A
Saúde é definida pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como “um estado de
bem-estar físico, mental e social, e não apenas a ausência de doença ou dor”.
Não se trata apenas da ausência de doença, mas sim um bem-estar em que nos
permite responder de forma positiva às adversidades. Assim, trata-se de um
estado em que nos sentimos bem tanto connosco como na relação com os demais.
Segundo a OMS, a saúde mental é definida como “o estado de bem-estar no
qual o indivíduo realiza as suas capacidades, pode fazer face ao stress normal
da vida, trabalhar de forma produtiva e frutífera e contribuir para a
comunidade em que se insere”. A doença mental inclui perturbações e
desequilíbrios mentais, disfuncionamentos associados à angústia, sintomas e
doenças mentais diagnosticáveis, como por exemplo, a esquizofrenia e a
depressão.
AS
DIFERENÇAS ENTRE SAÚDE FÍSICA E SAÚDE MENTAL
O
nosso corpo é constituído pelo corpo e mente, e cada uma destas componentes tem
necessidades próprias, que devem ser colmatadas para termos uma vida
equilibrada e estabilizada. O desequilíbrio de uma delas acarreta o mau
funcionamento geral desse organismo. A saúde física trata-se do bom
funcionamento do nosso organismo e das funções vitais inerentes. A saúde mental
e a saúde física estão interligados e são interdependentes, tornando-se cada
vez mais evidente que a saúde mental é indispensável para o bem-estar geral dos
indivíduos. Uma boa qualidade de vida depende destes dois fatores e é um
processo contínuo e consciente do indivíduo no sentido de procurar gratificação
nas suas atividades, comportamentos e pensamentos positivos. A saúde física e
mental mantêm uma relação de reciprocidade, estão interligados e são
interdependentes. Ambas são de extrema importância.
Atualmente
muitas pessoas no mundo sofrem de perturbações psiquiátricas, sendo as
perturbações mais proeminentes são as perturbações de ansiedade, depressão, estresse
e as perturbações relacionadas com o álcool, fumo e demais drogas.
FATORES
QUE INFLUENCIAM MAIS A SAÚDE MENTAL DA POPULAÇÃO
O
fato das pessoas com este tipo de perturbações não terem acesso a qualquer
tratamento, a personalidade, antecedentes pessoais e familiares de transtornos
mentais (como é o caso da depressão), fatores genéticos, estresse, problemas
laborais, uso abusivo de drogas, abuso físico e sexual, aspetos biológicos,
psicossociais e culturais.
A
IMPORTÂNCIA DOS PROFISSIONAIS DA SAÚDE MENTAL NA NOSSA COMUNIDADE
Os
profissionais de saúde acabam por ter um papel de grande responsabilidade tendo
em conta a sua profissão e proximidade com a comunidade. A saúde mental acaba
por estar intimamente ligada concomitantemente com a nossa saúde física. Assim,
os profissionais de saúde ao trabalharem a saúde mental, paralelamente estão a
incidir noutros fatores, contribuindo assim para o bem estar dos seus usuários.
Podemos
ter vários campos de ação, pois se trata de uma área bastante abrangente. Um
dos campos é a prevenção, de forma pró-ativa na redução dos fatores geradores
de perturbação mental, com projetos de promoção de saúde mental nas escolas,
envolvendo pais e professores; desenvolver em espaços da comunidade outros
projetos de saúde mental, tendo em conta o tipo de intervenientes e desenvolver
parcerias com outros parceiros da comunidade. Outro será a reabilitação dos elementos
(crianças, jovens, adultos e idosos) sinalizados onde seja necessário o
desenvolvimento de competências para uma efetiva e sustentada melhoria da
qualidade de vida.
CONCEITO
DE PSICOPATOLOGIA
A Psicopatologia
é uma área do conhecimento que objetiva estudar os estados psíquicos
relacionados ao sofrimento mental. É a área de estudos que está na base da Psiquiatria,
cujo enfoque é clínico. É um campo do saber, um conjunto de discursos com
variados objetos, métodos, questões: por um lado, encontra-se em suas bases as
disciplinas biológicas e as neurociências, e por outro se constitui com
inúmeros saberes oriundos da Psicanálise, Psicologia, Antropologia, Sociologia,
Filosofia, Linguística e História.
O
termo "psico-pato-logia" é composta de três palavras gregas:
"psychê", que produziu "psique", "psiquismo",
"psíquico", "alma"; "pathos", que resultou em
"paixão", "excesso", "passagem",
"passividade", "sofrimento", e "logos", que
resultou em "lógica", "discurso", "narrativa",
"conhecimento". Psicopatologia seria, então, um discurso, um saber,
(logos) sobre o sofrimento, (pathos) da mente (psiquê). Ou seja, um discurso
representativo a respeito do pathos, o sofrimento psíquico, sobre o padecer
psíquico.
A
história do tratamento da mental é fascinante e mas também lamentável. O
reconhecimento da doença mental data de 2.000 A.C. Os babilônios acreditavam na
possessão demoníaca como a causa da doença mental, um estado tratado
humanitariamente com uma combinação de magia e orações. As antigas culturas
hebraicas consideravam a doença mental uma punição pelos pecados e contavam com
a cura por meio da magia e da oração. Os filósofos gregos notadamente Sócrates,
Platão e Aristóteles afirmavam ser o distúrbio mental resultante de processos
de pensamento desordenados. Prescreviam o método persuasivo de cura por meio da
força das palavras.
No
século IV, com o estabelecimento do catolicismo romano, o distúrbio mental voltou
a ser atribuído aos espíritos demoníacos. O tratamento imposto então pela
igreja romana por mais de mil anos consistia na tortura e na execução daqueles
considerados possuídos pelo demônio. Iniciada no século XV e prosseguindo por
300 anos, a inquisição conduzida pela Igreja perseguia a heresia e a bruxaria,
identificando implacavelmente os sintomas de doenças mentais, para os quais a
única cura estava na punição severa.
Por
volta do século XVIII, a doença mental passou a ser vista como um comportamento
irracional. As pessoas portadoras de doenças mentais ficavam confinadas em
instituições semelhantes a prisões. Embora não fossem mais condenadas à morte,
não recebiam nenhum tipo de tratamento. Às vezes, os pacientes eram exibidos
publicamente como animais de zoológico. Alguns passavam anos acorrentados às
camas ou com os braços e pernas presos com barras de ferro. Outros tinham arcos
de ferro em volta do pescoço, presos por correntes em ganchos pendurados na
parede, assim como um cão com coleira. Essas prisões ficaram conhecidas como
asilos para lunáticos e eram descritas como "cemitérios para os mortos-vivos"
(Scull, Mackenzie e Hervey, 1996, p. 118).
Pode-se
considerar a psicopatologia um campo de pesquisa principalmente de
psicanalistas, psiquiatras e de psicólogos clínicos. Porém a Filosofia só
admite enfermidades biológicas ou antropológicas, sendo assim de forma
conceitual só admite as doenças que possam de alguma forma serem diagnosticadas
no corpo. Portanto as patologias psíquicas seriam aquelas que se manifestam
juntamente com alterações patológicas orgânicas.
A
psicopatologia enquanto estudo dos transtornos mentais é referida como
psicopatologia geral. É uma visão descritiva dos comportamentos que se desviam
do que é o meio-termo, a média, isto é, do que é esperado pela racionalidade. O
estudo das patologias mentais pode estar vinculado a uma teoria psicológica
específica, por exemplo, Psicologia Humanista, uma área da Psicologia (Psicologia
do Desenvolvimento) ou mesmo a outras áreas do conhecimento (Neurologia, Genética).
Pode-se dizer que a psicopatologia pode ser compreendida por vários vieses, e
estes, combinados, dão determinada leitura acerca do sofrimento mental. Essa
diversidade de compreensões, ao mesmo tempo em que mostra a complexidade da
área, pode causar certa confusão; assim, é fundamental que o interessado no
estudo da psicopatologia tenha ciência de que existem várias teorias e
abordagens na compreensão dos transtornos mentais e de comportamento.
A
psicopatologia enquanto estudo e pesquisa do que é constitutivo do sujeito, do
que é universal e não desviante, é enfocado pela psicopatologia fundamental. A Psicanálise
se aproxima desse enfoque ao propor a hipótese do inconsciente enquanto
processo psíquico constitutivo que permite explicar a formação de sintomas,
sonhos, atos falhos, sintomas.
A psicopatologia
estuda os fenômenos patológicos ou distúrbios mentais e outros fenômenos anormais.
Ela tenta, especialmente, estabelecer a diferença entre o normal e o
patológico.
Na
antiguidade greco-latina, as doenças mentais eram vistas como corpos que sofrem
e almas que geram a desordem. Por sua vez, a idade média impõe o poder do religioso
para explicar e tratar os casos patológicos. O século das luzes abre mais a porta
aos processos de cura do que à tentativa de descrição das doenças.
Segundo
Pierre Pichot, psicólogo e psiquiatra francês, o termo psicopatologia foi empregue
pela primeira vez em 1876, na Alemanha, mas com um sentido semelhante ao de Psicologia
clínica. O seu nascimento, como método e disciplina própria, ocorre bem mais
tarde.
Na França, no início do século XX, Théodule Ribot (1839-1916) criou com a Psicologia
científica o método patológico, que permitiu, ao estudar o que é o patológico, compreender
a Psicologia normal.
Pouco
tempo depois, Karl Jaspers institui o termo psicopatologia, ao publicar o seu livro
Psicopatologia geral em 1913, na Alemanha.
A psicopatologia
nasce no início do século XX na França, no momento em que a Psicologia, como disciplina
científica, se começa a separar da Filosofia. Na Medicina, Claude Bernard vai salientar
o interesse do estudo fisiopatológico, que será tomado como modelo pela
psicopatologia.
PSICOSES,
NEUROSES E PSICOPATOLOGIAS
Sigmund
Freud, entre outros, iniciam um longo caminho para a elaboração de uma nosografia
do psicopatológico, ou seja, uma classificação das doenças mentais e, mais tarde,
vai surgir uma classificação que apresenta três grandes categorias: a das psicoses,
a das neuroses e a das psicopatias. As psicosessão uma doença mental de certa duração
na qual os indivíduos perdem frequentemente o contato com a realidade e não apresenta,
na maioria das vezes, consciência do seu problema.
As
neuroses correspondem a perturbações psíquicas que apresentam muitos conflitos e,
em geral, enfraquecem a personalidade.
DIFERENÇA
ENTRE PSICOPATIA E PSICOPATOLOGIA
Psicopata,
a rigor designa toda pessoa que sofre de doença mental seja neurose ou psicose
ou tem personalidade psicopática. Contudo essa última categoria nosológica em
especial, dá o nome ao grupo conhecido como sociopatas. Estes por sua vez, na
perspectiva psicanalítica são os portadores de neuroses de caráter ou
perversões sexuais. A psicopatia é um distúrbio mental grave caracterizado por
um desvio de caráter, ausência de sentimentos genuínos, frieza, insensibilidade
aos sentimentos alheios, manipulação, egocentrismo, falta de remorso e culpa
para atos cruéis e inflexibilidade com castigos e punições. Apesar da
psicopatia ser muito mais frequente nos indivíduos do sexo masculino, também
atinge as mulheres, em variados níveis, embora com características diferenciadas
e menos específicas que a psicopatia que atinge os homens. Embora popularmente
a psicopatia seja conhecida como tal, ou como "sociopatia",
cientificamente, a doença é denominada como sinônimo do diagnóstico do
transtorno de personalidade antissocial. Psicopatologia é uma disciplina
inter-científica fundamental no estudo dos estados psíquicos patológicos. É
considerada, a nível teórico e clínico o coração da psiquiatria. É um campo de
saber, um conjunto de discursos com variados objetos, métodos, questões. A
psicopatologia enquanto estudo das anormalidades da vida mental é às vezes
referida como psicopatologia geral, psicologia anormal, psicologia da
anormalidade e psicologia do patológico. É uma visão das patologias mentais
fundamentada na fenomenologia (no sentido de psicologia das manifestações da
consciência), em oposição a uma abordagem estritamente médica de tais
patologias, buscando não reduzir o sujeito a conceitos patológicos,
enquadrando-o em padrões baseados em pressupostos e preconceitos.
COMO PERCEBER A EXISTÊNCIA DAS
PSICOPATOLOGIAS
As
psicopatias são percebidas como alterações do comportamento que resultam de perturbação
da personalidade ou de desadaptação dos indivíduos, em relação a si mesmos ou ao
ambiente em que se integram.
A psicopatologia
nasceu à sombra da Psiquiatria, mas enquanto esta última tem como objetivo a cura,
a profilaxia (uso de medidas sistemáticas para evitar, prevenir uma doença) e a
reeducação, fazendo uso de modelos Medicinais e bioquímicos para resolução de problemas,
a psicopatologia procura observar, conhecer e compreender através de método
clínico e psicoterapêutico.
O
desenvolvimento deste ramo da Psicologia e das suas diferentes correntes,
proporciona aplicações igualmente diferentes. Neste sentido, é de referir duas
grandes vertentes da psicopatologia: uma psicodinâmica (que tem como base a Psicanálise
e como método específico o clínico) e uma psicosistêmica (que tem como base as
teorias comportamentais e como método específico o experimental).
A
psicopatologia contemporânea tenta integrar os conhecimentos provindos de
diversas ciências, visando uma perspectiva cada vez mais biopsicossocial, isto
é, de um ponto de biológico, psicológico e social.
Dentro
deste campo, a maior controvérsia de sempre é entre a distinção e a definição
do que é normal do que é patológico. Assim, muitos especialistas da psicopatologia
defendem que a saúde mental se traduz na capacidade de interação e de mudança
de um indivíduo. Quanto maior for a sua capacidade de interação e de mudança,
melhor será a sua saúde mental. A impossibilidade de cura é justificada pela incapacidade
do doente de "acatar" a mudança ou pela incapacidade de resposta por
parte do clínico.
Estabelecer
o que é normal e o que é patológico foi sempre algo real e problemático.
Existirão sempre dúvidas, até porque o que é normal ou o que é patológico varia
nos tempos, nas culturas e na maneira de encarar a vida.
SAÚDE MENTAL, NORMALIDADE E
PSICOPATOLOGIA
Uma
das primeiras, e talvez uma das mais importantes, discussões sobre
psicopatologia diz respeito à questão da normalidade. Existem várias definições
sobre o que é "normal". Estatisticamente, normal refere-se a uma
propriedade de uma distribuição que aponta uma tendência, o que seria
"mais comum" de encontrar em determinada amostra, o mais provável.
Assim, o normal é o que seria o mais provável de encontrarmos numa população, o
comum, o esperado. Portanto, deste ponto de vista, os comportamentos que são
considerados típicos, ou seja, que são os "esperados" de se encontrar
ou de acordo com os padrões sociais aceitáveis para o agir, podem ser
considerados comportamentos "normais". Nessa definição, os parâmetros
da cultura (morais) são a referência para aquilo que é o esperado em termos de
comportamento, e o que estiver fora deste padrão, já pode ser pensado como
indício de patologia. A norma ou referência da saúde mental seria um
"comportamento médio" da população, e a partir deste os
comportamentos individuais poderiam ser avaliados.
Saúde,
normalidade e psicopatologia são termos altamente relacionados. A
psicopatologia passa a ocorrer quando o comportamento esperado de uma pessoa,
ou eventualmente de um grupo de pessoas, foge àquilo que é esperado como
referência de determinada sociedade, quando a pessoa passa a ter alterações
importantes em relação ao comportamento que tinha no passado, com prejuízos
significativos em seu funcionamento (comportamento), causando a si e a outros,
especialmente seus familiares, acentuado grau de sofrimento. Tem-se como
expectativa que a normalidade seja o tipo de comportamento que mais ocorre em
qualquer cultura. A saúde mental, por sua vez, seria então uma condição ideal
ou desejada para que essa normalidade possa vir a existir, com qualidade e
capaz de oferecer as melhores condições para que as pessoas vivam
satisfatoriamente, produzam com eficiência e possam gozar de certo grau de
felicidade para com as pessoas próximas a si. Segundo a OMS, a saúde mental
refere-se a um amplo espectro de atividades direta ou indiretamente
relacionadas com o componente de bem-estar, que inclui a definição de um estado
de completo bem-estar físico, mental e social, e não somente a ausência de
doença. Este conceito engloba não apenas o comportamento manifesto, mas o
sentimento de bem-estar e a capacidade de ser produtivo e bem adaptado à
sociedade.
Considera-se
a presença de alguma psicopatologia a partir de critérios diagnósticos. Esses
critérios são catalogados em manuais que apresentam o conjunto de sintomas
necessários e suficientes para que se possa considerar que alguém está
apresentando algum tipo de transtorno mental. Os critérios variam muito de
grupo de transtornos (p. ex., transtornos de humor e transtornos de ansiedade
possuem diferentes critérios gerais) e dos transtornos entre si (p. ex., transtorno
depressivo maior e distimia), exigindo muitas vezes a elaboração de um
diagnóstico diferencial. O Manual Diagnóstico e Estatísticos de Transtornos
Mentais e de Comportamento da Associação Psiquiátrica Americana, quarta edição
(DSM-IV-TR), que é o manual utilizado nos Estados Unidos como referência para
entendimento e diagnóstico, define os transtornos mentais como síndromes ou
padrões comportamentais ou psicológicos com importância clínica, que ocorrem
num indivíduo. Estes padrões estão associados com sofrimento, incapacitação ou
com risco de sofrimento, morte, dor, deficiência ou perda importante da
liberdade. Essa síndrome ou transtorno não deve constituir uma resposta
previsível e culturalmente aceita diante de um fato, como o luto. Além disso,
deve ser considerada no momento como uma manifestação de uma disfunção
comportamental, psicológica ou biológica no indivíduo. O DSM-IV-TR assinala que
nem comportamentos considerados fora da norma social predominante (p. ex.,
político, religioso ou sexual), nem conflitos entre o indivíduo e a sociedade
são transtornos mentais, a menos que sejam sintomas de uma disfunção no
indivíduo como descrito antes.
São
vários os fatores que podem caracterizar um transtorno. De forma geral,
considera-se que a presença de uma psicopatologia ocorra quando houver uma
variação quantitativa em determinados tipos específicos de afetos,
comportamentos e pensamentos, afetando um ou mais aspectos do estado mental da
pessoa. Neste sentido, a psicopatologia não é um estado qualitativamente
diferente da vida normal, mas sim a presença de alterações quantitativas. Por
exemplo, considera-se que a tristeza seja normal e esperada na vida de qualquer
pessoa, e é mesmo necessária em determinados momentos da vida (p. ex., em
situação de luto). Entretanto, num quadro depressivo estabelecido, a tristeza é
mais intensa e mais duradoura do que seria esperado numa situação normal e
transitória. Assim, uma situação normal e esperada torna-se patológica não por
ser uma experiência ou vivência qualitativamente diferente, mas por ser mais ou
menos intensa do que se espera em situações normais.
PSICOPATOLOGIA
DESCRITIVA VERSUS PSICOPATOLOGIA DINÂMICA
Para
a descritiva interessa fundamentalmente a forma das alterações psíquicas, a
estrutura dos sintomas, àquilo que caracteriza a vivência patológica como
sintoma mais ou menos típico. Para a dinâmica interessa o conteúdo da vivência,
os movimentos internos dos afetos, desejos e temores do indivíduo, sua
experiência particular, pessoal, não necessariamente classificável em sintomas
previamente descritos. A boa prática em saúde mental implica uma combinação
hábil e equilibrada de uma abordagem descritiva, diagnóstica e objetiva e uma
abordagem dinâmica, pessoal e subjetiva do doente e sua doença.
PSICOPATOLOGIA
MÉDICA VERSUS PSICOPATOLOGIA EXISTENCIAL
A
perspectiva médico-naturalista trabalha com uma noção de homem centrada no
corpo, no ser biológico como espécie natural e universal. Assim, o adoecimento
mental é visto como um mau funcionamento do cérebro, uma desregulação, uma
disfunção de alguma parte do “aparelho biológico”. Já na existencial, o doente
é visto principalmente como “existência singular”, como ser lançado a um mundo
que é apenas natural e biológico na sua dimensão elementar, mas que é fundamentalmente
histórico e humano.
O
ser é construído pela experiência particular de cada sujeito, na sua relação
com outros sujeitos, na abertura para a construção de cada destino pessoal. A
doença mental não é vista tanto como disfunção biológica ou psicológica, mas,
sobretudo, como um modo particular de existência, uma forma trágica de ser no
mundo, de construir um destino, um modo particularmente doloroso de ser com os
outros.
PSICOPATOLOGIA
COMPORTAMENTAL-COGNITIVISTA VERSUS PSICOPATOLOGIA PSICANALÍTICA
No
enfoque comportamental, o homem é visto como um conjunto de comportamentos
observáveis, verificáveis, regulados por estímulos específicos e gerais, bem
como por certas leis e determinantes do aprendizado. Associada a essa visão, a
perspectiva cognitivista centra atenção sobre as representações cognitivistas
conscientes de cada indivíduo. As representações conscientes seriam vistas como
essenciais ao funcionamento mental, normal e patológico. Os sintomas resultam
de comportamentos e representações cognitivas disfuncionais, aprendidas e
reforçadas pela experiência sociofamiliar.
Na
visão psicanalítica, o homem é visto como ser “determinado”, dominado por
forças, desejos e conflitos inconscientes. A Psicanálise dá grande importância
aos afetos que, segundo ela, dominam o psiquismo; o homem racional,
autocontrolado, senhor de si e de seus desejos é, para ela, uma enorme ilusão.
Na visão psicanalítica, os sintomas e as síndromes mentais são considerados
formas de expressão de conflitos, predominantemente inconscientes, de desejos
que não podem ser realizados, de temores a que o indivíduo não tem acesso.
O
sintoma é aceito, nesse caso, como uma “formação de compromisso”, certo arranjo
entre o desejo inconsciente, as normas e as permissões culturais e as
possibilidades reais de satisfação desse desejo. A resultante desse emaranhado
de forças, dessa “trama conflitiva” inconsciente é o que identificamos como
sintoma psicopatológico.
PSICOPATOLOGIA
CATEGORIAL VERSUS PSICOPATOLOGIA DIMENSIONAL
As
entidades nosológicas ou transtornos mentais específicos podem ser
compreendidos como entidades completamente individualizáveis, com contornos e
fronteiras bem demarcados. As categorias diagnósticas seriam “espécies únicas”,
tal qual espécies biológicas, cuja identificação precisa seria uma das tarefas
da psicopatologia.
Em
contraposição a essa visão “categorial”, a visão “dimensional” em
psicopatologia seria hipoteticamente mais adequada à realidade clínica.
Haveria, então, dimensões como, por exemplo, o espectro esquizofrênico, que
incluiria desde formas muito graves, tipo “demência precoce” (com grave
deterioração da personalidade, embotamento afetivo, muitos sintomas residuais),
formas menos deteriorantes de esquizofrenia, formas com sintomas afetivos,
chegando até o polo de transtornos afetivos, incluindo formas com sintomas
psicóticos até formas puras de depressão e mania.
PSICOPATOLOGIA
BIOLÓGICA VERSUS PSICOPATOLOGIA SOCIOCULTURAL
A
psicopatologia biológica enfatiza os aspectos cerebrais, neuroquímicos ou
neurofisiológicos das doenças e sintomas mentais. A base de todo transtorno
mental são alterações de mecanismos neurais e de determinadas áreas e circuitos
cerebrais. Doenças mentais são (de fato) doenças cerebrais.
Em
contraposição, a perspectiva sociocultural pretende estudar os transtornos
mentais como comportamentos desviantes que surgem a partir de determinados
fatores socioculturais, como a discriminação, a pobreza, a migração, o estresse
ocupacional, a desmoralização sociofamiliar e outros.
Os
sintomas e síndromes devem ser estudados, segundo tal perspectiva, no seu
contexto eminentemente sociocultural, simbólico e histórico. É nesse contexto
de normas, valores e símbolos culturalmente construídos que os sintomas recebem
seu significado e, portanto, poderiam ser precisamente estudados e tratados.
Mais que isso, a cultura, nessa perspectiva, é elemento fundamental na própria
determinação do que é normal ou patológico na constituição dos transtornos e
nos repertórios terapêuticos disponíveis em cada sociedade.
PSICOPATOLOGIA
OPERACIONAL-PRAGMÁTICA VERSUS PSICOPATOLOGIA FUNDAMENTAL
Na
visão operacional-pragmática, as definições básicas dos transtornos mentais e
dos sintomas são formuladas e tomadas de modo arbitrário, em função de sua
utilidade pragmática, clínica ou para pesquisa. Não se questiona a natureza da
doença ou do sintoma ou os fundamentos filosóficos ou antropológicos de
determinada definição. É o modelo adotado pelas modernas classificações de
transtornos mentais: o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais
4ª edição (DSM-IV), da Associação Americana de Psiquiatria e a Classificação
Internacional de Doenças, versão número 10 (CID-10), da OMS.
O
projeto de psicopatologia fundamental, proposto pelo psicanalista francês
Pierre Fedida, objetiva centrar a atenção da pesquisa psicopatológica sobre os
fundamentos de cada conceito psicopatológico. Além disso, tal psicopatologia
enfatiza a noção de doença mental enquanto pathos, que significa sofrimento,
paixão e passividade. O pathos é um sofrimento/paixão, que ao ser narrado a um
interlocutor, em determinadas condições, pode ser transformado em experiência e
enriquecimento.
Ficará
a cargo do profissional, ao avaliar seu cliente, estabelecer critérios e os
momentos corretos de escolha da melhor escola psicopatológica. A maioria das
psicopatologias tem início com os distúrbios mais clássicos de nossa manutenção
vital, o sono. É comum encontrar como queixa principal esta observação do
paciente ou parceiro (a), família, amigos e outros.
A
Psicopatologia se estabelece através da observação e sistematização de
fenômenos do psiquismo humano e presta a sua indispensável colaboração aos
profissionais que trabalham com saúde mental, particularmente os médicos em
geral, aos psiquiatras aos psicólogos, sociólogos a todo o grupo das ciências
humanas.
VISÕES SOBRE A PSICOPATOLOGIA
Da
mesma forma que as diversas correntes da Psicologia consideram as causas e
consequências do comportamento de forma diferenciada, elaborando com frequência
teorias com termos e nomenclaturas específicas, quando se trata da
psicopatologia esta influência se faz sentir de forma muito intensa. Os
transtornos mentais são usualmente compreendidos a partir destas teorias
psicológicas, e pode ocorrer que dependendo da teoria à qual se está tomando
como referência, a linguagem e os conceitos sejam diferentes. Para minimizar
esta situação, usualmente utiliza-se uma nomenclatura psiquiátrica mais
descritiva como "fiel" ou referência para a compreensão dos
transtornos mentais.
PSICOLOGIA
COGNITIVA
A cognição
é considerada como um conjunto amplo de funções mentais, tais como pensamento, linguagem,
memória, sensopercepção, orientação, atenção e outras. No sentido amplo, o
estudo da cognição incluiria o estudo dos afetos e humores, visto que também
alteram e são afetados de forma significativa pelos processos de pensamento.
De
forma genérica, a Psicologia cognitiva estuda a relação que os processos
cognitivos possuem com os afetos e comportamentos, e como estes realimentam os
processos cognitivos. É amplamente confirmado que a forma como se processam as
informações vindas do ambiente direcionam a análise da realidade e a
autoimagem, da mesma forma que padrões já estabelecidos de pensamento
"filtram" os dados da realidade que mais encaixam com nossa visão de
mundo. Por exemplo, uma pessoa com sintomas depressivos tende a pensar a
realidade de forma mais pessimista e limitada, o que está de acordo com seu
estado de humor que "modula" como ela percebe da realidade. Assim, os
sentimentos negativistas filtram as situações que estão relacionadas com eles
(tendem a focar mais nos problemas que nas soluções, por exemplo). Da mesma
forma, padrões aprendidos de pensamento podem favorecer que alguém foque em
determinados aspectos da realidade em sintonia com eles; uma pessoa que teve
uma infância onde foi alvo de muitas críticas por seus pais tende a perceber o
ambiente de forma mais agressiva, e espera ser criticada por outros. Assim
corre mais risco de desenvolver uma psicopatologia.
COMPORTAMENTALISMO
(BEHAVIORISMO)
O
comportamentalismo (tradução do inglês behaviorism, comportamento) postula que
o comportamento depende em grande medida do que ocorre em função das
contingências (fatores ou variáveis) ambientais. Tendo como um dos principais
expoentes B. F. Skinner, o behaviorismo influenciou muito, e influencia ainda,
a educação e a psicoterapia, propondo intervenções que objetivem compreender e
modificar o comportamento.
O
behaviorismo postula que o comportamento é aprendido. Desta forma, coloca
grande ênfase no ambiente como fator de organização e configuração daquilo que
fazemos. O grande elemento que define o que fazemos são as consequências; se
temos tal ou qual comportamento, o fazemos em virtude de buscar, de forma mais
ou menos clara, determinado resultado. Quanto menos compreendermos os efeitos
de nossos comportamentos, assim como os elementos que o desencadeiam
(contingências), podemos dizer que somos menos livres e menos autodeterminados.
A psicopatologia pode ser compreendida como um conjunto de aprendizagens que
levaram a comportamentos que são pouco adaptados ao contexto atual, causando
respostas emocionais de sofrimento. Portanto, a terapia pode buscar a
modificação destes aprendizados, visando um comportamento mais bem adaptado.
RELAÇÕES
ENTRE A PSICOLOGIA COGNITIVA E O BEHAVIORISMO
Uma
ampla gama de psicólogos clínicos e pesquisadores efetuam uma fusão entre os
conhecimentos da Psicologia cognitiva e do behaviorismo. Embora do ponto de
vista conceitual e da pesquisa esse movimento receba várias críticas (de ambos
os lados, mas talvez mais do lado behaviorista), do ponto de vista prático os
psicólogos clínicos entendem que é uma integração eficiente, pois combina
teorizações e técnicas de modificação de comportamento com estratégias de
revisão e alteração de esquemas cognitivos. Desta forma, caracteriza-se a Psicologia
cognitivo-comportamental como região de interface entre as duas teorias.
PSICANÁLISE
A Psicanálise
foi uma das primeiras teorias com aspecto científico que objetivou compreender
o fenômeno da psicopatologia. Fundada por Sigmund Freud, postulava que o
comportamento era em grande medida determinado pelos aspectos inconscientes da
personalidade. Desta forma, o homem possui menos controle sobre os seus atos do
que gosta de acreditar que tem, e esse pode ser um fator relacionado com o
surgimento e a manutenção dos transtornos mentais.
Não
existe uma forma única de compreender a psicopatologia pela visão
psicanalítica. O tema é complexo por, pelo menos, duas razões: na medida em que
Freud foi avançando em sua elaboração sobre o funcionamento psíquico, foi
incorporando e integrando conceitos. Um segundo fator é que por Psicanálise
entende-se uma gama ampla de formulações teóricas sobre o inconsciente; neste
sentido, há autores que são entendidos como psicanalíticos (como Anna Freud, Melanie
Klein e Jacques Lacan) e outros, dissidentes, que aproveitaram alguns aspectos
da Psicanálise freudiana e organizaram suas formulações (como Wilhelm Reich, Alfred
Adler e Carl Gustav Jung).
Abordando
a conceitualização psicanalítica clássica, pode-se dizer que o inconsciente, em
interação com o pré-consciente e consciente, seriam as instâncias psíquicas
responsáveis pelo funcionamento adequado ou patológico. Na medida em que há
conteúdos inconscientes reprimidos, ou recalcados, que estão por alguma razão
proibidos de vir à consciência, esta pressão poderia ser geradora de
sofrimento. Se esse impedimento for muito forte ou prolongado, há chances de
ocorrer o desenvolvimento de patologias.
FENOMENOLOGIA
Karl
Jaspers afirmava que o objetivo da fenomenologia é "sentir, apreender e
refletir sobre o que realmente acontece na alma do homem". No entanto, a
psicopatologia é a própria razão de existir da Psiquiatria, sua disciplina
fundamental, básica, nuclear. Para Jaspers, a psicopatologia tem por objetivo
estudar descritivamente os fenômenos psíquicos anormais, exatamente como se
apresentam à experiência imediata, buscando aquilo que constitui a experiência
vivida pelo enfermo.
A
psicopatologia se estabelece através da observação e sistematização de
fenômenos do psiquismo humano e presta a sua indispensável colaboração aos
profissionais que trabalham com saúde mental, em especial os psiquiatras, os
psicanalistas, os psicólogos, os médicos de família e os neurologistas clínicos.
Pode estar fundamentada na fenomenologia (no sentido de Psicologia das
manifestações da consciência), em oposição a uma abordagem estritamente médica
de tais patologias, buscando não reduzir o sujeito a conceitos patológicos,
enquadrando-o em padrões baseados em pressupostos e preconceitos.
Autores
como Karl Jaspers e Eugène Minkowski buscam uma ponte possível entre a
psicopatologia descritiva e a fenomenológica. Diferentemente de outras
especialidades médicas, em que os sinais e sintomas são ícones ou índices, a Psiquiatria
trabalha também com símbolos. Posto isso, o pensamento, a sensibilidade e a
intuição ainda são, e sempre serão, o instrumento propedêutico principal do
psiquiatra, pois que, sem a homogeneidade conceitual do que seja cada fato
psíquico não há, e não haverá, homogeneidade na abordagem clínico-terapêutica
do mesmo. Essa seria uma tarefa do terapeuta: mergulhar nos fenômenos que
transitam entre duas consciências, a nossa, a do psiquiatra/pessoa e a do
outro, a do paciente/pessoa. Deixar que os fenômenos se fragmentem, que suas
partes confluam ou se esparjam, num movimento próprio e intrínseco a eles. Cabe
ao profissional efetuar uma leitura da configuração final desse jogo
estrutural, sem maiores pressupostos ou intencionalidade, e com procedimentos
posteriores de verificação.
SISTEMAS DE CLASSIFICAÇÃO DOS
TRANSTORNOS MENTAIS
As
manifestações psicopatológicas podem ser classificadas de diversas maneiras,
por etiologia a exemplo das orgânicas e psicológicas por tipo de alteração a
exemplo da neurose e psicose que considera a relação com a consciência perda de
contato com a realidade na concepção psicanalítica desta, etc. A categoria de
classificação possui fins estatísticos ou seja de tabulação de prontuários em
serviços de saúde, atestados, declarações de óbito. Entre as mais conhecidas
estão a CID (Classificação Internacional das Doenças e de Problemas
relacionados à Saúde que está na 10ª revisão e se inciou em 1893) e o DSM
(referente aoManual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, uma
publicação da American Psychiatric Association, Washington D.C., sendo a sua 4ª
edição conhecida pela designação “DSM-IV-TR”). A CID-10 é a classificação usada
no Brasil nos serviços de saúde para referenciar todos os quadros de
enfermidades e doenças, inclusive os transtornos mentais. O DSM-IV-TR é também
bastante utilizado para fins de diagnóstico, pois permite uma avaliação
multiaxial do paciente.
A
importância dos sistemas de classificação reside no fato de que propõe
categorias diagnósticas, visando diferenciar os diversos quadros relacionados
aos transtornos mentais, pela separação em grandes grupos de patologias. A
CID-10 e o DSM-IV-TR são sistemas diferentes, propostos respectivamente pela
Organização Mundial da Saúde e pela American Psychiatric Association (APA), e
possuem diferentes formas de classificação. Tanto a CID-10 quanto o DSM-IV-TR
são sistemas de classificação a-teóricos, ou seja, não estão vinculados direta
ou exclusivamente a uma teoria psicológica (p. ex., Psicanálise, cognitivismo,
humanismo) na explicação da gênese, manutenção e tratamento dos sintomas. Esta
visão a-teórica permite que os sistemas sejam utilizados, virtualmente, por
todos os profissionais da saúde.
CLASSIFICAÇÃO INTERNACIONAL DE DOENÇAS
CID-10
A
CID-10 apresenta um caráter descritivo por diagnóstico, com os principais
aspectos clínicos e outros associados, mesmo que menos importantes. Fornece
diretrizes diagnósticas que são as orientações que visam auxiliar o
profissional a avaliar o conjunto de sinais e de sintomas apresentados pelo
paciente.
Pode-se
conferir aqui a lista completa do capítulo da CID-10 referente aos transtornos
mentais e de comportamento.
De
forma resumida, o capítulo V da CID-10 que corresponde aos Transtornos Mentais
e Comportamentais inclui as seguintes categorias de classificação:
F00-F09
- Transtornos mentais orgânicos, inclusive os sintomáticos.
F10-F19
- Transtornos mentais e comportamentais devidos ao uso de substancias
psicoativas.
F20-F29
- Esquizofrenia, transtornos esquizotípicos e delirantes.
F30-F48
- Transtorno do humor (afetivos).
F40-F48 -
Transtornos neuróticos, transtornos relacionados com o estresse e transtornos
somatoformes.
F50-F59
- Síndromes comportamentais associadas com distúrbios fisiológicos e a fatores
físicos.
F60-F69
- Transtorno de personalidade e do comportamento do adulto.
F70-F79
- Retardo Mental.
F80-F89
- Transtornos do desenvolvimento psicológico.
F90-F98
- Transtornos do comportamento e transtornos emocionais que aparecem
habitualmente na infância e adolescência.
DSM-IV-TR
O
DSM-IV-TR é um sistema diagnóstico definido como multiaxial. Isso significa que
ele avalia vários fatores, ou "eixos" (axis) do comportamento,
buscando uma compreensão que vai além do simples diagnóstico do transtorno
mental atual.
SÃO OS CINCO EIXOS DE AVALIAÇÃO DO
DSM-IV-TR (p. 59-69):
Eixo
|
O que avalia
|
Descrição
|
Eixo I
|
Transtornos Clínicos
Outras condições que podem ser foco de atenção clínica |
Apresenta os transtornos mentais e de
comportamento e outras condições que podem ser foco de atenção do clínico.
|
Eixo II
|
Transtornos de Personalidade
Retardo Mental |
Apresenta eventual presença de transtorno
de personalidade e/ou a ocorrência de retardo mental.
|
Eixo III
|
Condições Médicas Gerais
|
Relata possíveis condições médicas
associadas e/ou concomitantes aos transtornos mentais avaliados que podem, ou
não, aumentar os sintomas do paciente.
|
Eixo IV
|
Problemas Psicossociais e Ambientais
|
Apresenta fatores sociais, ambientais, de
trabalho, etc., associados aos transtornos mentais e que podem aumentar ou
reduzir a intensidade dos sintomas dos eixos I ou II.
|
Eixo V
|
Avaliação Global do Funcionamento (AGF)
|
Escore de avaliação do funcionamento do
paciente no momento da avaliação. Valor 0 (zero) para informações
inadequadas, 100 (cem) para funcionamento superior e, entre 1 e 99, valores
intermediários de intensidade de sintomas.
|
ORGANIZAÇÃO GERAL DAS CATEGORIAS DO
DSM-IV-TR:
1.
Transtornos geralmente diagnosticados pela primeira vez na infância ou na
adolescência
2.
Delirium, demência, transtorno amnéstico e outros transtornos cognitivos
3.
Transtornos mentais causados por uma condição médica geral
4.
Transtornos relacionados a substâncias
5.
Esquizofrenia e outros transtornos psicóticos
6.
Transtornos do humor
7.
Transtornos de ansiedade
8.
Transtornos somatoformes
9.
Transtornos factícios
10.
Transtornos dissociativos
11.
Transtornos sexuais e da identidade de gênero
12.
Transtornos da alimentação
13.
Transtornos do sono
14.
Transtornos do controle do impulso não classificados em outro local
15.
Transtornos de adaptação
16.
Transtornos de personalidade
17.
Outras condições que podem ser foco de atenção clínica
CONCEITO SOBRE DOENÇA MENTAL
Doença
mental é um termo que abrange tudo: a clínica, as ciências e a sociedade.
Já
é antiga a afirmação: “de médico e de louco todos temos um pouco”.
Todos
“podemos” afirmar quem é doente mental, mas não estamos imunes à doença mental.
Na
maioria das vezes, as pessoas clivam e assumem-se como “médicos” (doentes são
os outros) ou em parte “loucos” - mas no bom sentido, porque loucos, verdadeiramente,
são sempre os outros.
É
como pensarmos que os “normais” são como nós e os doentes são os diferentes.
Nada de mais errado. Mas fica-nos o pseudo-bem-estar de que, excluindo os
outros, excluímos de nós a doença mental.
Assim
começou e continua o estigma da doença mental.
A
história da doença mental revela que, desde cedo, as pessoas com comportamentos
e atitudes desajustadas da sociedade e com situações extremas de doença fossem
segregadas e remetidos para prisões onde eram contidas, colocando “a salvo” a
sociedade (e não os doentes). Só muito posteriormente estes viriam a ser alvo
de atenção e intervenção, surgindo neste contexto prisional os primeiros tratamentos
médicos psiquiátricos.
O
termo doença mental tem, infelizmente, ainda um sentido pejorativo, por
ignorância e sentimento de ameaça e vulnerabilidade das pessoas. A imagem e
conceito de doença são ainda associados a pessoas violentas, agressivas,
incapazes, “tolinhas” ou que só cometem loucuras. Nada de mais errado. A doença
mental é, atualmente, extremamente comum.
A
doença mental não deve ser confundida com a quebra de normas ou funcionamentos
sociais, de sentimentos, de crenças ou valores religiosos ou morais que
divirjam deste ou daquele grupo, sociedade ou cultura.
Há
ainda um grande desconhecimento da evolução do diagnóstico e tratamento das
doenças mentais entre os profissionais de saúde (não ligados à saúde mental) e
na sociedade, o que contribui para a estigmatização da doença mental.
Compete
aos técnicos de saúde mental estudar, avaliar, tratar e refletir, para que se
consiga evoluir mais e intervir cada vez melhor, bem como informar e alertar a
sociedade para desmistificar a doença mental. Mas este aspeto também se aplica
a outras doenças que, de igual modo, tiveram que ultrapassar muitas barreiras.
O cancro, por exemplo, foi alvo de grandes campanhas que promoveram o
diagnóstico precoce, apesar do conhecimento científico incompleto e da
complexidade e grau de eficácia insuficiente dos tratamentos, que contribuíram
para uma grande evolução nessa área.
Ainda
hoje se verifica que, por motivo de doença mental, a pessoa pode necessitar de
baixa ou estar incapaz de exercer as suas tarefas diárias e ser mal vista pela
sociedade.
Ou
seja, além de estar doente, tem ainda de enfrentar ou refugiar-se da atitude de
ignorância dos outros.
A
doença mental é hoje definida e estudada por profissionais com métodos e rigor
científicos.
O
desenvolvimento de critérios de diagnóstico de doença mental dos manuais da
Associação Americana de Psiquiatria ou da Organização Mundial de Saúde vieram
definir e orientar, do ponto de vista clínico, uma uniformidade de conceitos
sobre o que é ou não a doença mental.
Os
psiquiatras e outros profissionais de saúde mental têm hoje critérios de
diagnóstico, métodos de intervenção e terapêuticas fundamentados em estudos
científicos.
A
procura de um serviço de saúde mental não significa necessariamente que se está
doente mentalmente segundo os critérios clínicos, mas tão somente pode
significar que se está em sofrimento emocional, com dificuldades relacionais ou
preocupado com aspetos profissionais e pessoais, por exemplo.
A
conotação da doença mental com aspetos pessoais e sociais negativos é algo que
vem do passado longínquo e se projeta nos dias de hoje, sem qualquer correspondência
com a realidade atual.
Ao
longo dos tempos, o Homem sempre revelou dificuldade em compreender a doença
mental, mas com a evolução científica e a maior oferta de serviços de
tratamento da doença mental, atualmente a pessoa em risco de doença ou com
doença mental ou que sente algum mal-estar ou sofrimento emocional procura
muito mais facilmente ajuda, apoio e tratamento.
O
modelo estritamente biomédico considera que a doença mental é equiparável a
outras doenças, com um substrato físico, associado a alterações cerebrais,
nomeadamente, de neurotransmissores, receptores neuronais que provocam sintomas
e são tratados com medicação.
Claro
que isto é uma realidade, mas não se pode reduzir a doença e o sofrimento
mental da pessoa apenas ao biológico. A dimensão da doença mental está muito
para além do substrato biológico que está presente em todas as emoções e
comportamentos, quer sejam patológicos ou não. A doença mental é muito mais
complexa e, por isso, coloca dificuldades ao técnico e a quem dela sofre. Esta
complexidade, apesar de ser difícil de compreender, não pode ser desvalorizada
ou negada e, por isso, desviada para aspetos interpessoais, sociais, morais e
culturais.
O
termo doença mental tem, ao longo dos tempos, acentuado e contribuído também
para a dualidade mental/físico, o que não é realidade. Nem as doenças físicas
são só físicas, nem as mentais são só mentais. Ambas se manifestam numa pessoa
que é simultaneamente corpo e mente.
As
doenças mentais não são problemas da vida, são um problema na vida do doente.
As
pessoas não adoecem porque querem ou escolheram ser doentes. Também não
melhoram apenas com a vontade e desejo pessoal. A pessoa com doença mental
necessita de tratamento como qualquer outra pessoa que sofra de diabetes, cancro
ou hipertensão arterial.
A
doença mental deve ser encarada como algo que funciona mal no nosso cérebro e
que provoca a doença, tal como noutras doenças orgânicas ou como resposta a
circunstâncias anormais e, neste caso, constitui uma disfunção psicológica.
Em
qualquer dos casos, em que uma ou mais variáveis (disfunção cerebral ou circunstâncias
anormais) estão presentes temos uma doença ou risco de a ter. Caso as duas
variáveis estejam bem teremos provavelmente um estado de saúde mental. Mas nem
sempre.
Temos
também de inserir a doença mental no domínio psicológico, em que a pessoa sem
lesão ou sem substrato físico prévio alterado, em determinadas situações de
crescimento psicológico ou acontecimentos de vida pode adoecer mentalmente.
A
pessoa pode possuir déficits ou mecanismos psicológicos prévios que, mesmo em
circunstâncias aparentemente “normais”, evolui para a doença mental.
Claro
que as condições físicas e psicológicas são indissociáveis e a importância de
uma ou de outra muda de doente para doente, não existindo uma sem a outra.
A
doença mental não é um desvio do comportamento ou atitude social, mas pode
implicar ou desencadear alterações do comportamento social ou cumprimento de
normas sociais.
A
doença mental implica sempre uma disfunção no indivíduo e não apenas uma
diferença.
Uma
coisa são as normas sociais, isto é, situações em que as pessoas infrinjam ou
não cumpram ou não concordem com determinados valores, outra coisa é uma
perturbação do comportamento ou violação dessas regras por doença mental.
Muitos
dos problemas que atualmente diminuem a saúde mental das pessoas são relevantes
em termos de disfunção psicológica, mas não em grau suficiente para que possam
ser considerados doença mental no sentido mais estrito do termo, em que o
componente biológico é determinante ou clinicamente significativo, mas afetam a
qualidade de vida das pessoas e colocam-nas em risco de adoecerem.
A
doença mental implica a presença de um conjunto de sinais ou sintomas
clinicamente significativos e que não é uma resposta comum, adequada, inserida
no contexto cultural e social em que a pessoa vive, mas resultado de uma
disfunção ou anomalia psicológica, biológica e social.
São
critérios da doença mental mal-estar ou déficit funcional clinicamente
significativo, um impacto e prejuízo na vida da pessoa doente, ao nível
pessoal, social, ocupacional ou qualquer outra área importante da vida da
pessoa, deteriorar as capacidades ou provocar uma mudança inequívoca no
funcionamento da pessoa.
Outro
dos critérios é a duração e persistência dos sintomas.
Não
é demais salientar a diferença que existe entre doença mental e as diferentes
emoções, comportamentos, atitudes, reações das pessoas enquanto indivíduos
inseridos nos mais variados grupos, contextos ou cultura.
As
causas das doenças mentais são múltiplas, diferindo de doente para doente.
Um
dos aspetos característicos da doença mental é a heterogeneidade dos quadros
clínicos. Podemos ter uma depressão em pessoas muito diferentes, daí a grande
complexidade das apresentações clínicas e dos problemas associados a cada
pessoa. As pessoas sofrem de doença mental e não é “a doença mental”. Por isso,
devemos dizer que a pessoa tem uma depressão e está deprimida e não que é um
deprimido.
Atendendo
a esta complexidade, os diagnósticos devem ser feitos por profissionais com
formação clínica apropriada, experiência e capacidade de avaliação clínica.
Outro
aspeto muito relevante é o fato de, para o mesmo diagnóstico, termos pessoas
com manutenção da capacidade funcional, outras com incapacidade funcional
parcial ou total e, dentro da mesma pessoa e diagnóstico, podemos ter
alterações da capacidade funcional conforme o momento da avaliação.
Perturbação
mental é o termo que tem sido usado nos manuais de classificação das doenças
mentais por se basearem em descrições físicas e critérios de diagnóstico.
Não
há uma definição completa da doença mental, isto é, que englobe todas as
situações de doença mental.
Por
isso, cientificamente e clinicamente temos de nos orientar por critérios de
diagnóstico que vão sendo, como em todas as áreas do conhecimento, revistos e
atualizados e têm contribuído para uma maior objetividade no diagnóstico e
tratamento da doença mental.
OS PRINCIPAIS SINTOMAS DAS DOENÇAS MENTAIS
As
doenças mentais são condições de anormalidade ou comprometimento de ordem
psicológica, mental ou cognitiva. Há diversos fatores que explicam os
transtornos psiquiátricos, como genética, problemas bioquímicos, como hormônios
ou substâncias tóxicas, e até mesmo o estilo de vida. Os sintomas podem ser
observados no dia a dia. Confira uma entrevista com o especialista sobre o
assunto.
O
desenvolvimento de doenças mentais está mais frequente. Isso se deve ao estilo
de vida que levamos.
Desde
sempre, na história da humanidade, temos a consciência do sofrimento mental.
Como este é variável na sua intensidade, nem sempre estamos falando de
situações incompatíveis com a vida do dia a dia. É muito possível que o
estresse, próprio do mundo moderno, aumente a incidência destes transtornos.
Estamos cada vez mais alertas para tais patologias e, portanto,
diagnosticando-as mais precocemente suas apresentações serão menos graves.
Quais
são as doenças mentais mais comuns variam de lugar para lugar e de cultura para
cultura, mas, de maneira geral, os transtornos de humor, como a depressão, os
transtornos bipolares, os transtornos da ansiedade e as dependências químicas,
principalmente o alcoolismo, em nosso meio são as patologias psiquiátricas mais
comuns.
Os
sintomas são extremamente variáveis, mas a tristeza patológica, a ansiedade, as
alucinações e os delírios são bastante comuns e de importância extrema no
diagnóstico destas doenças. E esses são apenas os mais chamativos, mas existem
muitos outros.
Alguns
deles:
Alcoolismo:
sintomas de abstinência quando o indivíduo fica sem bebida alcóolica, como
alucinações e agitação.
Depressão:
apatia, pensamento lento e desmotivação, isolamento e depreciação.
Transtornos
de ansiedade: palpitações, irritabilidade, falta de ar, suor, mãos frias e
úmidas, boca seca, náuseas e diarreia. O transtorno do pânico é uma crise de
ansiedade, com medo intenso e sensação de asfixia.
Transtorno
Obsessivo Compulsivo (TOC): atitudes obsessivas e compulsões que consomem muito
tempo e interferem na rotina e nas atividades diárias do paciente.
Transtorno
bipolar: alterações de humor onde há um aumento da energia e, em outros
momentos, uma baixa patológica do humor e algo próximo de estados de depressão.
Existem
perfis mais propensos a desenvolver doenças mentais. Há pessoas extremamente
sensíveis. Essa já é uma pré-disposição. Podemos dizer que é sempre importante
conhecer a história familiar de doenças, tanto físicas como mentais, para poder
determinar a propensão individual aos transtornos psicológicos.
OS PRINCIPAIS TRANSTORNOS MENTAIS
Transtornos
mentais (ou doenças mentais, transtornos psiquiátricos ou psíquicos, entre
outras nomenclaturas) são condições de anormalidade, sofrimento ou
comprometimento de ordem psicológica, mental ou cognitiva. Em geral, um
transtorno representa um significativo impacto na vida do paciente, provocando
sintomas como desconforto emocional, distúrbio de conduta e enfraquecimento da
memória.
Dentre
os fatores causadores, a genética, a química cerebral (problemas hormonais ou
uso de substâncias tóxicas que afetam o cérebro) e o estilo de vida são tidos
como os principais desencadeadores dos diversos transtornos existentes. Doenças
em outras partes do corpo podem afetar a mente, e inversamente, transtornos ou
doenças mentais podem também desencadear outras doenças pelo corpo, produzindo
sintomas somáticos.
Uma
doença ou transtorno mental pode ser tratado através de medicamentos, ou várias
formas de psicoterapia. O diagnóstico envolve o exame do estado mental
confrontando seu histórico clínico, utilizando-se também de testes
psicológicos, exames neurológicos, de imagem e exames físicos.
ABUSO DE DROGAS (DEPENDÊNCIA QUÍMICA E
PSICOLÓGICA)
Vivemos
em um mundo de drogas. Drogas para todas as idades e para todos os gostos.
Algumas são chamadas lícitas e outras ilícitas. Algumas são proibidas; seu uso
e porte são qualificadas de contraversão. Outras são permitidas e difundidas
até pelos pais e pelos meios de comunicação. Seu uso é, muitas vezes,
valorizado. Por sua vez, certas drogas são conceituadas e permitidas pelos médicos
e Conselhos de Medicina.
Algumas
drogas, como as colas e os solventes, são usadas preferencialmente pelas crianças
desamparadas, os pivetes; outras são mais comuns entre os jovens de
condição econômica variada –xaropes, maconha e cogumelos.
Algumas são usadas principalmente pelas mulheres da classe média e alta com
objetivo de perder alguns quilinhos, como os anorexígenos. Certas drogas
são mais consumidas pelos adultos jovens, de poder econômico alto, cocaína,
LSD, heroína. Algumas toneladas de drogas são largamente utilizadas por adultos
e idosos pertencentes às mais diversas classes sociais, para permitir-lhes
dormir ou suportar este mundo confuso: tranquilizantes, soníferos e
analgésicos. Finalmente, as drogas mais difundidas e consumidas, possivelmente
mais “democratizadas”, já que são usadas universalmente por todos: cafeína,
álcool e tabaco; ninguém escapa de pelo menos inalar a fumaça do cigarro do
vizinho, beber um cafezinho ou um copo de cerveja ou licor.
Não
sei; duvido que alguém saiba, as razões de preferências tão diversas, das
diferentes posições e atitudes da sociedade a favor de uma e contra outras.
Para
tentar aclarar minha mente recorri a certos conceitos básicos: os de abuso e
dependência da substância, e aqueles relacionados como consequência: tolerância
e síndrome de abstinência. Antecipadamente, confesso ao leitor que os
resultados não foram animadores, pois continuei sem entender este comportamento
humano, ou seja, o uso de drogas diferentes por diferentes
indivíduos, a permissão de umas e a proibição de outras, e o consumo
universal de muitos. Encontrei em um manual de diagnóstico em Psiquiatria a
definição procurada, que foi a seguinte:
Abuso
de drogas: “Uso habitual de agentes químicos apesar das consequências danosas,
que dependem das propriedades farmacológicas e toxicológicas das drogas, da
personalidade do usuário, das necessidades nas quais ele vive, e do grau no
qual ele negligencia sua saúde individual e bem-estar através da diferença e
perda econômica”.
Existe abuso
da droga quando seu uso ultrapassa os 30 dias e existe tolerância quando
se necessita de mais droga para obter-se os desejados: daí o aumento das
dosagens e a instalação dos quadros tóxicos. Por último, ocorre a síndrome de
abstinência quando ao reduzir-se a droga ou quando ocorre a sua interrupção,
seguem-se distúrbios fisiológicos e psicológicos, geralmente transitórios.
Ora,
a maioria das drogas proibidas, assim como as permitidas, cafeína, nicotina,
álcool, sedativos, etc, aí se enquadram, o que nos leva a pensar que esse não é
o motivo da classificação usada, assim como das proibições e permissões legais,
de exigência de um ou de outro receituário médico, ou de incentivo familiar para
se beber café ou cerveja e fumar, pois todas elas são semelhantes. Deve haver
algo mais.
Alguns
teóricos combatem certas drogas simplesmente afirmando que elas “causam
prazer”, e os indivíduos consumidores delas abandonariam outras atividades caso
elas fossem liberadas. Ora, isso é uma forma muito simplista de explicar um
comportamento tão complexo. O cigarro, as bebidas, o café e mesmo os
tranquilizantes, todos nós temos um médico amigo ou parente que fornece
gratuitamente as receitas, são facilmente adquiridos e, nem por isso são
consumidos exageradamente por todos; apenas uma minoria é prejudicada. Se
utilizarmos o conceito de prazer deveremos proibir os alimentos saborosos e a
torcida do Atlético, impedir o jogador de jogar cartas ou futebol e abolir até
mesmo as relações sexuais, pois tudo isso causa prazer e também dependência menos
psíquica, talvez física.
Vamos
a outro argumento. Parece que certos indivíduos, por motivos biológicos e
genéticos, são mais propensos do que outros a ficar “presos”, dependentes da
droga, a levarem ao exagero um modo de vida em detrimento de outro. Seriam os indivíduos
de “alto risco”, os prováveis toxicômanos. Mas acredito que esses seriam,
também, os mais sujeitos a se tornar viciados em café, comida, jogos, cigarros,
sexo ou até mesmo no trabalho sem pausa nem sentido. Deveríamos
condená-los, por causa de um “defeito biológico”?
No
outro extremo do biológico vêm as “explicações sociais”. A própria sociedade
induz o através de vários meios: de um lado, a propaganda generalizada, de
outro, a incapacidade para abolir, várias de suas doenças e para dirimir
conflitos, injustiças e preconceitos. Anuncia-se um belo carro, uma bela
“gata”, mas não se fornecem ao consumidor os meios da sua aquisição e
conquista. Costuma-se, com frequência, considerar o “outro, o vizinho ou o
parente, como o responsável por induzir os mais jovens ao uso das drogas.
Outra
explicação é a da Psicologia. O indivíduo usa café, álcool, tabaco, maconha,
doce, cocaína, cerveja, heroína, até sexo, para ficar “diferente” de seu estado
“normal”. Com isso, a pessoa se sente mais animada, agressiva, expansiva e
extrovertida ou introvertida. Em resumo, a droga seria usada como automedicação.
Todas
essas explicações contém, provavelmente, algo de verdade e, também, de mito.
Não estou, neste artigo, defendendo o uso das chamadas proibidas ou exortando ao uso delas, nem
também, indo ao outro extremo de combatê-las ferozmente; assim como não defendo
o abuso de tabaco, café, cerveja e comida e nem combato, como se fosse a
pior coisa do mundo, o seu uso. Acredito que qualquer pessoa que esteja bem
consigo mesma e que tenha algum propósito de “nível mais elevado”, isto é,
objetivos individuais claramente definidos, nunca será presa e dependente das
drogas, seja das lícitas, seja das ilícitas.
O
mundo contraditório e confuso das drogas permite a produção, de um lado, dos
defensores ferozes das chamadas drogas proibidas, quase sempre com objetivos
pecuniários; de outro lado, a de combatentes impiedosos, que disso se utilizam
para criar liderança e poder. Esses últimos, ao combatê-las, fazem disso sua
“droga” e aliviam sua ira ao sentenciar os “errados” e “marginais” enquanto
eles, os acusadores, se sentem como os anjos puros, habitantes diferenciados
deste paraíso chamado Terra.
As
drogas podem causar dependência psicológica ou dependência química e física. A
dependência psicológica baseia-se no desejo de continuar tomando uma droga para
induzir o prazer ou aliviar a tensão e evitar o desconforto. As drogas que
produzem dependência psicológica é particularmente comum com drogas que alteram
o humor e as sensações e que afetam o sistema nervoso central, e produzem um ou
mais dos efeitos a seguir:
Reduzem
a ansiedade e a tensão.
Causam
alegria, euforia ou outras mudanças agradáveis do humor.
Produzem
a impressão de aumento da capacidade mental e física.
Alteram
a percepção sensorial.
Algumas
drogas causam dependência física e química, que nem sempre é acompanhada de
dependência psicológica. No caso de drogas que causam dependência física e química,
o corpo adapta-se à droga quando ela é usada continuamente, acarretando
tolerância e sintomas de abstinência quando o seu uso é interrompido.
Geralmente ocorre a necessidade de aumentar progressivamente a dose de uma
droga para reproduzir o efeito originalmente obtido com doses menores.
A
atividade relacionada à droga passa a ocupar uma grande parte do dia, de modo
que a adição geralmente interfere na sua capacidade laborativa, nos estudos ou
na interação normal com a família e os amigos. Nos casos de dependência grave,
os pensamentos e as atividades são direcionados predominantemente à obtenção e
ao uso da droga. Um droga-adido pode manipular, mentir ou roubar para
satisfazer a sua adição.
Um
indivíduo que apresenta síndrome de abstinência sente-se doente e pode
apresentar muitos sintomas, como cefaléia, diarréia ou tremores. A abstinência
pode desencadear uma doença grave, potencialmente letal.
ALCOOLISMO
O
alcoolismo é uma doença crônica caracterizada pela tendência de beber mais do
que o pretendido, tentativas fracassadas de interromper o consumo de bebidas
alcoólicas e o consumo contínuo apesar das más consequências sociais e
laborativas. O alcoolismo é comum. Aproximadamente 8% dos adultos americanos
apresentam algum problema com o uso de bebidas alcoólicas. Os homens apresentam
uma probabilidade quatro vezes maior que as mulheres de tornarem-se
alcoolistas, Indivíduos de todas as faixas etárias são suscetíveis.
Cada
vez mais, crianças e adolescentes vêm apresentando problemas com o álcool, com
consequências particularmente desastrosas. O álcool causa tanto a dependência
psicológica quanto a física. Normalmente, o alcoolismo interfere na capacidade
de socialização e laborativa, acarretando muitos outros comportamentos
destrutivos. Os alcoolistas podem estar intoxicados diariamente. A embriaguez
tende a desagregar a família e as relações sociais e, geralmente, leva ao divórcio.
O grande número de dias de ausência no trabalho acaba levando ao desemprego. Os
alcoolistas nem sempre conseguem controlar o seu comportamento; tendem a
dirigir quando bêbados e sofrem lesões físicas em decorrência de quedas, brigas
ou acidentes automobilísticos. Alguns podem tornar-se violentos.
Causas
A
causa do alcoolismo é desconhecida, mas o consumo do álcool não é o único fator.
Dentre os indivíduos que consomem bebidas alcoólicas, aproximadamente 10%
tornam-se alcoolistas. Os parentes próximos de alcoolistas apresentam uma maior
incidência de alcoolismo que outras pessoas. Do mesmo modo, é mais provável que
ocorra alcoolismo nos filhos biológicos de alcoolistas que nos filhos adotados,
o que sugere o envolvimento de um defeito genético ou bioquímico no alcoolismo.
Algumas pesquisas mostram que os indivíduos com risco de alcoolismo
embriagam-se menos facilmente que os não alcoolistas, isto é, o cérebro deles é
menos sensível aos efeitos do álcool.
Além
de um possível defeito genético, determinados traços estruturais e da
personalidade podem predispor determinados indivíduos ao alcoolismo. Os
alcoolistas frequentemente são oriundos de lares desfeitos e, frequentemente, a
sua relação com os pais é conturbada. Os alcoolistas tendem a sentir-se isolados,
solitários, tímidos, deprimidos ou hostis. Alguns apresentam comportamentos
autodestrutivos e outros são sexualmente imaturos. Apesar disso, o abuso e a
dependência do álcool são tão comuns que os alcoolistas podem ser
identificados entre pessoas com qualquer tipo de personalidade.
Efeitos
Biológicos
O
álcool é rapidamente absorvido do intestino delgado para o interior da corrente
sanguínea. Como a sua absorção é mais rápida do que a sua metabolização e
eliminação do organismo, os níveis de álcool no sangue aumentam rapidamente.
Uma pequena quantidade de álcool presente no sangue é excretada inalterada na
urina, no suor e no ar expirado. O restante, que representa a maioria da
quantidade ingerida, é metabolizado pelo fígado, produzindo cerca de 210
calorias para cada 30 ml (7 cal/ml) de álcool puro consumido. O álcool deprime
imediatamente as funções cerebrais e o grau de depressão depende de
seu nível no sangue (quanto mais elevado o nível, maior o comprometimento). O
nível de álcool no sangue pode ser mensurado ou estimado por meio da quantidade
presente em uma amostra de ar expirado na respiração. Nos EUA, leis estaduais
limitam o nível de álcool no sangue permitido ao motorista que está
dirigindo um automóvel. A maioria dos estados americanos estabeleceu o limite
de 0,1 (100 miligramas de álcool por decilitro de sangue), mas outros estados
(p.ex., Califórnia) estabeleceram o limite em 0,08. Mesmo um nível de álcool no
sangue igual a 0,08 pode reduzir a capacidade de uma pessoa de dirigir um
automóvel com segurança.
O
consumo prolongado de quantidades excessivas de álcool lesa muitos órgãos do
corpo, particularmente o fígado, o cérebro e o coração. Como muitas outras
drogas, o álcool tende a induzir à tolerância, de modo que os indivíduos que
tomam regularmente mais de duas doses por dia podem beber mais álcool que os
outros, sem ficar embriagados. Os alcoolistas também podem tornar-se tolerantes
a outros depressivos. Por exemplo, aqueles que fazem uso de barbitúricos ou benzodiazepínicos
muitas vezes necessitam de doses mais elevadas para obter um efeito
terapêutico. Aparentemente, a tolerância não altera o metabolismo ou a excreção
do álcool. Em vez disso, o álcool induz o cérebro e outros tecidos a
adaptarem-se à sua presença. Se um alcoolista para de beber abruptamente, ele
pode apresentar sintomas da abstinência. A síndrome da
abstinência alcoólica geralmente começa 12 a 48 horas após a última
ingestão de bebidas alcoólicas. Os sintomas discretos incluem o tremor, a
fraqueza, a sudorese e a náusea. Alguns indivíduos apresentam convulsões
(denominadas epilepsia alcoólica ou convulsões alcoólicas).
Os
alcoolistas inveterados que param de beber podem apresentar a alucinose
alcoólica. Eles podem ter alucinações e ouvir vozes que parecem acusadoras e
ameaçadoras, causando apreensão e terror. A alucinose alcoólica pode durar dias
e pode ser controlada com medicamentos antipsicóticos (p.ex., clorpromazina ou
tioridazina). Se não for tratada, a síndrome da abstinência alcoólica pode
acarretar um conjunto de sintomas mais graves denominado delirium tremens (DT).
Normalmente, o delirium tremens não começa imediatamente. Ao contrário, ele
ocorre aproximadamente 2 a 10 dias após a interrupção do consumo de álcool. No
delirium tremens, o indivíduo inicialmente demonstra ansiedade e,
posteriormente, apresenta confusão mental progressiva, sonolência, pesadelos,
sudorese excessiva e depressão profunda. A frequência do pulso tende a
aumentar. O indivíduo pode apresentar febre. O episódio pode se agravar com
alucinações fugazes, delírios que produzem medo, inquietação e desorientação,
com alucinações visuais que podem causar terror. Os objetos vistos com pouca
luz podem ser particularmente apavorantes. Finalmente, o indivíduo apresenta
confusão mental e desorientação extrema.
Algumas
vezes, um indivíduo com delirium tremens sente que o chão está se movendo, que
as paredes estão caindo ou que o quarto está rodando. Com a evolução do
delirium tremens, o indivíduo passa a apresentar tremor de mãos persistente,
que, algumas vezes, estende-se à cabeça e ao resto do corpo, e a maioria dos
indivíduos apresenta uma incoordenação grave. O delirium tremens pode ser fatal,
sobretudo quando ele não é tratado. Outros problemas estão diretamente
relacionados aos efeitos tóxicos do álcool sobre o cérebro e o fígado.
Um fígado lesado pelo álcool é menos capaz de livrar o corpo das
substâncias tóxicas que podem causar o coma hepático. Um indivíduo que
desenvolve um coma hepático torna-se embotado, sonolento, estuporoso e confuso
e, muitas vezes, apresenta um tremor estranho das mãos. O coma hepático é
potencialmente letal e deve ser tratado imediatamente. A síndrome de Korsakoff
(psicose amnésica de Korsakoff) é comum em indivíduos que ingerem regularmente
grandes volumes de álcool, sobretudo quando são desnutridos ou apresentam
deficiência de vitaminas do complexo B (particularmente de tiamina). O
indivíduo com síndrome de Korsakoff perde a memória recente.
A
sua memória é tão ruim que frequentemente inventa histórias para tentar cobrir
a sua incapacidade de recordação. Algumas vezes, após um episódio de delirium tremens, o indivíduo apresenta
a síndrome de Korsakoff. Alguns indivíduos com síndrome de Korsakoff também
apresentam a encefalopatia de Wernicke, cujos sintomas incluem movimentos
anormais dos olhos, confusão mental, movimentos descoordenados e disfunção
nervosa. A síndrome de Korsakoff pode ser fatal, exceto se a deficiência de
tiamina for imediatamente tratada. Em uma gestante, a história de consumo
crônico e intenso de bebidas alcoólicas pode estar associada a defeitos
congênitos graves do feto em desenvolvimento como, por exemplo, o baixo peso ao
nascimento, a baixa estatura, a cabeça pequena, lesões cardíacas, lesões
musculares e nível de inteligência baixo ou retardo mental. O uso social e moderado
de bebidas alcoólicas (p.ex., duas taças de vinho de aproximadamente 120 ml)
não está associado a esses problemas.
ALCOÓLICOS
ANÔNIMOS
Não
existe algo que beneficie tanto os alcoólatras e de modo tão eficaz quanto a
ajuda que eles próprios podem se dar participando dos Alcoólicos Anônimos (AA).
Os Alcoólicos Anônimos atuam dentro de um contexto religioso. Existem
instituições alternativas para aqueles que preferem uma abordagem mais secular.
O alcoolista deve sentir-se à vontade em um grupo específico (de preferência,
participando de um grupo cujos membros compartilham interesses outros que não o
alcoolismo). Por exemplo, algumas áreas metropolitanas têm grupos de Alcoólicos
Anônimos para médicos, dentistas ou outros profissionais e para aqueles que se
dedicam a certos hobbies, assim como para indivíduos solteiros ou homossexuais
de ambos os sexos. Os Alcoólicos Anônimos proveem um local onde o alcoolista em
recuperação pode socializar-se longe de um bar com amigos não alcoolistas que
sempre estão à disposição para apoiá-lo quando a vontade de beber torna-se
novamente imperiosa. O alcoolista ouve as confissões de todos os membros do
grupo a respeito de como estão lutando diariamente para evitar a ingestão de
uma dose de bebida. Finalmente, propondo meios para que o alcoolista ajude os
demais, o Alcoólicos Anônimos permite que o indivíduo recupere a confiança e a
autoestima que, anteriormente, somente eram encontradas após a ingestão de
álcool.
ALUCINÓGENOS
Os
alucinógenos incluem o LSD (dietilamida do ácido lisérgico), a psilocibina
(cogumelo mágico), a mescalina (peiote) e o 2,5-dimetoxi-4-metilanfetamina
(DOM, STP), um derivado da anfetamina. Geralmente, essas drogas não causam
alucinações verdadeiras. As alucinações verdadeiras ocorrem quando um indivíduo
crê que as coisas anormais que vê ou ouve estão realmente acontecendo. Em
contraste, a maioria dos indivíduos com adição a alucinógenos compreende que as
sensações anormais não são reais e são causadas pela droga. Por essa razão,
essas drogas são na realidade pseudo-alucinógenos ou falsos alucinógenos.
Sintomas
Os
alucinógenos distorcem as sensações auditivas e visuais. Além disso, as
sensações podem mesclar-se. Por exemplo, a audição de música pode provocar o
surgimento de cores e essas se movimentam ao ritmo da música. Os principais
perigos da utilização dessas drogas são os efeitos psicológicos e o
comprometimento do julgamento que elas produzem, os quais podem levar a tomadas
de decisões perigosas ou a acidentes. Por exemplo, um usuário pode pensar que é
capaz de voar e pode inclusive pular de uma janela para provar isto, com
consequentes lesões graves ou a morte. Os alucinógenos estimulam o cérebro. O
efeito em si pode depender do estado de humor do usuário no momento do consumo
da droga e do ambiente onde ela é consumida. Por exemplo, os indivíduos que
estavam deprimidos antes de tomar a droga podem sentir-se mais tristes quando
ela produzir os seus efeitos.
A
capacidade do usuário em lidar com as distorções visuais e auditivas também
afeta a experiência. Um indivíduo inexperiente e assustado é menos capaz de
lidar com a experiência que alguém que já conhece os efeitos da droga e não
teme a “viagem” (trip). Um usuário sob a influência de um alucinógeno,
normalmente o LSD, pode apresentar uma extrema ansiedade e entrar em pânico, o
que resultará em uma “viagem ruim” (bad trip). Ele poderá querer interromper a
“viagem”, mas isto é impossível. A “viagem” é pior que um pesadelo, pois quem
está sonhando pode despertar, terminando o sonho ruim. Uma “viagem” ruim não
termina rapidamente. À medida que a “viagem” continua, o usuário começa a
perder o controle e pode, temporariamente, tornar-se psicótico. Algumas vezes,
uma “viagem ruim” pode ser tão grave ou pode desencadear uma vulnerabilidade
tão intrínseca que o usuário pode permanecer psicótico durante muitos dias (ou
por mais tempo) depois dos efeitos da droga terem desaparecido.
Uma
psicose prolongada é mais provável em um usuário com um distúrbio psicológico
preexistente, o qual se tornou mais evidente ou piorou pelos efeitos da droga.
A tolerância ao LSD pode ocorrer após 72 horas de uso contínuo. Os usuários de
LSD também podem tornar-se tolerantes a outros alucinógenos. Em geral, os
indivíduos que se tornaram tolerantes a alucinógenos e que interrompem o seu
uso de modo abrupto não parecem sofrer de síndrome de abstinência. Alguns
indivíduos (especialmente os usuários crônicos ou aqueles que repetem o consumo
de alucinógenos, particularmente o LSD) podem apresentar o reaparecimento de
sintomas (flashbacks) após interromperem o seu consumo. Os flashbacks são
semelhantes à experiência original, mas, geralmente, eles são menos intensos.
Eles podem ser desencadeados pela maconha ou por outras drogas, incluindo o
álcool, ou pelo estresse ou pela fadiga. Eles também podem ocorrer sem razão
aparente. Geralmente os flashbacks desaparecem em um período de seis a doze
meses, mas podem retornar até cinco anos após o último consumo de LSD,
especialmente quando o usuário ainda apresenta um distúrbio da ansiedade ou
outro distúrbio psiquiátrico.
Diagnóstico
e Tratamento
O
consumo agudo de alucinógenos é caracterizado por episódios de pânico e de
distorções visuais, acompanhados por vários tipos de delírios. As pupilas
dilatam-se, mas a frequência cardíaca não aumenta tanto quanto no uso de
estimulantes. As informações fornecidas por amigos do usuário são importantes
para o diagnóstico. A maioria dos usuários de alucinógenos nunca procura
tratamento. Um ambiente tranquilo e escuro e uma conversa serena e não ameaçadora
podem ajudar um usuário que está tendo uma “viagem ruim”. O usuário necessita
sentir se assegurado de que os efeitos são causados pela droga e terão um fim.
Um indivíduo que apresenta uma psicose prolongada pode necessitar de um
tratamento psiquiátrico.
COCAÍNA
(dependência)
A
cocaína produz efeitos similares aos das anfetaminas, mas é um estimulante
muito mais poderoso. Pode ser tomada pela via oral, inalada sob a forma de pó
(cheirada) ou pode ser injetada, em geral diretamente em uma veia. Quando fervida
com bicarbonato de sódio, a cocaína é convertida em uma base denominada crack,
podendo então ser fumada. O crack atua quase tão rapidamente quanto à cocaína
injetada pela via intravenosa. A cocaína intravenosa ou inalada produz uma
sensação de alerta extrema, de euforia e de grande poder.
Sintomas
A
cocaína aumenta a pressão arterial e a frequência cardíaca e pode causar um
infarto do miocárdio letal, mesmo em atletas jovens e saudáveis. Outros efeitos
incluem a constipação; a lesão intestinal; o nervosismo extremo; a sensação de
que algo está se movendo sob a pele (bichos da cocaína), o que é um sinal de
uma possível lesão nervosa; crises convulsivas; alucinações; insônia; delírios
paranóides e comportamento violento. O droga adido pode representar um perigo
para si próprio e para terceiros. Como os efeitos da cocaína duram apenas cerca
de 30 minutos, o droga adido toma doses repetidas. Para reduzir parte do
extremo nervosismo causado pela cocaína, muitos droga adidos também usam
heroína ou outra substância depressora do sistema nervoso, como o álcool.
As
mulheres com adição à cocaína que engravidam apresentam uma maior probabilidade
de abortar, em comparação a grávidas não usuárias de drogas. Se ela não
abortar, o feto poderá apresentar danos causados pela cocaína, que passa
facilmente do sangue materno para o fetal. As crianças geradas por mulheres
droga adidas podem apresentar padrões de sono anormais e má coordenação. Elas
podem apresentar retardo no desenvolvimento (engatinhar, andar e falar), mas
isto pode ser decorrente de deficiências nutricionais, cuidados pré-natais
deficientes e abuso de outras drogas por parte da mãe. Com o uso diário, a
tolerância à cocaína ocorre rapidamente. As reações de abstinência incluem a
fadiga extrema e a depressão, o oposto dos efeitos da droga. Quando o indivíduo
interrompe o uso da droga, ele pode apresentar ânsias de suicídio. Após alguns
dias, quando as forças físicas e mentais são recuperadas, o droga-adido pode
tentar o suicídio. Como ocorre com o uso intravenoso de heroína, muitas doenças
infecciosas, inclusive a hepatite e a AIDS, são transmitidas quando os adidos à
cocaína compartilham agulhas não esterilizadas.
Diagnóstico
O
uso de cocaína é evidenciado pela hiperatividade, dilatação pupilar e aumento
da frequência cardíaca. A ansiedade e o comportamento errático, grandioso e
hipersexual são evidentes no consumo em maior quantidade. Frequentemente,
observa-se a paranóia naqueles que são encaminhados aos serviços de emergência.
O consumo de cocaína pode ser confirmado por meio de exames de urina e de
sangue.
MACONHA
(DEPENDÊNCIA)
O
consumo de maconha (cannabis) está amplamente disseminado. Pesquisas entre
estudantes universitários revelaram que periodicamente ocorrem aumentos,
reduções e novos aumentos do seu consumo. Nos Estados Unidos, a maconha é
geralmente consumida sob a forma de cigarro (baseado) feitos com raízes, folhas
e as flores distais da planta seca, sendo quase sempre a Cannabis sativa. A
maconha também é consumida sob a forma de haxixe, a resina (substância do
alcatrão) da planta prensada. O ingrediente ativo da maconha é o
tetrahidrocanabinol (THC), que se apresenta sob muitas variedades, sendo a mais
ativa a delta-9-THC. A delta-9-THC é produzida sinteticamente como uma droga
denominada dronabinol, que é utilizada em pesquisas e, algumas vezes, no
tratamento da náusea e do vômito associados à quimioterapia do câncer. Alguns
indivíduos tornam-se dependentes da maconha por razões psicológicas e essa
dependência pode ter todas as características da adição grave.
A
dependência física da maconha não foi demonstrada de modo conclusivo. Como no
uso do álcool, a maconha pode ser usada de modo intermitente por muitas pessoas
sem lhes causar uma disfunção social ou psicológica aparente ou adição.
Sintomas A maconha deprime a atividade cerebral, produzindo um estado onírico
no qual as ideias parecem desconectadas e incontroláveis. Podem ocorrer
distorções e acentuações do tempo, das cores e do espaço. As cores podem
parecer mais brilhantes, os sons mais altos e o apetite pode aumentar.
Geralmente, a maconha reduz a tensão e produz uma sensação de bem-estar. A
sensação de exaltação, de excitação e de alegria interna (“estar alto”, “ficar
ligado”) parece estar relacionada às condições nas quais a droga foi consumida.
Por exemplo, se o indivíduo fumar sozinho ou em grupo e de acordo com o humor
predominante. As capacidades comunicativas e motoras diminuem durante o uso da
maconha e, por essa razão, é perigoso dirigir um automóvel ou operar maquinaria
pesada.
Os
indivíduos que consomem grandes quantidades de maconha tornam-se confusos e
desorientados, podem apresentar psicose tóxica e perder a noção de quem são,
onde estão ou do tempo. Os indivíduos com esquizofrenia são particularmente
suscetíveis a esses efeitos e existe evidência comprovada de que a
esquizofrenia pode piorar com o uso da maconha. Ocasionalmente, podem ocorrer
reações de pânico, particularmente em consumidores novos. Outros efeitos
incluem o aumento da frequência cardíaca, os olhos avermelhados e a boca seca.
A tolerância em longo prazo pode ocorrer em indivíduos que consomem a maconha.
As reações de abstinência podem incluir o aumento da atividade muscular (p.ex.,
espasmos e contrações) e insônia. No entanto, como a maconha é eliminada
lentamente do organismo, ao longo de várias semanas, a reação de abstinência
tende a ser leve e, geralmente, não é perceptível para o consumidor moderado.
Alguns
estudos sugeriram que o uso intenso e prolongado da maconha por homens pode
reduzir os níveis de testosterona, o tamanho dos testículos e a contagem de
espermatozoides. O uso crônico por mulheres pode acarretar ciclos menstruais
irregulares. Contudo, nem sempre esses efeitos ocorrem e os efeitos sobre a
fertilidade são incertos. As gestantes que usam maconha podem ter filhos
menores que as gestantes não consumidoras. Além disso, a delta-9-THC passa para
o leite materno e pode afetar um lactente que é amamentado com leite materno da
mesma maneira que a mãe é afetada. O consumo intenso e prolongado da maconha
pode produzir efeitos similares aos do tabagismo sobre os pulmões. A bronquite
é comum e o risco de câncer de pulmão provavelmente é maior. Os resultados da
detecção da maconha na urina permanecem positivos durante vários dias após o
consumo, inclusive nos consumidores ocasionais. Nos consumidores habituais, os
resultados do exame podem permanecer positivos por mais tempo à medida que a
droga é eliminada lentamente da gordura corpórea. O tempo varia, dependendo da
porcentagem de THC e da frequência do consumo. O exame de urina é uma maneira
eficaz de se identificar o consumo da maconha, mas um resultado positivo desse
exame significa apenas que o indivíduo a consumiu, e não prova que o usuário
está com suas faculdades alteradas no momento (intoxicado). Exames sofisticados
podem determinar até um ano depois se a maconha foi consumida.
TRANQUILIZANTES
Diga
adeus à ansiedade. Os grandes laboratórios farmacêuticos interessados no
faturamento construíram a crença de que podemos e devemos viver sem ansiedade.
Esta falsa idéia foi assimilada por alguns médicos e pelo público em geral,
promovendo a ida dos ansiosos aos consultórios em busca do remédio milagroso.
Entretanto a ansiedade pode ser uma emoção saudável e necessária a uma boa
adaptação do indivíduo ao meio, sendo, muitas vezes, um aviso do organismo
indicando que algo precisa ser feito para modificar a vida.
Os
tranquilizantes têm sido usados há milênios. O primeiro deles, e que continua a
ser consumido, é o álcool. Atualmente, a cada dia mais, diversos outros calmantes
são lançados no mercado para alegria dos consumidores aflitos. Uma estatística
da Organização Mundial de Saúde, publicada há alguns anos, mostrou um consumo
anual de 500 milhões de psicotrópicos no Brasil. Desses, 70% eram ansiolíticos,
ou seja, medicamentos para diminuir a ansiedade, apreensão, tensão ou medo.
Muitas pessoas só dormem após tomarem seu sedativo preferido e, para suportar o
dia desagradável que virá, ingerem mais outro calmante diurno . Alguns usam os
tranquilizantes para viajar de avião, dançar, namorar, transar, dar aulas,
casar, isto é, as atividades que podem acarretar um certo grau de
intranquilidade.
Os
ansiolíticos são ingeridos puros ou misturados com bebidas, usados junto a
moderadores de apetite, as drogas anti-colinérgicas (os chamados
anti-distônicos); alguns estão embutidos nos medicamentos antidepressivos,
fortificantes, vitaminas, diuréticos etc. As bulas acerca dos calmantes ,
geralmente, são mentirosas; descrevem muito mais os “bons” resultados do que os
“maus”: muitas não relatam a dependência após um curto período de uso, a
diminuição da capacidade psicomotora, o aumento do cansaço, a diminuição da
memória, a piora dos sintomas após a sua interrupção (ansiedade rebote) e o
risco de seu uso nos idosos e crianças. Uma curiosidade: os que têm menos
conhecimentos acerca de seus “excelentes efeitos terapêuticos”, como os
pacientes mais humildes dos ambulatórios, beneficiam-se pouco com seu uso.
Como
a população brasileira tem estado intranquila com respeito ao futuro do país, conclamo
o governo a distribuir essas drogas milagrosas para todos nós, em lugar de
gastar dinheiro com alimentos, moradias, empregos e assistência médica. Com o
povo calmo, os governantes poderiam usufruir o encantamento do poder. Cada
cidadão teria direito de uma a três doses diárias, conforme sua ansiedade,
este, uma vez embriagado com o efeito do calmante, não mais faria greve, não
mais amolaria o pobre governo com reclamações tolas e injustas. Ingerindo sua
dose diária de ansiolíticos as pessoas viveriam e morreriam calmas, talvez,
quem sabe, até felizes.
TRANSTORNOS ALIMENTARES
ANOREXIA
NERVOSA
Anorexia
Nervosa é um transtorno de grande incidência nas mulheres (cerca de 90% dos
casos), sendo caracterizado pela imposição do indivíduo em se manter com um
limite de peso muito baixo (geralmente abaixo de 85% do seu índice corporal).
A
prática anoréxica inclui métodos pouco usuais para emagrecer. Além da dieta,
submetem-se a exercícios físicos intensos, induzem o vômito, jejuam, tomam
diuréticos e usam laxantes.
A
perda de peso é vista como uma conquista notável, um sinal de extraordinária
autodisciplina; ao passo que o ganho, é tido como um inaceitável fracasso.
Esses indivíduos apresentam um medo constante de perder o controle sobre o seu
peso (tornar-se "gorda"), sendo comum apresentarem também uma
distorção sobre sua avaliação corporal, em que mesmo estando magra ela se vê
com excesso de peso.
Outras
características ocasionalmente associadas com a Anorexia Nervosa incluem
preocupação acerca de comer em público, sentimento de inutilidade, forte
necessidade de controlar o próprio ambiente, pensamento inflexível,
espontaneidade social limitada, iniciativa e expressão emocional demasiadamente
refreada. Nas mulheres, a anorexia pode causar ainda disfunções hormonais
graves, causando até a ausência de períodos menstruais.
Sua
causa é desconhecida, mas os fatores sociais parecem ser importantes. O desejo
de ser magro é algo muito frequente na sociedade ocidental, e a obesidade, é
considerada pouco atrativa, não saudável e indesejável.
Seu
início se dá geralmente na adolescência, sendo menos frequentemente na idade
adulta (mesmo antes da adolescência, algumas crianças já têm conhecimentos
sobre essas atitudes). Cerca de dois terços das adolescentes fazem dieta ou já
adotam outras medidas para controlar o peso. No entanto, somente uma pequena
porcentagem delas desenvolve Anorexia Nervosa.
É
um transtorno que afeta principalmente indivíduos das classes socioeconômicas
média e alta.
Cerca
de 10% dos casos que requerem internação para tratamento (em hospital geral)
morre por inanição, suicídio ou desequilíbrio dos componentes sanguíneos.
BULIMIA
NERVOSA
As
características principais deste transtorno incluem bingeing (ingestão de
grandes quantidades de alimentos) e purificação (eliminação dos alimentos por
meios artificiais, como vômitos forçados, uso excessivo de laxantes, períodos
de jejum, ou exercícios excessivos).
Os
indivíduos com Bulimia Nervosa tipicamente estão dentro da faixa de peso
normal, embora alguns possam estar com um peso levemente acima ou abaixo do
normal.
Cerca
de um terço desses indivíduos abusam de drogas, principalmente de álcool e
estimulantes. O uso de estimulantes frequentemente começa na tentativa de
controlar o apetite e o peso.
Pacientes
bulímicos apresentam com maior frequência sintomas depressivos (baixa
autoestima) ou transtornos do Humor como Distimia e Transtorno Depressivo Agudo.
TRANSTORNOS DE ANSIEDADE
A
ansiedade (ou o medo) passa a ser reconhecida e denominada como patológica ou
disfuncional quando é exagerada, desproporcional em relação ao estímulo
provocador; qualitativamente diferente do que se observa como norma naquela
faixa etária e também quando ela interfere e prejudica a qualidade de vida, o
conforto emocional ou o desempenho diário do indivíduo. Além disso, a ansiedade
(medo) pode ser adquirida (medo condicionado) nascida através de associações entre
o evento produtor da ansiedade com acontecimentos antes neutros, ou seja, que
nunca foram considerados perigosos por si mesmos, nem indicam perigo. Por
exemplo, José foi acidentado na Praça 7. O acidente, por si só (medo
incondicionado), provoca o medo ou ansiedade. Mas José pode também ter crises
de ansiedade ao passar pela Praça 7. Ele pode ainda ter crise ao ver a camisa
que estava vestindo no dia do acidente, ouvir a melodia que estava sendo tocada
pelo auto que o atropelou, etc. O local, bem como a roupa e a música, que
jamais provocaram ansiedade (mal-estar) em José, tornam-se objetos provocadores
de ansiedade. Na ansiedade patológica, até mesmo a sugestão de falar em público
causa o mal-estar físico e mental. Nesse caso a pessoa evita falar em público a
todo custo, mesmo sendo ruim para seu trabalho e vida.
Existem
vários tipos de transtornos de ansiedade. Em linhas gerais são divididos de
acordo com a situação que desencadeia a ansiedade patológica ou da resposta do
indivíduo à ansiedade patológica. Em alguns transtornos, como no transtorno de
ansiedade generalizada, a ansiedade se manifesta de forma constante e com menor
intensidade. Em outros, como no transtorno do pânico, manifesta-se de forma
repentina e intensa.
Frequentemente
o indivíduo apresenta dois ou mais transtornos de ansiedade ao mesmo tempo ou
em momentos diferentes da vida: ser portador de ansiedade generalizada e
transtorno do pânico simultaneamente ou em épocas diferentes. 90% dos pacientes
com TAG (Transtorno Ansiedade Generalizada) apresentam co-morbidade com outras
doenças mentais ou uso de substâncias: 62.4% com depressão, 39% com distimia,
34.4% com alcoolismo, 35% com fobia simples, 34% fobia social e 27% com abuso
de drogas. Cerca de 84% dos TAG apresentam co-morbidade com T. Afetivos.
Sintomas de ansiedade, sem caracterizar um transtorno específico de ansiedade,
são ainda mais comuns dentro do quadro da maioria dos transtornos mentais e
também nos pacientes orgânicos: câncer, diabetes, acidentados, etc. Ou seja,
transtornos de ansiedade e sintomas de ansiedade são realmente muito comuns.
Abaixo alguns transtornos:
Fobia
social (ou Transtorno de Ansiedade Social): ocorre quando o foco do medo e da
ansiedade está relacionado com situações sociais e/ou íntimas com outra(s)
pessoa(s). O indivíduo com fobia social sente-se acuado ao encontrar-se com
outra(s) pessoa(s) e isto é motivo de sofrimento, mesmo muito antes de um
encontro social programado.
Agorafobia:
o foco é um medo intenso de lugares (grandes e abertos, especialmente com muita
gente, ou fechados) onde seja difícil ou embaraçoso fugir ou então onde não
haja disponibilidade de auxílio se ocorrer uma crise de ansiedade.
Transtorno
obsessivo-compulsivo (TOC): dois tipos de sintomas caracterizam este
transtorno: sintomas obsessivos e sintomas compulsivos. Os primeiros são
pensamentos, ideias, impulsos ou imagens intensas, persistentes e recorrentes,
como se invadissem a mente a todo o momento. A compulsão é também repetitiva,
pois serve para anular os pensamentos obsessivos sempre que estes ocorrem e
para aliviar a ansiedade e sofrimento que eles provocam. São comportamentos
repetitivos (como lavar as mãos, guardar objetos, organizar simetricamente toda
a casa) ou atos mentais (como rezar, cantar uma determinada música).
Transtorno
de Estresse Pós-traumático (TEPT): ocorre após um evento traumático que envolve
risco de vida, ferimentos sérios ou risco à integridade física, emocional ou
moral (incêndios, enchentes, batidas violentas). Ataques de pânico e transtorno
do pânico: ataques de pânico são uma manifestação súbita e muito intensa de
ansiedade. Um ataque de pânico típico inicia-se repentinamente e evolui de
forma rápida para uma série de sintomas intensos de ansiedade. O pico dos
sintomas ocorre geralmente em cinco a dez minutos e tem duração média de dez a
trinta minutos, quando tendem a entrar em remissão.
AGORAFOBIA
Agorafobia
é o transtorno de ansiedade em que um indivíduo, quando exposto a lugares ou
situações em que ele julgue como embaraçosas, acaba sentindo uma ansiedade
desproporcional ao fator que está sendo presenciado, podendo apresentar até
sintomas do Transtorno do Pânico.
A
Agorafobia pode tanto se manifestar de forma específica como generalizada (como
sair de casa, ir ao trabalho ou ao médico). Os lugares específicos mais
evitados são os túneis, passarelas, pontes, avenidas largas ou rodovias. Pode
ocorrer o medo de multidões como nos shopping centers, restaurantes, filas,
cinemas, teatros, elevadores. Nesses casos, a limitação eventual já o incomoda
significamente, mas quando atingem locais essenciais como ônibus, carros, metrô
ou trens, a vida social do paciente fica bem mais comprometida.
Geralmente
alguns sintomas do transtorno são superados quando há companhia de alguém,
bastando a companhia até de uma criança para o agorafóbico sentir-se tranquilo.
Quando
o tratamento não é feito ou o transtorno não é corretamente diagnosticado, o
paciente se torna ainda mais depende da presença de outras pessoas. Surge com
isso, um sentimento de culpa - do paciente - por estar interferindo na vida dos
outros, e ao mesmo tempo, uma inconformidade, por essa situação aparentar ser
incontrolável e incompreensível. Toda essa frustração leva o paciente a
desenvolver um quadro depressivo, podendo evoluir a ponto de ele cometer
suicídio.
O
transtorno pode se desenvolver de uma Fobia Específica ou ser resultado de um
trauma extremo, como resultado de inúmeros ataques de pânico.
FOBIA
ESPECÍFICA
Conhecida
também como fobia simples, a Fobia Específica é o medo a determinado objeto,
animal ou circunstâncias, desencadeando no indivíduo uma intensa crise de
ansiedade com sintomas semelhantes aos relatados no Transtorno do Pânico.
Atinge
duas vezes mais mulheres do que homens, sendo que o medo de altura é a única
fobia dentre as mais comuns a atingir mais homens que mulheres. A fobia de
sangue atinge de forma igual homens e mulheres, e tem caráter altamente
familiar (fatores genéticos envolvidos).
As
fobias estão entre os transtornos mentais mais comuns, atingindo de 5 a 10% da
população. Porém, por estarem limitadas a situações que geralmente podem ser
evitadas, não chegam a causar sofrimento significativo a ponto dos acometidos
procurarem auxílio médico.
A
maior parte dos casos surge na infância ou adolescência, e sem tratamento,
tendem a persistir durante a vida adulta.
FOBIAS
MAIS ESTRANHAS
Botanofobia
: medo de plantas.
Clinofobia:
medo de camas ou de deitar-se.
Sofofobia:
medo de aprender.
Vestifobia:
medo de roupas ou de se vestir.
Araquibutirofobia:
medo de que se incrustem na gengiva ou no palato a pele que envolve o amendoim,
pipoca ou outro componente que adere ao palato como doces compactos.
Bibliofobia:
medo de livros.
Eufobia:
medo de ouvir boas notícias.
Melofobia:
medo de música.
Aurofobia:
medo de ouro.
Coulrofobia:
medo de palhaços.
FOBIAS
MAIS COMUNS
Aracnofobia:.aranha.
Sociofobia
ou antropofobia: pessoas, situações sociais.
Aerofobia
ou aviatofobia: avião.
Agorafobia:
medo de sair de casa.
Claustrofobia:
lugares fechados.
Acrofobia:
altura.
Carcinomafobia:
câncer.
Brontofobia:
tempestade ou trovões.
Necrofobia:
morte.
Cardiofobia:
doenças do coração.
FOBIA
SOCIAL
Fobia
Social implica ao indivíduo uma intensa sensação de medo, ansiedade ou
desconforto quando ele é exposto a determinadas circunstâncias como: frequentar
locais escuros, encontrar com pessoas do sexo oposto, falar em público, etc.
Podem ocorrer sintomas físicos como rubor, tremores, náuseas, desejo intenso de
urinar. Em geral, a crise de ansiedade é de tal forma intensa que se assemelha
a uma crise de pânico.
A
Fobia Social pode ser resultado de um evento traumático, que pode estar ou não
presente no nível consciente do indivíduo.
A
maior parte dos casos se inicia na adolescência, e acomete a ambos os sexos.
Atinge de 2 a 3% da população, embora alguns estudos estimarem que possa chegar
a 10%.
SÍNDROME
DO PÂNICO
O
transtorno ou síndrome do Pânico é caracterizado por crises intensas,
repentinas e graves de ansiedade e medo. Geralmente são acompanhadas de vários
sintomas físicos como palpitações, respiração rápida ou sensação de asfixia,
visão turva, tonturas e sentimentos de irrealidade (despersonalização ou
desrealização). Existe além desses, um constante sentimento de medo de morrer,
de perder o autocontrole ou de ficar louco.
O
ataque de pânico deve ocorrer de forma inesperada (espontâneo, não evocado,
"vindo do nada"), sem associação a um ativador situacional (um objeto
ou uma situação qualquer do dia a dia). Pelo menos dois ataques de pânico são
necessários para o diagnóstico, mas a maioria dos indivíduos tem um número
consideravelmente maior de ataques.
Ataques
ligados a determinadas situações ou objetos podem ocorrer, mas são menos
comuns.
Há
uma preocupação intensa acerca do próximo ataque de pânico, podendo levar ao
desenvolvimento de um comportamento de esquiva que pode satisfazer os critérios
sintomáticos para Agorafobia. O diagnostico neste caso
passa a ser Transtorno de Pânico com Agorafobia. Embora a Agorafobia possa
desenvolver-se a qualquer momento, seu início se dá geralmente durante o
primeiro ano da ocorrência dos ataques de pânico. O curso da Agorafobia e seu
relacionamento com o curso dos Ataques de Pânico são variáveis. Em alguns
casos, uma diminuição ou remissão dos Ataques de Pânico pode ser seguida por
uma diminuição correspondente na esquiva e ansiedade agorafóbicas.
O Transtorno
Depressivo Agudo é outro transtorno que ocorre com frequência (50-65%) em
indivíduos com Transtorno de Pânico. Em aproximadamente um terço das pessoas
com ambos os transtornos, a depressão precede o início do Transtorno de Pânico.
Nos dois terços restantes, a depressão ocorre ao mesmo tempo ou após o início
do Transtorno de Pânico.
A
idade de início para o Transtorno de Pânico varia muito, sendo mais típica em
indivíduos que estão na fase final da adolescência e adultos na faixa dos 30
anos. Apenas um pequeno número de casos começa na infância, e o início após os
45 anos é bastante incomum, mas pode ocorrer.
O
curso habitual é crônico, porém flutuante. Alguns indivíduos podem ter surtos
episódicos com anos de remissão neste intervalo, e outros, podem ter uma
sintomatologia severa contínua.
Critérios
Diagnósticos para Síndrome do Pânico
Ataques
de Pânico recorrentes e inesperados.
Pelo
menos um dos ataques foi seguido por um mês (ou mais) de uma (ou mais) das
seguintes características:
-
preocupação persistente acerca de ter ataques adicionais.
-
preocupação acerca das implicações do ataque ou suas consequências (por ex.,
perder o controle, ter um ataque cardíaco, "ficar louco").
-
uma alteração comportamental significativa relacionada aos ataques.
Ausência
ou presença de Agorafobia.
Os
Ataques de Pânico não se devem aos efeitos fisiológicos diretos de uma
substância (por ex., droga de abuso, medicamento) ou de uma condição médica
geral (por ex., hipertiroidismo).
Os
Ataques de Pânico não são melhor explicados por outro transtorno mental, como
-
Fobia Social (por ex., ocorrendo quando da exposição a situações sociais
temidas),
-
Fobia Específica (por ex., ocorrendo quando da exposição a uma situação fóbica
específica),
-
Transtorno Obsessivo-Compulsivo (por ex., quando da exposição à sujeira, em
alguém com uma obsessão de contaminação),
-
Transtorno de Estresse Pós-Traumático (por ex., em resposta a estímulos associados
a um estressor severo) ou:
-
Transtorno de Ansiedade de Separação (por ex., em resposta a estar afastado do
lar ou de parentes queridos).
TRANSTORNO
DE ANSIEDADE GENERALIZADA (TAG)
É
caracterizado por um sentimento de ansiedade muito forte, que pode ser
desencadeado por qualquer situação do dia a dia, tornando esse transtorno muito
frequente no dia a dia do indivíduo.
Os
sintomas essenciais são variáveis, mas compreende nervosismo persistente,
tremores, tensão muscular, transpiração, sensação de vazio na cabeça,
palpitações, tonturas, desconforto epigástrico, aflição por doenças graves
ocorrendo com eles ou amigos e familiares.
É
desencadeado por vários fatores presentes no dia a dia do indivíduo, sendo
dificilmente notado e diagnosticado enquanto os sintomas básicos não causarem
transtornos significativos para a pessoa.
O
medo normal e a apreensão ansiosa são respostas emocionais do organismo diante
do perigo. Portanto, ansiedade é um alerta do sistema biológico ao preparar o
corpo para reagir, mental e fisicamente, às situações potencialmente
ameaçadoras (perigosas). Os sinais corporais (tremores, boca seca, etc.) surgem
provocados pela percepção de objetos ou de sinais externos percebidos como
perigosos (um carro em disparada vindo em sua direção), ou internos (dores
intensas no tórax).
Na
ansiedade normal (não patológica), após a percepção do possível risco, o animal
(homem e outros animais) dirige sua atenção para o perigo focalizado. Neste
instante é produzida (germina sem esforço) a resposta defensiva: lutar, fugir
ou ficar quieto. A musculatura fica tensa, aumenta a atividade do sistema
simpático, em menor grau é ativado o parassimpático. Quase ao mesmo tempo
categorizamos o fato: “O carro vai me pegar!;” “Será que estou tendo um
enfarte?” Também, em seguida, buscamos soluções para combater o perigo
observado: fugir do carro, procurar o hospital. O organismo, como um todo,
diante da ameaça põe para funcionar suas defesas, onde cada órgão faz sua parte
automaticamente, isto é, quase sem pensar. Ao dar de cara com o perigo há um
aumento dos batimentos cardíacos, da pressão, da atividade das glândulas
sudoríparas, da respiração, contrações musculares, mudanças gastrintestinais e
da micção. Daí a frase popular: “Mijou de medo.”
Medos
dali, medos daqui nos perseguem desde cedo, durante anos e mais anos. Pouco a
pouco vão se formando modelos dos eventos perigosos e não perigosos.Também
lentamente vamos avaliando e formando mapas da nossa capacidade e incapacidade
de enfrentar problemas X ou Y. Uma vez vivenciadas vitórias e derrotas, vamos
armazenamos os sinais indicadores de um enfrentamento perigoso versus um fácil
e tranquilo. As crianças, ainda cedo, desenvolvem uma ideia (avaliação)
semelhante ao modelo adulto. Elas usam para isso as ideias “bom x ruim” antes
de elas usarem a linguagem semântica.
Portanto,
podemos descrever a ansiedade produtiva (sadia) como sendo um estado de alerta
e prontidão para agir adequada e produtivamente. Uma vez disparado o medo, o
organismo, antes calmo, transforma-se num organismo animado e/ou agitado. O
medo (ansiedade) leva o indivíduo a agir: atacar, fugir ou ficar “fingindo de
morto”. Estas ações buscam aliviar o estado emocional desagradável provocado
pelo medo. A resposta automática do organismo ao medo (palpitação, boca seca,
etc.) diminui ou desaparece quando a emoção termina: antes e depois de falar em
público, aproximar-se da primeira namorada ou transa, esperar e, ou iniciar uma
prova, concurso, disputa, etc. Geralmente, terminada a ação, terminam os sinais
e sintomas da ansiedade.
O
medo ou ansiedade se compõe de manifestações subjetivas e objetivas. As
manifestações subjetivas vão desde um sentido aumentado de alerta ou
consciência, até medos profundos de um desastre iminente. Já as manifestações
objetivas consistem de respostas corporais aumentadas, inquietação e mudanças
autônomas (falta de ar, tremores, etc.). O medo é, na maioria das vezes,
adaptativo (produtivo), pois desperta e prepara o indivíduo para possíveis
perigos (riscos, acidentes). O medo, portanto, contribui para administrar as
condutas necessárias para enfrentar as circunstâncias difíceis e negativas. A
ansiedade severa desorganiza, ela tende a ser improdutiva.
Os
estímulos ameaçadores são extremamente comuns na vida diária: batidas nas
estradas, roubos, doenças, etc. Os indivíduos não ansiosos captam menos
indicadores perigosos que os ansiosos. É possível que a propensão (inclinação,
tendenciosidade) perceptual proteja os “normais” das ameaças que estão em todos
os lugares e momentos. Este grupo adora gritar: “Eu sou otimista!”; “Está tudo
melhor do que os pessimistas pensam.” Assim os “normais” tendem a perceber
menos os perigos do meio ambiente, diminuindo, desse modo, seus medos. Por
outro lado, os ansiosos não se utilizam de recursos para diminuir a quantidade
e qualidade dos perigos que os rodeiam. Os ansiosos, sempre de prontidão para
detectar desgraças, dirigem a atenção para as inúmeras e pequenas ameaças que
estão para ocorrer. O afeto negativo, que ocorre nos ansiosos, pode ser o
resultado ou causa do seu excessivo processamento de informações medianamente ameaçadoras
do meio ambiente. O afeto positivo dos normais pode estar relacionado a uma
inibição desse processamento. Tanto os aspectos ameaçadores físicos como os
sociais são observados com mais atenção pelos indivíduos ansiosos. O material
ameaçador é o processado seletivamente pelos ansiosos.Os esquemas ou
“programas” dos ansiosos foram construídos ou assentados na experiência
negativa e perigosa. Portanto, os assimiladores de informações positivas
e negativas, que formam a mente (a maneira de ver o mundo) de cada um deles,
uma vez construídos com “alimentos” negativos e perigosos, forçosamente
descobrirá e processará informações perigosas em qualquer lugar.
Em
resumo: a ansiedade é caracterizada por uma tendência da atenção da pessoa para
operar num nível perceptual que facilita a captação de informações
emocionalmente ameaçadoras. O não ansioso focaliza situações não perigosas. Um
cientista caracterizou a percepção como um processo cíclico, que num primeiro
estágio envolve um recebimento passivo da informação do meio ambiente. Esta, a
percepção, é mapeada com representações ou esquemas internos. A capacidade
perceptiva do processador de informações (de nossa mente) varia de indivíduo
para indivíduo. O processador da “realidade” acomoda tanto a informação como os
recursos (ferramentas) usados durante o processamento dos estímulos
selecionados. O funcionamento desse esquema parece ser diferente entre os
ansiosos e não ansiosos, quando a ordenação inclui elementos que são
emocionalmente ameaçadores.
Tipicamente
os indivíduos atribuem seus afetos negativos às fontes internas, ao passo que
os ansiosos, na maioria das vezes atribuem-nos às fontes externas, levando-os a
evitar certas espécies de situações. Beck, 1976, sugeriu que depressão está
associada com pensamentos negativos referentes normalmente ao passado, enquanto
a ansiedade está mais relacionada com pensamentos associados a ameaças futuras.
O
Cérebro e o Processo da Sensibilização (Produção) da Ansiedade Patológica
Experiências
negativas (estresses) da criança, durante a fase de desenvolvimento, podem
provocar a sensibilização dos circuitos do medo e assim facilitar a resposta ao
medo, tornando-a exagerada. A sensibilização da pessoa implica que o sistema
cerebral dela se torna mais excitável ou mais sensível. Medos e marcas do
medo/ansiedade podem, algumas vezes, ser formados para sempre no cérebro. O
medo pode também ser aprendido observando o medo de outros. Macacos treinados
para não ter medo de cobras passam a ter medo vendo os outros temerosos diante
da cobra.
Durante
o enfrentamento do medo aumenta a atividade dos circuitos do medo do cérebro.
Quando termina o medo, diminui - volta ao seu nível normal - a atividade dos
circuitos do medo. Se os circuitos são constantemente ativados, eles podem
ficar excitados mesmo na ausência dos estímulos estressantes; os circuitos do
medo ficam superativados constantemente. Portanto, após o aparecimento de
respostas repetitivas de fortes emoções, a hiperexcitabilidade dos circuitos do
medo fica mais sensitiva e torna-se mais sensível ou fácil para ser ativada.
Desse modo as respostas ao medo ficam mais fáceis ou prontas para serem
disparadas.
Uma
vez criado o cérebro hiperexcitável ocorre uma maior prontidão da mente para
perceber e focalizar as informações mais ameaçadoras. No caso do cérebro
excitável a pessoa fica mais propensa e seletiva para perceber mais estímulos
ameaçadores (mais nervosa, medrosa, agressiva). A ativação dos circuitos do
medo passa a funcionar independente e sem auxílio do estímulo disparador, isto
é, fica fora do controle consciente da pessoa, não mais obedece à razão. A
pessoa fica controlada pelas emoções negativas (desagradáveis), isto é, pelo
circuito do medo (raiva, etc.).
Provavelmente
a amígdala (região do cérebro) e suas conexões jogam um papel central tanto no
medo normal como na ansiedade patológica. Provocado o medo (ou ansiedade) há um
aumento da liberação de hormônios neuroendócrinos (glicocorticóides e outros
hormônios) ao aumentar a excitabilidade dos circuitos do medo que inclui a
estrutura da amígdala. A hiperexcitabilidade nesses circuitos e nos hormônios,
por sua vez, em cascata, dão origem a eventos biomoleculares que incluem
aumento da expressão de genes.
Explicando
de outro modo: quando as condições do meio se tornam menos previsíveis, a
amígdala entra em funcionamento visando antecipar e responder às novas
informações surgidas (a novidade geralmente produz medo), particularmente os
eventos negativos (um barulho ou grito inesperado; a ameaça do assaltante,
etc.). Atenção, vigilância e prontidão-excitação têm um papel importante no
medo e ansiedade. Este é um mecanismo inconsciente. Durante o evento
estimulador do medo ou ansiedade o fluxo sanguíneo encontra-se aumentado na
amígdala cerebral.
Fatores
geradores da Ansiedade Crônica
Fatores
genéticos: 10 a 15% das crianças parecem nascer excessivamente envergonhadas.
Elas têm níveis elevados de excitação e propensão para sensibilidade aumentada,
com respostas inibidas (medo), que persistem na vida adulta.
Experiências
traumáticas podem desenvolver um medo exagerado e hiperexcitabilidade nos
circuitos neurais: guerra, estupro, etc. As vítimas adquirem, após o acidente,
uma memória viva, terrível, recorrente para o fato traumático, podendo ficar
cronicamente hiperexcitável.
Trauma
muito cedo, principalmente separações, tem um efeito negativo no
desenvolvimento das emoções, segundo estudos feitos com separações e privações
de animais, principalmente as longas separações.
Acontecimentos
aversivos sociais durante a adolescência e no adulto jovem podem fazer aparecer
às fobias sociais.
Derrotas
sucessivas conduzem ao aumento de submissão na hierarquia dominante. O medo no
rato é aumentado após continuadas derrotas.
TRANSTORNO
DE ESTRESSE AGUDO
O
Transtorno de Estresse Agudo é causado pela exposição a uma situação traumática
avassaladora, similar ao Estresse Pós-traumático, exceto por ocorrer durante o
primeiro mês após o evento traumático.
O
indivíduo com um estresse agudo foi exposto a um acontecimento terrível. Ele
revive mentalmente o evento traumático, evita coisas que possam lembrá-lo e
apresenta um nível alto de ansiedade. O indivíduo também apresenta três ou mais
dos sintomas a seguir:
Sensação
de embotamento, distanciamento ou ausência de resposta emocional.
Percepção
reduzida do meio ambiente (p.ex., atordoamento).
Sensação
de que as coisas não são reais.
Sensação
de que ele mesmo não é real.
Incapacidade
de lembrar-se de uma parte importante do evento traumático.
TRANSTORNO
DE ESTRESSE PÓS-TRAUMÁTICO
O
Transtorno de Estresse Pós-traumático é um distúrbio da ansiedade causado pela
exposição a uma situação traumática avassaladora.
As
situações que ameaçam a vida ou que lesam gravemente um indivíduo podem
afetá-lo durante muito tempo após a sua ocorrência. O medo intenso, o desamparo
e o terror são frequentes. A situação traumática é repetidamente revivida em
pesadelos ou em imagens que lhe vêm à memória (flashbacks). O indivíduo evita
constantemente objetos e pessoas que tenham ligação com o evento traumático ou
que possam de forma inconsciente - e indireta - despertar tais lembranças.
O
transtorno afeta a capacidade de reação a estímulos, podendo ocorrer também
sintomas de hiper-reatividade e depressão. Às vezes, esses sintomas se
manifestam passados meses ou até anos da data do evento traumático.
Estima-se
que 25% das pessoas que passam por eventos traumáticos (acidentes
automobilísticos, catástrofes naturais, estupro, tortura, testemunhar mortes
violentas) desenvolvam esse transtorno, que tem maior incidência em mulheres (o
dobro).
Em
crianças, os eventos traumáticos podem incluir experiências sexuais
inadequadas, mesmo sem violência ou danos físicos reais ou ameaçadores.
TRANSTORNO
OBSESSIVO COMPULSIVO (TOC)
É
caracterizado essencialmente por ideias obsessivas e comportamentos compulsivos
recorrentes.
As
ideias obsessivas são pensamentos, representações ou impulsos que se intrometem
na consciência do sujeito de modo repetitivo e estereotipado. Ele tem
consciência desses pensamentos, e tenta de todas as maneiras evitá-los, mas sem
qualquer sucesso.
Os
comportamentos e os rituais compulsivos são atividades estereotipadas e
repetitivas. O sujeito não tira qualquer proveito real realizando essas
atividades. Elas não representam qualquer tarefa útil de seu dia a dia,
servindo apenas para aliviar suas obsessões. Entretanto, até a mínima
impossibilidade de realizá-las ou a tentativa de alterá-las agrava ainda mais o
quadro do paciente, que pode experimentar crises mais graves de ansiedade,
outro sintoma muito comum nesse transtorno.
Sintomas
obsessivos mais comuns
Medo
de contaminação por germes, sujeiras etc.
Imaginar
que tenha ferido ou ofendido outras pessoas.
Imaginar-se
perdendo o controle, realizando violentas agressões ou até assassinatos.
Pensamentos
sexuais urgentes e intrusivos.
Dúvidas
morais e religiosas.
Pensamentos
proibidos.
Sintomas
compulsivos mais comuns
Lavar
as mãos para eliminar germes, bactérias, etc.
Repetir
determinados gestos
Verificar
se as coisas estão como deveriam, porta trancada, gás desligado, etc.
Tocar
objetos
Contar
objetos
Ordenar
ou arrumar os objetos de uma determinada maneira
Rezar
repetida vezes sem parar
TRANSTORNOS DE PERSONALIDADE
Estes
distúrbios compreendem habitualmente vários elementos da personalidade.
Acompanham-se em geral de angústia pessoal e desorganização social, e aparecem
habitualmente durante a infância ou a adolescência, persistindo de modo
duradouro na idade adulta.
TRANSTORNO
DE PERSONALIDADE ANTISSOCIAL
Transtorno
de personalidade caracterizado por um desprezo das obrigações sociais e a falta
de empatia para com os outros. Há um desvio considerável entre o comportamento
desses indivíduos e as normas sociais estabelecidas.
O
comportamento não é facilmente modificado pelas experiências adversas,
inclusive pelas punições. Existe uma baixa tolerância à frustração e um baixo
limiar de descarga de sua agressividade, inclusive da violência.
Existe
uma tendência a culpar os outros ou a fornecer racionalizações plausíveis para
explicar um comportamento que o leva a entrar em conflito com a sociedade.
Todos
nós já convivemos com pessoas que chegamos a amar e, possivelmente, hoje
odiamos. Relacionamo-nos com um tipo de indivíduo que num primeiro encontro
mostrou-se agradável, simpático, e deu-nos a impressão de estar interessado por
nossos problemas e de ser honesto. Com o passar do tempo, o percebemos como o
oposto do que sua “máscara de saúde” aparentava. Os psiquiatras classificam
esses indivíduos como possuidores de um “transtorno da personalidade
antissocial”.
São
figuras humanas interessantes, constituindo 70% dos habitantes das
penitenciárias, portanto, muitos deles estão soltos. É preciso muito cuidado
com eles, pois podem infernizar nossa vida. Aparecem mais frequentemente entre
os homens, embora muitas mulheres sejam antissociais. Alguns autores afirmam
que 4% da população apresenta essa conduta, para outros, a proporção é maior. O
direito denomina essas pessoas de “criminosos”, “estelionatários” e outros
termos. O povo avalia negativamente esses indivíduos, chamando-os de
“cara-de-pau”, “marginais”, “sem-caráter”, “sem-vergonha”, “safados”,
“desonestos”.
Falantes
e animados, dão a impressão de pessoas felizes e bem-ajustadas. São artistas,
exibindo uma falsa autenticidade, segurança e ótima saúde mental que, de fato,
não possuem. Atenciosos e sem inibições, cativam rapidamente a todos,
principalmente às mulheres, que se apaixonam com frequência por eles e muitas
vezes passam a dedicar-lhes suas vidas.
É
atraído por ações perigosas e detesta ambientes tranquilos. Ele agride as
pessoas quando frustrado, age apressadamente diante de situações problemáticas,
pois não tolera refletir ou adiar ações. O antissocial é indisciplinado e
geralmente incapaz de seguir objetivos a longo prazo, bons ou maus, isso não
importa.
Nas
suas conquistas, pode ocorrer que já num primeiro encontro o antissocial
declare todo seu amor e paixão à ingênua mocinha.
Propõe-lhe
um casamento ou uma vida a dois maravilhosa, pois está “caído” por ela. Em
seguida, pede-lhe um empréstimo, pois terá de viajar na manhã seguinte para
realizar um grande negócio, mas, como foi assaltado há poucos instantes, ficou
sem dinheiro e também sem seus preciosos talões de cheques.
Às
vezes o “golpe” é mais lento. Há um início de namoro, com grande intimidade com
sua parceira e familiares dela. Fica amigo de todos, conversa muito, conta
casos interessantes e alegres, mostra-se prestativo, frequenta a casa da
namorada, passa a almoçar, jantar e até dormir lá. Para justificar o seu modo
de vida, histórias fantásticas são relatadas à família. Essas, à medida que se
descobre sua falsidade, são trocadas por outras mais fantásticas ainda.
Ele
não está trabalhando porque tirou férias de uma grande empresa, onde é
diretor-presidente. Terminadas as suas “férias”, ele está planejando um vultoso
negócio para a companhia e por isso foi dispensado de ir trabalhar. Que pena!
De repente, fizeram-lhe uma injustiça: ele foi demitido. Mas não foi nada, pois
ganhará uma grande indenização e antes de largar o trabalho, já terá sido
contratado para novo emprego, por sinal muito melhor do que o anterior. Sem
endereço nem telefone, sua família é uma incógnita, até seu nome costuma ser
falso.
Enganando
a namorada, ele pode chegar ao casamento. Após este se consumar, surgem as
brigas, as agressões físicas, as exigências de dinheiro e, com frequência, a
infidelidade conjugal aberta: leva mulheres para dentro de casa, “transa” com a
vizinha, com a cunhada ou com a melhor amiga do casal.
Não
mostra nenhum senso de responsabilidade conjugal. O casamento quase sempre dura
pouco, acabando com o abandono da mulher e dos filhos. Nosso “herói”
desaparece, arruma uma nova parceira para explorar. De quando em quando,
retorna à antiga mulher, fazendo proposta de reconciliação, num tom de voz
aparentemente emocionado, com olhos cheios de lágrimas. Nesses momentos, aparentando
sinceridade, jura seu amor e arrependimento por tê-la abandonado. Afirma que
nunca mais vai ocorrer o que aconteceu.
Entretanto,
as promessas duram pouco: só até à primeira frustração ou à primeira sedução fora
de casa.
Em
sua mente nunca há culpa, ele nunca aprende com seus comportamentos
inapropriados, pois não sofre com isso. Não é leal a ninguém, nem com nenhum
grupo ou ideias. Não consegue julgar adequadamente nenhum de seus atos, nem os
dos outros, pois não é atingido pelo sofrimento alheio. Explica, com sua lógica
deturpada, toda e qualquer conduta sua, mesmo a mais imoral. Agressivo e
impulsivo, não tolera ser frustrado. É um indivíduo geralmente incapaz de
seguir qualquer objetivo a longo prazo, bom ou mau, isso não importa.
Alguns
estudiosos desses “doentes” afirmam que eles buscam, durante suas vidas, um
caminho capaz de transformá-las em fracasso. Assim, se cometem uma falta ou um
crime, arriscam-se, comentam, enfim, fornecem pistas para serem descobertos.
(evidentemente, eles não são “bons” criminosos.)
Ele
não é um “louco” no sentido literal da palavra, mas é capaz de, após matar os
pais para conseguir dinheiro para suas farras, pedir ao júri clemência por ser
órfão. Após conseguir donativos para um asilo inexistente, afirmar que sua
atitude ajudou àqueles que deram esmolas, pois os doadores ficaram aliviados e
felizes por estarem ajudando os velhinhos pobres.
À
primeira vista eles parecem brilhantes, com inteligência superior, seja no
trabalho, seja no estudo ou nas relações sociais. Mas, inevitavelmente, mais
cedo ou mais tarde fracassarão, serão demitidos do emprego, afastados dos
amigos e perderão tudo aquilo que, para os “normais”, é caro.
Os
antissociais estão em todas as partes: são encontrados nas favelas, nos bairros
pobres, nas cidades do interior, nas grandes capitais, nos palacetes e até nos
palácios governamentais. Diga-se de passagem, não são raros também entre os
políticos. Alguns são presos por dar cheques sem fundos, roubar, montar firmas
ou clínicas fantasmas, ludibriar seus clientes e assim por diante. Outros
aprendem às vezes bem a utilizar-se de um vocabulário altamente sofisticado e
eloquente, para manipular os outros em seu benefício.
Utilizam
também com esmero recursos histriônicos para comunicar sentimentos falsos.
Esses, os mais socializados, escapam do cerco policial, chegando a ser vereadores,
médicos, psicólogos, advogados, deputados, pastores, padres ou até mesmo
governadores e presidentes da república. Sua conversa fácil e sua crença em
inverdades, ditas com entusiasmo, seduzem o incauto que o procura ou o elege,
projetando nele o seu Deus.
Diante
do leigo, ou mesmo do psiquiatra, ele parece normal. Durante a entrevista, nada
revela de loucura, incapacidade ou deficiência mental. É sua história de vida,
examinada e contada pelos acompanhantes, que fornecerá as pistas para
percebermos que estamos diante de um indivíduo com perturbação da personalidade
do tipo antissocial: um “doente” na sociedade.
Entre
as quadrilhas mais sofisticadas, as com um grau mínimo de organização, os
antissociais não são aceitos, pois lhes falta, não só a disciplina, com também
alguma ligação afetiva com o grupo de crime necessária ao êxito do
empreendimento. A maioria deles não comete crimes suficientemente grandes para
serem presos por longos períodos. Portanto, até com respeito ao crime, eles não
são sérios.
A
carreira do antissocial geralmente começa cedo, ao roubar as merendas dos
colegas ou faltar às aulas, agredir companheiros ou professores, ou ainda fugir
de casa. Inicia relações sexuais precocemente. Bebe, ainda na infância, com
grande prazer. Não se liga a grupos por muito tempo. Maltrata ou mata pequenos
animais, agride sem piedade ou motivo os companheiros mais fracos, explora-os
como pode. Mas sempre acha que tem razão.
Com
o aumento de seu poder, ao crescer apodera-se do carro do pai, estraga-o, faz
farras e, quando recriminado, justifica-se, aparentando total sinceridade.
Representando arrependimento, jura que vai mudar sua conduta, garante que
aquilo nunca mais vai acontecer. Na primeira oportunidade, porém, ele retorna
ao mesmo comportamento e novo juramento é feito, sempre do mesmo jeito,
demonstrando as mesmas emoções falsas de antes.
Mente
a propósito de tudo, em qualquer lugar, com qualquer pessoa, e muitas vezes sem
nenhuma razão. Se apanhado na mentira dará sua “palavra” de honra” de que não
mais faltará com a verdade e firmará, nesse sentido, um “pacto de cavalheiro”.
Entretanto, para nosso azar, os castigos, as críticas, as prisões e os
internamentos geralmente não produzem efeito a longo prazo. Sua escalada
continua: uso de bebidas, drogas, acidentes graves, roubos, abandono de
emprego, brigas, cheques sem fundo, mentiras e mais mentiras.
Os
pais, desesperados, tentam ajudá-lo, montando um comércio, que é “depenado” em
pouco tempo. Mandam-no para a fazenda do tio e lá ele planta maconha.
Internam-no na casa de saúde e ali ele vende suas roupas, compra drogas,
suborna o guarda e foge. Pedem a sua prisão. Nesta, ele se mostra como um
cordeiro, e ao ganhar confiança, na primeira oportunidade burla a própria
polícia. Nunca pensa a longo prazo, sendo total seu imediatismo.
Não
se pode contar com o antissocial, pois ele engana, rouba, falsifica, adultera e
mente. Cultiva um grande desprezo pelas normas da sociedade, pelas dificuldades
dos outros, sejam elas emocionais, financeiras, físicas ou sociais. Não se
envergonha do que fez ou faz. Sua vida é cheia de proezas, que levariam a
maioria dos homens à depressão ou mesmo ao suicídio. Entretanto, no antissocial
não se exterioriza nenhum ato que possa indicar remorso ou humilhação. Nele não
foram introjetados os nossos valores, sejam morais, sejam estéticos.
Os
mais espertos aprendem o desejado pelas pessoas. Conseguem transmitir ao povo a
sua máscara de saudável honestidade e honradez através de um discurso contendo
tudo aquilo que o povo deseja ouvir e alcançar. Depois, sozinhos ou com seus
companheiros do mesmo caráter, tomando seu uísque escocês, riem e zombam daqueles
que, inocentemente, depositaram confiança neles. Cuidado! Eles estão em toda
parte!
TRANSTORNO
DE PERSONALIDADE BORDERLINE
Transtorno
de personalidade caracterizado pela tendência nítida em agir de modo
imprevisível, sem consideração pelas consequências, com humor imprevisível e
caprichoso, tendência a acessos de cólera e uma incapacidade de controlar os
comportamentos impulsivos, tendência a adotar um comportamento briguento e a
entrar em conflito com os outros principalmente quando os atos impulsivos são
contrariados ou censurados.
O
indivíduo apresenta também perturbações da autoimagem, uma sensação crônica de
vacuidade, relações interpessoais intensas e instáveis e uma tendência a adotar
um comportamento autodestrutivo, compreendendo tentativas de suicídio ou gestos
suicidas.
TRANSTORNO
DE PERSONALIDADE ESQUIZÓIDE
Transtorno
da personalidade caracterizado por um retraimento dos contatos sociais,
afetivos ou outros, preferindo a fantasia, atividades solitárias e a reserva
introspectiva; apresentando uma incapacidade de expressar seus sentimentos e a
experimentar prazer.
TRANSTORNO
DE PERSONALIDADE NARCISISTA
A
característica essencial do Transtorno da Personalidade Narcisista é um padrão
invasivo de grandiosidade, necessidade de admiração e falta de empatia.
Os
indivíduos com este transtorno têm um sentimento grandioso de sua própria
importância. Eles rotineiramente superestimam suas capacidades e exageram suas
realizações, frequentemente parecendo presunçosos ou arrogantes. Eles podem
presumir que os outros atribuem o mesmo valor a seus esforços e surpreender-se
quando não recebem o louvor que esperam e julgam merecer. Um menosprezo
(desvalorização) da contribuição dos outros está frequentemente implícito na
apreciação exagerada de suas próprias realizações.
A
vulnerabilidade da autoestima tornam os indivíduos com Transtorno da
Personalidade Narcisista muito sensível a "mágoas", por críticas ou
derrotas. Embora possa não demonstrar abertamente, as críticas podem assolar
esses indivíduos e levá-los a se sentirem humilhados, degradados e vazios.
Sua
reação pode ser de desdém, raiva ou contra-ataque afrontoso. Essas experiências
frequentemente o levam a um retraimento social ou a uma aparência de humildade
que pode mascarar e proteger sua grandiosidade. As relações interpessoais
tipicamente estão comprometidas pelos problemas resultantes do sentimento de
intitulação, da necessidade de admiração e do relativo desrespeito à
sensibilidade alheia.
Embora
a ambição e a confiança ufanista possam levar-lhes a grandes realizações, o
desempenho pode ser perturbado em virtude da intolerância a críticas ou
derrotas. Às vezes o desempenho profissional pode ser muito baixo, refletindo
uma relutância para assumir riscos em situações competitivas ou de outra
espécie, nas quais a derrota é bastante provável. Sentimentos persistentes de
vergonha ou humilhação e a autocrítica pertinente podem estar associados com
retraimento social, humor deprimido e Transtorno Depressivo Maior ou Distímico.
Por
outro lado, períodos persistentes de grandiosidade podem estar associados com
um humor hipomaníaco. O Transtorno da Personalidade Narcisista também está
associado com Anorexia Nervosa e Transtornos Relacionados a Substâncias (especialmente
relacionados à cocaína).
Os
Transtornos da Personalidade Histriônica, Borderline,
Anti-Social
e Paranóide
podem estar associados com o Transtorno da Personalidade Narcisista.
TRANSTORNO
DE PERSONALIDADE PARANÓIDE
Transtorno
da personalidade caracterizado por uma sensibilidade excessiva face às
contrariedades, como a recusa de perdoar os insultos, o caráter desconfiado,
tendência a distorcer os fatos interpretando as ações imparciais ou amigáveis
dos outros como hostis ou de desprezo, suspeitas injustificadas a respeito da
fidelidade do parceiro sexual e um sentimento combativo e obstinado a favor de
seus próprios direitos.
Pode
existir uma superavaliação de sua auto-importância, havendo frequentemente
auto-referência excessiva.
TRANSTORNOS DELIRANTES
ESQUIZOFRENIA
A
esquizofrenia é um distúrbio mental grave, caracterizado pela perda do contato
com a realidade (psicose), alucinações, delírios (crenças falsas), pensamentos
anormais e alteração do funcionamento laborativo e social.
A
esquizofrenia é um importante problema de saúde pública em todo o mundo. A sua
prevalência mundial parece ser discretamente inferior a 1%, embora tenham sido
identificados bolsões de maior ou menor incidência. Nos Estados Unidos, os
indivíduos com esquizofrenia ocupam cerca de um quarto (1/4) dos leitos
hospitalares e correspondem aproximadamente a 20% de todos os dias de
afastamento da Previdência Social. A esquizofrenia é mais prevalente que
a doença de Alzheimer, o diabetes ou a esclerose múltipla. No Brasil, são registrados
56.000 casos por ano.
Diversos
distúrbios compartilham as características da esquizofrenia. Os distúrbios que
se assemelham à esquizofrenia, mas cujos sintomas estão presentes a no mínimo 6
meses são denominados distúrbios esquizofreniformes. Quando os sintomas
persistem por pelo menos um dia, mas se repetem pelo menos por um mês são
denominados distúrbios psicóticos breves.
Um
distúrbio caracterizado pela presença de sintomas do humor (p.ex., depressão ou
mania) juntamente com sintomas mais típicos de esquizofrenia é denominado
distúrbio esquizoafetivo.
Um
distúrbio da personalidade que pode compartilhar sintomas de esquizofrenia e no
qual os sintomas em geral não são tão graves a ponto de satisfazer aos
critérios da psicose é denominado distúrbio da personalidade
esquizotípica.
TRANSTORNO
ESQUIZOTÍPICO
Transtorno
caracterizado por um comportamento excêntrico e por anomalias do pensamento e
do afeto que se assemelham àquelas da esquizofrenia, mas não há em nenhum
momento da evolução qualquer anomalia esquizofrênica manifesta ou
característica.
A
sintomatologia pode comportar um afeto frio ou inapropriado (anedonia); um
comportamento estranho ou excêntrico; uma tendência ao retraimento social;
ideias paranóides ou bizarras sem que se apresentem ideias delirantes
autênticas; ruminações obsessivas; transtornos do curso do pensamento e
perturbações das percepções; períodos transitórios ocasionais quase psicóticos
com ilusões intensas, alucinações auditivas ou outras e ideias
pseudodelirantes, ocorrendo em geral sem fator desencadeante exterior.
TRANSTORNOS DISSOCIATIVOS
Os
transtornos dissociativos (ou de conversão) se caracterizam por uma perda
parcial ou completa das funções normais de integração das lembranças, da
consciência, da identidade, das sensações imediatas e do controle dos
movimentos corporais.
Os
diferentes tipos de transtornos dissociativos tendem a desaparecer após algumas
semanas ou meses, quando sua ocorrência está associada a um acontecimento
traumático.
Podem
evoluir para transtornos mais crônicos (como paralisias e anestesias) quando a
ocorrência do transtorno está ligada a problemas ou dificuldades interpessoais
insolúveis.
AMNÉSIA
DISSOCIATIVA
A
característica essencial é a perda da memória que diz respeito a acontecimentos
importantes e recentes, causada por eventos traumáticos como acidentes ou
perdas de parentes ou amigos próximos.
A
amnésia é bastante frequente na vida desses indivíduos quando parcial e
seletiva. Uma amnésia completa e generalizada é rara, e diz respeito habitualmente
a uma fuga. Neste caso, deve-se fazer um diagnóstico para Transtorno da Fuga.
SÍNDROME
DE DESPERSONALIZAÇÃO-DESREALIZAÇÃO
Transtorno
de Despersonalização consistem de episódios persistentes ou recorrentes em que
o indivíduo sente uma sensação de irrealidade e distanciamento de si mesmo,
como se estivesse em um sonho ou filme.
O
indivíduo tem uma sensação de ser um observador externo dos próprios processos
mentais e do próprio corpo. Há também o sentimento de anestesia sensorial,
falta de resposta afetiva, sensação de não ter o controle das próprias ações
incluindo a fala e uma alteração na percepção de tamanhos ou formas de
objetos (macropsia ou micropsia) e pessoas, observadas como
"estranhas" ou "mecânicas".
Outras
características associadas incluem sintomas de ansiedade, sintomas depressivos,
ruminação obsessiva, preocupações somáticas e uma perturbação do sentido de
tempo. Em alguns casos, a perda de sentimentos (característica da
despersonalização) pode imitar um Transtorno Depressivo Agudo; em outros, pode
coexistir com ele. Hipocondria e Transtornos Relacionados a Substâncias podem
também coexistir com o Transtorno de Despersonalização.
É
o terceiro transtorno psiquiátrico mais comum (depois da ansiedade e da
depressão), tendo como causa principal o fato do indivíduo ter passado por um
perigo potencialmente letal (acidente, assalto ou doença ou lesão grave).
TRANSTORNO
DA FUGA
Transtorno
da Fuga é caracterizado pela incapacidade do indivíduo em recordar aspectos
importantes de sua vida - como seu passado e sua identidade (Amnésia
Dissociativa), seguida de um deslocamento geográfico intencional, que excede os
trajetos cotidianos.
O
indivíduo muda de cidade ou estado, e, em muitos dos casos, adota uma nova
identidade e personalidade, que tende a ser mais descontraída e desinibida.
Apesar de sofrerem de um transtorno mental, o traço dessa doença dificilmente é
percebido por pessoas que não sejam profissionais da área de saúde mental.
Esses
transtornos frequentemente são desencadeados por um estresse avassalador, que
pode ser causado pela experiência ou observação de um evento traumático (como
um acidente ou um desastre) ou por ter vivenciado um conflito interno tão
intolerável que a sua mente foi forçada a separar as informações e os
sentimentos incompatíveis ou inaceitáveis.
O
transtorno geralmente tem durações curtas (horas ou dias), mas pode permanecer
por períodos mais longos (semanas e meses).
TRANSTORNO
DE PERSONALIDADE MÚLTIPLA
É
caracterizado por duas ou mais personalidades distintas num mesmo indivíduo, se
alternando uma de cada vez.
Cada
personalidade é completa, com suas próprias memórias, comportamento e gostos,
de forma bastante elaborada e complexa. Podem ter sexos, idades, raças ou
comportamentos diferentes (uma sendo sexualmente promíscua e outra recatada).
Seu
início geralmente se dá por um estresse psicológico grave vivenciado durante a
infância; como abuso sexual ou físico. É uma condição grave, crônica e
potencialmente incapacitante ou fatal. Os indivíduos com esse distúrbio frequentemente
tentam o suicídio, sendo esse talvez, o transtorno com maior incidência dessa
prática.
TRANSTORNOS DO SONO
Das
8.760 horas de um ano, o homem dedica perto de 3.000 ao sono e dorme
aproximadamente 24 anos de sua existência. Você, que está lendo esse artigo, já
teve vários sonhos, pesadelos e algumas vezes falou enquanto dormia. Quando
criança, ou mesmo depois de adulto, urinou na cama e pode ter perambulado pela
casa durante seu sono. Alguns dias deitou-se e demorou a adormecer; diversas
vezes acordou durante a noite ou cedo demais, sem desejar, e durante alguns
dias de sua existência, você trabalhou sonolento. Talvez use, ou já usou,
medicamentos, na falsa esperança de que eles o ajudariam a dormir. Você sabe o
que é o sono?
Cerca
de 12 a 15 por cento da população dos países industrializados tem sérios
distúrbios do sono, outros 20 a 25 por cento da população apresentam distúrbios
ocasionais de insônia.
A
partir das ondas cerebrais, que são detectadas quando um eletroencefalograma
(EEG) é registrado durante o sono, verifica-se o aparecimento de ondas
sincronizadas (sono NREM), também denominado de sono ortodoxo, e de ondas
não-sincronizadas (sono REM), ou sono paradoxal. O termo “REM” decorre do
inglês (“rapid eye movements”), indicando que nesse sono ocorrem movimentos
rápidos dos olhos.
O
sono NREM (sem movimentos rápidos dos olhos), compreende três fases: 1, 2 e 3
(delta). Nosso sono inicia-se com um sono mais leve e prossegue até alcançar a
etapa mais profunda. Ao adormecer, surgem as fases do sono, nas sequências 1-2-
3 (delta) e novamente 2, que são entremeadas pela fase REM (fase dos
sonhos). A fase 1 é o período de transição da vigília ao sono.
O
sono delta, sono profundo, é o período do comportamento extravagante, quando as
pessoas falam dormindo, se sentam e começam a ter longas conversas consigo
mesmo e os sonâmbulos levantam-se e passam a andar pela casa. É também o
período da noite em que as crianças, às vezes, urinam na cama, ou apresentam o
estranho problema chamado terror noturno (por exemplo, gritar enquanto dorme).
Ao
começar o sono REM, o corpo se acha totalmente relaxado. Se alguém arrastar a
pessoa para fora da cama e tentar colocá-la de pé, ela cairá. O corpo não se
move absolutamente, percebendo-se apenas a oscilação ocular. Caso se trate de
um homem, ele tem uma ereção peniana automática, caso se trate de mulher, os
tecidos vaginais enchem-se de sangue. No interior do corpo, os batimentos
cardíacos e a pressão arterial sobem, a respiração torna-se irregular, e
poderosos hormônios invadem a corrente sanguínea, liberados de certos órgãos,
tais como das glândulas suprarrenais. Todos os tipos de cenas e imagens
fantásticas passam pela mente da pessoa, pois é nesse período que se tem a
maioria dos sonhos e pesadelos.
Cada
ciclo completo de sono NREM, somado ao REM, tem uma duração aproximada de 90
minutos cada. Durante uma noite inteira de sono, ocorrem 4 e 5 ciclos, de cerca
de 90 minutos cada. Nos ciclos posteriores, no fim da noite, quase não se
observa mais a fase delta.
Nos
idosos, a fase 1 do sono NREM, que é o sono mais superficial, cresce muito, em
detrimento do sono delta ou sono profundo. Nessa faixa etária também, diminui
geralmente o número de horas realmente dormidas, que cai para 5 a 6 horas por
noite. Em outras palavras, o idoso normal dorme menos tempo, sonha menos e seu
sono é mais superficial e, além disso, frequentemente apresenta sonolência
diurna.
As
necessidades de horas de sono, além de variar com a idade, variam de pessoa
para pessoa. Assim alguns necessitam de 10 a 12 horas, outros, de 3 a 4, alguns
poucos, de apenas 1 hora de sono por noite. Uma pessoa apresenta insônia se sua
dificuldade para dormir interfere cronicamente com uma eficiente função durante
o dia, independente do número de horas dormidas. Portanto, o que caracteriza a
insônia é o malestar ou sonolência diurna e não o número de horas dormidas
durante a noite. Cada indivíduo deve estabelecer as suas necessidades diárias
de sono, a partir de suas próprias experiências com diferentes números de horas
de sono.
Alguns
clientes se queixam do oposto da insônia, ou seja, da hipersônia, sono
exagerado. Quando essa ocorre, é possível que a pessoa esteja dormindo um
número de horas inferior à sua real necessidade, mas também podem estar
ocorrendo certos problemas médicos tais como o do hipotireoidismo, transtornos
psiquiátricos (depressão), ou ainda perturbações específicas próprias do sono
(apneia do sono, narcolépsia). Esses transtornos levam a pessoa a não dormir
normalmente, ainda que eles achem que dormiram satisfatoriamente.
O
que às vezes torna-se intrigante são as insônias de causas comportamentais ou
situacionais. Algumas são bastante óbvias. Sabe-se, por exemplo, que o primeiro
sono da noite em local estranho é, em geral, insatisfatório. As pessoas que
moram perto de aeroportos, ou de estradas e ruas muito movimentadas, talvez não
durmam tão bem como quem vive numa tranquila localidade do campo, ou num bairro
silencioso. Vários estudos revelam que, embora as pessoas que partilham da
mesma cama e tenham, em geral, uma boa vida sexual, muitas vezes dormiriam
melhor se estivessem em camas separadas, particularmente se uma delas tem sono
agitado. Partilhar a cama com alguém pode significar também partilhar a
insônia. Finalmente, a pessoa pode, ocasionalmente, ser vítima do que é
conhecido como “Insônia da Noite de Domingo”. Esta resulta em geral da
alteração na escala horária dos fins de semana, quando se vai para a cama e se
levanta mais tarde. Algumas pessoas, mesmo adormecidas, permanecem pensando
intensamente, dando a impressão de estarem acordadas, mesmo quando,
objetivamente, através do eletroencefalograma, se perceba que estejam no sono
NREM. Também pode ocorrer que certos insones apresentam tempo excessivo de sono
na fase 1, isto é, na fase superficial, dando-lhes a impressão de estarem
dormindo pouco.
As
mais diversas e curiosas particularidades acerca da melhor maneira de dormir,
para uma dada pessoa, são encontradas. Alguns necessitam silêncio absoluto,
enquanto que para outros o sono é melhor quando ouvem uma música, ou quando a
TV estiver ligada. Para alguns o melhor sonífero é um certo tipo de leitura.
Certas
pessoas só dormem com as janelas abertas. Muitos, ao se dirigirem para a cama,
imaginam que não vão dormir e acabam não dormindo. O exercício físico realizado
no fim da tarde ou início da noite, parece influenciar o sono: há aumento de
ondas deltas, enquanto que realizado em excesso, pouco antes de se deitar,
prejudica o sono. É mais fácil acordar uma pessoa quando esta se encontra na
fase 1 do que na fase 2, ou no sono REM, e há ainda mais dificuldade de
despertá-la na fase delta.
Uns
preferem a cama dura, outros, a macia. Não se dorme bem nas temperaturas muito
baixas ou muito altas. Dorme-se mal acima de 24 graus, nessa temperatura
a pessoa acorda e movimenta-se mais vezes à noite e há um decréscimo do sono
REM e do delta. Tudo indica que o sono melhora, se a pessoa alimentar-se com
uma refeição leve à noite.
Alguns
médicos decidem o que fazer diante de uma queixa de insônia dos seus clientes
em cinco minutos, prescrevendo-lhes um comprimido para dormir. Isto é grave,
pois parte dos pacientes que se queixam de insônia não a têm, quando se lhes
faz exame mais minucioso. Outros que realmente têm insônia, podem estar
apresentando distúrbios psiquiátricos ou médicos não tratáveis com hipnóticos
ou ansiolíticos. A negligência em relação às drogas ingeridas diariamente pode
também afetar o sono, caso a pessoa não perceba que está abusando delas. A
cafeína existente no café, alguns chás e em vários refrigerantes, é
provavelmente uma das mais ignoradas causas de insônias e, no que se refere ao
sono, seus efeitos são, sem dúvida, pouco lembrados. Dependendo da
sensibilidade ao efeito excitante dessa droga, uma xícara de café é capaz de
estimular o cérebro até sete horas depois de ingerida.
Se
você fuma muito, isto é, dois maços, ou mais, de cigarros por dia, talvez o
vício da nicotina o esteja mantendo acordado à noite. Os pesquisadores
descobriram que alguns fumantes, após dormirem cerca de quatro horas, passam
por uma necessidade de nicotina tão forte que acordam ansiosos por um cigarro.
Outra
droga que perturba o sono é o álcool. Um pequeno “drinque”, ingerido para
“chamar o sono”, perde pouco a pouco o seu efeito, e é preciso beber cada vez
mais para conseguir o mesmo resultado. Em grande quantidade após uma verdadeira
bebedeira, ou no caso extremo de um alcoólatra, o álcool é capaz de arruinar o
sono normal durante dias ou semanas. Em qualquer quantidade, o álcool anula os
períodos REM do sono, conduzindo, assim, a descanso pouco profundo. Quando se
deixa de beber, todo o sono REM reprimido volta, trazendo consigo um acúmulo de
sonhos e pesadelos.
Os
comprimidos para dormir são capazes de transformar uma insônia comum, banal,
diária, num verdadeiro monstro. A razão é que essas pílulas talvez provoquem,
exatamente, o problema que estão destinadas a curar. Tomadas todas as noites
funcionam apenas por algum tempo, em geral duas semanas. Tomando-se pílulas
durante muito tempo, a insônia e a qualidade do pouco sono existente se tornará
pior do que no tempo em que não se tomava comprimido algum.
Como
nação de sofredores, possuímos o que equivale a uma fé religiosa no poder das
drágeas. Tomamos comprimidos e cápsulas para tudo, desde ansiedade, dores nas
costas, resfriados, depressão, fadiga, ressaca, azia, dores de estômago, etc.,
até, naturalmente, para a insônia. Se uma pílula não funciona, não perdemos a
fé e a trocamos por outra. O poder de tal confiança é extraordinário e
permanece muito misterioso. O grau de eficácia de um remédio depende, em parte,
do seu conteúdo químico. A droga tem que ter o seu atrativo para a pessoa. É
preciso que o paciente acredite nela, razão pela qual algumas das medicações de
efeitos mais mortais são envoltas em alegres cápsulas de gelatina vermelha,
amarela e verde, lembrando saborosas balas.
Drágea
alguma proporciona uma noite de sono inteiramente normal. Todas as vendidas
com ou sem receita médica são depressoras do sistema nervoso central, maneira
médica de dizer que funcionam indo direto ao cérebro e deixando semiconsciente
a pessoa. Reduzem os batimentos cardíacos, a pressão arterial, o ritmo
respiratório, os reflexos e o tono muscular, inibindo também parte do sono, em
geral o ciclo REM.
De
alguns anos para cá os estudiosos do sono têm “receitado” para a insônia uma
substância chamada triptofano. Trata-se de uma proteína natural encontrada em
diversos alimentos, desde a manteiga de amendoim até o bife. Triptofano, ou
L-triptofano, conforme é às vezes chamado, fornece a matéria-prima do elemento
químico cerebral, a serotonina, que conforme os pesquisadores, é um dos ingredientes
mais necessários à ativação dos centros do sono. Você, leitor, poderá
economizar seu dinheiro indo direto à fonte para obter uma dose de triptofano.
Entre os comestíveis com alto teor de proteínas figuram: atum, fígado, carne,
costelas de porco, galinha, peru, amendoim, feijão e laticínios, como queijo,
requeijão e aquele antigo remédio caseiro para a insônia, muito usado pelas
nossas mães, um copo de leite morno. Todos são encontrados, não nas farmácias,
mas nos supermercados.
Se
você não estiver com fome, pode tentar outro recurso: basta procurar no seu
armarinho de remédios: a aspirina e a dipirona devem estar lá. Alguns insones
descobriram que elas têm o efeito de um suave comprimido para dormir. Não force
seu sono, a raiva é um poderoso despertador interno. Para dormir, é necessário
não pensar em dormir. Para terminar, Bom Sono e Bons Sonhos.
HIPERSONIA
A
Hipersonia é definida como uma afecção com estado de sonolência diurna
excessiva e ataques de sono (não explicados por uma quantidade inadequada de
sono); e, por outro lado, por períodos de transição prolongados, até o estado
de vigília completo após o despertar.
Na
ausência de um fator orgânico que explica a ocorrência de uma hipersonia, este
estado habitualmente se associa a um transtorno mental.
INSÔNIA
Na
insônia, o sono é de quantidade e qualidade não satisfatórias.
O
transtorno de sono persiste durante um período prolongado, podendo se tratar de
uma dificuldade de adormecer, de uma dificuldade de permanecer adormecido ou de
um despertar matinal precoce.
PESADELOS
O
pesadelo é uma experiência de sonho carregada de ansiedade ou de medo, que se
acompanha de uma lembrança muito detalhada do conteúdo do sonho.
Esta
experiência de sonho é muito intensa e comportam em geral temas como ameaças à
existência, segurança ou à autoestima. É frequente que os pesadelos tenham
tendência a se repetir com temas idênticos ou similares.
Os
episódios típicos comportam certo grau de hiperatividade neurovegetativa, mas
sem atividade verbal ou motora notável.
Ao
despertar, o sujeito se torna rapidamente alerta e bem orientado.
SONAMBULISMO
O
sonambulismo é uma alteração do estado de consciência associando fenômenos de
sono e de vigília.
Durante
um episódio de sonambulismo o indivíduo se levanta do leito, em geral no
primeiro terço do sono noturno, e deambula. Estas manifestações correspondem a
um nível reduzido de percepção do ambiente, reatividade e habilidade motora.
Quando
desperta, o sujeito geralmente não se recorda do que aconteceu.
TERROR
NOTURNO
Episódios
noturnos de terror e pânico extremos, associados a uma vocalização intensa,
agitação motora e hiperfuncionamento neurovegetativo.
O
indivíduo se senta ou se levanta geralmente no primeiro terço do sono noturno
com um grito de pânico. Frequentemente corre até à porta como se quisesse
fugir, mas raramente deixa seu quarto. A lembrança do evento, se existe, é
muito limitada (reduzindo-se em geral a uma ou duas imagens mentais
fragmentárias)
TRANSTORNOS DOS HÁBITOS E DOS IMPULSOS
CLEPTOMANIA
A característica
essencial da Cleptomania é o fracasso recorrente em resistir a impulsos de
furtar objetos.
A
motivação principal está nos sintomas que o indivíduo experimenta durante e
após o ato cleptomaníaco, como sentimento crescente de ansiedade (ou tensão)
antes do furto, seguido de prazer, satisfação ou alívio após cometê-lo. Passado
um tempo, a pessoa desenvolve também depressão e um sentimento de culpa quanto
aos furtos. Os objetos furtados representam pouco ou nenhum valor sentimental
ou financeiro para o indivíduo. Frequentemente, ele os dá de presente ou
joga-os fora. Às vezes, o indivíduo coleciona os objetos furtados ou tenta
devolvê-los disfarçadamente.
A
Cleptomania é uma condição rara, sendo mais comum entre mulheres. O transtorno
pode provocar dificuldades legais, familiares, ocupacionais e pessoais.
Embora
os indivíduos com este transtorno evitem furtar quando uma detenção imediata é
provável (por ex., na proximidade de um policial), eles não costumam planejar
suas ações, nem levam plenamente em conta as chances de serem presos.
Os
indivíduos com Cleptomania vivenciam o impulso de furtar como ego-distônico, ou
seja, têm consciência de que o ato é errado e sem sentido, mas não consegue
resistir-lhes.
JOGO
PATOLÓGICO
Consiste
em episódios repetidos e frequentes de jogo, que passam a dominar a vida do
sujeito em detrimento dos valores e dos compromissos sociais, profissionais,
materiais e familiares.
O
indivíduo vive em constante estado de preocupação com o jogo (revivendo
experiências, planejando a próxima parada ou pensando em modos de obter
dinheiro para jogar).
Sua
motivação está mais na busca por "ação", um estado de euforia e
excitação do que propriamente dinheiro. Apostas ou riscos cada vez maiores
podem ser necessários para continuar produzindo o nível de excitação desejado.
É
comum o individuo contrair dívidas extensas e recorrer à família ou a outras
pessoas em busca de auxílio para sua situação financeira e pessoal
desesperadora. No entanto ele segue o mesmo comportamento obsessivo pelo jogo,
mesmo após repetidos esforços no sentido de controlar, reduzir ou cessá-los.
Quando não tem mais a quem pedir, o indivíduo pode recorrer ao comportamento anti-social
(por ex., falsificação, fraude, furto ou estelionato) para obter dinheiro.
Essas
pessoas são com altamente competitivas, cheias de energia, inquietas e
facilmente entediadas. Elas podem mostrar-se demasiadamente preocupadas com a
aprovação dos outros, e serem generosas ao ponto de cometerem extravagâncias.
Estudos
indicam que estes indivíduos estão propensos ao desenvolvimento de condições
médicas gerais associadas ao estresse (por ex., hipertensão, úlcera péptica,
enxaqueca) e sintomas diversos presentes no Transtorno do Sono, Transtorno de
Déficit de Atenção com Hiperatividade, Abuso de drogas, e Transtornos de
Personalidade Anti-Social, Narcisista e Borderline.
PIROMANIA
Piromania
é um transtorno caracterizado pela sensação de prazer, satisfação ou liberação
de tensão ao provocarem incêndios, testemunharem seus efeitos ou participarem
de seu combate.
O
comportamento incendiário não ocorre visando obter ganhos monetários, expressar
uma ideologia sociopolítica, encobrir uma atividade criminosa, expressar raiva
ou vingança, melhorar as próprias condições de vida ou em resposta a um delírio
ou uma alucinação.
O
piromaníaco é indiferente às consequências do fogo para a vida, a propriedade
que está sendo incendiada ou com os danos materiais resultantes.
TRANSTORNO
EXPLOSIVO INTERMITENTE
Esta
doença é caracterizada pelo constante fracasso em resistir a impulsos
agressivos, acarretando em ataques físicos ou destruição de propriedades, sendo
que o grau de agressividade expressada durante um episódio é amplamente
desproporcional a qualquer provocação ou estressor psicossocial desencadeante.
O
indivíduo pode descrever os episódios agressivos como "surtos" ou
"ataques" nos quais o comportamento explosivo é precedido por um
sentimento de tensão ou excitação, seguido imediatamente por uma sensação de
alívio. Posteriormente, o indivíduo pode sentir remorso, arrependimento ou
embaraço pelo comportamento agressivo.
Sinais
de impulsividade ou agressividade generalizada podem estar presentes entre os
episódios explosivos. Os indivíduos com traços narcisistas, obsessivos, paranóides
ou esquizóides
podem estar especialmente propensos a ter surtos explosivos de raiva, quando
sob estresse.
O
transtorno pode ter como consequência a perda do emprego, suspensão escolar, divórcio,
dificuldades com relacionamentos interpessoais, acidentes (por ex., em
veículos), hospitalização (por ex., em virtude de ferimentos sofridos em lutas
ou acidentes) ou detenções legais.
TRICOTILOMANIA
Tricotilomania
consiste em arrancar os próprios cabelos de maneira recorrente e compulsiva,
resultando em perda capilar perceptível.
Os
locais de onde os cabelos são arrancados podem compreender qualquer região do
corpo (inclusive as regiões axilar, púbica e peri-retal), sendo os pontos mais
comuns o couro cabeludo, sobrancelhas e cílios.
Circunstâncias
estressantes podem agravar o comportamento, mas este, também ocorre em estados
de relaxamento e distração (por ex., assistindo televisão ou lendo um livro).
Um sentimento de crescente tensão está presente antes do ato de arrancar os
cabelos. Após a prática, o indivíduo tem uma sensação de alívio ou
gratificação.
Dificilmente
o indivíduo que sofre desse transtorno pratica o ato de arrancar cabelos na
presença de outras pessoas (exceto membros da família imediata). Alguns
indivíduos sentem uma ânsia por arrancar cabelos de outras pessoas, podendo às
vezes procurar oportunidades para fazê-lo disfarçadamente. Eles podem arrancar
os pelos de animais de estimação, bonecos e outros materiais fibrosos (tais
como suéteres ou tapetes).
TRANSTORNOS EMOCIONAIS (DE HUMOR)
DEPRESSÃO
Nos
episódios típicos de cada um dos três graus de depressão (leve, moderado ou
grave), o paciente apresenta um rebaixamento do humor, redução da energia e
diminuição da atividade. Existe alteração da capacidade de experimentar o
prazer, perda de interesse, diminuição da capacidade de concentração associadas
em geral à fadiga, mesmo após um esforço mínimo.
Observa-se
em geral problemas do sono e diminuição do apetite. Existe quase sempre uma
diminuição da autoestima e da autoconfiança, e frequentemente ideias de
culpabilidade e ou de indignidade, mesmo nas formas leves.
O
humor depressivo varia pouco diariamente ou segundo as circunstâncias, e pode
se acompanhar de sintomas ditos “somáticos” (por exemplo: perda de interesse ou
prazer, despertar matinal precoce várias horas antes da hora habitual de
despertar, agravamento matinal da depressão, lentidão psicomotora importante,
agitação, perda de apetite, perda de peso e perda da libido).
O
número e a gravidade dos sintomas permitem determinar três graus de um episódio
depressivo: leve, moderado e grave.
Episódio
depressivo leve
Geralmente
estão presentes ao menos dois ou três dos sintomas citados anteriormente. O
paciente usualmente sofre com a presença destes sintomas, mas provavelmente,
será capaz de desempenhar a maior parte das atividades.
Episódio
depressivo moderado
Geralmente
estão presentes quatro ou mais dos sintomas citados anteriormente, e o
paciente, aparentemente, tem muita dificuldade para continuar a desempenhar as
atividades de rotina.
Episódio
depressivo grave sem sintomas psicóticos
Episódio
depressivo onde vários dos sintomas são marcantes e angustiantes. Tipicamente,
há perda da autoestima e ideias de desvalia ou culpa.
As
ideias e os atos suicidas são comuns, e são acompanhados de uma série de
sintomas “somáticos”.
Episódio
depressivo grave com sintomas psicóticos
Episódio
depressivo correspondente à descrição de um episódio depressivo grave sem
sintomas psicóticos, mas acompanhado de alucinações, ideias delirantes, de uma
lentidão psicomotora ou de estupor de uma gravidade tal que todas as atividades
sociais normais tornam-se impossíveis.
Pode
existir o risco de morrer por suicídio, de desidratação ou de desnutrição. As
alucinações e os delírios podem não corresponder ao caráter dominante do
distúrbio afetivo.
Os
estresses podem ser entendidos como fatores que quebram a estabilidade, o
equilíbrio ou a homeostase do organismo. Se o estresse for durador,
principalmente num indivíduo predisposto ou vulnerável, conduzirá este a um
novo estado ou um novo equilíbrio não mais saudável, mas sim patológico, que
chamamos de doença. Essa última, uma vez instalada, passa a ter um
funcionamento autônomo, diferente do anterior, isso é, não retorna mais ao
estado preexistente a não ser através de intervenções adequadas que denominamos
de tratamentos: medicamentoso, repouso, alimentação, cirurgias, rezas,
milagres.
Ora,
os estresses psicossociais, como as adversidades enfrentadas pelos indivíduos
mais ou menos capazes, funcionam como fatores importantes associados a diversas
disfunções emocionais ou mentais. Entretanto, a maioria dos indivíduos é capaz
de enfrentar estresses psicossociais sem “adoecerem”, mesmo diante de situações
graves, sérias ou catastróficas. Isto indica que não é o estresse, por si
mesmo, o fator fundamental e único causador das disfunções mentais e
emocionais. É necessário que exista algo mais, além do estresse. Este fator
inferido, mas não observado, tem sido chamado de “vulnerabilidade”,
“predisposição”, “traço” ou “estado” da pessoa. É esse fator que vai facilitar
a ação do estresse para que este desestruture o organismo do indivíduo. Esta
predisposição é adquirida através dos genes e da aprendizagem, principalmente
durante a infância. Neste último caso, a pessoa aprendeu de maneira inadequada,
não só de representar o mundo onde vive, como, também, de processar as
informações recebidas e de agir no meio ambiente onde terá que atuar.
Os
estudos mostram que os estresses crônicos, continuados, são mais capazes de
produzir as doenças ou de tornar as pessoas mais predispostas a adquiri-las.
Diversos desses estresses crônicos têm sido pesquisados, entre estes estão os distúrbios
conjugais constantes como as interrupções do autodesenvolvimento e as
condições socioeconômicas ruins, difíceis e frequentes.
Uma
pessoa vulnerável, armazenando uma multidão de ideias negativas acerca de si e
do mundo onde vive, necessariamente se torna sem esperança em relação a uma
“boa vida”; ela tende a se tornar deprimida. Estas pessoas (uma grande parte do
povo) ficam altamente sensíveis aos obstáculos existentes no seu caminho para
uma meta. Interpretam um impedimento trivial como substancial, percebem uma
situação passageira como eterna, descobrem um menosprezo numa situação inócua
e, ao mesmo tempo, desvalorizam a si próprios por qualquer falha ou engano, bem
como sua incapacidade para resolver o problema.
Percebemos
a expressão da característica pessimista e depressiva, repetitivamente, nos
relatos simples das conversas, nas canções populares e mesmo nas fantasias
quanto ao futuro. Uma grande parte do povo constrói planos de vida irrelevantes
e inapropriados para dar soluções aos seus problemas. Estes planos mal elaborados
refletem sua tendência negativa para o futuro e quanto à sua capacidade e
competência para agir.
Um
pensamento negativo, mesmo de curta duração, estimulará reações fisiológicas e
bioquímicas diversas, que são experimentadas pelo indivíduo, como tristeza,
ansiedade, culpa, raiva ou uma variedade de outras reações desagradáveis. Além
do mais, os pensamentos de desesperança exagerados conduzem, inevitavelmente, à
depressão e, associado a esta, um desejo diminuído para prover seu próprio
bem-estar ou prazer, a uma passividade e, finalmente, à resignação quanto à
desgraça.
A
tristeza e desesperança são despertadas pelos mais diferentes fatos, os mais
triviais acontecidos no mundo exterior. Assim, um fato avaliado pelos não deprimidos
como agradável e animador pode ser visto como negativo pelo deprimido. Ao ser
promovido de emprego, ele poderá imaginar: “Fui promovido por não gostarem de
mim. Assim o fizeram para que eu ficasse longe do local do trabalho atual”.
Quando as pessoas se aproximam dele demonstrando amizade ele supõe: “As pessoas
que gostam de mim devem ser tão sem valor como eu próprio, pois, se assim não o
fosse, elas procurariam pessoas melhores”.
Num
indivíduo com essas características, os milhares de fatos do meio ambiente
encontrados despertarão, automaticamente, lembranças ruins, negativas pela
estimulação do seu “subterrâneo” onde estão armazenados esquemas ou roteiros
mentais defeituosos, tortos, doentes, pessimistas, contaminados com
baixa emoção positiva e, também, muita emoção negativa, essa própria dos deprimidos.
A mente deles guarda lembranças de fracasso ou azares de si, tristes e
desagradáveis, quanto ao ambiente ou relacionamento com outras pessoas.
O
deprimido aprendeu, dura e defeituosamente, que ele não tem competência para
resolver os problemas e nem capacidade para aprender novas e melhores formas de
agir e, além disso, não pode contar com os outros. Só lhe resta a sorte e a
reza, isto é, agentes externos a ele, fora ou além de suas próprias forças.
DISTIMIA
A
característica essencial está no humor cronicamente deprimido, que ocorre na
maior parte do dia por pelo menos dois anos. Os indivíduos descrevem seu humor
como triste ou "na fossa". Em crianças, o humor pode ser irritável ao
invés de deprimido, e a duração mínima exigida é de apenas um ano.
Durante
os períodos de humor deprimido, pelo menos dois dos seguintes sintomas
adicionais estão presentes: apetite diminuído ou hiperfagia, insônia ou hipersonia, baixa energia ou fadiga,
baixa autoestima, fraca concentração ou dificuldade em tomar decisões, sentimentos
de desesperança.
Os
indivíduos podem notar a presença proeminente de baixo interesse e de
autocrítica, frequentemente vendo a si mesmos como desinteressantes ou
incapazes. Como estes sintomas tornam-se uma parte tão presente na experiência
cotidiana do indivíduo (por ex., "Sempre fui deste jeito", "É
assim que sou"), eles em geral não são relatados, a menos que diretamente
investigados pelo entrevistador.
MANIAS
Mania,
do grego mania (loucura) é, para a Psiquiatria, o distúrbio mental
caracterizado pela alteração de pensamento, com alteração comportamental
dirigido, em geral, para uma determinada ideia fixa e com síndrome de quadro
psicótico grave e agudo, característico, embora não exclusivo (mania
secundária), do Transtorno ou Distúrbio Bipolar e se caracteriza por grande
agitação, loquacidade, euforia, insônia, perda do senso crítico, grandiosidade,
prodigalidade, exaltação da sexualidade e agressividade.
Todas
as subdivisões desta categoria se aplicam exclusivamente a um episódio isolado.
Um episódio hipomaníaco ou maníaco em indivíduo que já tenha apresentado um ou
mais episódios afetivos prévios (depressivo, hipomaníaco, maníaco, ou misto)
deve conduzir a um diagnóstico de Transtorno Bipolar.
Hipomania
Transtorno
caracterizado pela presença de uma elevação ligeira e persistente do humor, da
energia e da atividade associada em geral a um sentimento intenso de bem-estar
e de eficácia física e psíquica.
Existe
frequentemente um aumento da sociabilidade, do desejo de falar, da
familiaridade e da energia sexual e uma redução da necessidade de sono. Esses
sintomas não são, entretanto tão graves de modo a entravar o funcionamento
profissional ou levar a uma rejeição social. A euforia e a sociabilidade são
por vezes substituídas por irritabilidade, atitude pretensiosa ou comportamento
grosseiro.
As
perturbações do humor e do comportamento não são acompanhadas de alucinações ou
de ideias delirantes.
Mania
sem sintomas psicóticos
Presença
de uma elevação do humor fora de proporção, podendo variar de uma jovialidade
descuidada a uma agitação praticamente incontrolável.
Esta
elação se acompanha de um aumento da energia, levando à hiperatividade, um
desejo de falar e uma redução da necessidade de sono. A atenção não pode ser
mantida, e existe frequentemente uma grande distração.
O
sujeito apresenta frequentemente um aumento da autoestima com ideias de
grandeza e superestimativa de suas capacidades. A perda das inibições sociais
pode levar a condutas imprudentes, inapropriadas ou deslocadas.
Mania
com sintomas psicóticos
Presença
dos mesmos sintomas do quadro clínico descrito em Mania sem sintomas
psicóticos, porém com ideias delirantes (em geral de grandeza), de alucinações
(em geral do tipo de voz que fala diretamente ao sujeito) ou de agitação; de
atividade motora excessiva e de fuga de ideias de uma gravidade tal que o
sujeito se torna incompreensível ou inacessível a toda comunicação normal.
TRANSTORNO
BIPOLAR
A
alternância de longos períodos depressivos com manias é a tônica dessa
patologia. Os indivíduos com esse transtorno apresentam durante algumas
ocasiões uma elevação do humor e aumento da energia e da atividade (hipomania ou
mania), e em outras, um rebaixamento do humor e de redução da energia e da
atividade (depressão).
Muitas
vezes o diagnóstico correto só será feito após alguns anos. Isso porque uma
pessoa bipolar que esteja em uma fase depressiva receberá inicialmente o
diagnóstico de Depressão. Passado esse período, essa pessoa deverá apresentar
um episódio maníaco. Dessa maneira, somente após o surgimento da Mania e a
avaliação do diagnóstico anterior sendo Depressão, o diagnóstico final será de
Transtorno Bipolar.
O
início desse transtorno geralmente se dá em torno dos 20 a 30 anos de idade,
mas pode começar mesmo após os 70 anos. Inicia-se tanto pela fase depressiva
quanto pela fase maníaca, ao longo de semanas, meses ou abruptamente em poucos
dias; e pode apresentar inicialmente sintomas psicóticos, o que muitas vezes
confunde com síndromes psicóticas.
Ciclotimia
Instabilidade
persistente do humor com numerosos períodos de depressão ou de leve elação,
nenhum deles suficientemente grave ou prolongado para responder aos critérios
de um Transtorno Afetivo Bipolar ou de um Transtorno Depressivo Recorrente.
O
transtorno se encontra frequentemente em familiares de pacientes que apresentam
um Transtorno Afetivo Bipolar.
TRANSTORNO
DEPRESSIVO RECORRENTE
Transtorno
caracterizado pela ocorrência repetida de episódios depressivos (Depressão),
com episódios independentes de exaltação de humor e de aumento de energia
(mania).
O
transtorno pode, contudo, comportar breves episódios caracterizados por um
ligeiro aumento de humor e da atividade (hipomania), sucedendo imediatamente a
um episódio depressivo.
As
formas mais graves do Transtorno Depressivo Recorrente apresentam numerosos
pontos comuns com os conceitos anteriores da depressão maníaco-depressiva
(melancolia, depressão vital e depressão endógena).
O
primeiro episódio pode ocorrer em qualquer idade, da infância à senilidade,
sendo que o início pode ser agudo ou insidioso e a duração variável de algumas
semanas a alguns meses.
Em
caso de ocorrência de um episódio maníaco, o diagnóstico deve ser alterado pelo
de Transtorno Bipolar.
TRANSTORNOS SEXUAIS
As
diferenças de comportamento, tanto nos seres humanos como nos animais, são
explicadas, em vários aspectos, conforme detalhes dos circuitos neurais
subjacentes. Os neurocientistas têm procurado estudar as diferenças entre os
encéfalos de fêmeas e de machos que possam explicar comportamentos sexualmente
dimórficos (propriedade de poder existir de duas formas diferentes).
Enquanto
diversas distinções comportamentais dos humanos podem ter sua raiz em normas
culturais ou sociais, muitas diferenças entre os gêneros surgem também porque
os sistemas nervosos dos machos e das fêmeas são, em muitos aspectos,
diferentes. No rato diversas estruturas nos encéfalos de fêmeas e de machos
diferem em número, tamanho e grau de conexão de seus neurônios constituintes.
Nos humanos e em outros primatas as diferenças estruturais são menos óbvias e,
portanto, mais controversas.
O
desenvolvimento dessas diferenças, para um modo ou de outro, depende da
influência precoce de hormônios nos circuitos do encéfalo durante a maturação,
especialmente estrógenos, uma influência que, aparentemente, continua em certo
grau durante toda a vida.
Sexo
e a busca do prazer
Há
um termo em informática, “default”, que significa um processo programado para
ocorrer automaticamente, mas que pode ser desviado por outras instruções. O
sexo seria uma tendência “default” entre os animais. Ele pode ser inibido
normalmente por fatores biológicos e sociais, como também liberado em
circunstâncias especiais. Nos seres humanos o sexo adquiriu uma possível nova
característica: confere um enorme prazer. Este prazer é incerto entre os
animais. O prazer do sexo contribui, entre outros fatores, para aproximar
homens e mulheres, garantindo também a reprodução de nossa espécie.
Apesar
de a Igreja combater o sexo por prazer, já que seria apenas para realizar a
procriação, para grande parte das pessoas, o lado prazeroso do sexo tornou-se
independente de sua função original. A Igreja, mesmo permitindo a relação
sexual entre um homem e uma mulher para procriar, exige do religioso que batize
o filho após o nascimento, pois só assim ela, a criança, ficará livre do pecado
(original) da cópula. Isto mostra a força ou o poder do sexo. Impele (obriga)
as pessoas a desconhecer os preceitos das religiões que o proíbem como fonte de
prazer.
A
maioria dos indivíduos pratica o sexo para obter prazer, não apenas para ter
filhos. É claro que nem só o sexo nos dá prazer. Ele não é necessário ou
obrigatório e muitas pessoas vivem bem sem ter experimentado relações sexuais.
Os humanos de hoje são capazes de sentir prazer em muitas outras situações:
comer e beber, participar de jogos e esportes, ler e assistir a espetáculos
artísticos e muito mais. Tudo indica que a vida humana em sociedade consiste em
uma busca ininterrupta de prazer; o sexo é um objetivo altamente procurado.
O
comportamento sexual depende da interação entre sinais neurais e químicos
provenientes de todo o corpo, integrados pelo hipotálamo com a participação de
outras regiões. O prazer do sexo depende de outro conjunto de regiões que
compõem o chamado sistema mesolímbico, um sistema capaz de responder a
estímulos reforçadores positivos gerando um estado motivacional complexo que
nos faz repetir comportamentos para obter mais e mais prazer (ver mais detalhes
acima). O indivíduo pode mesmo fazê-lo num ponto extremo transformando o
processo em compulsão e dependência.
Atração
sexual, incesto e coabitação desde cedo
As
prescrições contra o incesto são difundidas para proteger as mulheres dos
homens (normas de segurança) e para proteger, biologicamente, os riscos de seu
uso. Em alguns animais, se o macho, como um pássaro, cruzar com sua irmã no
laboratório e seus descendentes do sexo oposto forem cruzando entre si, durante
várias gerações, a linhagem geralmente morre logo. Isso ocorre porque os genes
ocorrem em duplas que podem ou não ser iguais entre si. Alguns genes são
inofensivos quando pareados com um gene diferente, porém letais quando pareados
com um idêntico. São genes letais recessivos, que aparecem quando o cruzamento
é endogâmico (seu contrário é exogâmico).
Aves
jovens aprendem sobre seus pais e irmãos, obtendo dessa forma modelos dos
parentes. Uma vez adultas, preferem pequenos desvios em relação a esses padrões
aprendidos, dessa forma minimizando os efeitos nocivos tanto do endocruzamento
como os da reprodução com indivíduos geneticamente diferentes dos demais.
Experiências diversas feitas, por exemplo, com codornas e ratos criados juntos,
preferem os parceiros ligeiramente diferentes dos conhecidos quando jovens.
Com
seres humanos, na Tailândia, fim do séc. XIX e início do XX, os japoneses
mantiveram registros detalhados de nascimentos, casamentos e mortes de todos na
ilha. Alguns casamentos eram arranjados e feitos de duas formas: os para
maiores, os parceiros se conheciam durante a adolescência; os para “menores”, a
futura esposa era adotada ainda jovem pela família do futuro marido. Nesse
último caso, os dois futuros cônjuges cresciam juntos como irmãos, tratados
como as codornas e os ratos do experimento, não relacionados geneticamente, mas
criados juntos. Os estudos mostraram que esses últimos casamentos tiveram menos
sucesso: divórcios, infidelidade, número de crianças produzidas, etc. As suposições
são as de que havia um menor interesse sexual quando as crianças eram criadas
juntas do que quando separadas. Outros estudos mostram que pessoas acostumadas
ao sexo oposto desde criança não se sentiam muito atraídas por esses indivíduos
conhecidos.
Homossexualismo
em outros animais
Em
treze espécies de mamíferos foi verificada a cópula entre macho e macho ou
entre fêmea e fêmea de até cinco ordens taxonômicas diferentes. Muitas dessas
ligações desempenham funções sociais não ligadas à reprodução, o que seriam,
então, ações naturais. Às vezes, a cópula entre animais de mesmo sexo está
ligada à reprodução. Uma raça de lagartos no sudoeste americano é
exclusivamente feminina. Eles se reproduzem por partenogênese. A fêmea produz
um ovo que consegue manter ou restaurar o número de cromossomos adequado e dar
a largada ao processo do desenvolvimento embrionário sem a ajuda do
espermatozóide.
Essas
fêmeas mudavam de cor antes da “cópula” com outra fêmea, ficando mais parecidas
com os machos das populações heterossexuais. As fêmeas, ao invés de inserir o
pênis na cloaca, roçavam, esfregando uma cloaca na outra. A seguir a fêmea
montada botava ovos, muito mais do que quando não era copulada. Depois, a
copuladora mudava de cor e também seu ovário desenvolvia óvulos prontos para
ovular e então ela podia ser montada por uma “fêmea macho” que já tivesse
botado todos seus ovos maduros. Daí a homossexualidade pode ser vista como
natural. Para alguns religiosos, Deus não deseja que pratiquemos sexo a não ser
para a reprodução, logo, esse entre homens e homens ou mulheres e mulheres
seria imoral.
Comportamento
sexualmente dimórfico
Muitos
comportamentos animais diferem entre os sexos e são, por isso, chamados de
sexualmente dimórficos (tem duas formas). Um exemplo disso é o canto dos
pássaros (canário e canária) e aves (galo e galinha). Em muitas espécies o
macho produz cantos complexos, enquanto a fêmea não o faz, apenas pia. A
produção de canto nos pássaros machos depende da presença de testosterona. A
maioria desses comportamentos sexualmente dimórficos se relaciona à área
reprodutiva. Os roedores e outros animais têm posições diferentes durante o
acasalamento; uma posição de lordose (encurvada) para a fêmea e de monta para
os machos que ocorre no ato sexual. Outras condutas são encontradas na
construção de ninhos, cuidado com os filhotes, procura por provisões e
amamentação, quase sempre diferenciadas para o macho e a fêmea. Nos humanos os
comportamentos diferentes de machos e de fêmeas parecem ser mais sutis.
Três
categorias do sexo
O
sexo pode ser considerado em termos de três categorias: sexo genotípico,
fenotípico e gênero.
O
sexo genotípico refere-se a dois cromossomos (ou cromossomas) sexuais de um
indivíduo. A maior parte das pessoas tem dois cromossomos X (fêmea genotípica)
ou um cromossomo X e um Y (macho genotípico). O sexo fenotípico é determinado
conforme a genitália interna e externa, pela expressão de características
sexuais secundárias e pelo comportamento. Tudo correndo conforme o esperado
durante o desenvolvimento, o genótipo XX gera uma pessoa apresentando ovários,
ovidutos, útero, cérvice, lábios e vagina. De modo semelhante, o genótipo XY
desenvolve uma pessoa com testículos, epidídimo, via deferente (ducto
deferente), vesículas seminais, pênis e escroto. Gênero refere-se à percepção
subjetiva (imaginativa) do indivíduo quanto ao seu sexo e quanto à sua
orientação sexual.
O
sexo genotípico pode ser pensado como imutável; o sexo fenotípico como
modificável (por processos ligados ao desenvolvimento, tratamento hormonal e ou
cirurgia). Por fim, o gênero pode ser concebido como uma construção mais
complexa, determinada biológica e culturalmente. Como sabemos, o sexo
genotípico, fenotípico e gênero nem sempre se desenvolvem de modo harmônico. As
desarmonias podem ser menores ou maiores levando a conflitos psicossociais e disfunções
sexuais.
A
intersexualidade: variações genéticas
O
termo “intersexualidade” tem sido usado para descrever todas as variações
genéticas quanto ao sexo. No total, todos os casos perfazem cerca de 1 a 2% de
todos os nascidos vivos.
Entre
as possíveis variações genéticas incluem os indivíduos que são XO (síndrome de
Turner); XXY (Síndrome de Klinefelter) ou indivíduos que são XYY. Cada um
desses genótipos apresenta fenótipo diferente do comum.
Existem
ainda outras variações genéticas derivadas de mutações em genes, como, por
exemplo, um distúrbio metabólico que leva a uma superatividade das glândulas
adrenais durante a maturação, denominada hiperplasia adrenal congênita. A
disfunção provoca níveis de andrógenos anormalmente altos, somado a um grave
desequilíbrio salino. Tudo isso dá origem a um fenótipo sexual ambíguo. A fêmea
afetada pelo distúrbio apresenta um grande clitóris e lábios fundidos durante o
nascimento e, também, uma procura por brincadeiras e jogos mais agressivos,
típicos dos meninos. Uma vez adulta essa mulher tende a ser homossexual.
Um
outro exemplo de mutação é a síndrome da insensibilidade a andrógenos (SIA).
Devido a uma deficiência de receptores ocorre o desenvolvimento da genitália
meio homem e meio mulher: internamente masculina e externamente feminina. Esse
quadro ocorre em um indivíduo genotipicamente XY. Os “homens” com essa síndrome
geralmente se auto-identificam com as mulheres, apesar de possuírem um
cromossoma Y. Como esse indivíduo não conhece até a puberdade sua condição, ele
não só é tratado como se percebe como mulher. Portanto, esse formato dá origem
a uma identidade, quanto ao gênero, de acordo com seu fenótipo sexual externo,
pois o fenótipo interno não é, em condições normais, percebido pelas pessoas,
inclusive pelo seu portador. Não são raríssimos esses casos. Aparece 1 caso em
4.000 nascimentos. Um exemplo notável citado é o da conhecida Joana D`Arc.
Eu,
pessoalmente, no início de minha carreira, dei assistência a “uma enfermeira”
com essa síndrome. Esta me foi enviada por um cirurgião que desejava operá-la.
Entre outros fatos, ela teve vários namorados e inclusive já tinha ficado
noiva. Depois de algumas sessões de terapia ela desapareceu de mim e do
cirurgião. Possivelmente está vivendo como era, pois afirmava que era uma
mulher, apesar dos diversos exames provarem o contrário.
Há
ainda o caso do macho genotípico que é fêmea fenotípica no início da vida, mas
cujo fenótipo muda durante a puberdade. Ainda bebê e depois criança, esse é
visto e tratado como fêmea fenotípica. Até certa época, sua genitália masculina
não se desenvolveu adequadamente, quadro resultante da deficiência de uma
enzima, que é responsável pelo desenvolvimento inicial da genitália masculina.
Por isso, quando criança, devido ao pouco desenvolvimento da genitália
masculina, exibe uma genitália semelhante à feminina: lábios com clitóris
aumentados e testículos que não desceram. Assim, ele é criado como se fosse uma
menina. Entretanto, durante a puberdade, ao aumentar a secreção testicular
andrógena, o ex-clitóris torna-se o novo pênis e os testículos descem. A
“ex-fêmea” se metamorfoseia em macho fenotípico.
Influências
hormonais sobre o dimorfismo sexual
Os
machos humanos, precocemente, produzem testosterona; as fêmeas apresentam uma
liberação de estrógenos mais tarde. Embora a testosterona seja popularmente
considerada o hormônio “masculino” e o estrógeno como o hormônio “feminino”, no
encéfalo, o agente ativo, tanto no macho como na fêmea, é o estradiol. Mas de
qualquer forma a liberação de testosterona nos neurônios dos machos durante o
desenvolvimento, em última análise, é convertida em liberação de estradiol, uma
forma de estrógeno. De outro modo, a testosterona existente é convertida por
uma enzima (aromatase; existente nos neurônios) em estradiol.
Consequentemente,
podemos inferir que é muito importante, durante o desenvolvimento da gestação,
retirar todas as fontes exógenas de hormônios circulantes que possam interferir
com a diferenciação sexual.
Uma
dessas fontes é o suprimento de sangue materno, que é rico em estrógenos
produzidos pelas gônadas e pela placenta da mãe. Para se opor às interferências
potenciais originárias dessa fonte, os mamíferos apresentam uma proteína
circulante denominada alfa-fetoproteína, que liga estrógenos circulantes. Como
resultado, o encéfalo da fêmea é protegido da exposição precoce a grandes
quantidades de estrógeno.
O
encéfalo masculino, entretanto, fica exposto a estrógenos, pois a liberação
precoce de testosterona não é afetada pela alfa-fetoproteína e pode, então, ser
aromatizada (transformada quimicamente) a estradiol uma vez que entre nos
neurônios.
Durante
o desenvolvimento e, em certo grau, durante toda a vida, o estradiol estimula o
dimorfismo no encéfalo, o grau de ramificação dendrítica, a densidade de
espinhos dendríticos e o grau de conexão sináptica dos neurônios sensitivos. Alguns
pensam que deveria nascer somente as fêmeas; aparecendo a testosterona, esta
propiciou o dimorfismo; uma “mulher diferente” que recebeu outro nome: “homem”.
O
colesterol e os hormônios
Todos
os esteróides sexuais são sintetizados a partir do colesterol. O colesterol é
convertido inicialmente em progesterona, o precursor comum, por meio de quatro
reações enzimáticas. A progesterona pode, então, ser convertida em testosterona
via outra série de reações enzimáticas. Por sua vez a testosterona é convertida
em 5-alfa-di-hidrotestosterona pela ação da 5-alfa-redutase ou em
17-beta-estradiol por ação de uma aromatase. O 17-beta-estradiol medeia a maior
parte dos efeitos hormonais conhecidos tanto nos encéfalos de roedores fêmeas
como nos de machos. Podemos concluir que uma baixa do colesterol (esteróides)
pode provocar um menor desempenho do comportamento sexual; há diversos outros
fatores. A baixa de colesterol pode ocorrer devido a uso de medicamentos para
abaixá-lo. Nesses casos pode ocorrer desânimo, cansaço e menor produção
intelectual. Recentemente foi publicado um artigo correlacionando positivamente
a baixa do colesterol com o suicídio. Por tudo isso, não parece ser totalmente
vantajoso ter o colesterol muito baixo.
Apesar
da tendência de falarmos desses hormônios como femininos e masculinos, na
realidade não é correto pensar em estrógenos como unicamente femininos e
andrógenos como masculinos. Machos e fêmeas sintetizam tanto estrógenos como
andrógenos, e os estrógenos são os agonistas (ativadores) efetivos em ambos os
sexos.
O
que importa são os receptores disponíveis para ligar esses esteróides quando
eles estão na circulação. O encéfalo apresenta receptores para todos esses
esteróides sexuais, porém a distribuição de cada tipo de receptor é ligeiramente
diferente nos machos e nas fêmeas. Por exemplo: um nível mais alto de
receptores para o estrógeno pode ser observado numa área do núcleo dorsomedial
e no núcleo ventromedial dohipotálamo de fêmeas comparado com machos.
Uma
vez que os esteróides sexuais são lipídeos, eles não precisam de receptores
especiais na membrana para apresentar seus efeitos nas células; eles
simplesmente difundem através da bicamada lipídica da membrana. Diferentes
áreas do encéfalo adulto apresentam diferentes padrões de receptores para
esteróides, com distribuição de tipos de receptores que se sobrepõem.
Esteróides
podem ter um efeito direto sobre a atividade neural, alterando a permeabilidade
da membrana aneurotransmissores e seus precursores ou alterando o
funcionamento de receptores paraneurotransmissores. Resumindo: os esteróides
sexuais podem modular a eficácia da sinalização neural. Os esteróides podem
ter, também, um efeito indireto sobre a atividade neural pela formação de
ligações com os receptores para esteróides ou afetando indiretamente outras
vias sinalizadoras.
Dimorfismo
no sistema nervoso central relacionado com o comportamento reprodutivo
Além
do comportamento heterossexual, algumas pessoas expressam interesse sexual
tanto por fêmeas como por machos (bissexualidade) e alguns apenas por membros
do seu mesmo sexo fenotípico (homossexualidade). Os núcleos NIHA3, localizados
em certa região do encéfalo, apresentam um tamanho mais de duas vezes maior em
machos heterossexuais que em machos homossexuais; há outros núcleos dimórficos.
Tomadas
em conjunto, as evidências sugerem uma explicação plausível para
ocontinuum da sexualidade humana: pequenas diferenças em estruturas
sexuais relevantes produzem diferenças significativas na identidade e no
comportamento sexual. Esses dimorfismos encefálicos são provavelmente
estabelecidos pela influência precoce de hormônios, atuando em núcleos
encefálicos que medeiam vários aspectos da sexualidade, levando a maioria a
tender para a heterossexualidade, talvez 15% extraviam, tomando outra
orientação, outros, ainda, em pequeno número, são determinados a seguir outros
caminhos.
Assim,
níveis baixos de andrógenos circulantes em um macho em um período precoce da
vida podem dar origem a um encéfalo relativamente “feminino” em machos
genotípicos, enquanto níveis altos de andrógenos circulantes em fêmeas tendem a
produzir um encéfalo relativamente “masculino” em fêmeas genotípicas. Essas
hipóteses não são totalmente comprovadas. O processo real deve ser mais
complexo do que essa matemática simples.
AVERSÃO
SEXUAL
A
perspectiva de relação sexual produz medo ou ansiedade suficiente para que a
atividade sexual seja evitada.
Problemas
de relacionamento e, ou trauma sexual na infância podem estar relacionados no
desenvolvimento desta doença.
COMPULSÃO
SEXUAL
É
caracterizado pelo fracasso em resistir a um impulso ou tentação de realizar
atos ou fantasias sexuais. O ato precede de uma sensação crescente de tensão ou
excitação seguido de prazer, gratificação ou alívio depois de realizado. Por
ser de caráter altamente impulsivo, causa problemas significativos tanto na
vida amorosa quanto pessoal e profissional de ambos os parceiros.
Durante
um estudo, pesquisadores analisaram 36 pessoas com Compulsão Sexual e
verificaram que a maioria delas (92%) estava realmente preocupada com seus
desejos exacerbados e/ou com suas persistentes fantasias sexuais. A maior parte
dessas pessoas tentava resistir ao comportamento sexualizado (72%) embora sem
sucesso e com perda de controle. Grande parte delas experimentava remorso pelas
atividades sexuais exageradas, impulsivas, não resistidas e muitas vezes,
inconsequentes.
Uma
observação adicional mostrou que a maioria desses pacientes (75%), também
preenchia os requisitos para diagnóstico de abuso de substâncias psicoativas. Estas
estariam relacionadas à desinibição do comportamento, suficiente para permitir
a intensificação do prazer ou aplacar a sensação de vergonha. (Fonte:
Neuropsiconews)
Pouco
mais de 42% dessas pessoas reconheceram que esse comportamento sexual afetava o
casamento ou relacionamentos importantes, e, em um quarto (1/4) dos casos,
sentia que o transtorno tinha afetado seu trabalho. A pesquisa apontou ainda
que 19% dos portadores de Compulsão Sexual tinham tentado o suicídio. As
complicações legais também eram uma preocupação para vários pacientes.
Critérios
de diagnóstico propostos para os transtornos hipersexuais
A
existência de fantasias sexualmente excitantes, recorrentes e intensas;
impulsos ou comportamentos sexuais que persistam durante um período de pelo
menos seis meses e se encaixem na definição de parafilias.
As
fantasias, impulsos ou comportamentos sexuais devem causar desconforto ou
comprometimento clinicamente significativo na área social, ocupacional ou
outras áreas importantes.
Os
sintomas não encontram causa em outros transtornos, como por exemplo, no
Episódio Maníaco.
Os
sintomas não se devem aos efeitos fisiológicos diretos de uma substância (abuso
de droga ou medicamento) ou à afecção clínica geral.
DISPAREUNIA
A
Dispareunia é caracterizada por fortes dores durante as relações sexuais,
ocorrendo tanto na mulher quanto no homem.
A
intensidade do sintoma pode variar desde um leve desconforto até uma dor aguda.
O exame físico dos indivíduos com este transtorno tipicamente não demonstra
qualquer anormalidade genital. A experiência repetida de dor genital durante o
coito pode provocar a esquiva de experiências sexuais, perturbando os
relacionamentos existentes ou limitando o desenvolvimento de novos.
O
desenvolvimento desse transtorno está relacionado ao abuso sexual ou estupro; e
só é diagnosticado como Dispareunia quando não houver outra
disfunção sexual primária envolvida (por exemplo, Vaginismo ou secura vaginal).
EJACULAÇÃO
PRECOCE
Incapacidade
de controlar a ejaculação, que pode ocorrer com estimulação sexual mínima antes
ou logo após a penetração.
Relações
de estresse, a novidade de um relacionamento, ansiedade e problemas
relacionados à intimidade podem desempenhar um papel no desenvolvimento desta
doença.
EXIBICIONISMO
É
o hábito de mostrar genitais a um estranho, geralmente em locais públicos. A
própria reação de surpresa da vítima proporciona ao exibicionista excitação e
prazer sexual. Às vezes, o indivíduo se masturba durante o ato, porém, sem
qualquer tentativa de atividade sexual com a vítima.
Esse
comportamento tende a se manifestar em menores de 18 anos ou jovens até 25
anos, sendo raramente praticado por pessoas mais velhas.
Não
inclui nesse quadro pessoas que se despem publicamente como forma de protesto,
por não haver excitação ou conotação sexual.
FETICHISMO
Fetichismo
é caracterizado pelo uso frequente de determinado objeto durante o ato sexual,
e pela dependência do indivíduo a esse objeto para obtenção de prazer.
O
comportamento inclui o pedido ou a exigência do uso do objeto de fetiche à sua
parceira. Caso haja recusa ou ausência do objeto, o homem pode apresentar perda
do desejo sexual ou até disfunção erétil.
Entre
os objetos mais comuns estão calcinhas, soutiens, meias, sapatos, botas ou
outras peças do vestuário feminino. Existe também o fetiche por partes do corpo
como pés e mãos (exceto as que estão ligadas diretamente ao sexo como seios,
vagina, pênis, ânus ou nádegas).
Não
se inclui nesse transtorno pessoas que se vestem com roupas femininas, como no Fetichismo
Transvéstico; ou quando o objeto do fetiche foi concebido exclusivamente para
estimulação sexual (ex.: vibrador).
FETICHISMO
TRANSVÉSTICO
É
caracterizado pela utilização de roupas femininas por homens heterossexuais,
para se excitarem, se masturbarem ou praticar o ato sexual; sendo que em
situações não sexuais, esses indivíduos se vestem de maneira normal.
Para
ser diagnosticado como Fetichismo transvéstico, esse comportamento deve ser
frequente e tido como única maneira para o indivíduo obter prazer sexual.
FROTTEURISMO
Frotteurismo
é caracterizado por um comportamento em que o indivíduo toca ou se esfrega de
maneira sexual em uma pessoa sem seu consentimento.
O
ato ocorre geralmente em locais com grande concentração de pessoas - como
metro, ônibus e calçadas - por possibilitar um contato mais próximo com a
vítima, facilitar a fuga do indivíduo ou dificultar seu reconhecimento.
Entre
os que mais praticam o frotteurismo estão homens entre 15 e 25 anos de idade.
Especialistas acreditam que o desenvolvimento desse transtorno está relacionado
a problemas durante a infância.
MASOQUISMO
Comportamentos
masoquistas são tipicamente evidentes na idade adulta, podendo ter início ainda
durante a infância. O distúrbio é caracterizado pelo ato real (não simulado) em
que o indivíduo sente excitação sexual ao ser humilhado, espancado, amarrado ou
submetido a qualquer outra forma de sofrimento, inclusive psicológico.
Os
atos masoquistas são praticados geralmente com um parceiro sádico
que sente prazer em infringir dor, e inclui simulação de estupro, contenções
(sujeição), colocação de vendas (sujeição sensorial), palmadas, espancamento,
açoitamento, choques elétricos, ser cortado, "perfurado e
atravessado" (infibulação) e humilhado (por ex., receber sobre si a urina
ou as fezes do parceiro, ser forçado a rastejar e latir como um cão, ou ser
submetido a abuso verbal).
O
transvestismo forçado pode ser buscado por sua associação com a humilhação. O
indivíduo pode ter um desejo de ser tratado como um bebê indefeso e de usar
fraldas ("infantilismo"). Outros agem a sós, atando a si mesmos,
picando-se com alfinetes ou agulhas, auto-administrando choques elétricos ou
auto-mutilando-se.
Existem
diferentes teorias relacionadas com o fator desencadeador do masoquismo sexual,
muitas decorrentes do campo psicanalítico. O mais comum é um trauma durante a
infância, como abuso sexual.
ORIENTAÇÃO
SEXUAL EGODISTÔNICA
O
indivíduo reconhece sua identidade ou preferência sexual (heterossexualidade,
homossexualidade, bissexualidade ou pré-púbere), mas apresenta transtornos psicológicos
ou comportamentais associados a essa identidade ou preferência, podendo buscar
tratamento para alterá-la.
PEDOFILIA
Envolve
fantasias e atração sexual por crianças pré-púberes (entre 13 anos ou menos) do
sexo oposto ou mesmo sexo. Está muito associado a casos de incesto, ou seja, a
maioria dos casos de pedofilia envolve pessoas da mesma família: pais, tios,
primos, padrastos com os filhos e filhas.
O
ato pedófilo consiste em toques, carícias genitais e sexo oral, sendo a
penetração menos comum. Para ser diagnosticado como pedófilo, o indivíduo deve
ter mais de 16 anos, e ser 5 anos mais velho do que a vítima.
Uma
grande porcentagem de indivíduos com este transtorno já sofreram abuso sexual
na infância. Algumas pesquisas apontam a pedofilia como uma transferência de
impulsos sexuais com crianças pela incapacidade do indivíduo em se relacionar
afetivamente com pessoas maduras e adultos.
A imprensa, equivocadamente, traçou o perfil dos pedófilos
através do modelo dos criminosos da Bélgica. Esses nada mais são do que
criminosos comuns que entraram nessa área, como poderiam estar em qualquer outra, para explorar pessoas. As famílias
que imaginam os pedófilos, efebófilos e hebófilos (abusadores sexuais de crianças,
púberes e adolescentes), conforme as informações da imprensa, fracassarão na
proteção de seus filhos. Os pedófilos, bem como os efebófilos e hebófilos
examinados e descritos pelos psiquiatras, são diferentes. Na maioria das vezes
nem matam, nem ferem sua vítima, como rotineiramente fazem os estupradores. São
homens medrosos, incapazes de raptar, estuprar ou usar força física. Sua
técnica é outra: exploram a impotência, a ingenuidade das crianças e dos pais,
ou a curiosidade dos adolescentes, prontos para buscarem ações de risco e
novidade. Sendo fraco e incapaz de construir ligações afetivas maduras com
adultos, aproveita-se dos inocentes. Muitos foram abusados sexualmente quando
crianças. A maioria não tem orgasmo quando abraça e acaricia suas vítimas.
Alguns se masturbam após o contato físico. O pedófilo age muitas vezes na
residência da vítima, na frente de todos que supõem tratar-se de carinhos ou
brincadeiras. Muitos desses “apreciadores e amantes das crianças” são tios,
primos, cunhados, vizinhos ou amigos da vítima ou dos seus familiares. Pode
ser o entusiasmado professor do colégio, o técnico de futebol, basquete ou
voleibol juvenil ou infantil, o pediatra ou dentista de crianças, o pipoqueiro
da esquina, ou ainda o líder religioso do bairro. Não se assustem muitos são os
próprios pais da vítima. O pedófilo aprecia abraçar demorada e apertadamente o
corpo da vítima, acariciar com falsa ternura seu corpo, olhá-la com cupidez,
conversar animadamente sobre sexo, mostrar filmes pornôs, tomar banho junto e
frequentar praias de nudismo.
Apenas
os homens têm sido acusados de pedófilos, mas existem mulheres pedófilas. A
conduta de mães brincando com os filhos foi observada por peritos. 10% das mães
estimulavam de forma imprópria às crianças: agarramentos e esfregões nos órgãos
genitais. Alguns pais erradamente veem isso como demonstração de amor.
SADISMO
Sadismo
Sexual envolve atos reais (não simulados) em que o indivíduo sente excitação
sexual infringindo sofrimento psicológico ou físico (incluindo humilhação) ao
seu parceiro (a).
O
foco do sadismo está no controle e na observação do sofrimento do seu parceiro.
O indivíduo pode atar, vendar, dar palmadas, espancar, chicotear, beliscar,
bater, queimar, administrar choques elétricos, estuprar, cortar, esfaquear,
estrangular, torturar e até mutilar a vítima.
Alguns
sádicos praticam seus atos com um parceiro que consente e sente excitação
sexual quando submetido a episódios de dor ou humilhação (Masoquismo Sexual).
Outros submetem qualquer pessoa a seus desejos sexuais sádicos, sem que haja qualquer
consentimento por parte da vítima.
Alguns
indivíduos com Sadismo Sexual podem dedicar-se a atos sádicos por muitos anos
sem infringir danos físicos graves à suas vítimas. Entretanto, a gravidade
desses atos aumenta com o tempo, e, quando o sadismo é severo e está
especialmente associado ao Transtorno da Personalidade Anti-Social, podem
ocorrer ferimentos graves ou até assassinato.
TRANSEXUALISMO
Trata-se
de um desejo compulsivo de viver e ser aceito enquanto pessoa do sexo oposto.
Este desejo se acompanha em geral de um sentimento de mal estar ou inadaptação
ao seu próprio sexo e do desejo de submeter-se a uma intervenção cirúrgica ou a
um tratamento hormonal a fim de tornar-se o mais semelhante possível ao sexo
desejado.
TRANSTORNO
DA MATURAÇÃO SEXUAL
Ocorre
em adolescentes que não estão certos quanto a sua orientação (homo, hetero ou
bissexual), ou em indivíduos que após um período de orientação sexual
aparentemente estável (frequentemente ligada a uma relação duradoura), descobre
que sua orientação sexual está mudando, causando-lhe fortes crises de ansiedade e, ou depressão.
TRANSTORNO
DE IDENTIDADE SEXUAL NA INFÂNCIA
Transtorno
que se manifesta no início da infância (sempre bem antes da puberdade). É
caracterizado por um persistente e intenso sofrimento quanto à sua identidade
sexual, junto com o desejo de ser (ou a insistência de que se é) do sexo
oposto. Há uma preferência por roupas e as atividades do sexo oposto e repúdio
ao próprio sexo.
Para
o diagnóstico de Transtorno da Identidade Sexual na Infância, devem ser
considerados apenas os casos em que o indivíduo apresenta uma profunda
perturbação de sua identidade sexual; ou seja, não basta uma simples
caracterização do indivíduo por suas ações mais superficiais, como fazem quando
uma menina é do tipo “levado ou traquina” ou um menino possui uma "atitude
afeminada".
Os
transtornos da identidade sexual nos indivíduos púberes ou pré-púberes são
diagnosticados como Transtorno da Maturação Sexual ou Orientação Sexual
Egodistônica.
TRAVESTISMO
BIVALENTE
Este
termo caracteriza o indivíduo que usa vestimentas do sexo oposto durante uma
parte de sua existência, como forma de satisfazer um desejo temporário de
pertencer ao sexo oposto; porém, sem o desejo de alteração sexual permanente ou
de uma transformação cirúrgica.
VAGINISMO
Espasmo
da musculatura da vagina, impossibilitando a penetração do pênis ou causando
muita dor à pessoa com o transtorno.
Estudos
sugerem que problemas de relacionamento, trauma sexual na infância (abuso
sexual ou estupro) e até educações religiosas rigorosas podem desempenhar um
papel fundamental no desenvolvimento desta doença.
VOYEURISMO
Voyeurismo
é caracterizado pelo desejo de um individuo em observar sem qualquer consentimento
uma pessoa em ato intimo (trocando de roupa, tomando banho ou em ato sexual).
O
ato tem como finalidade a excitação sexual, e não é tentada qualquer atividade
sexual com a vítima. Pode ocorrer a masturbação e o orgasmo, tanto durante o
ato de voyeurismo quanto mais tarde, quando o voyeur tende a fantasiar um ato
sexual com a pessoa observada, recordando as cenas experimentadas.
Em
sua forma severa, o ato de espiar constitui para o voyeur como a única forma de
atividade sexual (sem vida sexual real).
O
início do comportamento voyeur geralmente ocorre antes dos 15 anos.
TRANSTORNOS SOMATOFORMES
A
característica essencial diz respeito à presença repetida de sintomas físicos
associados à busca persistente de assistência médica, apesar de que os médicos
nada encontram de anormal e afirmam que os sintomas não têm nenhuma base
orgânica. Se quaisquer transtornos físicos estão presentes, eles não explicam
nem a natureza e a extensão dos sintomas, nem o sofrimento e as preocupações do
sujeito.
HIPOCONDRIA
A
característica essencial deste transtorno é uma preocupação persistente com a
presença eventual de um ou de vários transtornos somáticos graves e
progressivos.
Os
pacientes manifestam queixas somáticas persistentes ou uma preocupação
duradoura com a sua aparência física. Sensações e sinais físicos normais ou
triviais são frequentemente interpretados pelo sujeito como anormais ou
perturbadores.
A
atenção do sujeito se concentra em geral em um ou dois órgãos ou sistemas.
Existem
frequentemente depressão e ansiedade, o que podem justificar um diagnóstico
suplementar.
Transtorno
doloroso somatoforme persistente
A
queixa predominante de uma dor persistente, intensa e angustiante; dor não
explicável inteiramente por um processo fisiológico ou um transtorno físico e
ocorrendo num contexto de conflitos emocionais e de problemas psicossociais
suficientemente importantes para permitir a conclusão de que os mesmos sejam a
causa essencial do transtorno.
O
resultado é em geral uma maior atenção em decorrência ao suporte e assistência
seja pessoal ou médica. Uma dor considerada como psicogênica, mas ocorrendo no
curso de um transtorno depressivo ou de uma esquizofrenia não deve ser aqui
classificada.
NEURASTENIA
Existem
variações culturais consideráveis para a apresentação deste transtorno sendo
que dois tipos principais ocorrem com considerável superposição.
No
primeiro tipo a característica essencial é a uma queixa relacionada com a
existência de uma maior fatigabilidade, que ocorre após esforços mentais
frequentemente, associada a certa diminuição do desempenho profissional e da
capacidade de fazer face às tarefas cotidianas.
A
fatigabilidade mental é descrita tipicamente como uma intrusão desagradável de
associações ou de lembranças que distraem, dificultam a concentração e geram
pensamentos ineficientes.
No
segundo tipo, a ênfase se dá mais em sensações de fraqueza corporal ou física,
seguidos de um sentimento de esgotamento após esforços mínimos, dores
musculares e incapacidade para relaxar.
Em
ambos os tipos há habitualmente vários outras sensações físicas desagradáveis,
tais como vertigens, cefaléias tensionais e uma impressão de instabilidade
global. São comuns, além disto, inquietudes com relação a uma degradação da
saúde mental e física; irritabilidade, anedonia, depressão e ansiedade menores
e variáveis. O sono frequentemente está perturbado nas suas fases inicial e
média, mas a hipersonia pode também ser
proeminente.
TRANSTORNO
DE SOMATIZAÇÃO
Transtorno
caracterizado essencialmente pela presença de sintomas físicos múltiplos,
recorrentes e variáveis com o tempo, persistindo ao menos por dois anos.
A
maioria dos pacientes teve uma longa e complicada história de contato, tanto
com a assistência médica primária quanto especializada, durante as quais muitas
investigações negativas ou cirurgias exploratórias sem resultado podem ter sido
realizadas.
Os
sintomas podem estar referidos a qualquer parte ou sistema do corpo. O curso da
doença é crônico e flutuante, e frequentemente se associa a uma alteração do
comportamento social, interpessoal e familiar.
Quando
o transtorno tem uma duração mais breve (menos de dois anos) ou quando ele se
caracteriza por sintomas menos evidentes, deve-se fazer o diagnóstico de
transtorno somatoforme indiferenciado.
AS PRINCIPAIS PSICOPATOLOGIAS
ANOREXIA
A
anorexia nervosa é um transtorno alimentar caracterizado pela busca incessante
por magreza e com isso a elaboração de estratégias para atingir este objetivo.
Uma pessoa anoréxica tem uma imagem corporal distorcida, ou seja, há uma
perturbação significativa na percepção do esquema corporal, na auto-percepção
da forma e/ou do tamanho do corpo. A pessoa continua se sentindo gorda mesmo
estando excessivamente magra, quando ela se olha no espelho não consegue
visualizar sua imagem real e sim sua imagem distorcida.
O
medo intenso de ganhar peso leva o individuo a se utilizar de várias
estratégias que vão desde a recusa em alimentar-se de forma saudável, pois vira
vítima de tabelas calóricas, até o uso abusivo de laxantes e diuréticos,
autoindução a vômitos e prática de exercícios intensos.
Assim
sendo, a recusa alimentar é apenas uma consequência dessa distorção doentia do
esquema corporal. A autoestima dos pacientes com Anorexia Nervosa depende
obsessivamente de sua forma e peso corporais. A perda de peso é vista como uma
conquista notável e como um sinal de extraordinária disciplina pessoal, ao
passo que o ganho de peso é percebido como um inaceitável fracasso do
autocontrole.
Embora
alguns pacientes com este transtorno possam reconhecer que estão magros, eles
tipicamente negam as sérias implicações de seu estado de desnutrição.
ANSIEDADE
A
ansiedade caracteriza-se por um sentimento de apreensão desagradável, vago,
acompanhado de sensações físicas como frio no estômago, opressão no peito,
palpitações, transpiração, dor de cabeça ou falta de ar, dentre várias outras.
Ansiedade diferente do medo é uma resposta a uma ameaça desconhecida. A
ansiedade é um sinal de alerta, que adverte sobre perigos iminentes e capacita
o indivíduo a tomar medidas para enfrentar ameaças.
A
ansiedade prepara o indivíduo para lidar com situações potencialmente danosas,
como punições ou privações, ou qualquer ameaça a unidade ou integridade
pessoal, tanto física como moral. Desta forma, a ansiedade prepara o organismo
a tomar as medidas necessárias para impedir a concretização desses possíveis
prejuízos, ou pelo menos diminuir suas consequências. Portanto, a ansiedade é
uma reação natural e necessária para a auto-preservação. As reações de
ansiedade normais não precisam ser tratadas por serem naturais e
auto-limitadas.
Os
estados de ansiedade anormais, que constituem síndromes de ansiedade são
patológicas e requerem tratamento específico. A tensão oriunda do estado de
ansiedade pode gerar comportamento agressivo sem com isso se tratar de uma ansiedade
patológica.
A
ansiedade patológica, por outro lado caracteriza-se pela excessiva intensidade
e prolongada duração proporcionalmente à situação precipitante. Ao invés de
contribuir com o enfrentamento do objeto de origem da ansiedade, atrapalha, dificulta
ou impossibilita a adaptação.
Bulimia
As
características essenciais da Bulimia Nervosa consistem de compulsões
periódicas e métodos compensatórios inadequados para evitar ganho de peso. Além
disso, a auto-avaliação dos pacientes com Bulimia Nervosa é excessivamente
influenciada pela forma e peso do corpo, tal como ocorre na Anorexia Nervosa.
Para qualificar o transtorno, a compulsão periódica e os comportamentos
compensatórios inadequados devem ocorrer, em média, pelo menos duas vezes por
semana por 3 meses.
Uma
compulsão periódica é definida pela ingestão, num período limitado de tempo, de
uma quantidade de alimento definitivamente maior do que a maioria dos pacientes
consumiria sob circunstâncias similares. O médico deve considerar o contexto no
qual a compulsão periódica ocorreu; durante uma celebração ou uma ceia festiva,
por exemplo, o que seria considerado um consumo excessivo em uma refeição comum
é considerado normal.
DEPRESSÃO
O
termo Depressão pode significar um sintoma que faz parte de inúmeros distúrbios
emocionais sem ser exclusivo de nenhum deles, pode significar uma síndrome
traduzida por muitos e variáveis sintomas somáticos ou ainda, pode significar
uma doença, caracterizada por marcantes alterações afetivas.
No
caso do Transtorno Depressivo a depressão é caracterizado por uma alteração
psíquica e orgânica global, com consequentes alterações na maneira de valorizar
a realidade e a vida. É uma doença que compromete o físico, o humor e, em
consequência, o pensamento.
A
Depressão altera a maneira como a pessoa vê o mundo e sente a realidade,
entende as coisas, manifesta emoções, sente a disposição e o prazer com a vida.
Ela afeta a forma como a pessoa se alimenta e dorme, como se sente em relação a
si próprio e como pensa sobre as coisas.
Normalmente
a pessoa depressiva tem uma visão negativada da tríade cognitiva, ou seja tem
uma visão negativa de si, do mundo que a cerca e de seu futuro.
FOBIA
SOCIAL
A
fobia social é um transtorno caracterizado pelo medo excessivo de ser o foco da
atenção de outras pessoas e nessa circunstância, fazer algo ridículo ou
humilhante.
Quem
tem fobia social apresenta um medo exagerado da interação com pessoas e vai
evitar as situações de exposição social, ainda que isso prejudique sua vida.
Caso não consiga evitar, sofrerá grande desconforto. Além disso, ocorre o que
chamamos de ansiedade antecipatória, isto é, um aumento significativo de
ansiedade no período que antecede as situações de exposição social.
Quando
a pessoa é obrigada a enfrentar a situação ela apresentar é um aumento rápido
de ansiedade, acompanhado de sintomas físicos, tais como: tremor, sudorese,
taquicardia, palpitações, empalidecimento, sensação de perda de consciência,
náuseas, desconforto abdominal e formigamentos.
TRANSTORNO
BIPOLAR
O
transtorno afetivo bipolar era denominado até bem pouco tempo de psicose
maníaco-depressiva. Esse nome foi abandonado principalmente porque este
transtorno não apresenta necessariamente sintomas psicóticos, na verdade, na
maioria das vezes esses sintomas não aparecem. Os transtornos afetivos não
estão com sua classificação terminada. Provavelmente nos próximos anos surgirão
novos subtipos de transtornos afetivos, melhorando a precisão dos diagnósticos.
Por enquanto basta-nos compreender o que vem a ser o transtorno bipolar. Com a
mudança de nome esse transtorno deixou de ser considerado uma perturbação
psicótica para ser considerado uma perturbação afetiva.
A
alternância de estados depressivos com maníacos é a tônica dessa patologia.
Muitas vezes o diagnóstico correto só será feito depois de muitos anos. Uma
pessoa que tenha uma fase depressiva receba o diagnóstico de depressão e dez
anos depois apresente um episódio maníaco tem na verdade o transtorno bipolar,
mas até que a mania surgisse não era possível conhecer diagnóstico verdadeiro.
O
termo mania é popularmente entendido como tendência a fazer várias vezes a
mesma coisa. Mania em Psiquiatria significa um estado exaltado de humor. A
depressão do transtorno bipolar é igual a depressão recorrente que só se
apresenta como depressão, mas uma pessoa deprimida do transtorno bipolar não
recebe o mesmo tratamento do paciente depressivo.
TOC
O
Transtorno Obsessivo Compulsivo é um transtorno de ansiedade. Manifesta-se sob
a forma de alterações do comportamento (rituais ou compulsões, repetições,
evitações), dos pensamentos (obsessões como dúvidas, preocupações excessivas) e
das emoções (medo, desconforto, aflição, culpa, depressão).
Sua
característica principal é a presença de obsessões: pensamentos, imagens ou
impulsos que invadem a mente e que são acompanhados de ansiedade ou
desconforto, e das compulsões ou rituais: comportamentos ou atos mentais
voluntários e repetitivos, realizados para reduzir a aflição que acompanha as
obsessões.
Dentre
as obsessões mais comuns estão a preocupação excessiva com limpeza (obsessão)
que é seguida de lavagens repetidas (compulsão). Outro exemplo são as dúvidas
(obsessão), que são seguidas de verificações (compulsão).
A
pessoa portadora de TOC tenta ignorá-los ou eliminá-los através de ações que
são intencionais e repetitivas. Geralmente reconhece que seu comportamento é
excessivo ou que não há muita razão para fazê-lo.
As
obsessões ou compulsões acarretam grande estresse, consomem tempo (mais de uma
hora por dia) ou interferem bastante na rotina normal, no trabalho ou nas
atividades sociais e relacionamentos interpessoais.
SÍNDROME
DO PÂNICO
O
transtorno do pânico caracteriza-se por crises de ansiedade ou medo, que
ocorrem de forma intensa e inesperada. O pânico vem acompanhado de uma sensação
de mal estar global, física e mental, promovendo o comportamento de fuga. Por
isso, consideramos natural o pânico em situações concretas que podem promover
tal comportamento, como estar em local aparentemente sem saída diante de um
incêndio. O transtorno de pânico vem acompanhado por uma ansiedade
antecipatória, comum em outros transtornos de ansiedade.
Trata-se
da preocupação excessiva que antecede o evento. Como o paciente com pânico
nunca sabe quando sofrerá nova crise, está sempre apreensivo. Quando associa a
possibilidade de nova crise a algum local ou situação tende a esquivar-se dele,
devido à ansiedade vinculada. Portanto, a evitação é um comportamento
decorrente da atribuição do local a sua crise.
Por
fim, a hipocondria é uma manifestação frequente no transtorno do pânico, talvez
devido à associação das crises com sintomas físicos como mal estar cardíaco,
torna comum a busca desses clientes por pronto socorro, laboratórios ou exames
cardiológicos com um medo eminente de ataque cardíaco ou possibilidade de
morte.
Pesquisa
realizada pelo Dr. Josué Campos Macedo