagem”, mas isto é impossível. A “viagem” é pior que um pesadelo, pois quem está sonhando pode despertar, terminando o sonho ruim. Uma “viagem” ruim não termina rapidamente. À medida que a “viagem” continua, o usuário começa a perder o controle e pode, temporariamente, tornar-se psicótico. Algumas vezes, uma “viagem ruim” pode ser tão grave ou pode desencadear uma vulnerabilidade tão intrínseca que o usuário pode permanecer psicótico durante muitos dias (ou por mais tempo) depois dos efeitos da droga terem desaparecido.
Uma psicose prolongada é mais provável em um usuário com um distúrbio psicológico preexistente, o qual se tornou mais evidente ou piorou pelos efeitos da droga. A tolerância ao LSD pode ocorrer após 72 horas de uso contínuo. Os usuários de LSD também podem tornar-se tolerantes a outros alucinógenos. Em geral, os indivíduos que se tornaram tolerantes a alucinógenos e que interrompem o seu uso de modo abrupto não parecem sofrer de síndrome de abstinência. Alguns indivíduos (especialmente os usuários crônicos ou aqueles que repetem o consumo de alucinógenos, particularmente o LSD) podem apresentar o reaparecimento de sintomas (flashbacks) após interromperem o seu consumo. Os flashbacks são semelhantes à experiência original, mas, geralmente, eles são menos intensos. Eles podem ser desencadeados pela maconha ou por outras drogas, incluindo o álcool, ou pelo estresse ou pela fadiga. Eles também podem ocorrer sem razão aparente. Geralmente os flashbacks desaparecem em um período de seis a doze meses, mas podem retornar até cinco anos após o último consumo de LSD, especialmente quando o usuário ainda apresenta um distúrbio da ansiedade ou outro distúrbio psiquiátrico.
Diagnóstico e Tratamento
O consumo agudo de alucinógenos é caracterizado por episódios de pânico e de distorções visuais, acompanhados por vários tipos de delírios. As pupilas dilatam-se, mas a frequência cardíaca não aumenta tanto quanto no uso de estimulantes. As informações fornecidas por amigos do usuário são importantes para o diagnóstico. A maioria dos usuários de alucinógenos nunca procura tratamento. Um ambiente tranquilo e escuro e uma conversa serena e não ameaçadora podem ajudar um usuário que está tendo uma “viagem ruim”. O usuário necessita sentir se assegurado de que os efeitos são causados pela droga e terão um fim. Um indivíduo que apresenta uma psicose prolongada pode necessitar de um tratamento psiquiátrico.
COCAÍNA (dependência)
A cocaína produz efeitos similares aos das anfetaminas, mas é um estimulante muito mais poderoso. Pode ser tomada pela via oral, inalada sob a forma de pó (cheirada) ou pode ser injetada, em geral diretamente em uma veia. Quando fervida com bicarbonato de sódio, a cocaína é convertida em uma base denominada crack, podendo então ser fumada. O crack atua quase tão rapidamente quanto à cocaína injetada pela via intravenosa. A cocaína intravenosa ou inalada produz uma sensação de alerta extrema, de euforia e de grande poder.

Sintomas

A cocaína aumenta a pressão arterial e a frequência cardíaca e pode causar um infarto do miocárdio letal, mesmo em atletas jovens e saudáveis. Outros efeitos incluem a constipação; a lesão intestinal; o nervosismo extremo; a sensação de que algo está se movendo sob a pele (bichos da cocaína), o que é um sinal de uma possível lesão nervosa; crises convulsivas; alucinações; insônia; delírios paranóides e comportamento violento. O droga adido pode representar um perigo para si próprio e para terceiros. Como os efeitos da cocaína duram apenas cerca de 30 minutos, o droga adido toma doses repetidas. Para reduzir parte do extremo nervosismo causado pela cocaína, muitos droga adidos também usam heroína ou outra substância depressora do sistema nervoso, como o álcool.
As mulheres com adição à cocaína que engravidam apresentam uma maior probabilidade de abortar, em comparação a grávidas não usuárias de drogas. Se ela não abortar, o feto poderá apresentar danos causados pela cocaína, que passa facilmente do sangue materno para o fetal. As crianças geradas por mulheres droga adidas podem apresentar padrões de sono anormais e má coordenação. Elas podem apresentar retardo no desenvolvimento (engatinhar, andar e falar), mas isto pode ser decorrente de deficiências nutricionais, cuidados pré-natais deficientes e abuso de outras drogas por parte da mãe. Com o uso diário, a tolerância à cocaína ocorre rapidamente. As reações de abstinência incluem a fadiga extrema e a depressão, o oposto dos efeitos da droga. Quando o indivíduo interrompe o uso da droga, ele pode apresentar ânsias de suicídio. Após alguns dias, quando as forças físicas e mentais são recuperadas, o droga-adido pode tentar o suicídio. Como ocorre com o uso intravenoso de heroína, muitas doenças infecciosas, inclusive a hepatite e a AIDS, são transmitidas quando os adidos à cocaína compartilham agulhas não esterilizadas.
Diagnóstico
O uso de cocaína é evidenciado pela hiperatividade, dilatação pupilar e aumento da frequência cardíaca. A ansiedade e o comportamento errático, grandioso e hipersexual são evidentes no consumo em maior quantidade. Frequentemente, observa-se a paranóia naqueles que são encaminhados aos serviços de emergência. O consumo de cocaína pode ser confirmado por meio de exames de urina e de sangue.
MACONHA (DEPENDÊNCIA)
O consumo de maconha (cannabis) está amplamente disseminado. Pesquisas entre estudantes universitários revelaram que periodicamente ocorrem aumentos, reduções e novos aumentos do seu consumo. Nos Estados Unidos, a maconha é geralmente consumida sob a forma de cigarro (baseado) feitos com raízes, folhas e as flores distais da planta seca, sendo quase sempre a Cannabis sativa. A maconha também é consumida sob a forma de haxixe, a resina (substância do alcatrão) da planta prensada. O ingrediente ativo da maconha é o tetrahidrocanabinol (THC), que se apresenta sob muitas variedades, sendo a mais ativa a delta-9-THC. A delta-9-THC é produzida sinteticamente como uma droga denominada dronabinol, que é utilizada em pesquisas e, algumas vezes, no tratamento da náusea e do vômito associados à quimioterapia do câncer. Alguns indivíduos tornam-se dependentes da maconha por razões psicológicas e essa dependência pode ter todas as características da adição grave.
A dependência física da maconha não foi demonstrada de modo conclusivo. Como no uso do álcool, a maconha pode ser usada de modo intermitente por muitas pessoas sem lhes causar uma disfunção social ou psicológica aparente ou adição. Sintomas A maconha deprime a atividade cerebral, produzindo um estado onírico no qual as ideias parecem desconectadas e incontroláveis. Podem ocorrer distorções e acentuações do tempo, das cores e do espaço. As cores podem parecer mais brilhantes, os sons mais altos e o apetite pode aumentar. Geralmente, a maconha reduz a tensão e produz uma sensação de bem-estar. A sensação de exaltação, de excitação e de alegria interna (“estar alto”, “ficar ligado”) parece estar relacionada às condições nas quais a droga foi consumida. Por exemplo, se o indivíduo fumar sozinho ou em grupo e de acordo com o humor predominante. As capacidades comunicativas e motoras diminuem durante o uso da maconha e, por essa razão, é perigoso dirigir um automóvel ou operar maquinaria pesada.
Os indivíduos que consomem grandes quantidades de maconha tornam-se confusos e desorientados, podem apresentar psicose tóxica e perder a noção de quem são, onde estão ou do tempo. Os indivíduos com esquizofrenia são particularmente suscetíveis a esses efeitos e existe evidência comprovada de que a esquizofrenia pode piorar com o uso da maconha. Ocasionalmente, podem ocorrer reações de pânico, particularmente em consumidores novos. Outros efeitos incluem o aumento da frequência cardíaca, os olhos avermelhados e a boca seca. A tolerância em longo prazo pode ocorrer em indivíduos que consomem a maconha. As reações de abstinência podem incluir o aumento da atividade muscular (p.ex., espasmos e contrações) e insônia. No entanto, como a maconha é eliminada lentamente do organismo, ao longo de várias semanas, a reação de abstinência tende a ser leve e, geralmente, não é perceptível para o consumidor moderado.
Alguns estudos sugeriram que o uso intenso e prolongado da maconha por homens pode reduzir os níveis de testosterona, o tamanho dos testículos e a contagem de espermatozoides. O uso crônico por mulheres pode acarretar ciclos menstruais irregulares. Contudo, nem sempre esses efeitos ocorrem e os efeitos sobre a fertilidade são incertos. As gestantes que usam maconha podem ter filhos menores que as gestantes não consumidoras. Além disso, a delta-9-THC passa para o leite materno e pode afetar um lactente que é amamentado com leite materno da mesma maneira que a mãe é afetada. O consumo intenso e prolongado da maconha pode produzir efeitos similares aos do tabagismo sobre os pulmões. A bronquite é comum e o risco de câncer de pulmão provavelmente é maior. Os resultados da detecção da maconha na urina permanecem positivos durante vários dias após o consumo, inclusive nos consumidores ocasionais. Nos consumidores habituais, os resultados do exame podem permanecer positivos por mais tempo à medida que a droga é eliminada lentamente da gordura corpórea. O tempo varia, dependendo da porcentagem de THC e da frequência do consumo. O exame de urina é uma maneira eficaz de se identificar o consumo da maconha, mas um resultado positivo desse exame significa apenas que o indivíduo a consumiu, e não prova que o usuário está com suas faculdades alteradas no momento (intoxicado). Exames sofisticados podem determinar até um ano depois se a maconha foi consumida.
TRANQUILIZANTES
Diga adeus à ansiedade. Os grandes laboratórios farmacêuticos interessados no faturamento construíram a crença de que podemos e devemos viver sem ansiedade. Esta falsa idéia foi assimilada por alguns médicos e pelo público em geral, promovendo a ida dos ansiosos aos consultórios em busca do remédio milagroso. Entretanto a ansiedade pode ser uma emoção saudável e necessária a uma boa adaptação do indivíduo ao meio, sendo, muitas vezes, um aviso do organismo indicando que algo precisa ser feito para modificar a vida.
Os tranquilizantes têm sido usados há milênios. O primeiro deles, e que continua a ser consumido, é o álcool. Atualmente, a cada dia mais, diversos outros calmantes são lançados no mercado para alegria dos consumidores aflitos. Uma estatística da Organização Mundial de Saúde, publicada há alguns anos, mostrou um consumo anual de 500 milhões de psicotrópicos no Brasil. Desses, 70% eram ansiolíticos, ou seja, medicamentos para diminuir a ansiedade, apreensão, tensão ou medo. Muitas pessoas só dormem após tomarem seu sedativo preferido e, para suportar o dia desagradável que virá, ingerem mais outro calmante diurno . Alguns usam os tranquilizantes para viajar de avião, dançar, namorar, transar, dar aulas, casar, isto é, as atividades que podem acarretar um certo grau de intranquilidade.
Os ansiolíticos são ingeridos puros ou misturados com bebidas, usados junto a moderadores de apetite, as drogas anti-colinérgicas (os chamados anti-distônicos); alguns estão embutidos nos medicamentos antidepressivos, fortificantes, vitaminas, diuréticos etc. As bulas acerca dos calmantes , geralmente, são mentirosas; descrevem muito mais os “bons” resultados do que os “maus”: muitas não relatam a dependência após um curto período de uso, a diminuição da capacidade psicomotora, o aumento do cansaço, a diminuição da memória, a piora dos sintomas após a sua interrupção (ansiedade rebote) e o risco de seu uso nos idosos e crianças. Uma curiosidade: os que têm menos conhecimentos acerca de seus “excelentes efeitos terapêuticos”, como os pacientes mais humildes dos ambulatórios, beneficiam-se pouco com seu uso.
Como a população brasileira tem estado intranquila com respeito ao futuro do país, conclamo o governo a distribuir essas drogas milagrosas para todos nós, em lugar de gastar dinheiro com alimentos, moradias, empregos e assistência médica. Com o povo calmo, os governantes poderiam usufruir o encantamento do poder. Cada cidadão teria direito de uma a três doses diárias, conforme sua ansiedade, este, uma vez embriagado com o efeito do calmante, não mais faria greve, não mais amolaria o pobre governo com reclamações tolas e injustas. Ingerindo sua dose diária de ansiolíticos as pessoas viveriam e morreriam calmas, talvez, quem sabe, até felizes.

TRANSTORNOS ALIMENTARES
ANOREXIA NERVOSA
Anorexia Nervosa é um transtorno de grande incidência nas mulheres (cerca de 90% dos casos), sendo caracterizado pela imposição do indivíduo em se manter com um limite de peso muito baixo (geralmente abaixo de 85% do seu índice corporal).
A prática anoréxica inclui métodos pouco usuais para emagrecer. Além da dieta, submetem-se a exercícios físicos intensos, induzem o vômito, jejuam, tomam diuréticos e usam laxantes.
A perda de peso é vista como uma conquista notável, um sinal de extraordinária autodisciplina; ao passo que o ganho, é tido como um inaceitável fracasso. Esses indivíduos apresentam um medo constante de perder o controle sobre o seu peso (tornar-se "gorda"), sendo comum apresentarem também uma distorção sobre sua avaliação corporal, em que mesmo estando magra ela se vê com excesso de peso.
Outras características ocasionalmente associadas com a Anorexia Nervosa incluem preocupação acerca de comer em público, sentimento de inutilidade, forte necessidade de controlar o próprio ambiente, pensamento inflexível, espontaneidade social limitada, iniciativa e expressão emocional demasiadamente refreada. Nas mulheres, a anorexia pode causar ainda disfunções hormonais graves, causando até a ausência de períodos menstruais.
Sua causa é desconhecida, mas os fatores sociais parecem ser importantes. O desejo de ser magro é algo muito frequente na sociedade ocidental, e a obesidade, é considerada pouco atrativa, não saudável e indesejável.
Seu início se dá geralmente na adolescência, sendo menos frequentemente na idade adulta (mesmo antes da adolescência, algumas crianças já têm conhecimentos sobre essas atitudes). Cerca de dois terços das adolescentes fazem dieta ou já adotam outras medidas para controlar o peso. No entanto, somente uma pequena porcentagem delas desenvolve Anorexia Nervosa.
É um transtorno que afeta principalmente indivíduos das classes socioeconômicas média e alta.
Cerca de 10% dos casos que requerem internação para tratamento (em hospital geral) morre por inanição, suicídio ou desequilíbrio dos componentes sanguíneos.
BULIMIA NERVOSA
As características principais deste transtorno incluem bingeing (ingestão de grandes quantidades de alimentos) e purificação (eliminação dos alimentos por meios artificiais, como vômitos forçados, uso excessivo de laxantes, períodos de jejum, ou exercícios excessivos).
Os indivíduos com Bulimia Nervosa tipicamente estão dentro da faixa de peso normal, embora alguns possam estar com um peso levemente acima ou abaixo do normal.
Cerca de um terço desses indivíduos abusam de drogas, principalmente de álcool e estimulantes. O uso de estimulantes frequentemente começa na tentativa de controlar o apetite e o peso.
Pacientes bulímicos apresentam com maior frequência sintomas depressivos (baixa autoestima) ou transtornos do Humor como Distimia e Transtorno Depressivo Agudo.

TRANSTORNOS DE ANSIEDADE
A ansiedade (ou o medo) passa a ser reconhecida e denominada como patológica ou disfuncional quando é exagerada, desproporcional em relação ao estímulo provocador; qualitativamente diferente do que se observa como norma naquela faixa etária e também quando ela interfere e prejudica a qualidade de vida, o conforto emocional ou o desempenho diário do indivíduo. Além disso, a ansiedade (medo) pode ser adquirida (medo condicionado) nascida através de associações entre o evento produtor da ansiedade com acontecimentos antes neutros, ou seja, que nunca foram considerados perigosos por si mesmos, nem indicam perigo. Por exemplo, José foi acidentado na Praça 7. O acidente, por si só (medo incondicionado), provoca o medo ou ansiedade. Mas José pode também ter crises de ansiedade ao passar pela Praça 7. Ele pode ainda ter crise ao ver a camisa que estava vestindo no dia do acidente, ouvir a melodia que estava sendo tocada pelo auto que o atropelou, etc. O local, bem como a roupa e a música, que jamais provocaram ansiedade (mal-estar) em José, tornam-se objetos provocadores de ansiedade. Na ansiedade patológica, até mesmo a sugestão de falar em público causa o mal-estar físico e mental. Nesse caso a pessoa evita falar em público a todo custo, mesmo sendo ruim para seu trabalho e vida.
Existem vários tipos de transtornos de ansiedade. Em linhas gerais são divididos de acordo com a situação que desencadeia a ansiedade patológica ou da resposta do indivíduo à ansiedade patológica. Em alguns transtornos, como no transtorno de ansiedade generalizada, a ansiedade se manifesta de forma constante e com menor intensidade. Em outros, como no transtorno do pânico, manifesta-se de forma repentina e intensa.
Frequentemente o indivíduo apresenta dois ou mais transtornos de ansiedade ao mesmo tempo ou em momentos diferentes da vida: ser portador de ansiedade generalizada e transtorno do pânico simultaneamente ou em épocas diferentes. 90% dos pacientes com TAG (Transtorno Ansiedade Generalizada) apresentam co-morbidade com outras doenças mentais ou uso de substâncias: 62.4% com depressão, 39% com distimia, 34.4% com alcoolismo, 35% com fobia simples, 34% fobia social e 27% com abuso de drogas. Cerca de 84% dos TAG apresentam co-morbidade com T. Afetivos. Sintomas de ansiedade, sem caracterizar um transtorno específico de ansiedade, são ainda mais comuns dentro do quadro da maioria dos transtornos mentais e também nos pacientes orgânicos: câncer, diabetes, acidentados, etc. Ou seja, transtornos de ansiedade e sintomas de ansiedade são realmente muito comuns. Abaixo alguns transtornos:
Fobia social (ou Transtorno de Ansiedade Social): ocorre quando o foco do medo e da ansiedade está relacionado com situações sociais e/ou íntimas com outra(s) pessoa(s). O indivíduo com fobia social sente-se acuado ao encontrar-se com outra(s) pessoa(s) e isto é motivo de sofrimento, mesmo muito antes de um encontro social programado.
Agorafobia: o foco é um medo intenso de lugares (grandes e abertos, especialmente com muita gente, ou fechados) onde seja difícil ou embaraçoso fugir ou então onde não haja disponibilidade de auxílio se ocorrer uma crise de ansiedade.
Transtorno obsessivo-compulsivo (TOC): dois tipos de sintomas caracterizam este transtorno: sintomas obsessivos e sintomas compulsivos. Os primeiros são pensamentos, ideias, impulsos ou imagens intensas, persistentes e recorrentes, como se invadissem a mente a todo o momento. A compulsão é também repetitiva, pois serve para anular os pensamentos obsessivos sempre que estes ocorrem e para aliviar a ansiedade e sofrimento que eles provocam. São comportamentos repetitivos (como lavar as mãos, guardar objetos, organizar simetricamente toda a casa) ou atos mentais (como rezar, cantar uma determinada música).
Transtorno de Estresse Pós-traumático (TEPT): ocorre após um evento traumático que envolve risco de vida, ferimentos sérios ou risco à integridade física, emocional ou moral (incêndios, enchentes, batidas violentas). Ataques de pânico e transtorno do pânico: ataques de pânico são uma manifestação súbita e muito intensa de ansiedade. Um ataque de pânico típico inicia-se repentinamente e evolui de forma rápida para uma série de sintomas intensos de ansiedade. O pico dos sintomas ocorre geralmente em cinco a dez minutos e tem duração média de dez a trinta minutos, quando tendem a entrar em remissão.
AGORAFOBIA
Agorafobia é o transtorno de ansiedade em que um indivíduo, quando exposto a lugares ou situações em que ele julgue como embaraçosas, acaba sentindo uma ansiedade desproporcional ao fator que está sendo presenciado, podendo apresentar até sintomas do Transtorno do Pânico.
A Agorafobia pode tanto se manifestar de forma específica como generalizada (como sair de casa, ir ao trabalho ou ao médico). Os lugares específicos mais evitados são os túneis, passarelas, pontes, avenidas largas ou rodovias. Pode ocorrer o medo de multidões como nos shopping centers, restaurantes, filas, cinemas, teatros, elevadores. Nesses casos, a limitação eventual já o incomoda significamente, mas quando atingem locais essenciais como ônibus, carros, metrô ou trens, a vida social do paciente fica bem mais comprometida.
Geralmente alguns sintomas do transtorno são superados quando há companhia de alguém, bastando a companhia até de uma criança para o agorafóbico sentir-se tranquilo.
Quando o tratamento não é feito ou o transtorno não é corretamente diagnosticado, o paciente se torna ainda mais depende da presença de outras pessoas. Surge com isso, um sentimento de culpa - do paciente - por estar interferindo na vida dos outros, e ao mesmo tempo, uma inconformidade, por essa situação aparentar ser incontrolável e incompreensível. Toda essa frustração leva o paciente a desenvolver um quadro depressivo, podendo evoluir a ponto de ele cometer suicídio.
O transtorno pode se desenvolver de uma Fobia Específica ou ser resultado de um trauma extremo, como resultado de inúmeros ataques de pânico.
FOBIA ESPECÍFICA
Conhecida também como fobia simples, a Fobia Específica é o medo a determinado objeto, animal ou circunstâncias, desencadeando no indivíduo uma intensa crise de ansiedade com sintomas semelhantes aos relatados no Transtorno do Pânico.
Atinge duas vezes mais mulheres do que homens, sendo que o medo de altura é a única fobia dentre as mais comuns a atingir mais homens que mulheres. A fobia de sangue atinge de forma igual homens e mulheres, e tem caráter altamente familiar (fatores genéticos envolvidos).
As fobias estão entre os transtornos mentais mais comuns, atingindo de 5 a 10% da população. Porém, por estarem limitadas a situações que geralmente podem ser evitadas, não chegam a causar sofrimento significativo a ponto dos acometidos procurarem auxílio médico.
A maior parte dos casos surge na infância ou adolescência, e sem tratamento, tendem a persistir durante a vida adulta.
FOBIAS MAIS ESTRANHAS
Botanofobia : medo de plantas.
Clinofobia: medo de camas ou de deitar-se.
Sofofobia: medo de aprender.
Vestifobia: medo de roupas ou de se vestir.
Araquibutirofobia: medo de que se incrustem na gengiva ou no palato a pele que envolve o amendoim, pipoca ou outro componente que adere ao palato como doces compactos.
Bibliofobia: medo de livros.
Eufobia: medo de ouvir boas notícias.
Melofobia: medo de música.
Aurofobia: medo de ouro.
Coulrofobia: medo de palhaços.
FOBIAS MAIS COMUNS
Aracnofobia:.aranha.
Sociofobia ou antropofobia: pessoas, situações sociais.
Aerofobia ou aviatofobia: avião.
Agorafobia: medo de sair de casa.
Claustrofobia: lugares fechados.
Acrofobia: altura.
Carcinomafobia: câncer.
Brontofobia: tempestade ou trovões.
Necrofobia: morte.
Cardiofobia: doenças do coração.
FOBIA SOCIAL
Fobia Social implica ao indivíduo uma intensa sensação de medo, ansiedade ou desconforto quando ele é exposto a determinadas circunstâncias como: frequentar locais escuros, encontrar com pessoas do sexo oposto, falar em público, etc. Podem ocorrer sintomas físicos como rubor, tremores, náuseas, desejo intenso de urinar. Em geral, a crise de ansiedade é de tal forma intensa que se assemelha a uma crise de pânico.
A Fobia Social pode ser resultado de um evento traumático, que pode estar ou não presente no nível consciente do indivíduo.
A maior parte dos casos se inicia na adolescência, e acomete a ambos os sexos. Atinge de 2 a 3% da população, embora alguns estudos estimarem que possa chegar a 10%.
SÍNDROME DO PÂNICO
O transtorno ou síndrome do Pânico é caracterizado por crises intensas, repentinas e graves de ansiedade e medo. Geralmente são acompanhadas de vários sintomas físicos como palpitações, respiração rápida ou sensação de asfixia, visão turva, tonturas e sentimentos de irrealidade (despersonalização ou desrealização). Existe além desses, um constante sentimento de medo de morrer, de perder o autocontrole ou de ficar louco.
O ataque de pânico deve ocorrer de forma inesperada (espontâneo, não evocado, "vindo do nada"), sem associação a um ativador situacional (um objeto ou uma situação qualquer do dia a dia). Pelo menos dois ataques de pânico são necessários para o diagnóstico, mas a maioria dos indivíduos tem um número consideravelmente maior de ataques.
Ataques ligados a determinadas situações ou objetos podem ocorrer, mas são menos comuns.
Há uma preocupação intensa acerca do próximo ataque de pânico, podendo levar ao desenvolvimento de um comportamento de esquiva que pode satisfazer os critérios sintomáticos para Agorafobia. O diagnostico neste caso passa a ser Transtorno de Pânico com Agorafobia. Embora a Agorafobia possa desenvolver-se a qualquer momento, seu início se dá geralmente durante o primeiro ano da ocorrência dos ataques de pânico. O curso da Agorafobia e seu relacionamento com o curso dos Ataques de Pânico são variáveis. Em alguns casos, uma diminuição ou remissão dos Ataques de Pânico pode ser seguida por uma diminuição correspondente na esquiva e ansiedade agorafóbicas.
O Transtorno Depressivo Agudo é outro transtorno que ocorre com frequência (50-65%) em indivíduos com Transtorno de Pânico. Em aproximadamente um terço das pessoas com ambos os transtornos, a depressão precede o início do Transtorno de Pânico. Nos dois terços restantes, a depressão ocorre ao mesmo tempo ou após o início do Transtorno de Pânico.
A idade de início para o Transtorno de Pânico varia muito, sendo mais típica em indivíduos que estão na fase final da adolescência e adultos na faixa dos 30 anos. Apenas um pequeno número de casos começa na infância, e o início após os 45 anos é bastante incomum, mas pode ocorrer.
O curso habitual é crônico, porém flutuante. Alguns indivíduos podem ter surtos episódicos com anos de remissão neste intervalo, e outros, podem ter uma sintomatologia severa contínua.
Critérios Diagnósticos para Síndrome do Pânico
Ataques de Pânico recorrentes e inesperados.
Pelo menos um dos ataques foi seguido por um mês (ou mais) de uma (ou mais) das seguintes características:
- preocupação persistente acerca de ter ataques adicionais.
- preocupação acerca das implicações do ataque ou suas consequências (por ex., perder o controle, ter um ataque cardíaco, "ficar louco").
- uma alteração comportamental significativa relacionada aos ataques.
Ausência ou presença de Agorafobia.
Os Ataques de Pânico não se devem aos efeitos fisiológicos diretos de uma substância (por ex., droga de abuso, medicamento) ou de uma condição médica geral (por ex., hipertiroidismo).
Os Ataques de Pânico não são melhor explicados por outro transtorno mental, como
- Fobia Social (por ex., ocorrendo quando da exposição a situações sociais temidas),
- Fobia Específica (por ex., ocorrendo quando da exposição a uma situação fóbica específica),
- Transtorno Obsessivo-Compulsivo (por ex., quando da exposição à sujeira, em alguém com uma obsessão de contaminação),
- Transtorno de Estresse Pós-Traumático (por ex., em resposta a estímulos associados a um estressor severo) ou:
- Transtorno de Ansiedade de Separação (por ex., em resposta a estar afastado do lar ou de parentes queridos).

TRANSTORNO DE ANSIEDADE GENERALIZADA (TAG)
É caracterizado por um sentimento de ansiedade muito forte, que pode ser desencadeado por qualquer situação do dia a dia, tornando esse transtorno muito frequente no dia a dia do indivíduo.
Os sintomas essenciais são variáveis, mas compreende nervosismo persistente, tremores, tensão muscular, transpiração, sensação de vazio na cabeça, palpitações, tonturas, desconforto epigástrico, aflição por doenças graves ocorrendo com eles ou amigos e familiares.
É desencadeado por vários fatores presentes no dia a dia do indivíduo, sendo dificilmente notado e diagnosticado enquanto os sintomas básicos não causarem transtornos significativos para a pessoa.
O medo normal e a apreensão ansiosa são respostas emocionais do organismo diante do perigo. Portanto, ansiedade é um alerta do sistema biológico ao preparar o corpo para reagir, mental e fisicamente, às situações potencialmente ameaçadoras (perigosas). Os sinais corporais (tremores, boca seca, etc.) surgem provocados pela percepção de objetos ou de sinais externos percebidos como perigosos (um carro em disparada vindo em sua direção), ou internos (dores intensas no tórax).
Na ansiedade normal (não patológica), após a percepção do possível risco, o animal (homem e outros animais) dirige sua atenção para o perigo focalizado. Neste instante é produzida (germina sem esforço) a resposta defensiva: lutar, fugir ou ficar quieto. A musculatura fica tensa, aumenta a atividade do sistema simpático, em menor grau é ativado o parassimpático. Quase ao mesmo tempo categorizamos o fato: “O carro vai me pegar!;” “Será que estou tendo um enfarte?” Também, em seguida, buscamos soluções para combater o perigo observado: fugir do carro, procurar o hospital. O organismo, como um todo, diante da ameaça põe para funcionar suas defesas, onde cada órgão faz sua parte automaticamente, isto é, quase sem pensar. Ao dar de cara com o perigo há um aumento dos batimentos cardíacos, da pressão, da atividade das glândulas sudoríparas, da respiração, contrações musculares, mudanças gastrintestinais e da micção. Daí a frase popular: “Mijou de medo.”
Medos dali, medos daqui nos perseguem desde cedo, durante anos e mais anos. Pouco a pouco vão se formando modelos dos eventos perigosos e não perigosos.Também lentamente vamos avaliando e formando mapas da nossa capacidade e incapacidade de enfrentar problemas X ou Y. Uma vez vivenciadas vitórias e derrotas, vamos armazenamos os sinais indicadores de um enfrentamento perigoso versus um fácil e tranquilo. As crianças, ainda cedo, desenvolvem uma ideia (avaliação) semelhante ao modelo adulto. Elas usam para isso as ideias “bom x ruim” antes de elas usarem a linguagem semântica.
Portanto, podemos descrever a ansiedade produtiva (sadia) como sendo um estado de alerta e prontidão para agir adequada e produtivamente. Uma vez disparado o medo, o organismo, antes calmo, transforma-se num organismo animado e/ou agitado. O medo (ansiedade) leva o indivíduo a agir: atacar, fugir ou ficar “fingindo de morto”. Estas ações buscam aliviar o estado emocional desagradável provocado pelo medo. A resposta automática do organismo ao medo (palpitação, boca seca, etc.) diminui ou desaparece quando a emoção termina: antes e depois de falar em público, aproximar-se da primeira namorada ou transa, esperar e, ou iniciar uma prova, concurso, disputa, etc. Geralmente, terminada a ação, terminam os sinais e sintomas da ansiedade.
O medo ou ansiedade se compõe de manifestações subjetivas e objetivas. As manifestações subjetivas vão desde um sentido aumentado de alerta ou consciência, até medos profundos de um desastre iminente. Já as manifestações objetivas consistem de respostas corporais aumentadas, inquietação e mudanças autônomas (falta de ar, tremores, etc.). O medo é, na maioria das vezes, adaptativo (produtivo), pois desperta e prepara o indivíduo para possíveis perigos (riscos, acidentes). O medo, portanto, contribui para administrar as condutas necessárias para enfrentar as circunstâncias difíceis e negativas. A ansiedade severa desorganiza, ela tende a ser improdutiva.
Os estímulos ameaçadores são extremamente comuns na vida diária: batidas nas estradas, roubos, doenças, etc. Os indivíduos não ansiosos captam menos indicadores perigosos que os ansiosos. É possível que a propensão (inclinação, tendenciosidade) perceptual proteja os “normais” das ameaças que estão em todos os lugares e momentos. Este grupo adora gritar: “Eu sou otimista!”; “Está tudo melhor do que os pessimistas pensam.” Assim os “normais” tendem a perceber menos os perigos do meio ambiente, diminuindo, desse modo, seus medos. Por outro lado, os ansiosos não se utilizam de recursos para diminuir a quantidade e qualidade dos perigos que os rodeiam. Os ansiosos, sempre de prontidão para detectar desgraças, dirigem a atenção para as inúmeras e pequenas ameaças que estão para ocorrer. O afeto negativo, que ocorre nos ansiosos, pode ser o resultado ou causa do seu excessivo processamento de informações medianamente ameaçadoras do meio ambiente. O afeto positivo dos normais pode estar relacionado a uma inibição desse processamento. Tanto os aspectos ameaçadores físicos como os sociais são observados com mais atenção pelos indivíduos ansiosos. O material ameaçador é o processado seletivamente pelos ansiosos.Os esquemas ou “programas” dos ansiosos foram construídos ou assentados na experiência negativa e perigosa. Portanto, os  assimiladores de informações positivas e negativas, que formam a mente (a maneira de ver o mundo) de cada um deles, uma vez construídos com “alimentos” negativos e perigosos, forçosamente descobrirá e processará informações perigosas em qualquer lugar.
Em resumo: a ansiedade é caracterizada por uma tendência da atenção da pessoa para operar num nível perceptual que facilita a captação de informações emocionalmente ameaçadoras. O não ansioso focaliza situações não perigosas. Um cientista caracterizou a percepção como um processo cíclico, que num primeiro estágio envolve um recebimento passivo da informação do meio ambiente. Esta, a percepção, é mapeada com representações ou esquemas internos. A capacidade perceptiva do processador de informações (de nossa mente) varia de indivíduo para indivíduo. O processador da “realidade” acomoda tanto a informação como os recursos (ferramentas) usados durante o processamento dos estímulos selecionados. O funcionamento desse esquema parece ser diferente entre os ansiosos e não ansiosos, quando a ordenação inclui elementos que são emocionalmente ameaçadores.
Tipicamente os indivíduos atribuem seus afetos negativos às fontes internas, ao passo que os ansiosos, na maioria das vezes atribuem-nos às fontes externas, levando-os a evitar certas espécies de situações. Beck, 1976, sugeriu que depressão está associada com pensamentos negativos referentes normalmente ao passado, enquanto a ansiedade está mais relacionada com pensamentos associados a ameaças futuras.
O Cérebro e o Processo da Sensibilização (Produção) da Ansiedade Patológica
Experiências negativas (estresses) da criança, durante a fase de desenvolvimento, podem provocar a sensibilização dos circuitos do medo e assim facilitar a resposta ao medo, tornando-a exagerada. A sensibilização da pessoa implica que o sistema cerebral dela se torna mais excitável ou mais sensível. Medos e marcas do medo/ansiedade podem, algumas vezes, ser formados para sempre no cérebro. O medo pode também ser aprendido observando o medo de outros. Macacos treinados para não ter medo de cobras passam a ter medo vendo os outros temerosos diante da cobra.
Durante o enfrentamento do medo aumenta a atividade dos circuitos do medo do cérebro. Quando termina o medo, diminui - volta ao seu nível normal - a atividade dos circuitos do medo. Se os circuitos são constantemente ativados, eles podem ficar excitados mesmo na ausência dos estímulos estressantes; os circuitos do medo ficam superativados constantemente. Portanto, após o aparecimento de respostas repetitivas de fortes emoções, a hiperexcitabilidade dos circuitos do medo fica mais sensitiva e torna-se mais sensível ou fácil para ser ativada. Desse modo as respostas ao medo ficam mais  fáceis ou prontas para serem disparadas.
Uma vez criado o cérebro hiperexcitável ocorre uma maior prontidão da mente para perceber e focalizar as informações mais ameaçadoras. No caso do cérebro excitável a pessoa fica mais propensa e seletiva para perceber mais estímulos ameaçadores (mais nervosa, medrosa, agressiva). A ativação dos circuitos do medo passa a funcionar independente e sem auxílio do estímulo disparador, isto é, fica fora do controle consciente da pessoa, não mais obedece à razão. A pessoa fica controlada pelas emoções negativas (desagradáveis), isto é, pelo circuito do medo (raiva, etc.).
Provavelmente a amígdala (região do cérebro) e suas conexões jogam um papel central tanto no medo normal como na ansiedade patológica. Provocado o medo (ou ansiedade) há um aumento da liberação de hormônios neuroendócrinos (glicocorticóides e outros hormônios) ao aumentar a excitabilidade dos circuitos do medo que inclui a estrutura da amígdala. A hiperexcitabilidade nesses circuitos e nos hormônios, por sua vez, em cascata, dão origem a eventos biomoleculares que incluem aumento da expressão de genes.
Explicando de outro modo: quando as condições do meio se tornam menos previsíveis, a amígdala entra em funcionamento visando antecipar e responder às novas informações surgidas (a novidade geralmente produz medo), particularmente os eventos negativos (um barulho ou grito inesperado; a ameaça do assaltante, etc.). Atenção, vigilância e prontidão-excitação têm um papel importante no medo e ansiedade. Este é um mecanismo inconsciente. Durante o evento estimulador do medo ou ansiedade o fluxo sanguíneo encontra-se aumentado na amígdala cerebral.
Fatores geradores da Ansiedade Crônica
Fatores genéticos: 10 a 15% das crianças parecem nascer excessivamente envergonhadas. Elas têm níveis elevados de excitação e propensão para sensibilidade aumentada, com respostas inibidas (medo), que persistem na vida adulta.
Experiências traumáticas podem desenvolver um medo exagerado e hiperexcitabilidade nos circuitos neurais: guerra, estupro, etc. As vítimas adquirem, após o acidente, uma memória viva, terrível, recorrente para o fato traumático, podendo ficar cronicamente hiperexcitável.
Trauma muito cedo, principalmente separações, tem um efeito negativo no desenvolvimento das emoções, segundo estudos feitos com separações e privações de animais, principalmente as longas separações.
Acontecimentos aversivos sociais durante a adolescência e no adulto jovem podem fazer aparecer às fobias sociais.
Derrotas sucessivas conduzem ao aumento de submissão na hierarquia dominante. O medo no rato é aumentado após continuadas derrotas.
TRANSTORNO DE ESTRESSE AGUDO
O Transtorno de Estresse Agudo é causado pela exposição a uma situação traumática avassaladora, similar ao Estresse Pós-traumático, exceto por ocorrer durante o primeiro mês após o evento traumático.
O indivíduo com um estresse agudo foi exposto a um acontecimento terrível. Ele revive mentalmente o evento traumático, evita coisas que possam lembrá-lo e apresenta um nível alto de ansiedade. O indivíduo também apresenta três ou mais dos sintomas a seguir:
Sensação de embotamento, distanciamento ou ausência de resposta emocional.
Percepção reduzida do meio ambiente (p.ex., atordoamento).
Sensação de que as coisas não são reais.
Sensação de que ele mesmo não é real.
Incapacidade de lembrar-se de uma parte importante do evento traumático.
TRANSTORNO DE ESTRESSE PÓS-TRAUMÁTICO
O Transtorno de Estresse Pós-traumático é um distúrbio da ansiedade causado pela exposição a uma situação traumática avassaladora.
As situações que ameaçam a vida ou que lesam gravemente um indivíduo podem afetá-lo durante muito tempo após a sua ocorrência. O medo intenso, o desamparo e o terror são frequentes. A situação traumática é repetidamente revivida em pesadelos ou em imagens que lhe vêm à memória (flashbacks). O indivíduo evita constantemente objetos e pessoas que tenham ligação com o evento traumático ou que possam de forma inconsciente - e indireta - despertar tais lembranças.
O transtorno afeta a capacidade de reação a estímulos, podendo ocorrer também sintomas de hiper-reatividade e depressão. Às vezes, esses sintomas se manifestam passados meses ou até anos da data do evento traumático.
Estima-se que 25% das pessoas que passam por eventos traumáticos (acidentes automobilísticos, catástrofes naturais, estupro, tortura, testemunhar mortes violentas) desenvolvam esse transtorno, que tem maior incidência em mulheres (o dobro).
Em crianças, os eventos traumáticos podem incluir experiências sexuais inadequadas, mesmo sem violência ou danos físicos reais ou ameaçadores.
TRANSTORNO OBSESSIVO COMPULSIVO (TOC)
É caracterizado essencialmente por ideias obsessivas e comportamentos compulsivos recorrentes.
As ideias obsessivas são pensamentos, representações ou impulsos que se intrometem na consciência do sujeito de modo repetitivo e estereotipado. Ele tem consciência desses pensamentos, e tenta de todas as maneiras evitá-los, mas sem qualquer sucesso.
Os comportamentos e os rituais compulsivos são atividades estereotipadas e repetitivas. O sujeito não tira qualquer proveito real realizando essas atividades. Elas não representam qualquer tarefa útil de seu dia a dia, servindo apenas para aliviar suas obsessões. Entretanto, até a mínima impossibilidade de realizá-las ou a tentativa de alterá-las agrava ainda mais o quadro do paciente, que pode experimentar crises mais graves de ansiedade, outro sintoma muito comum nesse transtorno.
Sintomas obsessivos mais comuns
Medo de contaminação por germes, sujeiras etc.
Imaginar que tenha ferido ou ofendido outras pessoas.
Imaginar-se perdendo o controle, realizando violentas agressões ou até assassinatos.
Pensamentos sexuais urgentes e intrusivos.
Dúvidas morais e religiosas.
Pensamentos proibidos.
Sintomas compulsivos mais comuns
Lavar as mãos para eliminar germes, bactérias, etc.
Repetir determinados gestos
Verificar se as coisas estão como deveriam, porta trancada, gás desligado, etc.
Tocar objetos
Contar objetos
Ordenar ou arrumar os objetos de uma determinada maneira
Rezar repetida vezes sem parar

TRANSTORNOS DE PERSONALIDADE
Estes distúrbios compreendem habitualmente vários elementos da personalidade. Acompanham-se em geral de angústia pessoal e desorganização social, e aparecem habitualmente durante a infância ou a adolescência, persistindo de modo duradouro na idade adulta.
TRANSTORNO DE PERSONALIDADE ANTISSOCIAL
Transtorno de personalidade caracterizado por um desprezo das obrigações sociais e a falta de empatia para com os outros. Há um desvio considerável entre o comportamento desses indivíduos e as normas sociais estabelecidas.
O comportamento não é facilmente modificado pelas experiências adversas, inclusive pelas punições. Existe uma baixa tolerância à frustração e um baixo limiar de descarga de sua agressividade, inclusive da violência.
Existe uma tendência a culpar os outros ou a fornecer racionalizações plausíveis para explicar um comportamento que o leva a entrar em conflito com a sociedade.
Todos nós já convivemos com pessoas que chegamos a amar e, possivelmente, hoje odiamos. Relacionamo-nos com um tipo de indi­víduo que num primeiro encontro mostrou-se agradável, simpático, e deu-nos a impressão de estar interessado por nossos problemas e de ser honesto. Com o passar do tempo, o percebemos como o oposto do que sua “máscara de saúde” aparentava. Os psiquiatras classificam esses indivíduos como possuidores de um “transtorno da personalida­de antissocial”.
São figuras humanas interessantes, constituindo 70% dos habitan­tes das penitenciárias, portanto, muitos deles estão soltos. É preciso muito cuidado com eles, pois podem infernizar nossa vida. Aparecem mais frequentemente entre os homens, embora muitas mulheres sejam antissociais. Alguns autores afirmam que 4% da população apresenta essa conduta, para outros, a proporção é maior. O direito denomina es­sas pessoas de “criminosos”, “estelionatários” e outros termos. O povo avalia negativamente esses indivíduos, chamando-os de “cara-de-pau”, “marginais”, “sem-caráter”, “sem-vergonha”, “safados”, “desonestos”.
Falantes e animados, dão a impressão de pessoas felizes e bem-ajustadas. São artistas, exibindo uma falsa autenticidade, segurança e ótima saúde mental que, de fato, não possuem. Atenciosos e sem inibições, cativam rapidamente a todos, principalmente às mulheres, que se apaixonam com frequência por eles e muitas vezes passam a dedicar-lhes suas vidas.
É atraído por ações perigosas e detesta ambientes tranquilos. Ele agride as pessoas quando frustrado, age apressadamente diante de situações problemáticas, pois não tolera refletir ou adiar ações. O antissocial é indisciplinado e geralmente incapaz de seguir objetivos a longo prazo, bons ou maus, isso não importa.
Nas suas conquistas, pode ocorrer que já num primeiro en­contro o antissocial declare todo seu amor e paixão à ingênua mocinha.
Propõe-lhe um casamento ou uma vida a dois maravilhosa, pois está “caído” por ela. Em seguida, pede-lhe um empréstimo, pois terá de viajar na manhã seguinte para realizar um grande negócio, mas, como foi assaltado há poucos instantes, ficou sem dinheiro e tam­bém sem seus preciosos talões de cheques.
Às vezes o “golpe” é mais lento. Há um início de namoro, com grande intimidade com sua parceira e familiares dela. Fica amigo de todos, conversa muito, conta casos interessantes e alegres, mostra-se prestativo, frequenta a casa da namorada, passa a almoçar, jantar e até dormir lá. Para justificar o seu modo de vida, histórias fantás­ticas são relatadas à família. Essas, à medida que se descobre sua falsidade, são trocadas por outras mais fantásticas ainda.
Ele não está trabalhando porque tirou férias de uma grande empresa, onde é diretor-presidente. Terminadas as suas “férias”, ele está planejando um vultoso negócio para a companhia e por isso foi dispensado de ir trabalhar. Que pena! De repente, fizeram-lhe uma injustiça: ele foi demitido. Mas não foi nada, pois ganhará uma gran­de indenização e antes de largar o trabalho, já terá sido contratado para novo emprego, por sinal muito melhor do que o anterior. Sem endereço nem telefone, sua família é uma incógnita, até seu nome costuma ser falso.
Enganando a namorada, ele pode chegar ao casamento. Após este se consumar, surgem as brigas, as agressões físicas, as exigên­cias de dinheiro e, com frequência, a infidelidade conjugal aberta: leva mulheres para dentro de casa, “transa” com a vizinha, com a cunhada ou com a melhor amiga do casal.
Não mostra nenhum senso de responsabilidade conjugal. O casamento quase sempre dura pouco, acabando com o abandono da mulher e dos filhos. Nosso “herói” desaparece, arruma uma nova par­ceira para explorar. De quando em quando, retorna à antiga mulher, fazendo proposta de reconciliação, num tom de voz aparentemente emocionado, com olhos cheios de lágrimas. Nesses momentos, aparentando sinceridade, jura seu amor e arrependimento por tê-la abandonado. Afirma que nunca mais vai ocorrer o que aconteceu.
Entretanto, as promessas duram pouco: só até à primeira frustração ou à primeira sedução fora de casa.
Em sua mente nunca há culpa, ele nunca aprende com seus com­portamentos inapropriados, pois não sofre com isso. Não é leal a nin­guém, nem com nenhum grupo ou ideias. Não consegue julgar adequadamente nenhum de seus atos, nem os dos outros, pois não é atingido pelo sofrimento alheio. Explica, com sua lógica deturpada, toda e qualquer conduta sua, mesmo a mais imoral. Agressivo e impulsivo, não tolera ser frustrado. É um indivíduo geralmente incapaz de seguir qualquer objetivo a longo prazo, bom ou mau, isso não importa.
Alguns estudiosos desses “doentes” afirmam que eles buscam, durante suas vidas, um caminho capaz de transformá-las em fracasso. Assim, se cometem uma falta ou um crime, arriscam-se, comentam, enfim, fornecem pistas para serem descobertos. (evidentemente, eles não são “bons” criminosos.)
Ele não é um “louco” no sentido literal da palavra, mas é capaz de, após matar os pais para conseguir dinheiro para suas farras, pedir ao júri clemência por ser órfão. Após conseguir donativos para um asilo inexistente, afirmar que sua atitude ajudou àqueles que deram esmolas, pois os doadores ficaram aliviados e felizes por estarem ajudando os velhinhos pobres.
À primeira vista eles parecem brilhantes, com inteligência superior, seja no trabalho, seja no estudo ou nas relações sociais. Mas, inevitavelmente, mais cedo ou mais tarde fracassarão, serão demitidos do emprego, afastados dos amigos e perderão tudo aquilo que, para os “normais”, é caro.
Os antissociais estão em todas as partes: são encontrados nas favelas, nos bairros pobres, nas cidades do interior, nas grandes capitais, nos palacetes e até nos palácios governamentais. Diga-se de passagem, não são raros também entre os políticos. Alguns são presos por dar cheques sem fundos, roubar, montar firmas ou clínicas fantasmas, ludibriar seus clientes e assim por diante. Outros aprendem às vezes bem a utilizar-se de um vocabulário altamente sofisticado e eloquente, para manipular os outros em seu benefício.
Utilizam também com esmero recursos histriônicos para comunicar sentimentos falsos. Esses, os mais socializados, escapam do cerco policial, chegando a ser vereadores, médicos, psicólogos, advogados, deputados, pastores, padres ou até mesmo governadores e pre­sidentes da república. Sua conversa fácil e sua crença em inverdades, ditas com entusiasmo, seduzem o incauto que o procura ou o elege, projetando nele o seu Deus.
Diante do leigo, ou mesmo do psiquiatra, ele parece normal. Durante a entrevista, nada revela de loucura, incapacidade ou deficiência mental. É sua história de vida, examinada e contada pelos acompanhantes, que fornecerá as pistas para percebermos que estamos diante de um indivíduo com perturbação da personalidade do tipo antissocial: um “doente” na sociedade.
Entre as quadrilhas mais sofisticadas, as com um grau mínimo de organização, os antissociais não são aceitos, pois lhes falta, não só a disciplina, com também alguma ligação afetiva com o grupo de crime necessária ao êxito do empreendimento. A maioria deles não comete crimes suficientemente grandes para serem presos por longos períodos. Portanto, até com respeito ao crime, eles não são sérios.
A carreira do antissocial geralmente começa cedo, ao roubar as merendas dos colegas ou faltar às aulas, agredir companheiros ou professores, ou ainda fugir de casa. Inicia relações sexuais precocemen­te. Bebe, ainda na infância, com grande prazer. Não se liga a grupos por muito tempo. Maltrata ou mata pequenos animais, agride sem piedade ou motivo os companheiros mais fracos, explora-os como pode. Mas sempre acha que tem razão.
Com o aumento de seu poder, ao crescer apodera-se do carro do pai, estraga-o, faz farras e, quando recriminado, justifica-se, aparen­tando total sinceridade. Representando arrependimento, jura que vai mudar sua conduta, garante que aquilo nunca mais vai acontecer. Na primeira oportunidade, porém, ele retorna ao mesmo comportamento e novo juramento é feito, sempre do mesmo jeito, demonstrando as mesmas emoções falsas de antes.
Mente a propósito de tudo, em qualquer lugar, com qualquer pessoa, e muitas vezes sem nenhuma razão. Se apanhado na mentira dará sua “palavra” de honra” de que não mais faltará com a verdade e firmará, nesse sentido, um “pacto de cavalheiro”. Entretanto, para nosso azar, os castigos, as críticas, as prisões e os internamentos geral­mente não produzem efeito a longo prazo. Sua escalada continua: uso de bebidas, drogas, acidentes graves, roubos, abandono de emprego, brigas, cheques sem fundo, mentiras e mais mentiras.
Os pais, desesperados, tentam ajudá-lo, montando um comércio, que é “depenado” em pouco tempo. Mandam-no para a fazenda do tio e lá ele planta maconha. Internam-no na casa de saúde e ali ele vende suas roupas, compra drogas, suborna o guarda e foge. Pedem a sua prisão. Nesta, ele se mostra como um cordeiro, e ao ganhar confiança, na primeira oportunidade burla a própria polícia. Nunca pensa a longo prazo, sendo total seu imediatismo.
Não se pode contar com o antissocial, pois ele engana, rouba, falsifica, adultera e mente. Cultiva um grande desprezo pelas normas da sociedade, pelas dificuldades dos outros, sejam elas emocionais, financeiras, físicas ou sociais. Não se envergonha do que fez ou faz. Sua vida é cheia de proezas, que levariam a maioria dos homens à depressão ou mesmo ao suicídio. Entretanto, no antissocial não se exterioriza nenhum ato que possa indicar remorso ou humilhação. Nele não foram introjetados os nossos valores, sejam morais, sejam estéticos.
Os mais espertos aprendem o desejado pelas pessoas. Conseguem transmitir ao povo a sua máscara de saudável honestidade e honradez através de um discurso contendo tudo aquilo que o povo deseja ouvir e alcançar. Depois, sozinhos ou com seus companheiros do mesmo caráter, tomando seu uísque escocês, riem e zombam daqueles que, inocentemente, depositaram confiança neles. Cuidado! Eles estão em toda parte!
TRANSTORNO DE PERSONALIDADE BORDERLINE
Transtorno de personalidade caracterizado pela tendência nítida em agir de modo imprevisível, sem consideração pelas consequências, com humor imprevisível e caprichoso, tendência a acessos de cólera e uma incapacidade de controlar os comportamentos impulsivos, tendência a adotar um comportamento briguento e a entrar em conflito com os outros principalmente quando os atos impulsivos são contrariados ou censurados.
O indivíduo apresenta também perturbações da autoimagem, uma sensação crônica de vacuidade, relações interpessoais intensas e instáveis e uma tendência a adotar um comportamento autodestrutivo, compreendendo tentativas de suicídio ou gestos suicidas.
TRANSTORNO DE PERSONALIDADE ESQUIZÓIDE
Transtorno da personalidade caracterizado por um retraimento dos contatos sociais, afetivos ou outros, preferindo a fantasia, atividades solitárias e a reserva introspectiva; apresentando uma incapacidade de expressar seus sentimentos e a experimentar prazer.
TRANSTORNO DE PERSONALIDADE NARCISISTA
A característica essencial do Transtorno da Personalidade Narcisista é um padrão invasivo de grandiosidade, necessidade de admiração e falta de empatia.
Os indivíduos com este transtorno têm um sentimento grandioso de sua própria importância. Eles rotineiramente superestimam suas capacidades e exageram suas realizações, frequentemente parecendo presunçosos ou arrogantes. Eles podem presumir que os outros atribuem o mesmo valor a seus esforços e surpreender-se quando não recebem o louvor que esperam e julgam merecer. Um menosprezo (desvalorização) da contribuição dos outros está frequentemente implícito na apreciação exagerada de suas próprias realizações.
A vulnerabilidade da autoestima tornam os indivíduos com Transtorno da Personalidade Narcisista muito sensível a "mágoas", por críticas ou derrotas. Embora possa não demonstrar abertamente, as críticas podem assolar esses indivíduos e levá-los a se sentirem humilhados, degradados e vazios.
Sua reação pode ser de desdém, raiva ou contra-ataque afrontoso. Essas experiências frequentemente o levam a um retraimento social ou a uma aparência de humildade que pode mascarar e proteger sua grandiosidade. As relações interpessoais tipicamente estão comprometidas pelos problemas resultantes do sentimento de intitulação, da necessidade de admiração e do relativo desrespeito à sensibilidade alheia.
Embora a ambição e a confiança ufanista possam levar-lhes a grandes realizações, o desempenho pode ser perturbado em virtude da intolerância a críticas ou derrotas. Às vezes o desempenho profissional pode ser muito baixo, refletindo uma relutância para assumir riscos em situações competitivas ou de outra espécie, nas quais a derrota é bastante provável. Sentimentos persistentes de vergonha ou humilhação e a autocrítica pertinente podem estar associados com retraimento social, humor deprimido e Transtorno Depressivo Maior ou Distímico.
Por outro lado, períodos persistentes de grandiosidade podem estar associados com um humor hipomaníaco. O Transtorno da Personalidade Narcisista também está associado com Anorexia Nervosa e Transtornos Relacionados a Substâncias (especialmente relacionados à cocaína).
Os Transtornos da Personalidade Histriônica, Borderline, Anti-Social e Paranóide podem estar associados com o Transtorno da Personalidade Narcisista.
TRANSTORNO DE PERSONALIDADE PARANÓIDE
Transtorno da personalidade caracterizado por uma sensibilidade excessiva face às contrariedades, como a recusa de perdoar os insultos, o caráter desconfiado, tendência a distorcer os fatos interpretando as ações imparciais ou amigáveis dos outros como hostis ou de desprezo, suspeitas injustificadas a respeito da fidelidade do parceiro sexual e um sentimento combativo e obstinado a favor de seus próprios direitos.
Pode existir uma superavaliação de sua auto-importância, havendo frequentemente auto-referência excessiva.

TRANSTORNOS DELIRANTES
ESQUIZOFRENIA
A esquizofrenia é um distúrbio mental grave, caracterizado pela perda do contato com a realidade (psicose), alucinações, delírios (crenças falsas), pensamentos anormais e alteração do funcionamento laborativo e social.
A esquizofrenia é um importante problema de saúde pública em todo o mundo. A sua prevalência mundial parece ser discretamente inferior a 1%, embora tenham sido identificados bolsões de maior ou menor incidência. Nos Estados Unidos, os indivíduos com esquizofrenia ocupam cerca de um quarto (1/4) dos leitos hospitalares e correspondem aproximadamente a 20% de todos os dias de afastamento da Previdência Social. A esquizofrenia é mais prevalente que a doença de Alzheimer, o diabetes ou a esclerose múltipla. No Brasil, são registrados 56.000 casos por ano.
Diversos distúrbios compartilham as características da esquizofrenia. Os distúrbios que se assemelham à esquizofrenia, mas cujos sintomas estão presentes a no mínimo 6 meses são denominados distúrbios esquizofreniformes. Quando os sintomas persistem por pelo menos um dia, mas se repetem pelo menos por um mês são denominados distúrbios psicóticos breves.
Um distúrbio caracterizado pela presença de sintomas do humor (p.ex., depressão ou mania) juntamente com sintomas mais típicos de esquizofrenia é denominado distúrbio esquizoafetivo.
Um distúrbio da personalidade que pode compartilhar sintomas de esquizofrenia e no qual os sintomas em geral não são tão graves a ponto de satisfazer aos critérios da psicose é denominado distúrbio da personalidade esquizotípica.
TRANSTORNO ESQUIZOTÍPICO
Transtorno caracterizado por um comportamento excêntrico e por anomalias do pensamento e do afeto que se assemelham àquelas da esquizofrenia, mas não há em nenhum momento da evolução qualquer anomalia esquizofrênica manifesta ou característica.
A sintomatologia pode comportar um afeto frio ou inapropriado (anedonia); um comportamento estranho ou excêntrico; uma tendência ao retraimento social; ideias paranóides ou bizarras sem que se apresentem ideias delirantes autênticas; ruminações obsessivas; transtornos do curso do pensamento e perturbações das percepções; períodos transitórios ocasionais quase psicóticos com ilusões intensas, alucinações auditivas ou outras e ideias pseudodelirantes, ocorrendo em geral sem fator desencadeante exterior.

TRANSTORNOS DISSOCIATIVOS
Os transtornos dissociativos (ou de conversão) se caracterizam por uma perda parcial ou completa das funções normais de integração das lembranças, da consciência, da identidade, das sensações imediatas e do controle dos movimentos corporais.
Os diferentes tipos de transtornos dissociativos tendem a desaparecer após algumas semanas ou meses, quando sua ocorrência está associada a um acontecimento traumático.
Podem evoluir para transtornos mais crônicos (como paralisias e anestesias) quando a ocorrência do transtorno está ligada a problemas ou dificuldades interpessoais insolúveis.
AMNÉSIA DISSOCIATIVA
A característica essencial é a perda da memória que diz respeito a acontecimentos importantes e recentes, causada por eventos traumáticos como acidentes ou perdas de parentes ou amigos próximos.
A amnésia é bastante frequente na vida desses indivíduos quando parcial e seletiva. Uma amnésia completa e generalizada é rara, e diz respeito habitualmente a uma fuga. Neste caso, deve-se fazer um diagnóstico para Transtorno da Fuga.
SÍNDROME DE DESPERSONALIZAÇÃO-DESREALIZAÇÃO
Transtorno de Despersonalização consistem de episódios persistentes ou recorrentes em que o indivíduo sente uma sensação de irrealidade e distanciamento de si mesmo, como se estivesse em um sonho ou filme.
O indivíduo tem uma sensação de ser um observador externo dos próprios processos mentais e do próprio corpo. Há também o sentimento de anestesia sensorial, falta de resposta afetiva, sensação de não ter o controle das próprias ações incluindo a fala e uma alteração na percepção de  tamanhos ou formas de objetos (macropsia ou micropsia) e pessoas, observadas como "estranhas" ou "mecânicas".
Outras características associadas incluem sintomas de ansiedade, sintomas depressivos, ruminação obsessiva, preocupações somáticas e uma perturbação do sentido de tempo. Em alguns casos, a perda de sentimentos (característica da despersonalização) pode imitar um Transtorno Depressivo Agudo; em outros, pode coexistir com ele. Hipocondria e Transtornos Relacionados a Substâncias podem também coexistir com o Transtorno de Despersonalização.
É o terceiro transtorno psiquiátrico mais comum (depois da ansiedade e da depressão), tendo como causa principal o fato do indivíduo ter passado por um perigo potencialmente letal (acidente, assalto ou doença ou lesão grave).
TRANSTORNO DA FUGA
Transtorno da Fuga é caracterizado pela incapacidade do indivíduo em recordar aspectos importantes de sua vida - como seu passado e sua identidade (Amnésia Dissociativa), seguida de um deslocamento geográfico intencional, que excede os trajetos cotidianos.
O indivíduo muda de cidade ou estado, e, em muitos dos casos, adota uma nova identidade e personalidade, que tende a ser mais descontraída e desinibida. Apesar de sofrerem de um transtorno mental, o traço dessa doença dificilmente é percebido por pessoas que não sejam profissionais da área de saúde mental.
Esses transtornos frequentemente são desencadeados por um estresse avassalador, que pode ser causado pela experiência ou observação de um evento traumático (como um acidente ou um desastre) ou por ter vivenciado um conflito interno tão intolerável que a sua mente foi forçada a separar as informações e os sentimentos incompatíveis ou inaceitáveis.
O transtorno geralmente tem durações curtas (horas ou dias), mas pode permanecer por períodos mais longos (semanas e meses).
TRANSTORNO DE PERSONALIDADE MÚLTIPLA
É caracterizado por duas ou mais personalidades distintas num mesmo indivíduo, se alternando uma de cada vez.
Cada personalidade é completa, com suas próprias memórias, comportamento e gostos, de forma bastante elaborada e complexa. Podem ter sexos, idades, raças ou comportamentos diferentes (uma sendo sexualmente promíscua e outra recatada).
Seu início geralmente se dá por um estresse psicológico grave vivenciado durante a infância; como abuso sexual ou físico. É uma condição grave, crônica e potencialmente incapacitante ou fatal. Os indivíduos com esse distúrbio frequentemente tentam o suicídio, sendo esse talvez, o transtorno com maior incidência dessa prática.

TRANSTORNOS DO SONO
Das 8.760 horas de um ano, o homem dedica perto de 3.000 ao sono e dorme aproximadamente 24 anos de sua existência. Você, que está lendo esse artigo, já teve vários sonhos, pesadelos e algumas vezes falou enquanto dormia. Quando criança, ou mesmo depois de adulto, urinou na cama e pode ter perambulado pela casa durante seu sono. Alguns dias deitou-se e demorou a adormecer; diversas vezes acordou durante a noite ou cedo demais, sem desejar, e durante al­guns dias de sua existência, você trabalhou sonolento. Talvez use, ou já usou, medicamentos, na falsa esperança de que eles o ajudariam a dormir. Você sabe o que é o sono?
Cerca de 12 a 15 por cento da população dos países industria­lizados tem sérios distúrbios do sono, outros 20 a 25 por cento da população apresentam distúrbios ocasionais de insônia.
A partir das ondas cerebrais, que são detectadas quando um eletroencefalograma (EEG) é registrado durante o sono, verifica-se o aparecimento de ondas sincronizadas (sono NREM), também denomi­nado de sono ortodoxo, e de ondas não-sincronizadas (sono REM), ou sono paradoxal. O termo “REM” decorre do inglês (“rapid eye movements”), indicando que nesse sono ocorrem movimentos rápidos dos olhos.
O sono NREM (sem movimentos rápidos dos olhos), compreen­de três fases: 1, 2 e 3 (delta). Nosso sono inicia-se com um sono mais leve e prossegue até alcançar a etapa mais profunda. Ao adormecer, surgem as fases do sono, nas sequências 1-2- 3 (delta)  e novamente 2, que são entremeadas pela fase REM (fase dos sonhos). A fase 1 é o período de transição da vigília ao sono.
O sono delta, sono profundo, é o período do comportamento extravagante, quando as pessoas falam dormindo, se sentam e come­çam a ter longas conversas consigo mesmo e os sonâmbulos levantam-se e passam a andar pela casa. É também o período da noite em que as crianças, às vezes, urinam na cama, ou apresentam o estranho problema chamado terror noturno (por exemplo, gritar enquanto dorme).
Ao começar o sono REM, o corpo se acha totalmente relaxado. Se alguém arrastar a pessoa para fora da cama e tentar colocá-la de pé, ela cairá. O corpo não se move absolutamente, percebendo-se apenas a oscilação ocular. Caso se trate de um homem, ele tem uma ereção peniana automática, caso se trate de mulher, os tecidos vaginais enchem-se de sangue. No interior do corpo, os batimentos cardíacos e a pressão arterial sobem, a respiração torna-se irregular, e poderosos hormônios invadem a corrente sanguínea, liberados de certos órgãos, tais como das glândulas suprarrenais. Todos os tipos de cenas e imagens fantásticas passam pela mente da pessoa, pois é nesse período que se tem a maioria dos sonhos e pesadelos.
Cada ciclo completo de sono NREM, somado ao REM, tem uma duração aproximada de 90 minutos cada. Durante uma noite inteira de sono, ocorrem 4 e 5 ciclos, de cerca de 90 minutos cada. Nos ciclos posteriores, no fim da noite, quase não se observa mais a fase delta.
Nos idosos, a fase 1 do sono NREM, que é o sono mais superficial, cresce muito, em detrimento do sono delta ou sono profundo. Nessa faixa etária também, diminui geralmente o número de horas realmente dormidas, que cai para 5 a 6 horas por noite. Em outras palavras, o idoso normal dorme menos tempo, sonha menos e seu sono é mais superficial e, além disso, frequentemente apresenta sonolência diurna.
As necessidades de horas de sono, além de variar com a idade, variam de pessoa para pessoa. Assim alguns necessitam de 10 a 12 horas, outros, de 3 a 4, alguns poucos, de apenas 1 hora de sono por noite. Uma pessoa apresenta insônia se sua dificuldade para dormir interfere cronicamente com uma eficiente função durante o dia, inde­pendente do número de horas dormidas. Portanto, o que caracteriza a insônia é o malestar ou sonolência diurna e não o número de horas dormidas durante a noite. Cada indivíduo deve estabelecer as suas necessidades diárias de sono, a partir de suas próprias experiências com diferentes números de horas de sono.
Alguns clientes se queixam do oposto da insônia, ou seja, da hipersônia, sono exagerado. Quando essa ocorre, é possível que a pessoa esteja dormindo um número de horas inferior à sua real ne­cessidade, mas também podem estar ocorrendo certos problemas médicos tais como o do hipotireoidismo, transtornos psiquiátricos (depressão), ou ainda perturbações específicas próprias do sono (ap­neia do sono, narcolépsia). Esses transtornos levam a pessoa a não dormir normalmente, ainda que eles achem que dormiram satisfato­riamente.
O que às vezes torna-se intrigante são as insônias de causas com­portamentais ou situacionais. Algumas são bastante óbvias. Sabe-se, por exemplo, que o primeiro sono da noite em local estranho é, em geral, insatisfatório. As pessoas que moram perto de aeroportos, ou de estradas e ruas muito movimentadas, talvez não durmam tão bem como quem vive numa tranquila localidade do campo, ou num bairro silencioso. Vários estudos revelam que, embora as pessoas que partilham da mesma cama e tenham, em geral, uma boa vida sexual, muitas vezes dormiriam melhor se estivessem em camas separadas, particularmente se uma delas tem sono agitado. Partilhar a cama com alguém pode significar também partilhar a insônia. Finalmente, a pes­soa pode, ocasionalmente, ser vítima do que é conhecido como “Insô­nia da Noite de Domingo”. Esta resulta em geral da alteração na escala horária dos fins de semana, quando se vai para a cama e se levanta mais tarde. Algumas pessoas, mesmo adormecidas, permanecem pen­sando intensamente, dando a impressão de estarem acordadas, mes­mo quando, objetivamente, através do eletroencefalograma, se perceba que estejam no sono NREM. Também pode ocorrer que certos insones apresentam tempo excessivo de sono na fase 1, isto é, na fase superficial, dando-lhes a impressão de estarem dormindo pouco.
As mais diversas e curiosas particularidades acerca da melhor maneira de dormir, para uma dada pessoa, são encontradas. Alguns necessitam silêncio absoluto, enquanto que para outros o sono é me­lhor quando ouvem uma música, ou quando a TV estiver ligada. Para alguns o melhor sonífero é um certo tipo de leitura.
Certas pessoas só dormem com as janelas abertas. Muitos, ao se dirigirem para a cama, imaginam que não vão dormir e acabam não dormindo. O exercício físico realizado no fim da tarde ou início da noite, parece influenciar o sono: há aumento de ondas deltas, enquanto que realizado em excesso, pouco antes de se deitar, prejudica o sono. É mais fácil acordar uma pessoa quando esta se encontra na fase 1 do que na fase 2, ou no sono REM, e há ainda mais dificuldade de despertá-la na fase delta.
Uns preferem a cama dura, outros, a macia. Não se dorme bem nas temperaturas muito baixas ou muito altas.  Dorme-se mal acima de 24 graus, nessa temperatura a pessoa acorda e movimenta-se mais vezes à noite e há um decréscimo do sono REM e do delta. Tudo in­dica que o sono melhora, se a pessoa alimentar-se com uma refeição leve à noite.
Alguns médicos decidem o que fazer diante de uma queixa de insônia dos seus clientes em cinco minutos, prescrevendo-lhes um comprimido para dormir. Isto é grave, pois parte dos pacientes que se queixam de insônia não a têm, quando se lhes faz exame mais minu­cioso. Outros que realmente têm insônia, podem estar apresentando distúrbios psiquiátricos ou médicos não tratáveis com hipnóticos ou ansiolíticos. A negligência em relação às drogas ingeridas diariamente pode também afetar o sono, caso a pessoa não perceba que está abusando delas. A cafeína existente no café, alguns chás e em vários refrigerantes, é provavelmente uma das mais ignoradas causas de insônias e, no que se refere ao sono, seus efeitos são, sem dúvida, pou­co lembrados. Dependendo da sensibilidade ao efeito excitante dessa droga, uma xícara de café é capaz de estimular o cérebro até sete horas de­pois de ingerida.
Se você fuma muito, isto é, dois maços, ou mais, de cigarros por dia, talvez o vício da nicotina o esteja mantendo acordado à noite. Os pesquisadores descobriram que alguns fumantes, após dormirem cerca de quatro horas, passam por uma necessidade de nicotina tão forte que acordam ansiosos por um cigarro.
Outra droga que perturba o sono é o álcool. Um pequeno “drinque”, ingerido para “chamar o sono”, perde pouco a pouco o seu efeito, e é preciso beber cada vez mais para conseguir o mesmo resultado. Em grande quantidade após uma verdadeira bebedeira, ou no caso extremo de um alcoólatra, o álcool é capaz de arruinar o sono normal durante dias ou semanas. Em qualquer quantidade, o álcool anula os períodos REM do sono, conduzindo, assim, a descanso pouco profundo. Quando se deixa de beber, todo o sono REM reprimido volta, trazendo consigo um acúmulo de sonhos e pesadelos.
Os comprimidos para dormir são capazes de transformar uma insônia comum, banal, diária, num verdadeiro monstro. A razão é que essas pílulas talvez provoquem, exatamente, o problema que estão destinadas a curar. Tomadas todas as noites funcionam apenas por algum tempo, em geral duas semanas. Tomando-se pílulas durante muito tempo, a insônia e a qualidade do pouco sono existente se tornará pior do que no tempo em que não se tomava comprimido algum.
Como nação de sofredores, possuímos o que equivale a uma fé religiosa no poder das drágeas. Tomamos comprimidos e cápsulas para tudo, desde ansiedade, dores nas costas, resfriados, depressão, fadiga, ressaca, azia, dores de estômago, etc., até, naturalmente, para a insônia. Se uma pílula não funciona, não perdemos a fé e a trocamos por outra. O poder de tal confiança é extraordinário e permanece muito misterioso. O grau de eficácia de um remédio depende, em parte, do seu conteúdo químico. A droga tem que ter o seu atrati­vo para a pessoa. É preciso que o paciente acredite nela, razão pela qual algumas das medicações de efeitos mais mortais são envoltas em alegres cápsulas de gelatina vermelha, amarela e verde, lembrando saborosas balas.
Drágea alguma proporciona uma noite de sono inteiramente nor­mal. Todas as vendidas com ou sem receita médica são depressoras do sistema nervoso central, maneira médica de dizer que funcionam indo direto ao cérebro e deixando semiconsciente a pessoa. Reduzem os batimentos cardíacos, a pressão arterial, o ritmo respiratório, os reflexos e o tono muscular, inibindo também parte do sono, em geral o ciclo REM.
De alguns anos para cá os estudiosos do sono têm “receitado” para a insônia uma substância chamada triptofano. Trata-se de uma proteína natural encontrada em diversos alimentos, desde a manteiga de amendoim até o bife. Triptofano, ou L-triptofano, conforme é às vezes chamado, fornece a matéria-prima do elemento químico cere­bral, a serotonina, que conforme os pesquisadores, é um dos ingre­dientes mais necessários à ativação dos centros do sono. Você, leitor, poderá economizar seu dinheiro indo direto à fonte para obter uma dose de triptofano. Entre os comestíveis com alto teor de proteínas figuram: atum, fígado, carne, costelas de porco, galinha, peru, amen­doim, feijão e laticínios, como queijo, requeijão e aquele antigo remé­dio caseiro para a insônia, muito usado pelas nossas mães, um copo de leite morno. Todos são encontrados, não nas farmácias, mas nos supermercados.
Se você não estiver com fome, pode tentar outro recurso: bas­ta procurar no seu armarinho de remédios: a aspirina e a dipirona devem estar lá. Alguns insones descobriram que elas têm o efeito de um suave comprimido para dormir. Não force seu sono, a raiva é um poderoso despertador interno. Para dormir, é necessário não pensar em dormir. Para terminar, Bom Sono e Bons Sonhos.
HIPERSONIA
A Hipersonia é definida como uma afecção com estado de sonolência diurna excessiva e ataques de sono (não explicados por uma quantidade inadequada de sono); e, por outro lado, por períodos de transição prolongados, até o estado de vigília completo após o despertar.
Na ausência de um fator orgânico que explica a ocorrência de uma hipersonia, este estado habitualmente se associa a um transtorno mental.
INSÔNIA
Na insônia, o sono é de quantidade e qualidade não satisfatórias.
O transtorno de sono persiste durante um período prolongado, podendo se tratar de uma dificuldade de adormecer, de uma dificuldade de permanecer adormecido ou de um despertar matinal precoce.

PESADELOS
O pesadelo é uma experiência de sonho carregada de ansiedade ou de medo, que se acompanha de uma lembrança muito detalhada do conteúdo do sonho.
Esta experiência de sonho é muito intensa e comportam em geral temas como ameaças à existência, segurança ou à autoestima. É frequente que os pesadelos tenham tendência a se repetir com temas idênticos ou similares.
Os episódios típicos comportam certo grau de hiperatividade neurovegetativa, mas sem atividade verbal ou motora notável.
Ao despertar, o sujeito se torna rapidamente alerta e bem orientado.
SONAMBULISMO
O sonambulismo é uma alteração do estado de consciência associando fenômenos de sono e de vigília.
Durante um episódio de sonambulismo o indivíduo se levanta do leito, em geral no primeiro terço do sono noturno, e deambula. Estas manifestações correspondem a um nível reduzido de percepção do ambiente, reatividade e habilidade motora.
Quando desperta, o sujeito geralmente não se recorda do que aconteceu.
TERROR NOTURNO
Episódios noturnos de terror e pânico extremos, associados a uma vocalização intensa, agitação motora e hiperfuncionamento neurovegetativo.
O indivíduo se senta ou se levanta geralmente no primeiro terço do sono noturno com um grito de pânico. Frequentemente corre até à porta como se quisesse fugir, mas raramente deixa seu quarto. A lembrança do evento, se existe, é muito limitada (reduzindo-se em geral a uma ou duas imagens mentais fragmentárias)

TRANSTORNOS DOS HÁBITOS E DOS IMPULSOS
CLEPTOMANIA
A característica essencial da Cleptomania é o fracasso recorrente em resistir a impulsos de furtar objetos.
A motivação principal está nos sintomas que o indivíduo experimenta durante e após o ato cleptomaníaco, como sentimento crescente de ansiedade (ou tensão) antes do furto, seguido de prazer, satisfação ou alívio após cometê-lo. Passado um tempo, a pessoa desenvolve também depressão e um sentimento de culpa quanto aos furtos. Os objetos furtados representam pouco ou nenhum valor sentimental ou financeiro para o indivíduo. Frequentemente, ele os dá de presente ou joga-os fora. Às vezes, o indivíduo coleciona os objetos furtados ou tenta devolvê-los disfarçadamente.
A Cleptomania é uma condição rara, sendo mais comum entre mulheres. O transtorno pode provocar dificuldades legais, familiares, ocupacionais e pessoais.
Embora os indivíduos com este transtorno evitem furtar quando uma detenção imediata é provável (por ex., na proximidade de um policial), eles não costumam planejar suas ações, nem levam plenamente em conta as chances de serem presos.
Os indivíduos com Cleptomania vivenciam o impulso de furtar como ego-distônico, ou seja, têm consciência de que o ato é errado e sem sentido, mas não consegue resistir-lhes.
JOGO PATOLÓGICO
Consiste em episódios repetidos e frequentes de jogo, que passam a dominar a vida do sujeito em detrimento dos valores e dos compromissos sociais, profissionais, materiais e familiares.
O indivíduo vive em constante estado de preocupação com o jogo (revivendo experiências, planejando a próxima parada ou pensando em modos de obter dinheiro para jogar).
Sua motivação está mais na busca por "ação", um estado de euforia e excitação do que propriamente dinheiro. Apostas ou riscos cada vez maiores podem ser necessários para continuar produzindo o nível de excitação desejado.
É comum o individuo contrair dívidas extensas e recorrer à família ou a outras pessoas em busca de auxílio para sua situação financeira e pessoal desesperadora. No entanto ele segue o mesmo comportamento obsessivo pelo jogo, mesmo após repetidos esforços no sentido de controlar, reduzir ou cessá-los. Quando não tem mais a quem pedir, o indivíduo pode recorrer ao comportamento anti-social (por ex., falsificação, fraude, furto ou estelionato) para obter dinheiro.
Essas pessoas são com altamente competitivas, cheias de energia, inquietas e facilmente entediadas. Elas podem mostrar-se demasiadamente preocupadas com a aprovação dos outros, e serem generosas ao ponto de cometerem extravagâncias.
Estudos indicam que estes indivíduos estão propensos ao desenvolvimento de condições médicas gerais associadas ao estresse (por ex., hipertensão, úlcera péptica, enxaqueca) e sintomas diversos presentes no Transtorno do Sono, Transtorno de Déficit de Atenção com Hiperatividade, Abuso de drogas, e Transtornos de Personalidade Anti-Social, Narcisista e Borderline.
PIROMANIA
Piromania é um transtorno caracterizado pela sensação de prazer, satisfação ou liberação de tensão ao provocarem incêndios, testemunharem seus efeitos ou participarem de seu combate.
O comportamento incendiário não ocorre visando obter ganhos monetários, expressar uma ideologia sociopolítica, encobrir uma atividade criminosa, expressar raiva ou vingança, melhorar as próprias condições de vida ou em resposta a um delírio ou uma alucinação.
O piromaníaco é indiferente às consequências do fogo para a vida, a propriedade que está sendo incendiada ou com os danos materiais resultantes.
TRANSTORNO EXPLOSIVO INTERMITENTE
Esta doença é caracterizada pelo constante fracasso em resistir a impulsos agressivos, acarretando em ataques físicos ou destruição de propriedades, sendo que o grau de agressividade expressada durante um episódio é amplamente desproporcional a qualquer provocação ou estressor psicossocial desencadeante.
O indivíduo pode descrever os episódios agressivos como "surtos" ou "ataques" nos quais o comportamento explosivo é precedido por um sentimento de tensão ou excitação, seguido imediatamente por uma sensação de alívio. Posteriormente, o indivíduo pode sentir remorso, arrependimento ou embaraço pelo comportamento agressivo.
Sinais de impulsividade ou agressividade generalizada podem estar presentes entre os episódios explosivos. Os indivíduos com traços narcisistas, obsessivos, paranóides ou esquizóides podem estar especialmente propensos a ter surtos explosivos de raiva, quando sob estresse.
O transtorno pode ter como consequência a perda do emprego, suspensão escolar, divórcio, dificuldades com relacionamentos interpessoais, acidentes (por ex., em veículos), hospitalização (por ex., em virtude de ferimentos sofridos em lutas ou acidentes) ou detenções legais.
TRICOTILOMANIA
Tricotilomania consiste em arrancar os próprios cabelos de maneira recorrente e compulsiva, resultando em perda capilar perceptível.
Os locais de onde os cabelos são arrancados podem compreender qualquer região do corpo (inclusive as regiões axilar, púbica e peri-retal), sendo os pontos mais comuns o couro cabeludo, sobrancelhas e cílios.
Circunstâncias estressantes podem agravar o comportamento, mas este, também ocorre em estados de relaxamento e distração (por ex., assistindo televisão ou lendo um livro). Um sentimento de crescente tensão está presente antes do ato de arrancar os cabelos. Após a prática, o indivíduo tem uma sensação de alívio ou gratificação.
Dificilmente o indivíduo que sofre desse transtorno pratica o ato de arrancar cabelos na presença de outras pessoas (exceto membros da família imediata). Alguns indivíduos sentem uma ânsia por arrancar cabelos de outras pessoas, podendo às vezes procurar oportunidades para fazê-lo disfarçadamente. Eles podem arrancar os pelos de animais de estimação, bonecos e outros materiais fibrosos (tais como suéteres ou tapetes).

TRANSTORNOS EMOCIONAIS (DE HUMOR)
DEPRESSÃO
Nos episódios típicos de cada um dos três graus de depressão (leve, moderado ou grave), o paciente apresenta um rebaixamento do humor, redução da energia e diminuição da atividade. Existe alteração da capacidade de experimentar o prazer, perda de interesse, diminuição da capacidade de concentração associadas em geral à fadiga, mesmo após um esforço mínimo.
Observa-se em geral problemas do sono e diminuição do apetite. Existe quase sempre uma diminuição da autoestima e da autoconfiança, e frequentemente ideias de culpabilidade e ou de indignidade, mesmo nas formas leves.
O humor depressivo varia pouco diariamente ou segundo as circunstâncias, e pode se acompanhar de sintomas ditos “somáticos” (por exemplo: perda de interesse ou prazer, despertar matinal precoce várias horas antes da hora habitual de despertar, agravamento matinal da depressão, lentidão psicomotora importante, agitação, perda de apetite, perda de peso e perda da libido).
O número e a gravidade dos sintomas permitem determinar três graus de um episódio depressivo: leve, moderado e grave.
Episódio depressivo leve
Geralmente estão presentes ao menos dois ou três dos sintomas citados anteriormente. O paciente usualmente sofre com a presença destes sintomas, mas provavelmente, será capaz de desempenhar a maior parte das atividades.
Episódio depressivo moderado
Geralmente estão presentes quatro ou mais dos sintomas citados anteriormente, e o paciente, aparentemente, tem muita dificuldade para continuar a desempenhar as atividades de rotina.
Episódio depressivo grave sem sintomas psicóticos
Episódio depressivo onde vários dos sintomas são marcantes e angustiantes. Tipicamente, há perda da autoestima e ideias de desvalia ou culpa.
As ideias e os atos suicidas são comuns, e são acompanhados de uma série de sintomas “somáticos”.
Episódio depressivo grave com sintomas psicóticos
Episódio depressivo correspondente à descrição de um episódio depressivo grave sem sintomas psicóticos, mas acompanhado de alucinações, ideias delirantes, de uma lentidão psicomotora ou de estupor de uma gravidade tal que todas as atividades sociais normais tornam-se impossíveis.
Pode existir o risco de morrer por suicídio, de desidratação ou de desnutrição. As alucinações e os delírios podem não corresponder ao caráter dominante do distúrbio afetivo.
Os estresses podem ser entendidos como fatores que quebram a estabilidade, o equilíbrio ou a homeostase do organismo. Se o estresse for durador, principalmente num indivíduo predisposto ou vulnerável, conduzirá este a um novo estado ou um novo equilíbrio não mais saudável, mas sim patológico, que chamamos de doença. Essa última, uma vez instalada, passa a ter um funcionamento autônomo, diferente do anterior, isso é, não retorna mais ao estado preexistente a não ser através de intervenções adequadas que denominamos de tratamentos: medicamentoso, repouso, alimentação, cirurgias, rezas, milagres.
Ora, os estresses psicossociais, como as adversidades enfrentadas pelos indivíduos mais ou menos capazes, funcionam como fatores importantes associados a diversas disfunções emocionais ou mentais. Entretanto, a maioria dos indivíduos é capaz de enfrentar estresses psicossociais sem “adoecerem”, mesmo diante de situações graves, sérias ou catastróficas. Isto indica que não é o estresse, por si mesmo, o fator fundamental e único causador das disfunções mentais e emocionais. É necessário que exista algo mais, além do estresse. Este fator inferido, mas não observado, tem sido chamado de “vulnerabilidade”, “predisposição”, “traço” ou “estado” da pessoa. É esse fator que vai facilitar a ação do estresse para que este desestruture o organismo do indivíduo. Esta predisposição é adquirida através dos genes e da aprendizagem, principalmente durante a infância. Neste último caso, a pessoa aprendeu de maneira inadequada, não só de representar o mundo onde vive, como, também, de processar as informações recebidas e de agir no meio ambiente onde terá que atuar.
Os estudos mostram que os estresses crônicos, continuados, são mais capazes de produzir as doenças ou de tornar as pessoas mais predispostas a adquiri-las. Diversos desses estresses crônicos têm sido pesquisados, entre estes estão os distúrbios conjugais constantes como as interrupções do autodesenvolvimento e as condições socioeconômicas ruins, difíceis e frequentes.
Uma pessoa vulnerável, armazenando uma multidão de ideias negativas acerca de si e do mundo onde vive, necessariamente se torna sem esperança em relação a uma “boa vida”; ela tende a se tornar deprimida. Estas pessoas (uma grande parte do povo) ficam altamente sensíveis aos obstáculos existentes no seu caminho para uma meta. Interpretam um impedimento trivial como substancial, percebem uma situação passageira como eterna, descobrem um menosprezo numa situação inócua e, ao mesmo tempo, desvalorizam a si próprios por qualquer falha ou engano, bem como sua incapacidade para resolver o problema.
Percebemos a expressão da característica pessimista e depressiva, repetitivamente, nos relatos simples das conversas, nas canções populares e mesmo nas fantasias quanto ao futuro. Uma grande parte do povo constrói planos de vida irrelevantes e inapropriados para dar soluções aos seus problemas. Estes planos mal elaborados refletem sua tendência negativa para o futuro e quanto à sua capacidade e competência para agir.
Um pensamento negativo, mesmo de curta duração, estimulará reações fisiológicas e bioquímicas diversas, que são experimentadas pelo indivíduo, como tristeza, ansiedade, culpa, raiva ou uma variedade de outras reações desagradáveis. Além do mais, os pensamentos de desesperança exagerados conduzem, inevitavelmente, à depressão e, associado a esta, um desejo diminuído para prover seu próprio bem-estar ou prazer, a uma passividade e, finalmente, à resignação quanto à desgraça.
A tristeza e desesperança são despertadas pelos mais diferentes fatos, os mais triviais acontecidos no mundo exterior. Assim, um fato avaliado pelos não deprimidos como agradável e animador pode ser visto como negativo pelo deprimido. Ao ser promovido de emprego, ele poderá imaginar: “Fui promovido por não gostarem de mim. Assim o fizeram para que eu ficasse longe do local do trabalho atual”. Quando as pessoas se aproximam dele demonstrando amizade ele supõe: “As pessoas que gostam de mim devem ser tão sem valor como eu próprio, pois, se assim não o fosse, elas procurariam pessoas melhores”.
Num indivíduo com essas características, os milhares de fatos do meio ambiente encontrados despertarão, automaticamente, lembranças ruins, negativas pela estimulação do seu “subterrâneo” onde estão armazenados esquemas ou roteiros mentais defeituosos, tortos, doentes, pessimistas, contaminados com baixa emoção positiva e, também, muita emoção negativa, essa própria dos deprimidos. A mente deles guarda lembranças de fracasso ou azares de si, tristes e desagradáveis, quanto ao ambiente ou relacionamento com outras pessoas.
O deprimido aprendeu, dura e defeituosamente, que ele não tem competência para resolver os problemas e nem capacidade para aprender novas e melhores formas de agir e, além disso, não pode contar com os outros. Só lhe resta a sorte e a reza, isto é, agentes externos a ele, fora ou além de suas próprias forças.
DISTIMIA
A característica essencial está no humor cronicamente deprimido, que ocorre na maior parte do dia por pelo menos dois anos. Os indivíduos descrevem seu humor como triste ou "na fossa". Em crianças, o humor pode ser irritável ao invés de deprimido, e a duração mínima exigida é de apenas um ano.
Durante os períodos de humor deprimido, pelo menos dois dos seguintes sintomas adicionais estão presentes: apetite diminuído ou hiperfagia, insônia ou hipersonia, baixa energia ou fadiga, baixa autoestima, fraca concentração ou dificuldade em tomar decisões, sentimentos de desesperança.
Os indivíduos podem notar a presença proeminente de baixo interesse e de autocrítica, frequentemente vendo a si mesmos como desinteressantes ou incapazes. Como estes sintomas tornam-se uma parte tão presente na experiência cotidiana do indivíduo (por ex., "Sempre fui deste jeito", "É assim que sou"), eles em geral não são relatados, a menos que diretamente investigados pelo entrevistador.

MANIAS
Mania, do grego mania (loucura) é, para a Psiquiatria, o distúrbio mental caracterizado pela alteração de pensamento, com alteração comportamental dirigido, em geral, para uma determinada ideia fixa e com síndrome de quadro psicótico grave e agudo, característico, embora não exclusivo (mania secundária), do Transtorno ou Distúrbio Bipolar e se caracteriza por grande agitação, loquacidade, euforia, insônia, perda do senso crítico, grandiosidade, prodigalidade, exaltação da sexualidade e agressividade.
Todas as subdivisões desta categoria se aplicam exclusivamente a um episódio isolado. Um episódio hipomaníaco ou maníaco em indivíduo que já tenha apresentado um ou mais episódios afetivos prévios (depressivo, hipomaníaco, maníaco, ou misto) deve conduzir a um diagnóstico de Transtorno Bipolar.
Hipomania
Transtorno caracterizado pela presença de uma elevação ligeira e persistente do humor, da energia e da atividade associada em geral a um sentimento intenso de bem-estar e de eficácia física e psíquica.
Existe frequentemente um aumento da sociabilidade, do desejo de falar, da familiaridade e da energia sexual e uma redução da necessidade de sono. Esses sintomas não são, entretanto tão graves de modo a entravar o funcionamento profissional ou levar a uma rejeição social. A euforia e a sociabilidade são por vezes substituídas por irritabilidade, atitude pretensiosa ou comportamento grosseiro.
As perturbações do humor e do comportamento não são acompanhadas de alucinações ou de ideias delirantes.
Mania sem sintomas psicóticos
Presença de uma elevação do humor fora de proporção, podendo variar de uma jovialidade descuidada a uma agitação praticamente incontrolável.
Esta elação se acompanha de um aumento da energia, levando à hiperatividade, um desejo de falar e uma redução da necessidade de sono. A atenção não pode ser mantida, e existe frequentemente uma grande distração.
O sujeito apresenta frequentemente um aumento da autoestima com ideias de grandeza e superestimativa de suas capacidades. A perda das inibições sociais pode levar a condutas imprudentes, inapropriadas ou deslocadas.
Mania com sintomas psicóticos
Presença dos mesmos sintomas do quadro clínico descrito em Mania sem sintomas psicóticos, porém com ideias delirantes (em geral de grandeza), de alucinações (em geral do tipo de voz que fala diretamente ao sujeito) ou de agitação; de atividade motora excessiva e de fuga de ideias de uma gravidade tal que o sujeito se torna incompreensível ou inacessível a toda comunicação normal.
TRANSTORNO BIPOLAR
A alternância de longos períodos depressivos com manias é a tônica dessa patologia. Os indivíduos com esse transtorno apresentam durante algumas ocasiões uma elevação do humor e aumento da energia e da atividade (hipomania ou mania), e em outras, um rebaixamento do humor e de redução da energia e da atividade (depressão).
Muitas vezes o diagnóstico correto só será feito após alguns anos. Isso porque uma pessoa bipolar que esteja em uma fase depressiva receberá inicialmente o diagnóstico de Depressão. Passado esse período, essa pessoa deverá apresentar um episódio maníaco. Dessa maneira, somente após o surgimento da Mania e a avaliação do diagnóstico anterior sendo Depressão, o diagnóstico final será de Transtorno Bipolar.
O início desse transtorno geralmente se dá em torno dos 20 a 30 anos de idade, mas pode começar mesmo após os 70 anos. Inicia-se tanto pela fase depressiva quanto pela fase maníaca, ao longo de semanas, meses ou abruptamente em poucos dias; e pode apresentar inicialmente sintomas psicóticos, o que muitas vezes confunde com síndromes psicóticas.
Ciclotimia
Instabilidade persistente do humor com numerosos períodos de depressão ou de leve elação, nenhum deles suficientemente grave ou prolongado para responder aos critérios de um Transtorno Afetivo Bipolar ou de um Transtorno Depressivo Recorrente.
O transtorno se encontra frequentemente em familiares de pacientes que apresentam um Transtorno Afetivo Bipolar.
TRANSTORNO DEPRESSIVO RECORRENTE
Transtorno caracterizado pela ocorrência repetida de episódios depressivos (Depressão), com episódios independentes de exaltação de humor e de aumento de energia (mania).
O transtorno pode, contudo, comportar breves episódios caracterizados por um ligeiro aumento de humor e da atividade (hipomania), sucedendo imediatamente a um episódio depressivo.
As formas mais graves do Transtorno Depressivo Recorrente apresentam numerosos pontos comuns com os conceitos anteriores da depressão maníaco-depressiva (melancolia, depressão vital e depressão endógena).
O primeiro episódio pode ocorrer em qualquer idade, da infância à senilidade, sendo que o início pode ser agudo ou insidioso e a duração variável de algumas semanas a alguns meses.
Em caso de ocorrência de um episódio maníaco, o diagnóstico deve ser alterado pelo de Transtorno Bipolar.

TRANSTORNOS SEXUAIS
As diferenças de comportamento, tanto nos seres humanos como nos animais, são explicadas, em vários aspectos, conforme detalhes dos circuitos neurais subjacentes. Os neurocientistas têm procurado estudar as diferenças entre os encéfalos de fêmeas e de machos que possam explicar comportamentos sexualmente dimórficos (propriedade de poder existir de duas formas diferentes).
Enquanto diversas distinções comportamentais dos humanos podem ter sua raiz em normas culturais ou sociais, muitas diferenças entre os gêneros surgem também porque os sistemas nervosos dos machos e das fêmeas são, em muitos aspectos, diferentes. No rato diversas estruturas nos encéfalos de fêmeas e de machos diferem em número, tamanho e grau de conexão de seus neurônios constituintes. Nos humanos e em outros primatas as diferenças estruturais são menos óbvias e, portanto, mais controversas.
O desenvolvimento dessas diferenças, para um modo ou de outro, depende da influência precoce de hormônios nos circuitos do encéfalo durante a maturação, especialmente estrógenos, uma influência que, aparentemente, continua em certo grau durante toda a vida.
Sexo e a busca do prazer
Há um termo em informática, “default”, que significa um processo programado para ocorrer automaticamente, mas que pode ser desviado por outras instruções. O sexo seria uma tendência “default” entre os animais. Ele pode ser inibido normalmente por fatores biológicos e sociais, como também liberado em circunstâncias especiais. Nos seres humanos o sexo adquiriu uma possível nova característica: confere um enorme prazer. Este prazer é incerto entre os animais. O prazer do sexo contribui, entre outros fatores, para aproximar homens e mulheres, garantindo também a reprodução de nossa espécie.
Apesar de a Igreja combater o sexo por prazer, já que seria apenas para realizar a procriação, para grande parte das pessoas, o lado prazeroso do sexo tornou-se independente de sua função original. A Igreja, mesmo permitindo a relação sexual entre um homem e uma mulher para procriar, exige do religioso que batize o filho após o nascimento, pois só assim ela, a criança, ficará livre do pecado (original) da cópula. Isto mostra a força ou o poder do sexo. Impele (obriga) as pessoas a desconhecer os preceitos das religiões que o proíbem como fonte de prazer.
A maioria dos indivíduos pratica o sexo para obter prazer, não apenas para ter filhos. É claro que nem só o sexo nos dá prazer. Ele não é necessário ou obrigatório e muitas pessoas vivem bem sem ter experimentado relações sexuais. Os humanos de hoje são capazes de sentir prazer em muitas outras situações: comer e beber, participar de jogos e esportes, ler e assistir a espetáculos artísticos e muito mais. Tudo indica que a vida humana em sociedade consiste em uma busca ininterrupta de prazer; o sexo é um objetivo altamente procurado.
O comportamento sexual depende da interação entre sinais neurais e químicos provenientes de todo o corpo, integrados pelo hipotálamo com a participação de outras regiões. O prazer do sexo depende de outro conjunto de regiões que compõem o chamado sistema mesolímbico, um sistema capaz de responder a estímulos reforçadores positivos gerando um estado motivacional complexo que nos faz repetir comportamentos para obter mais e mais prazer (ver mais detalhes acima). O indivíduo pode mesmo fazê-lo num ponto extremo transformando o processo em compulsão e dependência.
Atração sexual, incesto e coabitação desde cedo
As prescrições contra o incesto são difundidas para proteger as mulheres dos homens (normas de segurança) e para proteger, biologicamente, os riscos de seu uso. Em alguns animais, se o macho, como um pássaro, cruzar com sua irmã no laboratório e seus descendentes do sexo oposto forem cruzando entre si, durante várias gerações, a linhagem geralmente morre logo. Isso ocorre porque os genes ocorrem em duplas que podem ou não ser iguais entre si. Alguns genes são inofensivos quando pareados com um gene diferente, porém letais quando pareados com um idêntico. São genes letais recessivos, que aparecem quando o cruzamento é endogâmico (seu contrário é exogâmico).
Aves jovens aprendem sobre seus pais e irmãos, obtendo dessa forma modelos dos parentes. Uma vez adultas, preferem pequenos desvios em relação a esses padrões aprendidos, dessa forma minimizando os efeitos nocivos tanto do endocruzamento como os da reprodução com indivíduos geneticamente diferentes dos demais. Experiências diversas feitas, por exemplo, com codornas e ratos criados juntos, preferem os parceiros ligeiramente diferentes dos conhecidos quando jovens.
Com seres humanos, na Tailândia, fim do séc. XIX e início do XX, os japoneses mantiveram registros detalhados de nascimentos, casamentos e mortes de todos na ilha. Alguns casamentos eram arranjados e feitos de duas formas: os para maiores, os parceiros se conheciam durante a adolescência; os para “menores”, a futura esposa era adotada ainda jovem pela família do futuro marido. Nesse último caso, os dois futuros cônjuges cresciam juntos como irmãos, tratados como as codornas e os ratos do experimento, não relacionados geneticamente, mas criados juntos. Os estudos mostraram que esses últimos casamentos tiveram menos sucesso: divórcios, infidelidade, número de crianças produzidas, etc. As suposições são as de que havia um menor interesse sexual quando as crianças eram criadas juntas do que quando separadas. Outros estudos mostram que pessoas acostumadas ao sexo oposto desde criança não se sentiam muito atraídas por esses indivíduos conhecidos.
Homossexualismo em outros animais
Em treze espécies de mamíferos foi verificada a cópula entre macho e macho ou entre fêmea e fêmea de até cinco ordens taxonômicas diferentes. Muitas dessas ligações desempenham funções sociais não ligadas à reprodução, o que seriam, então, ações naturais. Às vezes, a cópula entre animais de mesmo sexo está ligada à reprodução. Uma raça de lagartos no sudoeste americano é exclusivamente feminina. Eles se reproduzem por partenogênese. A fêmea produz um ovo que consegue manter ou restaurar o número de cromossomos adequado e dar a largada ao processo do desenvolvimento embrionário sem a ajuda do espermatozóide.
Essas fêmeas mudavam de cor antes da “cópula” com outra fêmea, ficando mais parecidas com os machos das populações heterossexuais. As fêmeas, ao invés de inserir o pênis na cloaca, roçavam, esfregando uma cloaca na outra. A seguir a fêmea montada botava ovos, muito mais do que quando não era copulada. Depois, a copuladora mudava de cor e também seu ovário desenvolvia óvulos prontos para ovular e então ela podia ser montada por uma “fêmea macho” que já tivesse botado todos seus ovos maduros. Daí a homossexualidade pode ser vista como natural. Para alguns religiosos, Deus não deseja que pratiquemos sexo a não ser para a reprodução, logo, esse entre homens e homens ou mulheres e mulheres seria imoral.
Comportamento sexualmente dimórfico
Muitos comportamentos animais diferem entre os sexos e são, por isso, chamados de sexualmente dimórficos (tem duas formas). Um exemplo disso é o canto dos pássaros (canário e canária) e aves (galo e galinha). Em muitas espécies o macho produz cantos complexos, enquanto a fêmea não o faz, apenas pia. A produção de canto nos pássaros machos depende da presença de testosterona. A maioria desses comportamentos sexualmente dimórficos se relaciona à área reprodutiva. Os roedores e outros animais têm posições diferentes durante o acasalamento; uma posição de lordose (encurvada) para a fêmea e de monta para os machos que ocorre no ato sexual. Outras condutas são encontradas na construção de ninhos, cuidado com os filhotes, procura por provisões e amamentação, quase sempre diferenciadas para o macho e a fêmea. Nos humanos os comportamentos diferentes de machos e de fêmeas parecem ser mais sutis.
Três categorias do sexo
O sexo pode ser considerado em termos de três categorias: sexo genotípico, fenotípico e gênero.
O sexo genotípico refere-se a dois cromossomos (ou cromossomas) sexuais de um indivíduo. A maior parte das pessoas tem dois cromossomos X (fêmea genotípica) ou um cromossomo X e um Y (macho genotípico). O sexo fenotípico é determinado conforme a genitália interna e externa, pela expressão de características sexuais secundárias e pelo comportamento. Tudo correndo conforme o esperado durante o desenvolvimento, o genótipo XX gera uma pessoa apresentando ovários, ovidutos, útero, cérvice, lábios e vagina. De modo semelhante, o genótipo XY desenvolve uma pessoa com testículos, epidídimo, via deferente (ducto deferente), vesículas seminais, pênis e escroto. Gênero refere-se à percepção subjetiva (imaginativa) do indivíduo quanto ao seu sexo e quanto à sua orientação sexual.
O sexo genotípico pode ser pensado como imutável; o sexo fenotípico como modificável (por processos ligados ao desenvolvimento, tratamento hormonal e ou cirurgia). Por fim, o gênero pode ser concebido como uma construção mais complexa, determinada biológica e culturalmente. Como sabemos, o sexo genotípico, fenotípico e gênero nem sempre se desenvolvem de modo harmônico. As desarmonias podem ser menores ou maiores levando a conflitos psicossociais e disfunções sexuais.
A intersexualidade: variações genéticas
O termo “intersexualidade” tem sido usado para descrever todas as variações genéticas quanto ao sexo. No total, todos os casos perfazem cerca de 1 a 2% de todos os nascidos vivos.
Entre as possíveis variações genéticas incluem os indivíduos que são XO (síndrome de Turner); XXY (Síndrome de Klinefelter) ou indivíduos que são XYY. Cada um desses genótipos apresenta fenótipo diferente do comum.
Existem ainda outras variações genéticas derivadas de mutações em genes, como, por exemplo, um distúrbio metabólico que leva a uma superatividade das glândulas adrenais durante a maturação, denominada hiperplasia adrenal congênita. A disfunção provoca níveis de andrógenos anormalmente altos, somado a um grave desequilíbrio salino. Tudo isso dá origem a um fenótipo sexual ambíguo. A fêmea afetada pelo distúrbio apresenta um grande clitóris e lábios fundidos durante o nascimento e, também, uma procura por brincadeiras e jogos mais agressivos, típicos dos meninos. Uma vez adulta essa mulher tende a ser homossexual.
Um outro exemplo de mutação é a síndrome da insensibilidade a andrógenos (SIA). Devido a uma deficiência de receptores ocorre o desenvolvimento da genitália meio homem e meio mulher: internamente masculina e externamente feminina. Esse quadro ocorre em um indivíduo genotipicamente XY. Os “homens” com essa síndrome geralmente se auto-identificam com as mulheres, apesar de possuírem um cromossoma Y. Como esse indivíduo não conhece até a puberdade sua condição, ele não só é tratado como se percebe como mulher. Portanto, esse formato dá origem a uma identidade, quanto ao gênero, de acordo com seu fenótipo sexual externo, pois o fenótipo interno não é, em condições normais, percebido pelas pessoas, inclusive pelo seu portador. Não são raríssimos esses casos. Aparece 1 caso em 4.000 nascimentos. Um exemplo notável citado é o da conhecida Joana D`Arc.
Eu, pessoalmente, no início de minha carreira, dei assistência a “uma enfermeira” com essa síndrome. Esta me foi enviada por um cirurgião que desejava operá-la. Entre outros fatos, ela teve vários namorados e inclusive já tinha ficado noiva. Depois de algumas sessões de terapia ela desapareceu de mim e do cirurgião. Possivelmente está vivendo como era, pois afirmava que era uma mulher, apesar dos diversos exames provarem o contrário.
Há ainda o caso do macho genotípico que é fêmea fenotípica no início da vida, mas cujo fenótipo muda durante a puberdade. Ainda bebê e depois criança, esse é visto e tratado como fêmea fenotípica. Até certa época, sua genitália masculina não se desenvolveu adequadamente, quadro resultante da deficiência de uma enzima, que é responsável pelo desenvolvimento inicial da genitália masculina. Por isso, quando criança, devido ao pouco desenvolvimento da genitália masculina, exibe uma genitália semelhante à feminina: lábios com clitóris aumentados e testículos que não desceram. Assim, ele é criado como se fosse uma menina. Entretanto, durante a puberdade, ao aumentar a secreção testicular andrógena, o ex-clitóris torna-se o novo pênis e os testículos descem. A “ex-fêmea” se metamorfoseia em macho fenotípico.
Influências hormonais sobre o dimorfismo sexual
Os machos humanos, precocemente, produzem testosterona; as fêmeas apresentam uma liberação de estrógenos mais tarde. Embora a testosterona seja popularmente considerada o hormônio “masculino” e o estrógeno como o hormônio “feminino”, no encéfalo, o agente ativo, tanto no macho como na fêmea, é o estradiol. Mas de qualquer forma a liberação de testosterona nos neurônios dos machos durante o desenvolvimento, em última análise, é convertida em liberação de estradiol, uma forma de estrógeno. De outro modo, a testosterona existente é convertida por uma enzima (aromatase; existente nos neurônios) em estradiol.
Consequentemente, podemos inferir que é muito importante, durante o desenvolvimento da gestação, retirar todas as fontes exógenas de hormônios circulantes que possam interferir com a diferenciação sexual.
Uma dessas fontes é o suprimento de sangue materno, que é rico em estrógenos produzidos pelas gônadas e pela placenta da mãe. Para se opor às interferências potenciais originárias dessa fonte, os mamíferos apresentam uma proteína circulante denominada alfa-fetoproteína, que liga estrógenos circulantes. Como resultado, o encéfalo da fêmea é protegido da exposição precoce a grandes quantidades de estrógeno.
O encéfalo masculino, entretanto, fica exposto a estrógenos, pois a liberação precoce de testosterona não é afetada pela alfa-fetoproteína e pode, então, ser aromatizada (transformada quimicamente) a estradiol uma vez que entre nos neurônios.
Durante o desenvolvimento e, em certo grau, durante toda a vida, o estradiol estimula o dimorfismo no encéfalo, o grau de ramificação dendrítica, a densidade de espinhos dendríticos e o grau de conexão sináptica dos neurônios sensitivos. Alguns pensam que deveria nascer somente as fêmeas; aparecendo a testosterona, esta propiciou o dimorfismo; uma “mulher diferente” que recebeu outro nome: “homem”.
O colesterol e os hormônios
Todos os esteróides sexuais são sintetizados a partir do colesterol. O colesterol é convertido inicialmente em progesterona, o precursor comum, por meio de quatro reações enzimáticas. A progesterona pode, então, ser convertida em testosterona via outra série de reações enzimáticas. Por sua vez a testosterona é convertida em 5-alfa-di-hidrotestosterona pela ação da 5-alfa-redutase ou em 17-beta-estradiol por ação de uma aromatase. O 17-beta-estradiol medeia a maior parte dos efeitos hormonais conhecidos tanto nos encéfalos de roedores fêmeas como nos de machos. Podemos concluir que uma baixa do colesterol (esteróides) pode provocar um menor desempenho do comportamento sexual; há diversos outros fatores. A baixa de colesterol pode ocorrer devido a uso de medicamentos para abaixá-lo. Nesses casos pode ocorrer desânimo, cansaço e menor produção intelectual. Recentemente foi publicado um artigo correlacionando positivamente a baixa do colesterol com o suicídio. Por tudo isso, não parece ser totalmente vantajoso ter o colesterol muito baixo.
Apesar da tendência de falarmos desses hormônios como femininos e masculinos, na realidade não é correto pensar em estrógenos como unicamente femininos e andrógenos como masculinos. Machos e fêmeas sintetizam tanto estrógenos como andrógenos, e os estrógenos são os agonistas (ativadores) efetivos em ambos os sexos.
O que importa são os receptores disponíveis para ligar esses esteróides quando eles estão na circulação. O encéfalo apresenta receptores para todos esses esteróides sexuais, porém a distribuição de cada tipo de receptor é ligeiramente diferente nos machos e nas fêmeas. Por exemplo: um nível mais alto de receptores para o estrógeno pode ser observado numa área do núcleo dorsomedial e no núcleo ventromedial dohipotálamo de fêmeas comparado com machos.
Uma vez que os esteróides sexuais são lipídeos, eles não precisam de receptores especiais na membrana para apresentar seus efeitos nas células; eles simplesmente difundem através da bicamada lipídica da membrana. Diferentes áreas do encéfalo adulto apresentam diferentes padrões de receptores para esteróides, com distribuição de tipos de receptores que se sobrepõem.
Esteróides podem ter um efeito direto sobre a atividade neural, alterando a permeabilidade da membrana aneurotransmissores e seus precursores ou alterando o funcionamento de receptores paraneurotransmissores. Resumindo: os esteróides sexuais podem modular a eficácia da sinalização neural. Os esteróides podem ter, também, um efeito indireto sobre a atividade neural pela formação de ligações com os receptores para esteróides ou afetando indiretamente outras vias sinalizadoras.
Dimorfismo no sistema nervoso central relacionado com o comportamento reprodutivo
Além do comportamento heterossexual, algumas pessoas expressam interesse sexual tanto por fêmeas como por machos (bissexualidade) e alguns apenas por membros do seu mesmo sexo fenotípico (homossexualidade). Os núcleos NIHA3, localizados em certa região do encéfalo, apresentam um tamanho mais de duas vezes maior em machos heterossexuais que em machos homossexuais; há outros núcleos dimórficos.
Tomadas em conjunto, as evidências sugerem uma explicação plausível para ocontinuum da sexualidade humana: pequenas diferenças em estruturas sexuais relevantes produzem diferenças significativas na identidade e no comportamento sexual. Esses dimorfismos encefálicos são provavelmente estabelecidos pela influência precoce de hormônios, atuando em núcleos encefálicos que medeiam vários aspectos da sexualidade, levando a maioria a tender para a heterossexualidade, talvez 15% extraviam, tomando outra orientação, outros, ainda, em pequeno número, são determinados a seguir outros caminhos.
Assim, níveis baixos de andrógenos circulantes em um macho em um período precoce da vida podem dar origem a um encéfalo relativamente “feminino” em machos genotípicos, enquanto níveis altos de andrógenos circulantes em fêmeas tendem a produzir um encéfalo relativamente “masculino” em fêmeas genotípicas. Essas hipóteses não são totalmente comprovadas. O processo real deve ser mais complexo do que essa matemática simples.
AVERSÃO SEXUAL
A perspectiva de relação sexual produz medo ou ansiedade suficiente para que a atividade sexual seja evitada.
Problemas de relacionamento e, ou trauma sexual na infância podem estar relacionados no desenvolvimento desta doença.

COMPULSÃO SEXUAL
É caracterizado pelo fracasso em resistir a um impulso ou tentação de realizar atos ou fantasias sexuais. O ato precede de uma sensação crescente de tensão ou excitação seguido de prazer, gratificação ou alívio depois de realizado. Por ser de caráter altamente impulsivo, causa problemas significativos tanto na vida amorosa quanto pessoal e profissional de ambos os parceiros.
Durante um estudo, pesquisadores analisaram 36 pessoas com Compulsão Sexual e verificaram que a maioria delas (92%) estava realmente preocupada com seus desejos exacerbados e/ou com suas persistentes fantasias sexuais. A maior parte dessas pessoas tentava resistir ao comportamento sexualizado (72%) embora sem sucesso e com perda de controle. Grande parte delas experimentava remorso pelas atividades sexuais exageradas, impulsivas, não resistidas e muitas vezes, inconsequentes.
Uma observação adicional mostrou que a maioria desses pacientes (75%), também preenchia os requisitos para diagnóstico de abuso de substâncias psicoativas. Estas estariam relacionadas à desinibição do comportamento, suficiente para permitir a intensificação do prazer ou aplacar a sensação de vergonha. (Fonte: Neuropsiconews)
Pouco mais de 42% dessas pessoas reconheceram que esse comportamento sexual afetava o casamento ou relacionamentos importantes, e, em um quarto (1/4) dos casos, sentia que o transtorno tinha afetado seu trabalho. A pesquisa apontou ainda que 19% dos portadores de Compulsão Sexual tinham tentado o suicídio. As complicações legais também eram uma preocupação para vários pacientes.
Critérios de diagnóstico propostos para os transtornos hipersexuais
A existência de fantasias sexualmente excitantes, recorrentes e intensas; impulsos ou comportamentos sexuais que persistam durante um período de pelo menos seis meses e se encaixem na definição de parafilias.
As fantasias, impulsos ou comportamentos sexuais devem causar desconforto ou comprometimento clinicamente significativo na área social, ocupacional ou outras áreas importantes.
Os sintomas não encontram causa em outros transtornos, como por exemplo, no Episódio Maníaco.
Os sintomas não se devem aos efeitos fisiológicos diretos de uma substância (abuso de droga ou medicamento) ou à afecção clínica geral.
DISPAREUNIA
A Dispareunia é caracterizada por fortes dores durante as relações sexuais, ocorrendo tanto na mulher quanto no homem.
A intensidade do sintoma pode variar desde um leve desconforto até uma dor aguda. O exame físico dos indivíduos com este transtorno tipicamente não demonstra qualquer anormalidade genital. A experiência repetida de dor genital durante o coito pode provocar a esquiva de experiências sexuais, perturbando os relacionamentos existentes ou limitando o desenvolvimento de novos.
O desenvolvimento desse transtorno está relacionado ao abuso sexual ou estupro; e só é diagnosticado como Dispareunia quando não houver outra disfunção sexual primária envolvida (por exemplo, Vaginismo ou secura vaginal).
EJACULAÇÃO PRECOCE
Incapacidade de controlar a ejaculação, que pode ocorrer com estimulação sexual mínima antes ou logo após a penetração.
Relações de estresse, a novidade de um relacionamento, ansiedade e problemas relacionados à intimidade podem desempenhar um papel no desenvolvimento desta doença.
EXIBICIONISMO
É o hábito de mostrar genitais a um estranho, geralmente em locais públicos. A própria reação de surpresa da vítima proporciona ao exibicionista excitação e prazer sexual. Às vezes, o indivíduo se masturba durante o ato, porém, sem qualquer tentativa de atividade sexual com a vítima.
Esse comportamento tende a se manifestar em menores de 18 anos ou jovens até 25 anos, sendo raramente praticado por pessoas mais velhas.
Não inclui nesse quadro pessoas que se despem publicamente como forma de protesto, por não haver excitação ou conotação sexual.
FETICHISMO
Fetichismo é caracterizado pelo uso frequente de determinado objeto durante o ato sexual, e pela dependência do indivíduo a esse objeto para obtenção de prazer.
O comportamento inclui o pedido ou a exigência do uso do objeto de fetiche à sua parceira. Caso haja recusa ou ausência do objeto, o homem pode apresentar perda do desejo sexual ou até disfunção erétil.
Entre os objetos mais comuns estão calcinhas, soutiens, meias, sapatos, botas ou outras peças do vestuário feminino. Existe também o fetiche por partes do corpo como pés e mãos (exceto as que estão ligadas diretamente ao sexo como seios, vagina, pênis, ânus ou nádegas).
Não se inclui nesse transtorno pessoas que se vestem com roupas femininas, como no Fetichismo Transvéstico; ou quando o objeto do fetiche foi concebido exclusivamente para estimulação sexual (ex.: vibrador).
FETICHISMO TRANSVÉSTICO
É caracterizado pela utilização de roupas femininas por homens heterossexuais, para se excitarem, se masturbarem ou praticar o ato sexual; sendo que em situações não sexuais, esses indivíduos se vestem de maneira normal.
Para ser diagnosticado como Fetichismo transvéstico, esse comportamento deve ser frequente e tido como única maneira para o indivíduo obter prazer sexual.
FROTTEURISMO
Frotteurismo é caracterizado por um comportamento em que o indivíduo toca ou se esfrega de maneira sexual em uma pessoa sem seu consentimento.
O ato ocorre geralmente em locais com grande concentração de pessoas - como metro, ônibus e calçadas - por possibilitar um contato mais próximo com a vítima, facilitar a fuga do indivíduo ou dificultar seu reconhecimento.
Entre os que mais praticam o frotteurismo estão homens entre 15 e 25 anos de idade. Especialistas acreditam que o desenvolvimento desse transtorno está relacionado a problemas durante a infância.
MASOQUISMO
Comportamentos masoquistas são tipicamente evidentes na idade adulta, podendo ter início ainda durante a infância. O distúrbio é caracterizado pelo ato real (não simulado) em que o indivíduo sente excitação sexual ao ser humilhado, espancado, amarrado ou submetido a qualquer outra forma de sofrimento, inclusive psicológico.
Os atos masoquistas são praticados geralmente com um parceiro sádico que sente prazer em infringir dor, e inclui simulação de estupro, contenções (sujeição), colocação de vendas (sujeição sensorial), palmadas, espancamento, açoitamento, choques elétricos, ser cortado, "perfurado e atravessado" (infibulação) e humilhado (por ex., receber sobre si a urina ou as fezes do parceiro, ser forçado a rastejar e latir como um cão, ou ser submetido a abuso verbal).
O transvestismo forçado pode ser buscado por sua associação com a humilhação. O indivíduo pode ter um desejo de ser tratado como um bebê indefeso e de usar fraldas ("infantilismo"). Outros agem a sós, atando a si mesmos, picando-se com alfinetes ou agulhas, auto-administrando choques elétricos ou auto-mutilando-se.
Existem diferentes teorias relacionadas com o fator desencadeador do masoquismo sexual, muitas decorrentes do campo psicanalítico. O mais comum é um trauma durante a infância, como abuso sexual.
ORIENTAÇÃO SEXUAL EGODISTÔNICA
O indivíduo reconhece sua identidade ou preferência sexual (heterossexualidade, homossexualidade, bissexualidade ou pré-púbere), mas apresenta transtornos psicológicos ou comportamentais associados a essa identidade ou preferência, podendo buscar tratamento para alterá-la.
PEDOFILIA
Envolve fantasias e atração sexual por crianças pré-púberes (entre 13 anos ou menos) do sexo oposto ou mesmo sexo. Está muito associado a casos de incesto, ou seja, a maioria dos casos de pedofilia envolve pessoas da mesma família: pais, tios, primos, padrastos com os filhos e filhas.
O ato pedófilo consiste em toques, carícias genitais e sexo oral, sendo a penetração menos comum. Para ser diagnosticado como pedófilo, o indivíduo deve ter mais de 16 anos, e ser 5 anos mais velho do que a vítima.
Uma grande porcentagem de indivíduos com este transtorno já sofreram abuso sexual na infância. Algumas pesquisas apontam a pedofilia como uma transferência de impulsos sexuais com crianças pela incapacidade do indivíduo em se relacionar afetivamente com pessoas maduras e adultos.
A imprensa, equivocadamente, traçou o perfil dos pedófilos através do modelo dos criminosos da Bélgica. Esses nada mais são do que criminosos comuns que entraram nessa área, como poderiam estar em qualquer outra, para explorar pessoas. As famílias que imaginam os pedófilos, efebófilos e hebófilos (abusadores sexuais de crianças, púberes e adolescentes), conforme as informações da imprensa, fracassarão na proteção de seus filhos. Os pedófilos, bem como os efebófilos e hebófilos examinados e descritos pelos psiquiatras, são diferentes. Na maioria das vezes nem matam, nem ferem sua vítima, como rotineiramente fazem os estupradores. São homens medrosos, incapazes de raptar, estuprar ou usar força física. Sua técnica é outra: exploram a impotência, a ingenuidade das crianças e dos pais, ou a curiosidade dos adolescentes, prontos para buscarem ações de risco e novidade. Sendo fraco e incapaz de construir ligações afetivas maduras com adultos, aproveita-se dos inocentes. Muitos foram abusados sexualmente quando crianças. A maioria não tem orgasmo quando abraça e acaricia suas vítimas. Alguns se masturbam após o contato físico. O pedófilo age muitas vezes na residência da vítima, na frente de todos que supõem tratar-se de carinhos ou brincadeiras. Muitos desses “apreciadores e amantes das crianças” são tios, primos, cunha­dos, vizinhos ou amigos da vítima ou dos seus familiares. Pode ser o entusiasmado professor do colégio, o técnico de futebol, basquete ou voleibol juvenil ou infantil, o pediatra ou dentista de crianças, o pipoqueiro da esquina, ou ainda o líder religioso do bairro. Não se assustem muitos são os próprios pais da vítima. O pedófilo aprecia abraçar demorada e apertadamente o corpo da vítima, acariciar com falsa ternura seu corpo, olhá-la com cupidez, conversar animadamente sobre sexo, mostrar filmes pornôs, tomar banho junto e frequentar praias de nudismo.
Apenas os homens têm sido acusados de pedófilos, mas existem mulheres pedófilas. A conduta de mães brincando com os filhos foi observada por peritos. 10% das mães estimulavam de forma imprópria às crianças: agarramentos e esfregões nos órgãos genitais. Alguns pais erradamente veem isso como demonstração de amor.
SADISMO
Sadismo Sexual envolve atos reais (não simulados) em que o indivíduo sente excitação sexual infringindo sofrimento psicológico ou físico (incluindo humilhação) ao seu parceiro (a).
O foco do sadismo está no controle e na observação do sofrimento do seu parceiro. O indivíduo pode atar, vendar, dar palmadas, espancar, chicotear, beliscar, bater, queimar, administrar choques elétricos, estuprar, cortar, esfaquear, estrangular, torturar e até mutilar a vítima.
Alguns sádicos praticam seus atos com um parceiro que consente e sente excitação sexual quando submetido a episódios de dor ou humilhação (Masoquismo Sexual). Outros submetem qualquer pessoa a seus desejos sexuais sádicos, sem que haja qualquer consentimento por parte da vítima.
Alguns indivíduos com Sadismo Sexual podem dedicar-se a atos sádicos por muitos anos sem infringir danos físicos graves à suas vítimas. Entretanto, a gravidade desses atos aumenta com o tempo, e, quando o sadismo é severo e está especialmente associado ao Transtorno da Personalidade Anti-Social, podem ocorrer ferimentos graves ou até assassinato.
TRANSEXUALISMO
Trata-se de um desejo compulsivo de viver e ser aceito enquanto pessoa do sexo oposto. Este desejo se acompanha em geral de um sentimento de mal estar ou inadaptação ao seu próprio sexo e do desejo de submeter-se a uma intervenção cirúrgica ou a um tratamento hormonal a fim de tornar-se o mais semelhante possível ao sexo desejado.
TRANSTORNO DA MATURAÇÃO SEXUAL
Ocorre em adolescentes que não estão certos quanto a sua orientação (homo, hetero ou bissexual), ou em indivíduos que após um período de orientação sexual aparentemente estável (frequentemente ligada a uma relação duradoura), descobre que sua orientação sexual está mudando, causando-lhe fortes crises de ansiedade e, ou depressão.
TRANSTORNO DE IDENTIDADE SEXUAL NA INFÂNCIA
Transtorno que se manifesta no início da infância (sempre bem antes da puberdade). É caracterizado por um persistente e intenso sofrimento quanto à sua identidade sexual, junto com o desejo de ser (ou a insistência de que se é) do sexo oposto. Há uma preferência por roupas e as atividades do sexo oposto e repúdio ao próprio sexo.
Para o diagnóstico de Transtorno da Identidade Sexual na Infância, devem ser considerados apenas os casos em que o indivíduo apresenta uma profunda perturbação de sua identidade sexual; ou seja, não basta uma simples caracterização do indivíduo por suas ações mais superficiais, como fazem quando uma menina é do tipo “levado ou traquina” ou um menino possui uma "atitude afeminada".
Os transtornos da identidade sexual nos indivíduos púberes ou pré-púberes são diagnosticados como Transtorno da Maturação Sexual ou Orientação Sexual Egodistônica.
TRAVESTISMO BIVALENTE
Este termo caracteriza o indivíduo que usa vestimentas do sexo oposto durante uma parte de sua existência, como forma de satisfazer um desejo temporário de pertencer ao sexo oposto; porém, sem o desejo de alteração sexual permanente ou de uma transformação cirúrgica.
VAGINISMO
Espasmo da musculatura da vagina, impossibilitando a penetração do pênis ou causando muita dor à pessoa com o transtorno.
Estudos sugerem que problemas de relacionamento, trauma sexual na infância (abuso sexual ou estupro) e até educações religiosas rigorosas podem desempenhar um papel fundamental no desenvolvimento desta doença.
VOYEURISMO
Voyeurismo é caracterizado pelo desejo de um individuo em observar sem qualquer consentimento uma pessoa em ato intimo (trocando de roupa, tomando banho ou em ato sexual).
O ato tem como finalidade a excitação sexual, e não é tentada qualquer atividade sexual com a vítima. Pode ocorrer a masturbação e o orgasmo, tanto durante o ato de voyeurismo quanto mais tarde, quando o voyeur tende a fantasiar um ato sexual com a pessoa observada, recordando as cenas experimentadas.
Em sua forma severa, o ato de espiar constitui para o voyeur como a única forma de atividade sexual (sem vida sexual real).
O início do comportamento voyeur geralmente ocorre antes dos 15 anos.

TRANSTORNOS SOMATOFORMES
A característica essencial diz respeito à presença repetida de sintomas físicos associados à busca persistente de assistência médica, apesar de que os médicos nada encontram de anormal e afirmam que os sintomas não têm nenhuma base orgânica. Se quaisquer transtornos físicos estão presentes, eles não explicam nem a natureza e a extensão dos sintomas, nem o sofrimento e as preocupações do sujeito.
HIPOCONDRIA
A característica essencial deste transtorno é uma preocupação persistente com a presença eventual de um ou de vários transtornos somáticos graves e progressivos.
Os pacientes manifestam queixas somáticas persistentes ou uma preocupação duradoura com a sua aparência física. Sensações e sinais físicos normais ou triviais são frequentemente interpretados pelo sujeito como anormais ou perturbadores.
A atenção do sujeito se concentra em geral em um ou dois órgãos ou sistemas.
Existem frequentemente depressão e ansiedade, o que podem justificar um diagnóstico suplementar.
Transtorno doloroso somatoforme persistente
A queixa predominante de uma dor persistente, intensa e angustiante; dor não explicável inteiramente por um processo fisiológico ou um transtorno físico e ocorrendo num contexto de conflitos emocionais e de problemas psicossociais suficientemente importantes para permitir a conclusão de que os mesmos sejam a causa essencial do transtorno.
O resultado é em geral uma maior atenção em decorrência ao suporte e assistência seja pessoal ou médica. Uma dor considerada como psicogênica, mas ocorrendo no curso de um transtorno depressivo ou de uma esquizofrenia não deve ser aqui classificada.
NEURASTENIA
Existem variações culturais consideráveis para a apresentação deste transtorno sendo que dois tipos principais ocorrem com considerável superposição.
No primeiro tipo a característica essencial é a uma queixa relacionada com a existência de uma maior fatigabilidade, que ocorre após esforços mentais frequentemente, associada a certa diminuição do desempenho profissional e da capacidade de fazer face às tarefas cotidianas.
A fatigabilidade mental é descrita tipicamente como uma intrusão desagradável de associações ou de lembranças que distraem, dificultam a concentração e geram pensamentos ineficientes.
No segundo tipo, a ênfase se dá mais em sensações de fraqueza corporal ou física, seguidos de um sentimento de esgotamento após esforços mínimos, dores musculares e incapacidade para relaxar.
Em ambos os tipos há habitualmente vários outras sensações físicas desagradáveis, tais como vertigens, cefaléias tensionais e uma impressão de instabilidade global. São comuns, além disto, inquietudes com relação a uma degradação da saúde mental e física; irritabilidade, anedonia, depressão e ansiedade menores e variáveis. O sono frequentemente está perturbado nas suas fases inicial e média, mas a hipersonia pode também ser proeminente.
TRANSTORNO DE SOMATIZAÇÃO
Transtorno caracterizado essencialmente pela presença de sintomas físicos múltiplos, recorrentes e variáveis com o tempo, persistindo ao menos por dois anos.
A maioria dos pacientes teve uma longa e complicada história de contato, tanto com a assistência médica primária quanto especializada, durante as quais muitas investigações negativas ou cirurgias exploratórias sem resultado podem ter sido realizadas.
Os sintomas podem estar referidos a qualquer parte ou sistema do corpo. O curso da doença é crônico e flutuante, e frequentemente se associa a uma alteração do comportamento social, interpessoal e familiar.
Quando o transtorno tem uma duração mais breve (menos de dois anos) ou quando ele se caracteriza por sintomas menos evidentes, deve-se fazer o diagnóstico de transtorno somatoforme indiferenciado.

AS PRINCIPAIS PSICOPATOLOGIAS
ANOREXIA
A anorexia nervosa é um transtorno alimentar caracterizado pela busca incessante por magreza e com isso a elaboração de estratégias para atingir este objetivo. Uma pessoa anoréxica tem uma imagem corporal distorcida, ou seja, há uma perturbação significativa na percepção do esquema corporal, na auto-percepção da forma e/ou do tamanho do corpo. A pessoa continua se sentindo gorda mesmo estando excessivamente magra, quando ela se olha no espelho não consegue visualizar sua imagem real e sim sua imagem distorcida.
O medo intenso de ganhar peso leva o individuo a se utilizar de várias estratégias que vão desde a recusa em alimentar-se de forma saudável, pois vira vítima de tabelas calóricas, até o uso abusivo de laxantes e diuréticos, autoindução a vômitos e prática de exercícios intensos.
Assim sendo, a recusa alimentar é apenas uma consequência dessa distorção doentia do esquema corporal. A autoestima dos pacientes com Anorexia Nervosa depende obsessivamente de sua forma e peso corporais. A perda de peso é vista como uma conquista notável e como um sinal de extraordinária disciplina pessoal, ao passo que o ganho de peso é percebido como um inaceitável fracasso do autocontrole.
Embora alguns pacientes com este transtorno possam reconhecer que estão magros, eles tipicamente negam as sérias implicações de seu estado de desnutrição.
ANSIEDADE
A ansiedade caracteriza-se por um sentimento de apreensão desagradável, vago, acompanhado de sensações físicas como frio no estômago, opressão no peito, palpitações, transpiração, dor de cabeça ou falta de ar, dentre várias outras. Ansiedade diferente do medo é uma resposta a uma ameaça desconhecida. A ansiedade é um sinal de alerta, que adverte sobre perigos iminentes e capacita o indivíduo a tomar medidas para enfrentar ameaças.
A ansiedade prepara o indivíduo para lidar com situações potencialmente danosas, como punições ou privações, ou qualquer ameaça a unidade ou integridade pessoal, tanto física como moral. Desta forma, a ansiedade prepara o organismo a tomar as medidas necessárias para impedir a concretização desses possíveis prejuízos, ou pelo menos diminuir suas consequências. Portanto, a ansiedade é uma reação natural e necessária para a auto-preservação. As reações de ansiedade normais não precisam ser tratadas por serem naturais e auto-limitadas.
Os estados de ansiedade anormais, que constituem síndromes de ansiedade são patológicas e requerem tratamento específico. A tensão oriunda do estado de ansiedade pode gerar comportamento agressivo sem com isso se tratar de uma ansiedade patológica.
A ansiedade patológica, por outro lado caracteriza-se pela excessiva intensidade e prolongada duração proporcionalmente à situação precipitante. Ao invés de contribuir com o enfrentamento do objeto de origem da ansiedade, atrapalha, dificulta ou impossibilita a adaptação.
Bulimia
As características essenciais da Bulimia Nervosa consistem de compulsões periódicas e métodos compensatórios inadequados para evitar ganho de peso. Além disso, a auto-avaliação dos pacientes com Bulimia Nervosa é excessivamente influenciada pela forma e peso do corpo, tal como ocorre na Anorexia Nervosa. Para qualificar o transtorno, a compulsão periódica e os comportamentos compensatórios inadequados devem ocorrer, em média, pelo menos duas vezes por semana por 3 meses.
Uma compulsão periódica é definida pela ingestão, num período limitado de tempo, de uma quantidade de alimento definitivamente maior do que a maioria dos pacientes consumiria sob circunstâncias similares. O médico deve considerar o contexto no qual a compulsão periódica ocorreu; durante uma celebração ou uma ceia festiva, por exemplo, o que seria considerado um consumo excessivo em uma refeição comum é considerado normal.
DEPRESSÃO
O termo Depressão pode significar um sintoma que faz parte de inúmeros distúrbios emocionais sem ser exclusivo de nenhum deles, pode significar uma síndrome traduzida por muitos e variáveis sintomas somáticos ou ainda, pode significar uma doença, caracterizada por marcantes alterações afetivas.
No caso do Transtorno Depressivo a depressão é caracterizado por uma alteração psíquica e orgânica global, com consequentes alterações na maneira de valorizar a realidade e a vida. É uma doença que compromete o físico, o humor e, em consequência, o pensamento.
A Depressão altera a maneira como a pessoa vê o mundo e sente a realidade, entende as coisas, manifesta emoções, sente a disposição e o prazer com a vida. Ela afeta a forma como a pessoa se alimenta e dorme, como se sente em relação a si próprio e como pensa sobre as coisas.
Normalmente a pessoa depressiva tem uma visão negativada da tríade cognitiva, ou seja tem uma visão negativa de si, do mundo que a cerca e de seu futuro.
FOBIA SOCIAL
A fobia social é um transtorno caracterizado pelo medo excessivo de ser o foco da atenção de outras pessoas e nessa circunstância, fazer algo ridículo ou humilhante.
Quem tem fobia social apresenta um medo exagerado da interação com pessoas e vai evitar as situações de exposição social, ainda que isso prejudique sua vida. Caso não consiga evitar, sofrerá grande desconforto. Além disso, ocorre o que chamamos de ansiedade antecipatória, isto é, um aumento significativo de ansiedade no período que antecede as situações de exposição social.
Quando a pessoa é obrigada a enfrentar a situação ela apresentar é um aumento rápido de ansiedade, acompanhado de sintomas físicos, tais como: tremor, sudorese, taquicardia, palpitações, empalidecimento, sensação de perda de consciência, náuseas, desconforto abdominal e formigamentos.
TRANSTORNO BIPOLAR
O transtorno afetivo bipolar era denominado até bem pouco tempo de psicose maníaco-depressiva. Esse nome foi abandonado principalmente porque este transtorno não apresenta necessariamente sintomas psicóticos, na verdade, na maioria das vezes esses sintomas não aparecem. Os transtornos afetivos não estão com sua classificação terminada. Provavelmente nos próximos anos surgirão novos subtipos de transtornos afetivos, melhorando a precisão dos diagnósticos. Por enquanto basta-nos compreender o que vem a ser o transtorno bipolar. Com a mudança de nome esse transtorno deixou de ser considerado uma perturbação psicótica para ser considerado uma perturbação afetiva.
A alternância de estados depressivos com maníacos é a tônica dessa patologia. Muitas vezes o diagnóstico correto só será feito depois de muitos anos. Uma pessoa que tenha uma fase depressiva receba o diagnóstico de depressão e dez anos depois apresente um episódio maníaco tem na verdade o transtorno bipolar, mas até que a mania surgisse não era possível conhecer diagnóstico verdadeiro.
O termo mania é popularmente entendido como tendência a fazer várias vezes a mesma coisa. Mania em Psiquiatria significa um estado exaltado de humor. A depressão do transtorno bipolar é igual a depressão recorrente que só se apresenta como depressão, mas uma pessoa deprimida do transtorno bipolar não recebe o mesmo tratamento do paciente depressivo.
TOC
O Transtorno Obsessivo Compulsivo é um transtorno de ansiedade. Manifesta-se sob a forma de alterações do comportamento (rituais ou compulsões, repetições, evitações), dos pensamentos (obsessões como dúvidas, preocupações excessivas) e das emoções (medo, desconforto, aflição, culpa, depressão).
Sua característica principal é a presença de obsessões: pensamentos, imagens ou impulsos que invadem a mente e que são acompanhados de ansiedade ou desconforto, e das compulsões ou rituais: comportamentos ou atos mentais voluntários e repetitivos, realizados para reduzir a aflição que acompanha as obsessões.
Dentre as obsessões mais comuns estão a preocupação excessiva com limpeza (obsessão) que é seguida de lavagens repetidas (compulsão). Outro exemplo são as dúvidas (obsessão), que são seguidas de verificações (compulsão).
A pessoa portadora de TOC tenta ignorá-los ou eliminá-los através de ações que são intencionais e repetitivas. Geralmente reconhece que seu comportamento é excessivo ou que não há muita razão para fazê-lo.
As obsessões ou compulsões acarretam grande estresse, consomem tempo (mais de uma hora por dia) ou interferem bastante na rotina normal, no trabalho ou nas atividades sociais e relacionamentos interpessoais.
SÍNDROME DO PÂNICO
O transtorno do pânico caracteriza-se por crises de ansiedade ou medo, que ocorrem de forma intensa e inesperada. O pânico vem acompanhado de uma sensação de mal estar global, física e mental, promovendo o comportamento de fuga. Por isso, consideramos natural o pânico em situações concretas que podem promover tal comportamento, como estar em local aparentemente sem saída diante de um incêndio. O transtorno de pânico vem acompanhado por uma ansiedade antecipatória, comum em outros transtornos de ansiedade.
Trata-se da preocupação excessiva que antecede o evento. Como o paciente com pânico nunca sabe quando sofrerá nova crise, está sempre apreensivo. Quando associa a possibilidade de nova crise a algum local ou situação tende a esquivar-se dele, devido à ansiedade vinculada. Portanto, a evitação é um comportamento decorrente da atribuição do local a sua crise.
Por fim, a hipocondria é uma manifestação frequente no transtorno do pânico, talvez devido à associação das crises com sintomas físicos como mal estar cardíaco, torna comum a busca desses clientes por pronto socorro, laboratórios ou exames cardiológicos com um medo eminente de ataque cardíaco ou possibilidade de morte.


Pesquisa realizada pelo Dr. Josué Campos Macedo