Muita gente acha que é o
sobrenome de algum psicólogo que teria fundado o movimento. Na verdade,é uma
palavra de origem germânica que significa “forma” ou “figura”. Outros nomes pra
psicologia da Gestalt são “Gestaltismo”, “psicologia da forma” ou simplesmente
“Gestalt”.
A palavra Gestalt (plural Gestalten)
é um termo intraduzível do idioma alemão para o português. O Dicionário
Eletrônico Michaelis apresenta como possibilidades as palavras figura, forma,
feição, aparência, porte; estatura, conformação; vulto, às quais ainda se pode
acrescentar estrutura e configuração.
Aproximadamente a partir de 1870
alguns pesquisadores alemães começaram a estudar os fenômenos perceptuais
humanos, especialmente a visão. Seus estudos procuravam entender como se davam
os fenômenos perceptuais, tendo se utilizado em grande parte deles, de obras de
arte. Queriam entender o que ocorria para que determinado recurso pictórico
resultasse em tal e tal efeito. A estes estudos convencionou-se denominar de
Psicologia da Gestalt ou Psicologia da Boa Forma. Seus expoentes mais
conhecidos foram Kurt Koffka, Wolfgang Köhler e Max Werteimer. Criaram as Leis
da Gestalt relativas à percepção humana, que até hoje se mantêm válidas.
A psicologia da Gestalt é um
movimento que atua na área da teoria da forma. O design utiliza as leis da Gestalt
o tempo todo, muitas vezes até de forma inconsciente. Ele ajuda as pessoas a
assimilarem informações e entenderem as mensagens que são passadas. Este artigo
visa explicar de forma detalhada o que é a Gestalt e como ela é aplicada no
mundo do design gráfico e web design.
O FUNDADOR DO GESTALTISMO
O conceito de Gestalt foi
primeiro introduzido na filosofia e psicologia contemporânea por Christian von
Ehrenfels, mas o verdadeiro pai da Gestalt foi Max
Wertheimer, cujo trabalho surgiu como resposta ao Estruturalismo de Wilhelm
Wundt (“um sistema no qual cada um dos elementos só pode ser definido pelas
relações de equivalência ou de oposição que mantém com os demais elementos“).
No entanto, Wertheimer não foi o
único responsável pelo surgimento do Gestaltismo.
O desenvolvimento desta área da
psicologia foi fortemente influenciada por outros grandes pensadores, como
Immanuel Kant, Ernst Mach e Johann Wolfgang Von Goethe.
É uma teoria que estuda como os
seres humanos percebem as coisas. A psicologia da Gestalt enfoca as leis mentais,
os princípios que determinam a maneira como percebemos as coisas. Ela prega que
nossa percepção não se dá por “Pontos Isolados”, mas sim, por uma visão de
“Todo”. Então, funda-se na idéia de que o todo é mais do que a simples soma de
suas partes. Por exemplo:
"A+B" não é
simplesmente "(A+B)", mas sim um terceiro elemento "C", que
possui características próprias
Gestalt é uma palavra,
pronunciada "guestalt", de origem alemã que pode ser traduzida
aproximadamente como, “Forma Total” ou “Forma Global”. Surgiu no início do
século passado, na Alemanha, e teve como principais expoentes Kurt Koffka (1886-1940), Wolfgang
Köhler (1887-1967) e Max
Werteimer (1880-1943).
Princípios básicos
Alguns dos princípios básicos da Gestalt,
que é muito usado hoje em dia em profissões como Design, Arquitetura, etc, são:
Similaridade, Proximidade, Continuidade, Alinhamento, Experiências passadas.
GESTALT-TERAPIA
Fritz Perls (1893-1970),
considerado o pai da Gestalt-terapia, foi um médico alemão interessado em
princípio em neurologia e depois em psiquiatria. Por conta disto se aproximou
da Psicanálise, tendo se tornado psicanalista. Antes de se decidir pela
medicina, havia considerado a possibilidade de se tornar ator. De temperamento
irrequieto, intempestivo e muito criativo, foi desenvolvendo a sua visão de psicanálise,
tendo em curto espaço de tempo conseguido muitas inimizades e, por fim, sua
expulsão da Sociedade de Psicanálise. Nesta época foi analisando de Wilhelm
Reich. Chegou a ter um encontro com Freud, a partir do qual rompeu
definitivamente com a Psicanálise. Por ser judeu, imigrou em 1936 para a
Johanesburgo na África do Sul com sua esposa Lore, onde fundou um Instituto de
Psicanálise. Em 1946 imigrou para os Estados Unidos, tendo se fixado em New
York.
Nesta época encontrou seu grande
parceiro, Paul Goodman, com quem em 1951 publicou em co-autoria com Ralph
Hefferline o livro “Gestalt Therapy – Excitement and Growth in Human
Personality”, a primeira aparição pública do termo Gestalt-terapia. Por esta
época até a sua morte em 1970, Fritz Perls, sua esposa Lore e Paul Goodman,
além de outros autores que paulatinamente foram se juntando a eles,
constituiram a Gestalt-terapia a partir de fontes como a Psicologia da Gestalt,
Fenomenologia, Existencialismo, Teoria Organísmica de Goldstein, Teoria de
Campo de Lewin, Holismo de Smuts, Psicodrama de Moreno, Reich, Buber e, por
fim, a filosofia oriental.
O PRINCÍPIO BÁSICO DA GESTALT
Em termos mais gerais, é o
conjunto de entidades físicas, biológicas, fisiológicas ou simbólicas que
juntas formam um conceito, padrão ou configuração unificado que é maior que a
soma de suas partes.
“A “fórmula” fundamental da
teoria da Gestalt pode ser expressada da seguinte forma,” escreveu. “Existem
conjuntos, o comportamento dos quais não são determinados por seus elementos
individuais, mas onde o processo da parte são determinadas pela natureza
intrínseca do todo. É o objetivo da Gestalt de determinar a natureza de tais
conjuntos” (1924).
Em resumo: o princípio básico da
teoria Gestaltista é que o inteiro é interpretado de maneira diferente que a
soma de suas partes.
Como exemplo, observe a imagem
seguinte:
O que vemos? Uma estante, certo?
É o que a Gestalt diz que nós vemos. O olho humano percebe um objeto como um
inteiro antes de perceber suas partes individuais. E quais são as partes
individuais? A imagem abaixo resume bem:
Você já notou como uma série de
luzes piscantes parecem se mover de vez em quando, como sinais de neon e luzes
natalinas? De acordo com a Gestalt, esse movimento aparente acontece por
que nossas mentes preenchem a informação que falta. É exatamente o que vemos
com a estante. Não notamos as tábuas de madeira ou os pregos. Tanto que ao ler
a palavra “mesa” você vai imaginar uma mesa, e não quatro pernas e uma tábua de
madeira.
Ainda não entendeu? A imagem
abaixo resume perfeitamente o que é a Gestalt:
A IMPORTÂNCIA DA GESTALT
O mundo visual é tão complexo que
o cérebro humanos desenvolveu estratégias para lidar com a confusão. Nossa
mente procura sempre a solução mais simples para um problema (Navalha de Occam).
Uma das maneiras pela qual nossa cabeça faz isto é através da formação de
grupos de itens que possuem uma característica em comum.
Muito do que você estuda sobre a Gestalt
é em relação a como estes grupos se formam e qual efeitos eles possuem na nossa
percepção. Quanto mais forte o grupo, mais forte a Gestalt. É este grupo que
contribue para a unidade no design. A Gestalt é a ferramenta mais poderosa que
o designer tem para criar algo único.
Estes mesmos conceitos que formam
os grupos podem ser revertidos para desagrupar os itens a fim de torná-los
únicos. Essa é a base para a criação da variedade, que dá interesse a uma
imagem.
O truque é balancear o único com
a variedade: Muitas unidades iguais e o design pode parecer monótono e
repetitivo; muita variedade e pode parecer algo caótico e sem sentido. Entender
os conceitos da Gestalt pode ajudar um designer a controlar a unidade e
variedade.
AS LEIS BÁSICAS DA GESTALT SÃO 6
Semelhança
Proximidade
Continuidade
Pregnância
Fechamento
Unidade
Vamos analisar cada uma
individualmente.
LEI DA SEMELHANÇA
A lei da semelhança dita que
objetos similares se agruparão entre si. Na imagem abaixo, a maioria das
pessoas vê colunas de quadrados e colunas de círculos.
Poucas pessoas vão associar isto
como “uma linha horizontal onde quadrados e círculos se intercalam”.
LEI DA PROXIMIDADE
Elementos próximos tendem a se
agruparem, constituindo uma unidade. Elementos vão parecer mais próximos e
unificados quanto menor for a distância entre eles. Você nota os 16 círculos,
ou os 4 grupos de círculos na imagem abaixo?
LEI DA CONTINUIDADE
Essa lei dita que pontos que
estão conectados por uma linha reta ou curva, são vistos de uma maneira a
seguirem um caminho mais suave. Em vez de ver linhas e ângulos separados,
linhas são vistas como uma só.
É chamado também de lei da
simplicidade. Ela dita que objetos em um ambiente são vistos da forma mais
simples possíveis. Quanto mais simples, mais facilmente é assimilada. Na imagem
abaixo, vemos vários círculos em vez de uma forma complexa:
LEI DO FECHAMENTO
Elementos são agrupados se eles
parecem se completar. Ou seja, nossa mente ver um objeto completo mesmo quando
não há um.
LEI DA UNIFICAÇÃO
Na lei da unificação, mesmo uma
imagem abstrata pode ser entendida pela mente humana pois preenchemos os
espaços vazios instintivamente, como no logo do Johnnie Walker ou da WWF (um
homem caminhando e um urso panda).
A Gestalt deve ser aplicada
sempre que possível, ainda mais agora que você entende como ela funciona.
Usando teorias Gestaltistas no design, você pode gerar soluções alternativas
para problemas comuns.
EXEMPLOS DE GESTALT APLICADA AO
DESIGN
Vamos a alguns exemplos de Gestalt
aplicada ao design para você melhor entender:
A UTILIZAÇÃO DA GESTALT EM
LAYOUTS
O objetivo da Gestalt, no
desenvolvimento de um site, é oferecer a chance de compor melhor seu Layout e,
conseqüentemente, criar uma composição harmoniosamente agradável aos olhos dos
visitantes, fazendo com que os usuários se sintam confortáveis ao navegar. Caso
contrário, fará com que ele tenha a sensação de algo errado de forma
inconsciente.
Na imagem acima, vemos duas
figuras não fechadas, que nos consomem energia e pode provocar estresse.
A maioria das pessoas, num
primeiro momento, dizem rapidamente que figuras são estas (um triângulo e um
círculo). Triângulo e círculo são figuras fechadas e estas são abertas. Então,
elas estarão erradas. Segundo a psicologia da Gestalt, este engano ocorre por
duas razões básicas:
Tendemos a perceber as coisas de
maneira global num primeiro momento;
Tendemos, inconscientemente, a
concluir ou fechar figuras ou objetos que achamos que estão incompletos.
Alguns princípios da Gestalt nos
ajudarão a evitar que o visitante tenha, inconscientemente, sensação de algo
errado.
SIMILARIDADE
Define que os objetos similares
tendem a se agrupar. Algumas características podem ser exploradas quando
desejamos criar relações ou agrupar elementos na composição de uma figura, como
na cor dos objetos, a textura e na sensação de massa dos elementos. Por outro
lado, o mau uso da similaridade pode dificultar a percepção visual como, por
exemplo, o uso de texturas semelhantes em elementos do “fundo” e em elementos
do primeiro plano.
Na figura da esquerda, percebemos
linhas. Já na figura da direita, percebemos colunas. Isso se dá devido à
semelhança que força aos objetos a se agruparem formando um só.
ALINHAMENTO
Cada elemento que constitui um
layout deve ter uma conexão visual com outro elemento. Não se deve fazer ou
colocar nada arbitrariamente, sem levar em consideração a composição do todo.
Esta conexão pode ser feita alinhando os elementos que precisam passar a ideia
de que estão ligados, de forma que seu conteúdo, ao seguir sua linha base,
transmita a ideia do relacionamento.
No entanto, algumas vezes é
necessário diferenciar, desalinhando algo, para dar destaque ou tirar a atenção
do usuário para algum item importante. É algo como um processo quebrado ou sair
da rotina na mente humana.
Na primeira figura, vemos quatro
caixas alinhadas, agradavelmente, formando um conteúdo. Na segunda, podemos
perceber que as caixas já não têm uma ligação tão forte devido ao
desalinhamento. Em alguns casos, isso pode trazer a sensação para o visitante de
que há algo errado e ele pode não saber identificar o que é e onde está.
A Psicologia da Gestalt
originou-se na Alemanha, entre 1910 e 1912. A tradução da palavra alemã “Gestalt”
é complexa e os termos, em português, que mais se aproximam de sua tradução seriam
“forma”, “configuração”. Os três
pesquisadores que marcaram essa corrente teórica foram Marx Wertheimer, Kurt
Koffka e Wolfgang Köhler. Esses pesquisadores embasaram-se nos estudos
psicofísicos – os quais relacionaram a forma e sua percepção. Seus experimentos
iniciaram-se com relação à percepção e sensação do movimento. Visavam entender
os processos psicológicos envolvidos na ilusão de ótica, quando o estímulo
físico percebido pelo sujeito possui uma forma diferente da que corresponde à
realidade.
O fundador da Psicologia da Gestalt,
Wertheimer, tomou por objeto a análise e compreensão do movimento aparente.
Realizou experiências com dois pontos de luz, acendendo e apagando as duas
luzes no escuro, em diferentes intervalos de tempo entre o acender de uma
lâmpada e o apagar de outra e também em diferentes velocidades nesse intervalo.
O pesquisador chegou à conclusão de que o movimento percebido nas luzes se dava
na mente do sujeito, através da ilusão de ótica.
Kurt Koffka, psicólogo alemão,
foi responsável por difundir a Psicologia da Gestalt nos Estados Unidos através
de palestras que dava nas Universidades. Nesta época, a Psicologia americana
centrava-se no Positivismo, e assim sendo, a Gestalt sofreu duras críticas.
Köhler foi também um outro pesquisador da Psicologia da Gestalt e desenvolveu
pesquisas com macacos na época da Primeira Grande Guerra. Este pesquisador
visava conhecer a capacidade mental dos macacos. Em 1935, tornou-se o
presidente da APA (Associação Psicológica Americana).
A teoria da Gestalt tem como
ponto inicial e principal objeto a percepção. De acordo com os Gestaltistas, o
processo da percepção encontra-se entre os estímulos fornecidos pelo meio e a
resposta do indivíduo. Destarte, o que é percebido pelo indivíduo e como é
percebido são importantes elementos para que se possa compreender o
comportamento humano. Assim como para o Behaviorismo, a Gestalt entende a
Psicologia como uma ciência que estuda o comportamento, todavia, com suas
diferenças teóricas, os behavioristas estudavam o comportamento pela relação
estímulo-resposta e desconsideravam os conteúdos conscientes devido à
impossibilidade de controla-los de modo científico. De acordo com os Gestaltistas,
o comportamento deveria ser observado em seus aspectos mais globais e deveria
haver a consideração das condições que alteram a percepção do estímulo. Como
justificativa a essa teoria, embasavam-se na teoria do isomorfismo – esta
pressupunha uma ideia de unidade no universo e pressupunha que a parte sempre
se relacionava ao todo. Quando se vê somente a parte de um determinado objeto,
por exemplo, há a tendência da restauração do equilíbrio da forma e isso
garante que se entenda o objeto que se está percebendo. “Esse fenômeno da
percepção é norteado pela busca de fechamento, simetria e regularidade dos
pontos que compõem uma figura (objeto)” (TEIXEIRA, 2007, p.60).
É nos fenômenos da
percepção que a Gestalt descobre as condições para a compreensão do
comportamento do homem. A maneira como se percebe o estímulo provocará o comportamento
humano. Vale explicitar alguns princípios fundamentais e a partir dos quais a
percepção se configura: 1) “o todo é mais do que a soma das partes”; 2)
princípio de fechamento; 3) princípio de proximidade; 4) princípio de
semelhança; 5) a relação entre figura e fundo. Faremos algumas breves
explanações acerca destes princípios respectivamente. O princípio número 1
significa que ao se observar um objeto, há a tendência de se perceber a
totalidade do objeto. O princípio número 2 afirma que há a tendência de se
buscar na memória algum elemento que seja próximo do objeto, na questão de
conteúdo e forma, para facilitar a compreensão do mesmo. O princípio
número 3 significa que, ao se perceber um objeto, há a tendência de que ele
seja agrupado de acordo com a relação de proximidade que ele possui com outro
objeto. O princípio número 4 diz da tendência do homem de agrupar os elementos
de acordo com suas semelhanças. Por fim, na relação figura/fundo, uma parte
emerge do todo e se discrimina do resto da gravura. A parte que emerge é a
figura e os outros elementos são o fundo. Assim, o objeto que se percebe de
modo imediato é sempre a figura.
O conceito de insight é de suma
importância para a Gestalt. É definido como um evento cognitivo no qual a
relação e a ligação de eventos psicológicos conferem forma à figura e fazem com
que o sujeito compreenda a figura formada.
Como se pode observar, Gestaltistas
eram também adeptos da concepção inatista do homem e do apriorismo kantiano.
Não obstante, o comportamento cognitivo do homem seria resultado de estruturas
inatas às quais são inerentes ao sujeito. De acordo com esta perspectiva, a
aprendizagem é determinada pela capacidade de perceber do sujeito e também por
um sistema nervoso maduro. A aprendizagem ocorre, pois, de dentro para fora e
liga-se à prontidão que o aluno tem em aprender. A prontidão, por sua vez,
depende da maturação neurológica do aluno e é esta que determina a motivação e
o interesse do aluno durante a aprendizagem. O trabalho do professor, dentro
desta perspectiva teórica, seria o de dar auxílio ao aluno, seria o de
reorganizar o campo de percepção daquele de acordo com o conteúdo.
A Teoria da Gestalt estuda a
percepção e a sensação do movimento, os processos psicológicos envolvidos
diante de um estímulo e como este é percebido pelo sujeito.