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domingo, 25 de maio de 2014

A PSICOLOGIA DA GESTALT

O SIGNIFICADO DA PALAVRA GESTALT
Muita gente acha que é o sobrenome de algum psicólogo que teria fundado o movimento. Na verdade,é uma palavra de origem germânica que significa “forma” ou “figura”. Outros nomes pra psicologia da Gestalt são “Gestaltismo”, “psicologia da forma” ou simplesmente “Gestalt”.
A palavra Gestalt (plural Gestalten) é um termo intraduzível do idioma alemão para o português. O Dicionário Eletrônico Michaelis apresenta como possibilidades as palavras figura, forma, feição, aparência, porte; estatura, conformação; vulto, às quais ainda se pode acrescentar estrutura e configuração.
Aproximadamente a partir de 1870 alguns pesquisadores alemães começaram a estudar os fenômenos perceptuais humanos, especialmente a visão. Seus estudos procuravam entender como se davam os fenômenos perceptuais, tendo se utilizado em grande parte deles, de obras de arte. Queriam entender o que ocorria para que determinado recurso pictórico resultasse em tal e tal efeito. A estes estudos convencionou-se denominar de Psicologia da Gestalt ou Psicologia da Boa Forma. Seus expoentes mais conhecidos foram Kurt Koffka, Wolfgang Köhler e Max Werteimer. Criaram as Leis da Gestalt relativas à percepção humana, que até hoje se mantêm válidas.
A psicologia da Gestalt é um movimento que atua na área da teoria da forma. O design utiliza as leis da Gestalt o tempo todo, muitas vezes até de forma inconsciente. Ele ajuda as pessoas a assimilarem informações e entenderem as mensagens que são passadas. Este artigo visa explicar de forma detalhada o que é a Gestalt e como ela é aplicada no mundo do design gráfico e web design.
O FUNDADOR DO GESTALTISMO
O conceito de Gestalt foi primeiro introduzido na filosofia e psicologia contemporânea por Christian von Ehrenfels, mas o verdadeiro pai da Gestalt foi Max Wertheimer, cujo trabalho surgiu como resposta ao Estruturalismo de Wilhelm Wundt (“um sistema no qual cada um dos elementos só pode ser definido pelas relações de equivalência ou de oposição que mantém com os demais elementos“).
No entanto, Wertheimer não foi o único responsável pelo surgimento do Gestaltismo.
O desenvolvimento desta área da psicologia foi fortemente influenciada por outros grandes pensadores, como Immanuel Kant, Ernst Mach e Johann Wolfgang Von Goethe.
É uma teoria que estuda como os seres humanos percebem as coisas. A psicologia da Gestalt enfoca as leis mentais, os princípios que determinam a maneira como percebemos as coisas. Ela prega que nossa percepção não se dá por “Pontos Isolados”, mas sim, por uma visão de “Todo”. Então, funda-se na idéia de que o todo é mais do que a simples soma de suas partes. Por exemplo:
"A+B" não é simplesmente "(A+B)", mas sim um terceiro elemento "C", que possui características próprias
Gestalt é uma palavra, pronunciada "guestalt", de origem alemã que pode ser traduzida aproximadamente como, “Forma Total” ou “Forma Global”. Surgiu no início do século passado, na Alemanha, e teve como principais expoentes Kurt Koffka (1886-1940), Wolfgang Köhler (1887-1967) e Max Werteimer (1880-1943).
Princípios básicos
Alguns dos princípios básicos da Gestalt, que é muito usado hoje em dia em profissões como Design, Arquitetura, etc, são: Similaridade, Proximidade, Continuidade, Alinhamento, Experiências passadas.
GESTALT-TERAPIA
Fritz Perls (1893-1970), considerado o pai da Gestalt-terapia, foi um médico alemão interessado em princípio em neurologia e depois em psiquiatria. Por conta disto se aproximou da Psicanálise, tendo se tornado psicanalista. Antes de se decidir pela medicina, havia considerado a possibilidade de se tornar ator. De temperamento irrequieto, intempestivo e muito criativo, foi desenvolvendo a sua visão de psicanálise, tendo em curto espaço de tempo conseguido muitas inimizades e, por fim, sua expulsão da Sociedade de Psicanálise. Nesta época foi analisando de Wilhelm Reich. Chegou a ter um encontro com Freud, a partir do qual rompeu definitivamente com a Psicanálise. Por ser judeu, imigrou em 1936 para a Johanesburgo na África do Sul com sua esposa Lore, onde fundou um Instituto de Psicanálise. Em 1946 imigrou para os Estados Unidos, tendo se fixado em New York.
Nesta época encontrou seu grande parceiro, Paul Goodman, com quem em 1951 publicou em co-autoria com Ralph Hefferline o livro “Gestalt Therapy – Excitement and Growth in Human Personality”, a primeira aparição pública do termo Gestalt-terapia. Por esta época até a sua morte em 1970, Fritz Perls, sua esposa Lore e Paul Goodman, além de outros autores que paulatinamente foram se juntando a eles, constituiram a Gestalt-terapia a partir de fontes como a Psicologia da Gestalt, Fenomenologia, Existencialismo, Teoria Organísmica de Goldstein, Teoria de Campo de Lewin, Holismo de Smuts, Psicodrama de Moreno, Reich, Buber e, por fim, a filosofia oriental.

O PRINCÍPIO BÁSICO DA GESTALT
Em termos mais gerais, é o conjunto de entidades físicas, biológicas, fisiológicas ou simbólicas que juntas formam um conceito, padrão ou configuração unificado que é maior que a soma de suas partes.
“A “fórmula” fundamental da teoria da Gestalt pode ser expressada da seguinte forma,” escreveu. “Existem conjuntos, o comportamento dos quais não são determinados por seus elementos individuais, mas onde o processo da parte são determinadas pela natureza intrínseca do todo. É o objetivo da Gestalt de determinar a natureza de tais conjuntos” (1924).
Em resumo: o princípio básico da teoria Gestaltista é que o inteiro é interpretado de maneira diferente que a soma de suas partes.
Como exemplo, observe a imagem seguinte:

O que vemos? Uma estante, certo? É o que a Gestalt diz que nós vemos. O olho humano percebe um objeto como um inteiro antes de perceber suas partes individuais. E quais são as partes individuais? A imagem abaixo resume bem:
 
Você já notou como uma série de luzes piscantes parecem se mover de vez em quando, como sinais de neon e luzes natalinas? De acordo com a Gestalt, esse movimento aparente acontece por que nossas mentes preenchem a informação que falta. É exatamente o que vemos com a estante. Não notamos as tábuas de madeira ou os pregos. Tanto que ao ler a palavra “mesa” você vai imaginar uma mesa, e não quatro pernas e uma tábua de madeira.
Ainda não entendeu? A imagem abaixo resume perfeitamente o que é a Gestalt:

A IMPORTÂNCIA DA GESTALT
O mundo visual é tão complexo que o cérebro humanos desenvolveu estratégias para lidar com a confusão. Nossa mente procura sempre a solução mais simples para um problema (Navalha de Occam). Uma das maneiras pela qual nossa cabeça faz isto é através da formação de grupos de itens que possuem uma característica em comum.
Muito do que você estuda sobre a Gestalt é em relação a como estes grupos se formam e qual efeitos eles possuem na nossa percepção. Quanto mais forte o grupo, mais forte a Gestalt. É este grupo que contribue para a unidade no design. A Gestalt é a ferramenta mais poderosa que o designer tem para criar algo único.
Estes mesmos conceitos que formam os grupos podem ser revertidos para desagrupar os itens a fim de torná-los únicos. Essa é a base para a criação da variedade, que dá interesse a uma imagem.
O truque é balancear o único com a variedade: Muitas unidades iguais e o design pode parecer monótono e repetitivo; muita variedade e pode parecer algo caótico e sem sentido. Entender os conceitos da Gestalt pode ajudar um designer a controlar a unidade e variedade.

AS LEIS BÁSICAS DA GESTALT SÃO 6
Semelhança
Proximidade
Continuidade
Pregnância
Fechamento
Unidade
Vamos analisar cada uma individualmente.

LEI DA SEMELHANÇA
A lei da semelhança dita que objetos similares se agruparão entre si. Na imagem abaixo, a maioria das pessoas vê colunas de quadrados e colunas de círculos.
Poucas pessoas vão associar isto como “uma linha horizontal onde quadrados e círculos se intercalam”.
LEI DA PROXIMIDADE
Elementos próximos tendem a se agruparem, constituindo uma unidade. Elementos vão parecer mais próximos e unificados quanto menor for a distância entre eles. Você nota os 16 círculos, ou os 4 grupos de círculos na imagem abaixo?
LEI DA CONTINUIDADE
Essa lei dita que pontos que estão conectados por uma linha reta ou curva, são vistos de uma maneira a seguirem um caminho mais suave. Em vez de ver linhas e ângulos separados, linhas são vistas como uma só.
LEI DA PREGNÂNCIA
É chamado também de lei da simplicidade. Ela dita que objetos em um ambiente são vistos da forma mais simples possíveis. Quanto mais simples, mais facilmente é assimilada. Na imagem abaixo, vemos vários círculos em vez de uma forma complexa:
LEI DO FECHAMENTO
Elementos são agrupados se eles parecem se completar. Ou seja, nossa mente ver um objeto completo mesmo quando não há um.
LEI DA UNIFICAÇÃO
Na lei da unificação, mesmo uma imagem abstrata pode ser entendida pela mente humana pois preenchemos os espaços vazios instintivamente, como no logo do Johnnie Walker ou da WWF (um homem caminhando e um urso panda).
QUANDO A GESTALT DEVE SER APLICADA
A Gestalt deve ser aplicada sempre que possível, ainda mais agora que você entende como ela funciona. Usando teorias Gestaltistas no design, você pode gerar soluções alternativas para problemas comuns.

EXEMPLOS DE GESTALT APLICADA AO DESIGN
Vamos a alguns exemplos de Gestalt aplicada ao design para você melhor entender:

A UTILIZAÇÃO DA GESTALT EM LAYOUTS
O objetivo da Gestalt, no desenvolvimento de um site, é oferecer a chance de compor melhor seu Layout e, conseqüentemente, criar uma composição harmoniosamente agradável aos olhos dos visitantes, fazendo com que os usuários se sintam confortáveis ao navegar. Caso contrário, fará com que ele tenha a sensação de algo errado de forma inconsciente. 
Na imagem acima, vemos duas figuras não fechadas, que nos consomem energia e pode provocar estresse.
A maioria das pessoas, num primeiro momento, dizem rapidamente que figuras são estas (um triângulo e um círculo). Triângulo e círculo são figuras fechadas e estas são abertas. Então, elas estarão erradas. Segundo a psicologia da Gestalt, este engano ocorre por duas razões básicas:
Tendemos a perceber as coisas de maneira global num primeiro momento;
Tendemos, inconscientemente, a concluir ou fechar figuras ou objetos que achamos que estão incompletos.
Alguns princípios da Gestalt nos ajudarão a evitar que o visitante tenha, inconscientemente, sensação de algo errado.
SIMILARIDADE
Define que os objetos similares tendem a se agrupar. Algumas características podem ser exploradas quando desejamos criar relações ou agrupar elementos na composição de uma figura, como na cor dos objetos, a textura e na sensação de massa dos elementos. Por outro lado, o mau uso da similaridade pode dificultar a percepção visual como, por exemplo, o uso de texturas semelhantes em elementos do “fundo” e em elementos do primeiro plano. 
Na figura da esquerda, percebemos linhas. Já na figura da direita, percebemos colunas. Isso se dá devido à semelhança que força aos objetos a se agruparem formando um só.

ALINHAMENTO
Cada elemento que constitui um layout deve ter uma conexão visual com outro elemento. Não se deve fazer ou colocar nada arbitrariamente, sem levar em consideração a composição do todo. Esta conexão pode ser feita alinhando os elementos que precisam passar a ideia de que estão ligados, de forma que seu conteúdo, ao seguir sua linha base, transmita a ideia do relacionamento.
No entanto, algumas vezes é necessário diferenciar, desalinhando algo, para dar destaque ou tirar a atenção do usuário para algum item importante. É algo como um processo quebrado ou sair da rotina na mente humana.
Na primeira figura, vemos quatro caixas alinhadas, agradavelmente, formando um conteúdo. Na segunda, podemos perceber que as caixas já não têm uma ligação tão forte devido ao desalinhamento. Em alguns casos, isso pode trazer a sensação para o visitante de que há algo errado e ele pode não saber identificar o que é e onde está.
A Psicologia da Gestalt originou-se na Alemanha, entre 1910 e 1912. A tradução da palavra alemã “Gestalt” é complexa e os termos, em português, que mais se aproximam de sua tradução seriam “forma”, “configuração”.  Os três pesquisadores que marcaram essa corrente teórica foram Marx Wertheimer, Kurt Koffka e Wolfgang Köhler. Esses pesquisadores embasaram-se nos estudos psicofísicos – os quais relacionaram a forma e sua percepção. Seus experimentos iniciaram-se com relação à percepção e sensação do movimento. Visavam entender os processos psicológicos envolvidos na ilusão de ótica, quando o estímulo físico percebido pelo sujeito possui uma forma diferente da que corresponde à realidade.
O fundador da Psicologia da Gestalt, Wertheimer, tomou por objeto a análise e compreensão do movimento aparente. Realizou experiências com dois pontos de luz, acendendo e apagando as duas luzes no escuro, em diferentes intervalos de tempo entre o acender de uma lâmpada e o apagar de outra e também em diferentes velocidades nesse intervalo. O pesquisador chegou à conclusão de que o movimento percebido nas luzes se dava na mente do sujeito, através da ilusão de ótica.
Kurt Koffka, psicólogo alemão, foi responsável por difundir a Psicologia da Gestalt nos Estados Unidos através de palestras que dava nas Universidades. Nesta época, a Psicologia americana centrava-se no Positivismo, e assim sendo, a Gestalt sofreu duras críticas. Köhler foi também um outro pesquisador da Psicologia da Gestalt e desenvolveu pesquisas com macacos na época da Primeira Grande Guerra. Este pesquisador visava conhecer a capacidade mental dos macacos. Em 1935, tornou-se o presidente da APA (Associação Psicológica Americana).
A teoria da Gestalt tem como ponto inicial e principal objeto a percepção. De acordo com os Gestaltistas, o processo da percepção encontra-se entre os estímulos fornecidos pelo meio e a resposta do indivíduo. Destarte, o que é percebido pelo indivíduo e como é percebido são importantes elementos para que se possa compreender o comportamento humano. Assim como para o Behaviorismo, a Gestalt entende a Psicologia como uma ciência que estuda o comportamento, todavia, com suas diferenças teóricas, os behavioristas estudavam o comportamento pela relação estímulo-resposta e desconsideravam os conteúdos conscientes devido à impossibilidade de controla-los de modo científico. De acordo com os Gestaltistas, o comportamento deveria ser observado em seus aspectos mais globais e deveria haver a consideração das condições que alteram a percepção do estímulo. Como justificativa a essa teoria, embasavam-se na teoria do isomorfismo – esta pressupunha uma ideia de unidade no universo e pressupunha que a parte sempre se relacionava ao todo. Quando se vê somente a parte de um determinado objeto, por exemplo, há a tendência da restauração do equilíbrio da forma e isso garante que se entenda o objeto que se está percebendo. “Esse fenômeno da percepção é norteado pela busca de fechamento, simetria e regularidade dos pontos que compõem uma figura (objeto)” (TEIXEIRA, 2007, p.60).
 É nos fenômenos da percepção que a Gestalt descobre as condições para a compreensão do comportamento do homem. A maneira como se percebe o estímulo provocará o comportamento humano. Vale explicitar alguns princípios fundamentais e a partir dos quais a percepção se configura: 1) “o todo é mais do que a soma das partes”; 2) princípio de fechamento; 3) princípio de proximidade; 4) princípio de semelhança; 5) a relação entre figura e fundo. Faremos algumas breves explanações acerca destes princípios respectivamente. O princípio número 1 significa que ao se observar um objeto, há a tendência de se perceber a totalidade do objeto. O princípio número 2 afirma que há a tendência de se buscar na memória algum elemento que seja próximo do objeto, na questão de conteúdo e forma, para facilitar a compreensão do mesmo.  O princípio número 3 significa que, ao se perceber um objeto, há a tendência de que ele seja agrupado de acordo com a relação de proximidade que ele possui com outro objeto. O princípio número 4 diz da tendência do homem de agrupar os elementos de acordo com suas semelhanças. Por fim, na relação figura/fundo, uma parte emerge do todo e se discrimina do resto da gravura. A parte que emerge é a figura e os outros elementos são o fundo. Assim, o objeto que se percebe de modo imediato é sempre a figura.
O conceito de insight é de suma importância para a Gestalt. É definido como um evento cognitivo no qual a relação e a ligação de eventos psicológicos conferem forma à figura e fazem com que o sujeito compreenda a figura formada.
Como se pode observar, Gestaltistas eram também adeptos da concepção inatista do homem e do apriorismo kantiano. Não obstante, o comportamento cognitivo do homem seria resultado de estruturas inatas às quais são inerentes ao sujeito. De acordo com esta perspectiva, a aprendizagem é determinada pela capacidade de perceber do sujeito e também por um sistema nervoso maduro. A aprendizagem ocorre, pois, de dentro para fora e liga-se à prontidão que o aluno tem em aprender. A prontidão, por sua vez, depende da maturação neurológica do aluno e é esta que determina a motivação e o interesse do aluno durante a aprendizagem. O trabalho do professor, dentro desta perspectiva teórica, seria o de dar auxílio ao aluno, seria o de reorganizar o campo de percepção daquele de acordo com o conteúdo.

A Teoria da Gestalt estuda a percepção e a sensação do movimento, os processos psicológicos envolvidos diante de um estímulo e como este é percebido pelo sujeito.