CONCEITO DE FITOTERAPIA
Fitoterapia
é a Ciência que estuda a utilização de plantas medicinais ou bioativas,
ocidentais e/ou orientais, in natura ou secas, plantadas de
forma tradicional, orgânica e/ou biodinâmica, apresentadas como drogas
vegetais ou drogas derivadas vegetais, nas suas diferentes formas
farmacêuticas, sem a utilização de substâncias ativas isoladas e preparadas de
acordo com experiências populares tradicionais ou métodos modernos científicos.
Fitoterapia
é o tratamento de doenças mediante o uso de plantas (Ferreira, 1999). Phyton,
em grego, quer dizer “planta” e therapeia, “tratamento”. Segundo a Portaria
971, de 03/05/2006, do Ministério da Saúde, a Fitoterapia é uma terapêutica
caracterizada pelo uso de plantas medicinais em suas diferentes formas
farmacêuticas, sem a utilização de substâncias ativas isoladas, ainda que de
origem vegetal. A Fitoterapia constitui uma forma de terapia medicinal que vem
crescendo notadamente neste começo do século XXI.
A IMPORTÂNCIA DA UTILIZAÇÃO DE PLANTAS MEDICINAIS
Ao
longo da história, o homem sempre buscou a superação dos seus males. Inúmeras
etapas marcaram a evolução da arte de curar. Porém, é difícil delimitá-las com
exatidão, uma vez que a arte de curar esteve, por muito tempo, associada às
práticas mágicas, místicas e ritualísticas. Em todas estas etapas, as práticas
de cura utilizaram as plantas medicinais.
Inicialmente,
o homem se preocupou com o alívio imediato dos sintomas das doenças,
principalmente a dor e, posteriormente, se dedicou ao entendimento do
funcionamento do organismo, na saúde e na doença. E para curá-lo, utilizava-se
daquilo que a natureza oferecia, com destaque para a utilização das plantas.
O
homem sempre observou como os animais utilizavam as plantas e os efeitos que as
mesmas eram capazes de provocar. Se determinada planta provocava um efeito
benéfico para o animal, deduzia-se que, certamente, para o homem também
ocorreria o mesmo.
Mas
o conhecimento da utilização das plantas como medicamento não foi adquirido
apenas observando os animais. O homem sempre utilizou as plantas como fonte de
alimentos e observava os efeitos que elas provocavam no seu organismo. Em
função disto, foi fazendo a triagem das plantas que tinham atividades
alimentícias, medicinais e tóxicas, etc.
Posteriormente,
passou a fazer a busca das plantas medicinais, de forma sistemática. Nesta
busca, durante muito tempo, foi marcante a teoria das assinaturas. Por ela,
acreditava-se que, na natureza, havia elementos capazes de curar todos os males
e que estes elementos tinham um sinal, um indício capaz de identificá-los com
sua função terapêutica. O principal indício seria a semelhança da forma e da
cor da planta, ou de suas partes, com os órgãos acometidos pelas doenças.
E
foi assim que se deu a descoberta do potencial terapêutico das plantas
medicinais. A princípio, de forma intuitiva e, posteriormente, através da
experimentação sistemática.
Como
exemplo do processo intuitivo e experimental, utilizado pelo homem nos
primórdios das civilizações, temos a fábula que diz que um pastor todos os dias
levava as suas cabras para o pasto. Enquanto pastoreava, ele observava que os
animais comiam os frutos de umas das plantas que ali se encontravam e que, após
algum tempo, elas ficavam completamente eufóricas a correr pelos campos. Então,
ele resolveu consumir esses frutos e assim fazendo, conseguia se manter
acordado e fazer suas orações. Posteriormente, passou-se a torrar os frutos
desta planta, para transformá-lo em pó, usando-o na preparação de um chá, que
se tornou mundialmente usado. Assim, segundo a tradição descobriu-se o uso do
café.
Na
antiguidade, acreditava-se na magia do reino vegetal e isto podia ser
descoberto e usado através do conhecimento empírico das plantas. Essa crença
foi apropriada pela alquimia e pelo ocultismo que atribuíam às plantas um campo
astral capaz de interferir no corpo físico e espiritual que oscilava do bem ao
mal, do amor ao ódio, da saúde à doença, da vida à morte.
Esse
entendimento foi transmitido de geração a geração e até hoje, em algumas religiões,
tanto orientais quanto ocidentais, acredita-se no poder mágico das plantas, a
ponto de algumas delas serem consideradas plantas sagradas, das quais se faz
preparações que são capazes de provocar um estado de transe que reportam seus
usuários a entidades espirituais. Em nossa cultura, podemos citar a jurema
preta e o ayuasca.
Usadas
com finalidades místicas ou não, ao longo do tempo, as plantas adquiriram
respeitabilidade em todas as civilizações pela demonstração do seu potencial
terapêutico no processo saúde-doença, bem como de suas propriedades tóxicas.
As
primeiras informações escritas sobre as plantas medicinais foram encontradas em
escavações na Mesopotâmia, em 1872, e datam do século 16 a.C. São os Papiros de
Ébers, escrito egípcio que inclui mais de 700 prescrições com produtos
naturais, principalmente as plantas, dentre elas, alho, rícino, mirra, aloe,
linho, tomilho, canabis, funcho, açafrão, entre outros.
Na
verdade, as plantas foram a primeira fonte onde se buscou recurso para a
intervenção no adoecimento humano. A Bíblia faz referência ao uso de alho,
poejo, cominho, menta, urtiga, etc.
Os
egípcios deram grande contribuição à Fitoterapia pelo uso que faziam das
plantas, não apenas para curar as doenças, mas também para embalsamar os corpos
e para os rituais religiosos. O bulbo da cebola era tido como um símbolo do
universo e era consagrada à deusa mãe Íris. Os egípcios usavam muitas
preparações com plantas que apresentavam propriedades aromáticas, anti-sépticas
e cosméticas, além de cultivarem plantas purgativas, diuréticas, vermífugas,
etc.
Já
os assírios cultivavam várias plantas que serviam de matéria-prima para a
preparação de tinturas, ungüentos, águas aromáticas, ao passo que os hebreus
usavam as plantas que cultivavam para a realização de suas cerimônias e
oferendas, a exemplo da mirra.
Na
China, existem relatos de cura com plantas, desde 3000 a.C. Por isto, a China é
considerada o berço do uso das plantas com propriedades medicinais. Na literatura, é citado que o imperador Shen
Nung, considerado o Hipócrates chinês, estudou e relatou, no livro das ervas, o
poder terapêutico e tóxico de mais de 300 espécies de plantas.
Na
Roma antiga, o alho era utilizado para espantar os espíritos malvados e os
soldados da Grécia antiga levavam alho em bolsas nos seus gorros para se
protegerem da bruxaria e das desgraças.
Hipócrates,
considerado o pai da medicina ocidental, acreditava que a prevenção e a cura
das doenças encontravam-se na natureza, cabendo ao homem apenas a sua
decodificação. Com este entendimento, reuniu em sua obra, Corpus Hipocraticum,
um conjunto de informações a cerca do tratamento das enfermidades, com remédios
à base de plantas Ele foi seguido por muitos outros, como Teofrasto, Plínio,
Asclepíades, Pelacius, Dioscórides, etc.
Dioscórides
(40-90) realizou a primeira compilação sistemática de plantas, na sua obra
chamada De Matéria Médica. Nela, estão catalogadas 579 plantas e descritos
4.700 usos e formas de atuação destas plantas. Este livro foi de grande
importância para a medicina européia, até o século XVII.
A
Índia é o país que, ao lado da China, tem grande tradição na utilização das
plantas medicinais, que constituem a base da terapêutica da Medicina
Ayurvédica. Lá, foram escritas várias obras sobre medicamentos à base de plantas,
como sândalo, canela, cardamono e sobre a preparação de elixires, tinturas,
essências, sucos, extratos, etc.
Foi
no século II depois de Cristo que as plantas ganharam uma maior utilização na
terapêutica. Isto se deve incansável de vários estudiosos como Galeno, que
escreveu várias obras e ganhou notoriedade dentro da farmacologia pela
preparação de suas formulações, hoje denominadas fórmulas galênicas.
Com
a queda do império romano, ocorreu o descrédito do conhecimento médico porque
este já não era capaz de atender à demanda das patologias existentes. Neste
período, a guarda e a reprodução de escritos relacionados à medicina foram
confinadas nos mosteiros, que passaram a funcionar como depositários dos
conhecimentos médicos. Era comum, nestes locais a existência de grandes jardins
medicinais.
A
igreja que já exercia um grande poder com relação à questão espiritual passou a
ser detentora de poder sobre o corpo físico, pois eram os religiosos os
responsáveis pelas transcrições dos registros. A população, no entanto,
encontrava-se totalmente desprovida de cuidados e por si só passou a
desenvolver práticas de cura. É dentro desse contexto que surge a medicina
popular, permeada de práticas mágicas exercidas por curandeiros, bruxos,
viajantes e a população em geral.
Na
Idade Média, há o redimensionamento dos saberes popular e erudito a cerca das
plantas. Neste período ganhou prestígio a teoria das assinaturas. Por ela,
acreditava-se que a cura se encontrava na natureza cabendo ao homem a
decodificação dos sinais. Por exemplo, para tratar uma patologia que acometia
os rins usavam-se as plantas que tinham o formato de feijão, que é o formato
dos rins. Para enfermidades no cérebro, plantas com formato de nozes, etc.
A
partir do séc. XVI houve grandes transformações e inovações no campo das artes,
da filosofia, da ciência, culminando com o Renascimento.
Neste
período, três fatores contribuíram para a consolidação da Fitoterapia: o avanço
da botânica que foi incrementado pelo estudo classificatório das plantas; a
disseminação do herbalismo, com a criação de herbários e jardins de plantas
medicinais, principalmente junto às universidades e a descoberta e a troca de
plantas medicinais entre diferentes regiões, devido às grandes navegações e ao
estabelecimento de rotas comerciais.
No
Brasil, os primeiros registros sobre o uso de plantas datam do século XVI e
correspondem aos manuscritos do Padre. Anchieta. Nestes, ele relata que nas
pescarias feitas pelos índios que aqui habitavam, os peixes vinham à tona
apenas com o toque de cipós na água. Posteriormente isto foi explicado com a
descoberta das substâncias narcóticas e curarizantes contidas nas plantas por
eles utilizadas. Os jesuítas tiveram grande importância na difusão dos
conhecimentos dos indígenas sobre as plantas medicinais para a população em
geral.
Ao
longo da história da colônia, foi se consolidando o uso de plantas medicinais
nativas do Brasil com aquelas trazidas pelos portugueses e africanos,
concomitantemente com práticas religiosas. A movimentação de pessoas que faziam
o desbravamento do interior do país, em busca do ouro ou de índios para a
escravização, foi fundamental na troca de informações sobre o uso das plantas
medicinais.
Também
cabe destaque a alguns estudiosos que fizeram a compilação das plantas usadas
pelas diversas comunidades, em publicações muito importantes como fontes
históricas e científicas no uso de plantas medicinais. Como exemplo destas
obras, podemos citar: Flora Fluminensis, de Frei José Mariano da Conceição
Veloso (1742-1811), Systema Materiae Medicae Vegetabilis Brasiliensis,
publicado em 1843, de autoria de Karl Friedrich Philipp Von Martius, Matéria
Médica Brasileira, publicada entre 1862 e 1864, de autoria de Manuel Freire
Allemão Cysneros.
No
século XX, a obra mais importante sobre plantas medicinais é o Dicionário das
Plantas Úteis do Brasil e das Exóticas Cultivadas, de Pio Correia, uma coleção
de 06 volumes, publicada a partir de 1926.
O
séc. XIX foi marcado pela construção do saber anatomofisiopatológico. Então,
houve o afastamento das ciências médicas do saber herbalístico e passou-se a
valorizar a sintomatologia, respaldada pelas teorias de Clark, médico
biologicista.
Em
1805, pela primeira vez foi isolado um princípio ativo de planta, a morfina, um
alcalóide da papoula e em 1838 a salicina foi extraído do salgueiro. A partir
dele, em 1860, foi sintetizado o primeiro medicamento em laboratório, a
aspirina. Com base nesta técnica, houve um crescente desenvolvimento da química
e novas substâncias foram isoladas em laboratório e delas novos produtos de
síntese foram surgindo, levando à paulatina substituição do uso das plantas
pelos medicamentos produzidos em laboratório, o que ocorreu de forma plena na
segunda metade do século XX, motivado por vários fatores, dentre eles um dos
mais importantes foi a descoberta dos antibióticos.
Paralelo
à substituição da planta pelo medicamento feito a partir de drogas sintéticas,
houve também um intenso trabalho de desqualificação do saber popular sobre as
plantas medicinais, como prova a proibição da prática da Fitoterapia por
pessoas leigas e até mesmo por médicos que ocorreu em diversos países.
Esta
ofensiva contra as plantas medicinais e o saber popular, não se restringiu aos
países mais desenvolvidos, mas se expandiu às colônias, na América, na África e
na Ásia. Como exemplo, temos a proibição, por parte da Inglaterra, do uso de
plantas medicinais na Índia, algo injustificável, tendo em vista que este país,
ao lado da China, tem o uso de plantas fortemente arraigado nos seus sistemas de
cura.
Nos
Estados Unidos, em 1907, o governo deixou de dar subsídios às escolas médicas
que ensinassem o uso de plantas medicinais.
No
Brasil, a Fitoterapia chegou ao século XX como a terapêutica mais usada, apesar
do declínio acarretado pelo surgimento do conhecimento biológico. Esse período
foi marcado pela prosperidade econômica impulsionada pela cultura do café, pela
grande imigração de europeus, pelo aumento da urbanização, pelo incremento da
exportação e pelo início da industrialização. Tudo isto levou ao agravamento da
situação sanitária das cidades, provocando o surgimento das grandes endemias e
epidemias. Neste novo contexto econômico, sanitário e científico o uso de
plantas não era mais adequado.
Neste
período, em todo o mundo, em função da acelerada construção de conhecimento na
área da saúde, a Biomedicina se fortaleceu como racionalidade médica capaz de
nortear o entendimento e o manuseio do processo saúde-doença. Neste modelo
biologicista, não havia muito espaço para a utilização de plantas medicinais
devido à sua vinculação com o conhecimento popular. O método científico foi
erigido à categoria de única forma de construir e aplicar conhecimentos
verdadeiros e eficazes. Foi também o início da indústria farmacêutica, com sua
promessa de descobertas de medicamentos capazes de combater todas as doenças e
com acessibilidade a toda a população. Esta nova conjuntura favoreceu a
mercantilização da saúde, e a doença da população passou a ser vista como fonte
de lucros.
No
Brasil, e no mundo, a Fitoterapia perdeu espaço para o medicamento sintético,
produzido em larga escala. Em síntese, os motivos que levaram à diminuição do
uso das plantas medicinais, ao longo do século XX, foram:
Desenvolvimento
científico e tecnológico, com repercusões na área da saúde;
Consolidação
e expansão das profissões da área da saúde, principalmente da medicina, fazendo
com que aumentasse significativamente o número de pessoas com acesso a esses
profissionais, que não usavam a Fitoterapia;
Combate
à prática de cura por pessoas leigas, que normalmente usavam as plantas
medicinais, por parte dos profissionais de saúde e suas entidades de
representação;
Desqualificação
dos saberes populares e exaltação do conhecimento científico como o único
conhecimento correto e confiável;
Desenvolvimento
da indústria farmacêutica e descoberta de novos fármacos;
Praticidade
do uso do medicamento industrializado;
Falta
ou insuficiência de estudos comprobatórios da eficácia e da segurança dos
fitoterápicos;
Falta
de contato da população urbana com as plantas medicinais, levando a sua
desvalorização;
Posteriormente,
pôde-se observar a lacuna existente entre o proposto e o real. A partir da
década de 60, começou a ocorrer o desencanto com a promessa da eficácia, da
segurança e da eficiência da medicalização da população. Sua eficácia não foi
suficiente para vencer as doenças já que estas são resultado de múltiplos
fatores, dentre eles a falta de condições econômicas que propiciem uma vida
saudável, com qualidade. Além disto, o medicamento sintético tem custos que o
tornam inacessível para uma grande parcela da população. Estas pessoas
continuaram a fazer uso das plantas medicinais.
O
desencanto com o medicamento sintético estava inserido no contexto do
desencanto com a sociedade tecnológica e capitalista que havia criado a
expectativa de que a tecnologia traria facilidades e abundância para todos. Isto
fez com que ocorresse a busca por uma vida natural, tendência esta que se
consolidou nas décadas seguintes, levando ao ressurgimento e ao fortalecimento
da Fitoterapia, no mundo todo.
Onde
a Fitoterapia sempre foi uma prática largamente difundida, este ressurgimento
foi mais intenso, como a Índia e a China. Neste país, com a vitória do partido
comunista, houve um grande incentivo ao uso das plantas medicinais,
principalmente através dos médicos de pés descalços. A Medicina Tradicional
Chinesa tem na Fitoterapia uma de suas principais terapêuticas, o mesmo
ocorrendo com a Medicina Ayurvédica (Índia). Estas práticas convencionais
convivem em pé de igualdade com a Biomedicina.
Esta
tendência de crescimento tem se verificado em todo o mundo. Na Europa, em
países como a Inglaterra, a Alemanha e a Espanha, medicamentos fitoterápicos
são muito consumidos por grande parte da população. Este crescimento também se
observa nas universidades, através do ensino e da pesquisa sobre as plantas
medicinais.
Nos
Estados Unidos da América este crescimento também ocorre, mas os fitoterápicos
são comercializados como suplementos alimentares.
A Fitoterapia
e outras medicinas naturais e práticas complementares podem ser usadas ao mesmo
tempo em que se usa a alopatia, de forma substitutiva ou complementar entre si,
dependendo da natureza da doença, das condições econômicas do paciente, da
estrutura dos serviços de saúde e da capacitação dos profissionais de
saúde.
A
retomada da Fitoterapia nos últimos tempos ocorreu em função de uma série de
fatores, como os estudos científicos que comprovam a sua eficácia, sua
segurança e sua efetividade; acesso fácil às plantas; credibilidade da
população na sua eficácia e na sua segurnaça; inserção da Fitoterapia no
contexto cultural da população; utilização das plantas medicinais através de
formas de preparação simples; crença na baixa possibilidade de provocar efeitos
adversos, etc.
Contudo,
é necessário saber que a ação terapêutica da planta medicinal e do medicamento
fitoterápico é baseada no mesmo princípio do medicamento alopático que é a cura
através de princípios ativos que também podem ter efeitos adversos, o que
demanda cuidados. É preciso superar o mito de que planta, por ser natural, não
faz mal. Quando não se utiliza a dose correta, a preparação e a via adequadas,
a planta, mesmo sendo medicinal, poderá causar transtornos ao indivíduo, como
uma intoxicação.
CONCEITOS TÉCNICOS EM FITOTERAPIA
-Adjuvante:
Substância de origem natural ou sintética adicionada ao medicamento com a
finalidade de prevenir alterações, corrigir e/ou melhorar as características
organolépticas, biofarmacotécnicas e tecnológicas do medicamento.
-Carminativo:
Agente que favorece e provoca a expulsão de gases intestinal.
-Catártico:
Purgante mais enérgico que o laxante e menos drástico.
-Colagoga:
Agente/Substância que provoca e favorece a produção da bílis.
-Colerética:
Agente/Substância que aumenta a liberação de bílis.
-Derivado
de droga vegetal: Produtos de extração da matéria prima vegetal: extrato,
tintura, óleo, cera, exsudato, suco, e outros.
-Droga
vegetal: Planta ou suas partes, após processos de coleta, estabilização e
secagem, podendo ser íntegra, rasurada, triturada ou pulverizada.
-Emenagoga:
Agente que restabelece o fluxo menstrual.
-Estomáquico:
Agente que estimula a atividade secretora do estômago.
-Etnofarmacologia:
Disciplina que estuda como as populações tradicionais interagem com as plantas
e comoas usa, no tratamento de suas doenças.
-Fórmula
Fitoterápica: Relação quantitativa de todos os componentes de um medicamento
fitoterápico.
-Fitofármaco:
Medicamento feito a partir de substância de origem vegetal, porém de forma
isolada.
-Fitoterápico:
Medicamento obtido empregando-se exclusivamente matérias-primas ativas
vegetais. É caracterizado pelo conhecimento da eficácia e dos riscos de seu
uso, assim como pela reprodutibilidade e constância de sua qualidade. Sua
eficácia e segurança são validadas através de levantamentos etnofarmacológicos
de utilização, documentações tecnocientíficas em publicações ou ensaios
clínicos fase 3. Não se considera medicamento fitoterápico aquele que, na sua
composição, inclua substâncias ativas isoladas, de qualquer origem, nem as
associações destas com extratos vegetais.
-Marcador:
Componente ou classe de compostos químicos (ex: alcalóides, flavonóides, ácidos
graxos, etc.) presente na matéria-prima vegetal, idealmente o próprio princípio
ativo, e preferencialmente que tenha correlação com o efeito terapêutico, que é
utilizado como referência no controle de qualidade da matéria-prima vegetal e
dos medicamentos fitoterápicos.
-Matéria
prima vegetal: Planta medicinal fresca, droga vegetal e derivado de droga
vegetal.
-Medicamento:
Produto farmacêutico, tecnicamente obtido ou elaborado, com finalidade:
profilática, curativa, paliativa ou para fins de diagnósticos.
-Nomenclatura
botânica oficial completa: Gênero, espécie, variedade, autor do binômio,
família -Nomenclatura botânica oficial: Gênero, espécie e autor.
-Nomenclatura
botânica: Gênero e espécie.
-Princípio
ativo de medicamento fitoterápico: Substância, ou classes químicas (ex:
alcalóides, flavonóides, ácidos graxos, etc.), quimicamente caracterizada, cuja
ação farmacológica é conhecida e responsável, total ou parcialmente, pelos
efeitos terapêuticos do medicamento fitoterápico.
-Medicamento
fitoterápico novo: Aquele cuja eficácia, segurança e qualidade, sejam
comprovadas cientificamente junto ao órgão federal competente, por ocasião do
registro, podendo servir de referência para o registro de similares.
-Medicamento
fitoterápico tradicional: É aquele elaborado a partir de planta medicinal, de
uso alicerçado na tradição popular, sem evidências, conhecidas ou informadas,
de risco à saúde do usuário, cuja eficácia é validada através de levantamentos
etnofarmacológicos e de utilização, de documentações tecno-científicas ou
publicações indexadas.
-Medicamento
fitoterápico similar: Aquele que contém as mesmas matérias-primas vegetais, na
mesma concentração de princípio ativo ou marcadores, utilizando a mesma via de
administração, forma farmacêutica, posologia e indicação terapêutica de um
medicamento fitoterápico considerado como referência.
-Planta
medicinal – Espécie vegetal designada pelo seu nome científico e/ou popular
utilizada com finalidades terapêuticas.
-Princípio
ativo: Substância, ou grupo delas, quimicamente caracterizada, cuja ação
farmacológica é conhecida e responsável, total ou parcialmente, pelos efeitos
terapêuticos do medicamento fitoterápico.
-Produto
natural: É toda substância encontrada na natureza (vegetal, mineral ou animal)
de origem orgânica ou inorgânica que pode ser utilizada diretamente ou
processada pelo homem.
O CONHECIMENTO POPULAR E CONHECIMENTO
CIENTÍFICO
A Fitoterapia
é um campo onde mais está presente a discussão sobre a questão do conhecimento
popular e do conhecimento científico. Durante muito tempo, todas as informações
sobre as plantas medicinais vinham do conhecimento popular, construído através
da observação do efeito das plantas nos organismos animais e humanos e
transmitido principalmente através da tradição oral.
Com
a consolidação das diversas profissões da área da saúde e com o aumento do
número de profissionais desta área, houve um forte movimento no sentido de
ocupar todos os espaços legalmente destinados a estas profissões e para isto se
tornou necessário alijar todos aqueles que exerciam a arte de curar sem terem a
qualificação legal.
Pessoas
que sempre se ocuparam de tratar as doenças da população, muitas delas fazendo
isto com muita dedicação e conhecimento prático, passaram a serem consideradas
como charlatães. Para que a exclusão destas pessoas se fizesse de forma rápida
e completa, todo o seu arsenal de conhecimento e de terapêuticas passou a ser
considerado incorreto e ineficaz. Por isto, as plantas medicinais foram
relegadas a um segundo plano, privilegiando o uso dos medicamentos feitos nos
laboratórios e nas indústrias farmacêuticas, tidos como mais eficazes e de
fácil manuseio.
Contudo,
as expectativas criadas com o desenvolvimento da indústria farmacêutica não se
concretizaram na sua totalidade, provocando certo desencanto nas pessoas, que
passaram a se interessar por terapêuticas alternativas, com destaque para a Fitoterapia.
O
incremento do uso da Fitoterapia obrigou as pessoas do meio acadêmico a se
ocupar do estudo e da pesquisa sobre as plantas medicinais, validando a sua
eficácia e a sua segurança. Mas isto foi feito, estabelecendo uma dicotomia
entre o conhecimento popular e o conhecimento científico. Este passou a ser
encarado como o fiador do uso seguro das plantas. Aquele como um conhecimento
insuficiente ou até mesmo ineficaz, talvez, perigoso. Desta forma, seria
desaconselhável o uso das plantas baseado em indicações do conhecimento
popular.
A
ciência não é o único caminho de acesso ao conhecimento e à verdade. O
conhecimento popular ou vulgar, às vezes denominado senso comum, não se
distingue do conhecimento científico nem pela veracidade nem pela natureza do
objeto conhecido. O que os diferencia é a forma ou o método e os instrumentos
do conhecer.
Tanto
o senso comum, como a ciência, almejam ser racionais e objetivos. Entretanto, o
ideal de racionalidade, compreendido como uma sistematização coerente de
enunciados fundamentados e passíveis de verificação, é obtido muito mais por
intermédio de teorias que constituem o núcleo da ciência do que pelo
conhecimento comum, entendido como acumulação das partes ou peças de informação
frouxamente vinculadas. Por sua vez, o ideal de objetividade, isto é, a
construção de imagens da realidade verdadeiras e impessoais, não pode ser
alcançada se não se ultrapassarem os estreitos limites da vida cotidiana, assim
como da experiência particular.
Por
esse motivo é que o senso comum, ou conhecimento popular, não pode conseguir
mais do que uma objetividade limitada, assim como é limitada sua racionalidade,
pois está estreitamente vinculado à percepção e à ação. Apesar da racionalidade
e objetividade limitadas, pode-se dizer que o conhecimento popular é o modo
comum, corrente e espontâneo de se conhecer. O adquirimos no trato direto com
as coisas e os seres humanos. É o saber que preenche nossa vida diária e que se
possui sem o haver procurado ou estudado, sem aplicação de um método e sem se
haver refletido sobre algo.
É
um conhecimento que tem como características ser superficial, sensitivo,
subjetivo, assistemático e acrítico. Contudo, tal qual o conhecimento
científico ele é verificável e falível. É também um conhecimento valorativo,
reflexivo e inexato, quando se busca a generalização. Apesar de suas
limitações, o conhecimento popular é útil e pode e deve ser aproveitado por
aqueles que constroem conhecimento dentro do método científico. Daí porque não
deve haver competição, mas complementaridade.
Dentro
desta ótica, é fundamental que aqueles que trabalham com as plantas medicinais,
dentro de uma ótica cientifica, busquem o conhecimento popular e faça o retorno
aos agentes que os tem das informações adquiridas através do método científico.
Desqualificar as informações sobre plantas medicinais que vêm do meio popular é
uma atitude preconceituosa e descompromissada com a realidade em que nos
inserimos e com a construção de um modelo de sociedade mais justa e fraterna.
CUIDADOS PARA O BOM USO DAS PLANTAS
MEDICINAIS
01ª
- Saber identificar: Muito cuidado quando se indica uma planta ou quando se
pega uma receita num livro onde não há o desenho da planta ou seu nome em
latim. Isto porque o nome popular varia de uma região para outra.
Dê
preferência a plantas frescas escolhidas corretamente de locais de cultivo do
próprio usuário. Plantas secas somente devem ser usadas quando adquiridas de
fonte responsável e segura.
02ª
- Saber a parte da planta a ser utilizada: É preciso conhecer a planta e saber
quais as partes que são utilizadas: raiz, entrecasca, folhas, planta inteira,
frutos e sementes.
03ª
- Saber da toxicidade da planta: Há muitas plantas que são tóxicas e muitas
outras podem sê-lo, dependendo de quem a toma, do quanto se toma, e como se
toma. As crianças e os idosos se intoxicam com mais facilidade. Por isso,
deve-se ter muito mais cuidado com a dose. Evitar tomar chás durante a
gravidez. Muitas plantas têm efeito abortivo e teratogênicos (má formação da
criança), como quebra-pedra (Phylanthus niruri L.), capim santo (Cymbopogon
citratus DC Stapf). Deve-se evitar o uso freqüente de chá pelas crianças que
estejam em aleitamento materno, porque elas podem querer trocar o leite pelo
chá.
Existem
plantas que, mesmo em pequenas quantidades, são potencialmente venenosas como a
espirradeira (Nerium oleander L.) e comigo-ninguém-pode (Diffenbachia picta
Schot). É aconselhado conhecer bem as plantas tóxicas.
04ª
- Saber onde coletar: Não colete as plantas medicinais nas beiras de rios,
córregos poluídos, esgotos, nem das margens das estradas porque geralmente
estão contaminadas por fumaça de carros, pesticidas, etc. Hoje em dia, o melhor
é desenvolver horta comunitária de plantas medicinais e aí cultivar as plantas
básicas de cada área, segundo a pesquisa de dados (etnobotânica) realizada
previamente.
05ª
- Saber como coletar: Quando for coletar folhas de uma planta, não retire todas
as folhas de um galho. É através delas que as plantas absorvem os raios
solares. Despreze as folhas velhas e que estejam furadas de insetos, mofadas ou
com outras contaminações. As cascas devem ser retiradas em pequenos pedaços,
apenas de um dos lados da planta, pois ao se circundar o caule pode-se causar a
sua morte.
06ª
- Saber quando coletar: As melhores horas para efetuar a coleta são as da
manhã, logo após a total secagem do orvalho e as horas do fim da tarde, em dias
ensolarados. Para as plantas aromáticas recomenda-se a colheita do final da
tarde, especialmente nas dias muito quentes, para se evitar a evaporação de
substâncias facilmente voláteis sob a ação do sol. Há diferença na época de
colheita de uma espécie para outra; o ideal seria um calendário de coleta de
plantas que indicasse a estação propícia, como ocorre com as verduras. Para
muitas plantas, o momento propício para coletar folhas é quando começam a
apontar os órgãos reprodutores, como os que formarão brotos e flores.
07ª
- Saber como secar e conservar: Flores e folhas devem ser colocadas à sombra
para secar em local ventilado, limpo e em camadas finas, para evitar que
somente as de cima fiquem secas. Três a cinco dias são suficientes. Outro
método é pendurar os galhos de flores e folhas em um varal, até que sequem. As
cascas devem ser raspadas ligeiramente e lavadas com água corrente para retirar
a superfície impregnada de poeira, lodo ou insetos e depois devem ser colocadas
ao sol para secar.
Raízes
devem ser lavadas e colocadas para secar. No caso de raízes e cascas muito
grossas, sugere-se cortá-las em pedaços pequenos e finos, após a lavagem e
colocá-las para secar. Sementes devem
ser colhidas de frutos maduros e sadios, limpos por peneiração ou lavagem e
secas ao sol. São as partes vegetais que apresentam maior durabilidade.
Quando
não se dispõe de condições naturais de calor e vento, a secagem pode ser feita
em estufa, em temperatura não superior a 40º C. Após secas, as partes das
plantas deverão ser reduzidas a pequenos pedaços, com exceção das sementes, e
guardadas num vidro limpo, seco, com tampa e ao abrigo da luz do sol. Deve-se colar
no frasco, uma etiqueta com o nome da planta e data da coleta. É aconselhável
observar sempre a existência de mofo, contaminação por insetos, entre outros, o
que as tornará impróprias para o consumo. Sugere-se que o estoque seja renovado
a cada três ou seis meses.
08ª
- Saber como preparar: Existem diferentes métodos de preparar os remédios à
base de plantas medicinais. Por exemplo: infusão, decocção, maceração, etc.
Evite o uso de vasilhas de ferro, alumínio, cobre ou plástico; dê preferência
às vasilhas de vidro (que possa ser levada ao fogo), porcelana ou barro. É
importante também saber a quantidade da planta a usar no preparo. Depois de
preparados, os medicamentos devem ser bem guardados.
09ª
- Saber como usar: Esteja atento quando for usar as plantas. Observe se a
indicação é para uso interno (ingestão), ou externo (uso local). Muitas
plantas, como o confrei (Symphytum officinale L.), não devem ser ingeridas, mas
somente usadas em aplicações como cicatrizante. Não se deve misturar muitas
plantas num mesmo medicamento, nem tomar vários deles ao mesmo tempo.
10ª
- Saber quanto usar: É importante saber quanto se deve tomar de um medicamento
à base de plantas. Não se pode abusar da dosagem. O dito popular "que
pancada grande é que mata cobra", não deve ser seguido, pois as plantas
têm efeitos adversos se forem usadas em altas concentrações ou por muito tempo.
Em doenças crônicas que necessitam de um tratamento continuado, é importante o
acompanhamento médico e laboratorial. Nestes casos, não se deve usar uma mesma
planta por muito tempo.
FORMAS DE PREPARAÇÃO E USO DAS PLANTAS
MEDICINAIS
A
eficácia dos medicamentos à base de plantas medicinais depende de vários
fatores, como a forma como são
preparados e são usados. A sua preparação e uso podem ser feitos de acordo com
as técnicas farmacêuticas ou utilizando técnicas mais simples, que são as
preparações caseiras.
As
formas de preparação simples são:
CHÁ
– O chá pode ser preparado como decocto, infuso ou macerado.
Decocto
- O decocto é uma preparação em que os princípios ativos das plantas são
extraídos em água potável levada à fervura. Ele é utilizado para raízes,
caules, cascas e sementes. A parte da planta a ser utilizada deve ser bem
lavada e bem cortada e deixada em fervura baixa pelo tempo de até de 15
minutos. As plantas que têm princípios ativos que se evaporam, não devem ser
usadas para se fazer decocção. Para as plantas que têm muito tanino, o tempo de
fervura deve ser menor.
Infuso
– O infuso é uma preparação que extrai os princípios ativos das plantas,
através da colocação de água fervente sobre as partes das plantas lavadas,
cortadas e colocadas num recipiente. Após a colocação da água, tampa-se o
recipiente e deixa-se em repouso por 15 minutos. O infuso é utilizado para
folhas, flores e frutos.
Macerado
– O macerado é preparado colocando as partes das plantas bem lavadas e bem
cortadas em um recipiente com água potável, à temperatura ambiente, por um
período de 24 a 48 horas, dependendo da consistência das partes da planta
utilizada.
Para
a preparação dos chás, utiliza-se de um a cinco gramas da parte da planta para
cada 100 ml de água. Após a preparação, o chá deve ser filtrado (coado) e
colocado num recipiente bem limpo e consumido em até 24 horas.
Os
chás usados para o tratamento de resfriado, gripe, bronquite e febre devem ser
adoçados e tomados ainda quente. Os chás usados para os males do aparelho
digestivo devem ser tomados frios ou gelados, sem açúcar.
A
posologia do chá é de uma xícara, três vezes ao dia para adultos. Crianças
maiores de 5 anos devem tomar metade de uma xícara, três vezes ao dia e
crianças menores de 5 anos deve ter uma posologia individualizada.
O
chá é a forma mais comum de uso das plantas medicinais pela facilidade de se
fazer, porém tem o inconveniente de não se prestar à conservação por muito
tempo e de ser difícil a quantificação da matéria prima vegetal a ser
usada.
XAROPE
COMPOSTO – O xarope composto, feito segundo as normas farmacêuticas, é
preparado colocando-se 10ml da tintura ou da alcoolatura e xarope simples na
quantidade suficiente para (qsp) completar 100 ml de xarope composto.
Na
preparação do xarope simples, coloca-se 85 g de açúcar para 45 ml de água
destilada e leva-se a mistura ao fogo brando até atingir o ponto. Tem-se o
xarope simples. Ele é filtrado e esfriado. Nesta proporção, devemos ter 100 ml.
Se não tiver, completa-se com água até atingir este volume. Ao xarope composto,
adiciona-se o conservante químico (Nipagin), na concentração de 0,02% p/v.
Tem-se o xarope a 10%, que deve ser acondicionado em embalagem adequada.
Lambedor
ou xarope caseiro é preparado utilizando-se 45 ml do decocto, infuso ou
macerado para 85 g de açúcar, ou, para facilitar, o dobro de gramas de açúcar
para o volume do chá. Exemplo: para 50ml
do chá, usa-se 100 gramas de açúcar. Esta mistura deve ser levada ao fogo
brando até a formação do melado. Quando estiver frio, o lambedor deve ser
coado, completado o volume, se necessário, colocado num recipiente limpo e
guardado adequadamente.
Esta
forma é mais apropriada para se fazer xarope a partir do decocto. Ao se fazer o
chá para ser transformado em lambedor, deve-se utilizar uma quantidade de
matéria prima vegetal dez vezes maior do que quando se vai fazer o chá para ser
tomado como tal. Isto ocorre porque a quantidade de xarope que se toma é bem
menor do que a quantidade de chá. Desta forma, mantém-se a equivalência de
princípios ativos, nas duas preparações.
Outra
forma caseira de se fazer o lambedor é dispor as folhas das plantas em camadas,
cada uma dela coberta com um pouco de açúcar e levar ao fogo brando. Após certo
tempo, a água contida nas folhas se mistura com o açúcar, formando o melado ao
mesmo tempo em que se extrai o princípio ativo. Ao final, filtra-se e guarda-se
em recipiente adequado.
A
posologia dos xaropes é de uma colher de sopa, três vezes ao dia, para adultos.
Crianças maiores de 05 anos devem tomar metade da dose e menores de 02 anos
devem ter a posologia individualizada.
TINTURA
– Na preparação da tintura, usam-se partes secas das plantas, bem cortadas e
machucadas, que são colocadas no álcool. Neste caso, utiliza-se álcool a
70%. Na preparação de 1 litro de
tintura, são usados 200 g da planta e álcool suficiente para cobrir as partes
da planta, deixando-as em maceração por um período de 5 a 10 dias. Após este
período, filtra-se, completa-se, com álcool, o volume para 1 litro e guarda-se
em um recipiente limpo e ao abrigo da luz.
Alcoolatura
– Na preparação da alcoolatura, usam-se partes verdes das plantas, bem cortadas
ou passadas no liquidificador e álcool a 95º.
Para se preparar 1 litro de alcoolatura, são usados 500 g da planta e
álcool suficiente para cobrir as partes da planta, deixando-as em maceração
pelo período de 5 a 10 dias. Após este período, o macerado é filtrado (coado) e
completa-se, com álcool, o volume para 1 litro. Guarda-se em um recipiente
limpo e ao abrigo da luz.
Esta
é forma de se preparar tintura e alcoolatura segundo as normas
farmacêuticas. No meio popular, é comum
adicionar água ao álcool ao se preparar tintura e alcoolatura. Isto não é
aconselhável, pois compromete a capacidade de extração e conservação.
A
posologia das tinturas e alcoolaturas é de 30 gotas, três vezes ao dia, que
devem ser tomadas adicionadas a um pouco de água. Crianças maiores de cinco
anos devem tomar metade da dose e menores de dois anos devem ter a posologia
individualizada.
POMADA
– A pomada pode ser preparada usando-se 70% de vaselina, 30% de lanolina. A
lanolina e a vaselina devem ser fundidas em fogo brando e quando a mistura
estiver fria, tem-se a pomada simples. É aconselhável deixá-la em repouso por
um dia.
Para
cada 100 g de pomada simples, colocam-se 05 ml de tintura ou alcoolatura e
mexe-se bem para ficar bem homogênea a mistura. Esta é a maneira de se preparar
uma pomada segundo as técnicas farmacêuticas. No meio popular, há diversas
“receitas” de pomadas utilizando a cera de abelha e a parafina.
SABÃO
LÍQUIDO – O sabão líquido é preparado colocando 200g de sabão de coco cortado
em pequenos pedaços em água suficiente para dissolvê-lo. Coloca-se em fogo
brando, até a dissolução do sabão e sua homogeneização. Após isto, deixa-se em
repouso.
Da
parte da planta a ser utilizada, normalmente, folhas, flores, frutos e galhos
novos, utilizam-se 200 gramas e água suficiente para se fazer a liquefação no
liquidificador. Filtra-se e adiciona-se ao sabão líquido, completando com água
para 1 litro ou volume aproximado, dependendo da consistência que se quer para
o sabão. O uso é feito três ou quatro vezes ao dia, durante o banho, deixando o
corpo ensaboado por cerca de 20 minutos.
Uma
outra variante do sabão líquido e aquela em que no sabão dissolvido se coloca a
tintura e/ou alcoolatura da(s) planta (as).
SABONETE
– Na preparação do sabonete, usa-se base glicerinada e tintura ou alcoolatura
da planta. Para cada 100 gramas de base glicerinada, são necessários de 5 a 10
ml da tintura ou da alcoolatura. Primeiro se coloca a base glicerina no fogo
para fundir. Quando isto ocorrer, deixa-se esfriar um pouco e adiciona-se a
alcoolatura ou a tintura. Mexe-se bem a mistura e a coloca na forma para
esfriar, de onde é retirado o sabonete quanto este estiver bem sólido.
PÓ
- Para se preparar o pó, deve-se secar bem a parte da planta a ser usada e
triturá-la ou esmagá-la. Depois, o pó é peneirado e guardado em recipiente
limpo e adequado.
SUCO
- O suco é preparado espremendo-se ou triturando-se as folhas da planta em um
liquidificador, com posterior filtração. O suco deve ser feito no momento em
que vai ser usado.
SUMO
– Para se obter o sumo, soca-se a planta em um pilão ou em um pano até sair o
máximo do sumo. Se a planta tiver pouca água pode-se acrescentar um pouco de
água e deixar de molho uma hora e depois espremer ou socar novamente. Por fim,
filtra-se o líquido que sair.
SALADA
- Algumas plantas medicinais podem ser usadas sob a forma de saladas. Para
fazê-las, basta cortar as plantas em pequenos pedaços que devem ser consumidos
imediatamente.
EMPLASTO
- Para se fazer o emplasto, soca-se a planta fresca até se transformar em pasta
que é colocada diretamente na parte afetada, podendo-se cobri-la com um pano.
CATAPLASMA
- Para se fazer a cataplasma procede-se da mesma maneira que se faz para se
preparar o emplasto, mas, à pasta, adiciona-se alguma massa, como farinha, para
dar maior consistência.
UNGUENTO
- Para se fazer o ungüento, usa-se 100 g
de gordura vegetal e 05 a 10 ml de tintura ou alcoolatura da planta a ser
utilizada. Leva-se a gordura vegetal ao fogo, até fundi-la. Deixa-se esfriar um
pouco e adiciona-se lentamente a tintura ou a alcoolatura, mexendo-se bem a
mistura para se fazer a homogeneização. Ai invés da tintura ou alcoolatura,
pode-se usar o sumo da planta, extraído por esmagamento das folhas e caules
(quando fino e suculento).
LINIMENTO
- Para se fazer o linimento, utiliza-se o sumo das folhas da planta, misturado
com um pouco de óleo. É utilizado para se fazer massagem na área afetada.
COMPRESSA
– Para se fazer a compressa, prepara-se o decocto ou o infuso da planta a 5% e
nele embebe-se um pano limpo que é aplicado na área doente.
BANHO
– Fazer o decocto ou infuso da planta a 5% e depois de filtrado, colocá-lo na
água do banho. Este deve ser tomado lentamente.
BOCHECHO
E GARGAREJO – Fazer o decocto ou o infuso da planta a 5%, filtrá-lo e após isto
fazer o bochecho e/ou o gargarejo.
INALAÇÃO
- Para a inalação, utiliza-se o decocto ou o infuso a 5%, que deve ser colocado
ainda quente num copo. Com um papel, faz-se um funil que se adapta ao copo por
onde é inspirado o vapor que é produzido.
Estas
são as formas de preparação e uso dos medicamentos caseiros à base de plantas
medicinais. Com relação às preparações, segundo as normas farmacêuticas, além
da tintura, alcoolatura, pomada e xarope, aqui discutidos, existem muitas
outras como elixir, extrato, creme, gel, cápsula, etc.
DILUIÇÃO
DO ÁLCOOL - Fórmula de FRANCOUER: X = V. G’/G
X
= volume de álcool que se deve retirar do recipiente para juntar a quantidade
de água destilada, necessária para completar o volume. V = volume do álcool
final (depois da diluição)G’ = grau do álcool que se quer obter (grau final). G
= grau do álcool que se dispõe.
CUIDADOS NECESSÁRIOS AO SE PREPARAR
MEDICAMENTOS COM PLANTAS MEDICINAIS
Utilizar
água filtrada ou fervida;
Lavar
sempre e bem as mãos;
Prender
os cabelos (se possível usar toucas);
Observar
se todos os utensílios estão devidamente limpos;
Evitar
falar próximo à preparação (se possível usar máscaras);
Utilizar
frascos limpos e escaldados;
Manter
limpo o ambiente onde se preparam os medicamentos.
CONSTITUINTES QUÍMICOS DAS PLANTAS
MEDICINAIS
As
plantas sintetizam compostos químicos a partir dos nutrientes e da água,
extraídos do solo e da luz que recebem. Muitos desses compostos, ou grupos
deles, podem provocar reações nos organismos. São os princípios ativos. Algumas
dessas substâncias podem ser tóxicas, dependendo de dose utilizada.
Planta
medicinal é aquela que contém um ou mais de um princípio ativo, conferindo-lhe
atividade terapêutica.
Na
combinação de plantas medicinais para se preparar fitoterápicos, deve-se
observar a sua composição química, de modo que atuem sinergicamente. É ainda
importante lembrar que a dose é fundamental em alguns casos, pois muitas
substâncias podem inverter o efeito ou mesmo tornarem-se tóxicas se a dose for
aumentada.
Nem
sempre os princípios ativos de uma planta são conhecidos, mas mesmo assim ela
pode apresentar atividade medicinal satisfatória e ser usada, desde que não
apresente efeitos tóxicos, agudos ou crônicos, já verificados pela pesquisa, ou
até mesmo pelo conhecimento popular, em alguns casos.
Na
Fitoterapia, a planta, ou as suas partes, é utilizada integralmente, com todos
os seus constituintes químicos, conferindo atividade terapêutica um pouco
diferente daquela apresentada pelos princípios ativos isolados, pois pode haver
sinergismos que favorecem a atividade farmacológica da planta. São os chamados
fitocomplexos.
As
plantas, em geral, possuem uma gama variada e rica de princípios ativos no seu
interior. Algumas plantas podem possuir dezenas de princípios ativos, muitos
deles atuando em interação, o que explica porque certas plantas têm atuação em
diversas doenças.
Os
princípios ativos podem ser divididos em grupos que têm semelhanças químicas e
estruturais. Há vários grupos de
princípios ativos. Estes são resultados do metabolismo secundário das plantas.
No metabolismo primário são produzidas substâncias necessárias às funções de
crescimento, respiração e fotossíntese como os aminoácidos, as proteínas, as
vitaminas, os carboidratos, os lipídios, etc. Os metabólitos primários são
amplamente distribuídos nas plantas. No metabolismo secundário, os metabólitos
produzidos são restritos a certas plantas e têm função de defesa, adaptação ao
meio e competição biológica.
METABOLISMO
SECUNDÁRIO
As
substâncias medicinais são produzidas pelo vegetal e apresentam funções bem
específicas dentro da planta, conforme visto anteriormente. Na maioria das
vezes, são frutos do metabolismo secundário, tendo, portanto, função ligada à
ecologia da planta, isto é, ao relacionamento da plantas com o ambiente que o
envolve.
O
metabolismo secundário diferencia-se do primário basicamente por não apresentar
reações e produtos comuns à maioria das plantas, sendo específico de
determinados grupos. A respiração, por exemplo, faz parte do metabolismo
primário. Os metabólitos secundários apresentam algumas características, como:
Não
tão vitais para as plantas, na maioria das vezes, como os alcalóides;
São
as expressões da individualidade químicas dos indivíduos e diferem de espécie
para espécie, qualitativamente e quantitativamente;
São
produzidos em pequenas quantidades.
Além
disso, essas substâncias podem estar presentes na planta o tempo inteiro ou só
serem produzidas mediante estímulos específicos. Assim, a regulação do
metabolismo secundário depende da capacidade genética da plantas em responder a
estímulos internos ou externos e da existência desses estímulos no momento
apropriado.
Geralmente,
as espécies vegetais apresentam mais de um desses grupos de substâncias. O que
normalmente diferencia as plantas medicinais é que as concentrações dessas
substâncias são maiores, daí o seu emprego na terapêutica. Alguns gêneros e
algumas famílias de plantas apresentam substâncias bem específicas que podem
caracterizá-los.
A
INFLUÊNCIA DO AMBIENTE NA PRODUÇÃO DE PRINCÍPIOS ATIVOS
A
concentração de princípios ativos ou fármacos na planta depende do controle
genético (capacidade inerente à planta) e dos estímulos proporcionados pelo
meio. Normalmente, estes estímulos são caracterizados como situações de
“stress”, como excesso ou deficiência de algum fator de produção para a planta.
Uma vez que o vegetal apresenta “competência” para produzir fármacos, sua
concentração de substâncias ativas pode ser alterada por fatores climáticos,
edáficos (relacionado ao solo), exposições a microorganismos, insetos, outros
herbívoros e poluentes.
Dentre
os fatores climáticos, a temperatura exerce função muito importante na
sobrevivência do vegetal, por estar mais ligada ao crescimento e ao
desenvolvimento da planta. Espécies pouco adaptadas às temperaturas de uma
região terão sérios problemas em produzir biomassa e princípios ativos, pois
essa condição influi no metabolismo primário (respiração e fotossíntese) e, em
conseqüência, no secundário. Todos os outros fatores climáticos estão direta ou
indiretamente relacionados com a temperatura.
A
luz também é de grande importância nos processos fotossintéticos e de indução
floral (fotoperíodo). Algumas plantas, quando expostas à luz solar direta,
produzem mais cumarinas, como o chambá ou chachambá (Justicia pectoralis). Em
plantas umbrófilas (de sombra) talvez este efeito possa ser inverso.
Algumas
plantas necessitam de determinado número de horas de luz por dia (fotoperíodo)
para que possam florescer. Assim, as plantas de regiões tropicais precisam de
um número de horas de iluminação inferior a um dado valor (fotoperíodo crítico)
ou são insensíveis, isto é, podem florescer normalmente, independentes desse
fator. Já as plantas de regiões temperadas normalmente necessitam de um
fotoperíodo maior que o crítico da espécie, como a alfazema (Lavandula
officinalis), que precisa de um fotoperíodo superior a 12 horas por dia, por
três ou quatro dias.
A
importância disto está principalmente na determinação da colheita destas
espécies, pois a alfazema tem mais óleo essencial no início da floração (nas
sumidades floridas) e, também, na reprodução, pois pode haver necessidade da
produção de sementes, o que não é possível sem haver floração e fecundação.
Outro aspecto a ser considerado em relação ao fotoperíodo está no ajustamento
da época de plantio. É preciso equilibrar o crescimento vegetativo com a
floração, caso contrário, a indução floral pode ocorrer antes do desejado,
diminuindo a produção de folhas e flores.
O
estresse hídrico (deficiência de água no solo) pode promover aumentos na concentração
de princípios ativos (óleos essenciais e alcalóides). No entanto, pode haver
redução da produção de massa verde, o que em determinados limites poderá ser
desvantajoso. É o que ocorre em vinagreira (Hibiscus sabdariffa), cujo teor de
ácido ascórbico nas folhas decresce sob déficit hídrico, assim como a produção
de biomassa.
Além
dos fatores climáticos, os fatores edáficos (relacionados com o solo) também
são importantes.
Aqui,
serão abordados apenas alguns constituintes químicos. Os referidos grupos não
se excluem, pois são separados ora por características físicas, ora por
propriedades químicas ou atividade biológica.
ÁCIDOS
ORGÂNICOS
São
encontrados em todo o reino vegetal, podendo desempenhar funções importantes no
metabolismo primário da planta (fotossíntese e respiração). Os ácidos málico,
cítrico, tartárico e oxálico são os mais comuns. Outros, omo o ácido fórmico,
podem ser menos freqüentes. O ácido
tartárico e seus sais podem ter ação laxativa suave. Os ácidos cítrico e
tartárico podem aumentar o fluxo de saliva (sialagogo), contribuindo para
reduzir o número de bactérias que causam cáries.
De
modo geral, os ácidos são laxativos, diuréticos, estimulantes da respiração
celular e do seu metabolismo. São antioxidantes e regeneradores dos tecidos. O acido oxálico e seus sais de potássio e
cálcio podem estimular o surgimento de cálculos renais e reduzir a proporção de
cálcio no sangue, o que pode afetar o funcionamento do coração. Portanto,
plantas com muito ácido oxálico ou oxalato, como a cana-de-macaco, (Costus
sp.), não devem ser utilizadas por longo período.
ALCALÓIDES
Na
sua maioria têm propriedades alcalinas, conferidas pela presença de nitrogênio
amínico. É o grupo mais diverso dos produtos naturais. Essencialmente, têm
apenas um ponto em comum que é possuírem pelo menos um átomo de nitrogênio na
sua estrutura. Todos os alcalóides possuem N, C e H.. Podem ser sólidos ou
líquidos, incolores ou de coloração amarela ou roxa.
Na
célula vegetal, são produzidos no retículo endoplasmático e são armazenados nos
vacúolos de células epidérmicas e hipodérmicas e vasos lactíferos. Quando na
forma de sais, são encontrados nas paredes celulares. Estão presentes nas
folhas, nas sementes, nas raízes e nos caules.
Sua
concentração pode variar bastante durante o ano, podendo, em certas épocas,
estar restrito somente a determinados órgãos. As plantas de regiões quentes e
tropicais são mais ricas em alcalóides do que as plantas de regiões frias. Em
geral, sua proporção é de 0,3 a 1%. Em alguns casos, pode chegar até 10% do
peso seco das plantas. Normalmente, estão mais concentrados nas partes que
estão em crescimento ou em formação (pontos vegetativos). Dão sabor amargo às
plantas. Porém, nem toda planta que tem sabor amargo, isto se deve à presença
de alcalóides.
Apenas
de 10 a 15% das plantas conhecidas apresentam alcalóides em sua constituição.
Predominam nas angiospermas. Na família das papaveráceas (papoulas) todas as
espécies contêm essas substâncias.
Os
nomes dos alcalóides muitas vezes são derivados das espécies de onde foram
isolados, como a nicotina presente no fumo (Nicotina tabacum). São distribuídos
em 15 grupos, conforme sua origem bioquímica ou semelhança estrutural.
No
corpo humano, atuam no sistema nervoso central (calmante, sedativo, estimulante,
anestésico e analgésico). A morfina extraída da papoula (Papaver somniferum) é
um anestésico. A cafeína, do café e do guaraná, é um estimulante. A
hiosciamina, presente na trombeteira (Datura stramonium), é exemplo de
analgésico. Na trombeteira ainda podem ser encontrados outros alcalóides que
podem ser tóxicos e cujo antídoto é um outro alcalóide de uma planta
brasileira, a pilocarpina, encontrada no Jaborandi (Pilocarpus microphilus),
usado no tratamento do glaucoma.
Alguns
alcalóides podem ser cancerígenos e outros, antitumorais. Os alcalóides
pirrolizidínicos, presentes no confrei (Symphytum officinal L.), são exemplos
de causadores de câncer. A vincristina presente numa planta chamada boa noite
(Chantarantus roseus) é um exemplo de um alcalóide com ação antitumoral. Dos
cerca de 60 alcalóides presentes na boa noite, destacam-se a vincristina e a
vimblastina pelo seu uso contra alguns tipos de leucemia.
Geralmente,
as plantas que têm alcalóides podem ser tóxicas, se usadas em quantidades
maiores ou de forma inadequada. Os alcalóides foram os primeiros princípios
ativos isolados das plantas. Em 1803, o alemão Sertarmer isolou a morfina.
COMPOSTOS
FENÓLICOS
O
fenol é um dos mais importantes constituintes vegetais e dá origem a diversos
outros, como os taninos. O ácido salicílico, encontrado em diversas plantas e
de ação anti-séptica, analgésica e antiinflamatória, é utilizado na medicina
alopática, sob a forma de um derivado, o ácido acetilsalicílico.
COMPOSTOS
INORGÂNICOS
São
constituintes normais dos vegetais que formam as cinzas ou resíduos, após a
retirada da matéria orgânica. Os mais importantes são os sais de cálcio e de
potássio. Os sais de potássio apresentam propriedades diuréticas,
principalmente se acompanhados de saponinas e flavonóides, com capacidade de
eliminar o sódio do corpo juntamente com a água, além de expulsar substâncias
residuais acumuladas na circulação sangüínea.
Os
sais de cálcio contribuem para a formação da estrutura óssea e para a regulação
do sistema nervoso e do coração, proporcionando ao paciente maior resistência
às infecções. Os sais de silício têm importância no fortalecimento de tecidos
conjuntivos, especialmente dos pulmões. Aumento a resistência à tuberculose,
além de fortalecer unhas, pele e cabelos.
O
efeito diurético atribuído a algumas plantas com grande quantidade de silício
normalmente ocorre em razão da presença de flavonóides e saponinas. Os sais de
potássio são muito solúveis em água, por isso, muitos chás têm propriedades
diuréticas. A cana-de-macaco (Costus sp.), por exemplo, é muito rica em
potássio, o que a torna um excelente diurético. Os sais de cálcio são
normalmente pouco solúveis, sendo, portanto, pouco extraídos nos chás. Os sais
de silício só são extraídos por prolongadas fervuras. Normalmente, uma dieta
balanceada fornece estes minerais nas quantidades necessárias, sendo
dispensável o fornecimento por fitoterápicos.
GLICOSÍDEOS
OU HETEROSÍDEIOS
São
substâncias formadas pela combinação de um açúcar redutor, denominado glicona,
e um grupo não açucarado denominado aglicona ou genina. Esta é a responsável
pela ação terapêutica. Têm gosto amargo. Há vários tipos de glicosídeos como os
cardioativos, os alcoólicos, os cianogenéticos, os antraquinônicos, os
flavonóides, os saponínicos, os cumarínicos, etc.
QUINONAS
São
produtos da oxidação dos fenóis. São encontradas em bactérias, fungos,
líquenes, gimnospermos e angiospermas e até mesmo em alguns animais, como em
alguns artrópodes e em ouriços-do-mar. São conhecidos mais de 1.500 tipos. As
mais importantes são as naftoquinonas e as antraquinonas.
Têm
ação purgativa, pois estimulam os movimentos peristálticos dos intestinos após
8-12 horas de sua ingestão. Sua ação purgativa se deve, também, ao fato de
diminuir a absorção de água pelas vilosidades intestinais, levando ao
amolecimento das fezes. Não se deve utilizar plantas que as contenham, por via
oral, pois têm ação nefrotóxica, levando à retenção de líquidos.
O
uso continuado de laxantes à base de quinonas pode acarretar processos
inflamatórios e degenerativos e redução severa do peristaltismo e mesmo atonia
do intestino, bem como a perda de eletrólitos. A mais comum das antraquinonas é
a aloína, presente na babosa (Aloe Vera). O lapachol, do ipê roxo (Tabebuia
avelanedae), é um exemplo de naftoquinona. Além da ação laxante, as quinonas
têm ação antibacteriana, antifúngica e antitumoral.
CUMARINAS
Trata-se
de um heterosídio que apresenta diversas formas básicas: como a
hidroxicumarina, a furanocumarina, a piranocumarina e os dicumaróis. Podem
ocorrer em folhas, frutos, sementes e raízes. As cumarinas podem apresentar
odor que caracteriza uma planta, como ocorre com o chachambá (Justicia
pectoralis). Um dos metabólitos das cumarinas, obtido por fermentação é o
dicumarol, um poderoso anticoagulante, por bloquear a ação da vitamina K, sendo
usado na alopatia como base para medicamentos contra a trombose, em pequena
dosagem, e como veneno para ratos, em grandes doses. Daí porque as plantas
ricas em cumarinas devem ser secadas com cuidado.
As
cumarinas têm ainda ação antimicrobiana e desde tempos remotos são usadas no
tratamento de doenças de pele como psoríase, vitiligo, leucoderma, micoses,
dermatites e eczemas. Algumas cumarinas, principalmente as furanocumarinas
(presentes em folhas de figueira, por exemplo), podem sensibilizar a pele sob
ação dos raios ultravioleta, provocando fitofotodermatite (bolhas,
hiperpigmentação, eritema e vesícula). Outras, em função desta propriedade, são
utilizadas no tratamento do vitiligo, por estimularem a pigmentação da pele.
Estão mais presentes nas angiospermas.
SAPONINAS
Também
são heterosídios. Sua característica marcante é a de formar espuma quando
colocadas em água. São utilizadas para a síntese de cortisona
(antiinflamatório) e de hormônios sexuais. A dioscina, extraída de uma espécie
de inhame (cará), por hidrólise, libera a diosgenina que é a matéria prima
utilizada na síntese de hormônios esteroidais. O organismo pode empregá-las
como precursores de outras substâncias úteis.
Alta
concentração de saponinas na corrente sangüínea pode ser perigosa, pois pode
provocar hemólise, devido à desorganização das membranas das hemácias.
Felizmente, sua absorção pelo trato gastrintestinal é reduzida, diminuindo o
risco de intoxicação, quando utilizadas por via oral.
No
intestino, atuam facilitando a absorção de algumas substâncias, alguns
medicamentos ou alimentos, por aumentarem a permeabilidade das membranas. É o
caso do aumento da absorção de cálcio e silício.
São
laxativas suaves, diuréticas, digestivas, antiinflamatórias e expectorantes.
Têm ação irritativa para as mucosas do aparelho digestório, provocando vômito,
cólicas e diarréias. O fato de as saponinas auxiliarem na absorção de certos
medicamentos faz com que as plantas que as contêm possam ser utilizadas em
combinações com outras, nos chás. Um exemplo da presença de saponinas é no
juazeiro (Zizyphus joazeiro Mart) e na beterraba ( ), cujo suco é expectorante. A fervura
prolongada pode diminuir ou destruir a eficácia das saponinas e de outros
heterosídios.
FLAVONÓIDES
São
heterosídios com 15 carbonos. O termo flavonóide deriva do latim flavus, que
significa amarelo, em virtude da cor que conferem às flores. Podem ser
coloridos ou incolores. Os flavonóides concentram-se mais na parte aérea das
plantas, ocorrendo em menor proporção nas raízes e nos rizomas.
São
metabólitos secundários muito difundidos no reino vegetal. Sua função biológica
na plantas está relacionada com a atração de insetos polinizadores e proteção
contra os nocivos, reação contra infecções virais e fúngicas, colaboração com
hormônios no processo de crescimento, inibição de ações enzimáticas e
participação dos sistemas redox das células. Medicinalmente, fortalecem os
capilares, como a rutina, presente na arruda (Ruta graveolens L.) e a
hesperidina presente na casca da laranja. São antiescleróticos e antiedematosos
(rutina e oxietilrutina), dilatadores das coronárias (proantocianidinas),
espasmolíticos e anti-hepatotóxicos (silimarina), coleréticos, diuréticos,
antimicrobianos e antiinflamatórios (artemetina).
A
grande vantagem dos flavonóides ou bioflavonóides (produzidos por plantas) é a
sua baixíssima toxicidade. São essenciais para a completa absorção de vitamina
C, ocorrendo normalmente onde quer que haja esta vitamina. Uma alimentação
balanceada fornece a quantidade necessária de flavonóides.
GLICOSÍDEOS
CARDIOATIVOS
Exclusivos
das angiospermas onde estão presentes em alguns gêneros e famílias. São
substâncias cuja absorção pelo organismo se dá de forma cumulativa, podendo
causar intoxicações crônicas. O seu uso no tratamento de doenças cardíacas é
restrito à droga extraída e purificada sob recomendação médica, uma vez que não
se pode ter um controle adequado da quantidade dessas substâncias ingeridas sob
a forma de chás ou outras.
A
digitoxina, presente na dedaleira (Digitalis lanata e Digitalis purpurea) é o
glicosídio mais importante desse grupo. Uma dose de cerca de 10 mg pode ser
letal para uma pessoa com peso de 70 kg. Porém, em pequena quantidade aumenta a
capacidade de contração do coração. Embora este efeito tenha sido descrito por
Whitering apenas em 1775, o uso da digitalis purpurea como cardiotônica remota
ao século XII e continua sendo a principal fonte dos glicosídeos cardioativos.
Estimulam
a contratilidade cardíaca e a diurese. Regulam a condução elétrica e têm efeito
bradicardizante.
GLICOSÍDEOS
CIANOGENÉTICOS
Por
hidrólise, liberam ácido cianídrico ou prússico. O ácido cianídrico liberado no
estômago pela ação do suco gástrico bloqueia a citocromooxidase, produzindo a
morte por anóxia. Exemplo deste
glicosídeo é a linimarina presente na parte mais externa da mandioca (Manihot
esculenta Grantz). Daí a necessidade de se retirar as cascas da raiz, antes de
usá-la. As raízes da mandioca são moídas na presença de calor, antes de serem
ingeridas, pela facilidade com que o ácido cianídrico é inativado, quando
submetido ao calor.
As
raízes também podem ser escaldadas e a água resultante da primeira fervura deve
ser jogada fora. A maioria dos mamíferos tem sistemas enzimáticos que inativam
o ácido cianídrico, o que faz com que seja necessário uma grande ingestão para
haver a intoxicação.
MUCILAGENS
Quimicamente
as mucilagens são complexos polímeros de polissacarídeos ácidos ou neutros, com
elevado peso molecular. Todas as plantas as produzem e são metabolizadas para o
crescimento e a reprodução ou armazenadas como reservas nutritivas.
Estes
carboidratos têm, ainda, as seguintes funções na planta: retenção de água no
parênquima de plantas suculentas; lubrificação para o crescimento dos ápices
radiculares; adesão para dispersar alguns tipos de sementes e captura de
insetos por plantas carnívoros, regulação do processo germinativo de sementes
e, possivelmente, proteção contra herbívoros.
As
mucilagens podem ser encontradas em sementes, caules, folhas e raízes. A
secreção de mucilagem pode ocorrer em diversas estruturas das células. As
mucilagens têm a propriedade de, em solução aquosa, produzir massa plástica ou
viscosa, responsável pelo efeito laxativo, pois a água é retida no intestino,
evitando o endurecimento do seu conteúdo. Age também como lubrificante e, ao
mesmo tempo, aumenta o volume no interior do intestino, estimulando seus
movimentos peristálticos.
Todas
as mucilagens atuam sobre as mucosas. As mucilagens formam um filme viscoso que
cobre as paredes dos órgãos do canal alimentar, contribuindo para reduzir a
irritação por ácidos e sais sobre áreas inflamadas ou doentes, propriedade essa
com importante função nos casos de diarréias, especialmente aquelas causadas
por certas bactérias ou substâncias irritantes.
Também
são muito eficientes nos casos de tosses ocasionadas pela irritação das mucosas
do aparelho respiratório, contribuindo ainda para aumentar a secreção de muco.
Exemplo desta atividade se encontra na hortelã da folha grossa (Plectrantus
amboinicus Lour.). Plantas ricas em mucilagens são muito utilizadas em
compressas quentes, em razão da sua capacidade de reter calor e da grande
quantidade de água, o que permite a penetração gradativa do calor nos tecidos.
São também vulnerárias e hemostáticas, daí a utilização em ferimentos na pele e
nas úlceras gástricas.
Em
pequenas doses, as mucilagens reduzem os movimentos peristálticos e têm ação
antidiarréica, em doses maiores ocorre o inverso. Quando submetidas à fervura
prolongada, as mucilagens são degradadas em açúcares, reduzindo ou eliminando
sua atividade terapêutica. Têm ação antitussígena e laxante, diminuem a acidez
do estômago e produzem sensação de plenitude.
ÓLEOS
ESSENCIAIS
São
substâncias orgânicas voláteis, muito conhecidas pelo cheiro que caracteriza
certas plantas, como o mentol, nas hortelãs, o cheiro de eucalipto dado pelo
eucaliptol, etc. o aroma das plantas que contêm óleos essenciais é fruto da
combinação de suas diversas frações.
As
resinas diferem dos óleos por conter substâncias tanto voláteis quanto
não-voláteis, de alto peso molecular. As resinas resultam da oxidação e
polimerização dos óleos essenciais e são escassamente hidrossolúveis.
Podem
estar em um só órgão vegetal ou em toda a planta, onde atuam atraindo insetos
polinizadores ou afastando insetos nocivos, regulando a transpiração e
intervindo com hormônios na polinização. São produzidas por diversas estruturas
celulares.
O
grande número e a diversidade de substâncias incluídas neste grupo de
princípios ativos é que determinam a ampla variedade de ações farmacológicas.
As propriedades dos óleos são variadas: antivirótico, antiespasmódico,
analgésico, bactericida, cicatrizante, expectorante, relaxante, vermífugo, etc.
O mentol da hortelã (Mentha piperita) tem ação expectorante e anti-séptica; o
timol e o carvacrol encontrados na hortelã da folha grossa (Plectrantus
amboinicus Lour) e no alecrim-pimenta (Lippia sidoides) são anti-sépticos; o
eugenol do cravo-da-índia (Eugenia coryophyllata Thamb) é um anestésico local e analgésico; e o
ascaridol, presente na erva-de-santa maria (Chenopodium ambrosioides), é
vermífugo.
Em
alguns casos, os óleos essenciais podem até aumentar a produção de glóbulos
brancos. Certos óleos essenciais atuam aumentando as secreções do aparelho
digestivo, o que justifica a utilização como digestivos. Outros são
expectorantes, por estimular a secreção dos brônquios, como o eucaliptol.
Substâncias como eucaliptol e mentol, eliminadas pelas vias pulmonares e
urinárias, são tidas como anti-sépticos dos respectivos aparelhos. Em geral,
altas doses de óleos essenciais podem provocar nefrites e hematúrias.
São
facilmente transportados pelo organismo, podendo atravessar a placenta, além de
chegar ao leite materno. Recomenda-se que as plantas que os contém recebam
especial atenção na colheita, secagem e, principalmente, na armazenagem, que
deve ser feita em recipientes bem fechados, para evitar maiores perdas. Alguns
óleos essenciais podem ser empregados no controle de doenças e pragas de plantas
medicinais, dada a ação bactericida, bacteriostática, fungicida e inseticida de
algumas substâncias.
SUBSTÂNCIAS
AMARGAS
Constituem
um grupo de compostos sem semelhança química entre si, tendo em comum apenas o
sabor amargo e a atividade terapêutica. Pertencem a diversos grupos químicos.
De modo geral, os compostos amargos estimulam o funcionamento das glândulas,
produzindo vários efeitos, como o aumento da secreção de sucos digestivos,
aguçando o apetite (aperiente). A atividade do fígado pode ser especialmente
estimulada, aumentando a produção e o fluxo da bílis (Plectrantus barbatus).
O
efeito destes compostos é bem variável, pois, em alguns casos, se ingeridos
antes das refeições, em pequenas quantidades, são fortes aperientes, mas se a
dose aumenta ocorre redução do apetite, enquanto uma dose um pouco maior
restabelece o apetite perdido. Alguns compostos apresentam ainda atividades
diuréticas, antibióticas, antifúngicas e antitumorais. No algodoeiro (Gossypium
hirsutum), há um princípio amargo com atividade contraceptiva masculina, pois
reduz a quantidade de esperma. Alguns exemplos característicos destes compostos
são: a absintina na losna (Artemísia absinthium), a cnicina no cardo-santo
(Cnicus benedictus), a cinarina na alcachofra (Cynara scolymus).
TANINOS
São
substâncias químicas complexas, polifenólicas ligadas a outros compostos
aromáticos, que se distribuem em todas as partes da planta para protegê-la
contra herbívoros, inibir a germinação de sementes e a ação de bactérias
fixadoras de nitrogênio, etc. Sua presença nas plantas é facilmente percebida
pela adstringência ao mastigar uma parte que o contém, como, por exemplo, uma
goiaba verde. Estão mais concentrados nas raízes e cascas e em menor quantidade
nas folhas e nos frutos.
Têm
a propriedade de precipitar proteínas, sendo responsável pelo curtimento de
couros e peles. Em grandes doses, podem irritar as mucosas. Em doses pequenas,
podem torná-las impermeáveis, pois precipitam pequenas quantidades de
proteínas, o que pode prevenir a penetração de agentes nocivos em mucosas
danificadas, facilitando, por exemplo, a cicatrização em queimaduras, o que
também explica a propriedade antidiarréica. Assim, os taninos contribuem para
formar uma camada protetora sobre a pele e as mucosas. Provocam a contração de
vasos capilares, estancando as hemorragias. Os taninos podem reagir com o ar e
se tornarem inativos, podendo também ser destruídos por fervura prolongada da
água.
Têm
ação anti-séptica, anti-hemorrágico, cicatrizante e antidiarréico. Para a ação anti-séptica
dos taninos há três hipóteses; os taninos inibem as enzimas de bactérias e/ou
reagem com os substratos destas enzimas; os taninos agem sobre as membranas dos
microorganismos, modificando o seu metabolismo; eles reagem com os íons
metálicos diminuindo a sua disponibilidade para o metabolismo destes microorganismos.
MANUSEIO DAS PLANTAS MEDICINAIS: NOCÕES
BÁSICAS DE CULTIVO, COLETA, SECAGEM E ARMAZENAMENTO
O
CULTIVO
O
correto cultivo das plantas medicinais tem importância fundamental para melhorar
a produção e a qualidade da matéria-prima vegetal garantindo a sua qualidade
fitoquímica e farmacológica.
No
nordeste brasileiro, encontramos uma grande diversidade de ecossistemas ricos
em plantas medicinais, mas eles estão bastante devastados, sendo que muitas
espécies, como o Ipê roxo (Tabebuia avellanedae), estão ameaçadas de extinção.
Por outro lado, a coleta extrativista, além de levar as espécies medicinais à
sua extinção, não garante a homogeneidade fitoquímica do material colhido,
comparando-se com as plantas cultivadas dentro de condições agrícolas
adequadas.
Antes
de cultivarmos qualquer espécie medicinal, devemos ter certeza da sua
identificação, para não cometermos engano e cultivarmos a planta errada. Para
isto, devemos procurar pessoas que tenham conhecimento sobre o assunto.
O
cultivo de plantas medicinais necessita de vários cuidados para se garantir a
qualidade da matéria prima. O local de cultivo deve ser próximo a uma fonte de
água como: córrego, poço, torneira. Deve estar protegido de ventos fortes,
receber a luz do sol durante todo o dia, dependendo da espécie a ser cultivada,
e se localizar longe de locais contaminados como fossa, criação de animais,
lixo, curso de água contaminada, beiras de estradas, etc.
Escolhido
o local, é necessário que se faça a limpeza do terreno, retirando todo o mato,
pedras, tocos e vidros. Os canteiros devem ser adubados com compostos
orgânicos, tais como plantas, folhas, papéis, estercos e outros, bem
decompostos, que pode ser preparado em área adjacente. O esterco (de boi,
galinha, porco), deve está bem curtido. O estrume ainda fresco acaba se
decompondo no solo e com isso rouba nitrogênio, que deveria alimentar somente
as plantas. O estrume fresco aumenta a temperatura do solo, podendo sufocar as
raízes das mudas. Além disto, substâncias contidas na urina dos animais
enfraquecem as plantas, deixando-as amareladas.
O
terreno do canteiro deve ser revolvido (revirado), usando uma enxada, ou um
instrumento equivalente, numa profundidade de 30 centímetros. O tamanho
aconselhável do canteiro é de 1 metro de largura, 20 a 30 centímetros de altura
e comprimento em torno de 5 metros. Estas medidas podem ser alteradas em função
do tamanho do terreno, do tipo e da quantidade de plantas a cultivar.
A
largura de 1 metro facilita o trabalho, pois de qualquer um dos dois lados
alcança-se, com as mãos, as mudas localizadas mais ao centro. O comprimento de 5 metros torna mais fácil o
trabalho em toda a volta do canteiro. A altura (de 20 a 30 centímetros) evita o
alagamento e as medidas redondas facilitam o cálculo da quantidade de adubo e
sementes a colocar por metro quadrado. O espaçamento entre os canteiros deve
ser de 30 a 40 centímetros, para facilitar a locomoção entre eles. A superfície
do canteiro deve ser nivelada.
Quando
possível, deve-se fazer a análise do solo e sua correção, quando necessário.
É
importante dispor o canteiro, em seu comprimento, no sentido norte-sul. Assim,
o canteiro receberá igual quantidade de insolação em toda a sua área. As bordas
do canteiro devem ficar em declive para que a água escorra facilmente. Assim, o
canteiro nunca fica encharcado, o que prejudicaria a produção. O excesso de
umidade leva ao apodrecimento das raízes e ao aparecimento de fungos, que
adoram ambientes úmidos e quentes.
Os
sulcos são pequenas valas, que deverão ser feitas no sentido comprido do
canteiro.
Os
espaçamentos entre os sulcos e a sua profundidade deverão estar de acordo com o
indicado para cada planta medicinal.
Além
dos canteiros, que são mais usados para se cultivar plantas pequenas, podem-se
usar as covas, quando se tratar de plantas de maior porte. Estas devem ser
preparadas com antecedência mínima de 18 dias antes do plantio e seu
espaçamento será de acordo com a planta medicinal a ser plantada. Elas devem ter
30 x 30 cm de boca e 30 cm de profundidade, em média.
Deve-se
abrir a cova tendo-se o cuidado de separar a terra de cima, que é mais ou menos
a metade da profundidade da cova, da terra de baixo. A terra de cima, que é
fértil, pode ser misturada ao adubo orgânico e recolocada na cova, deixando-a
num nível inferior ao do solo, enquanto a terra de baixo deve ser colocada ao
redor, de forma circular para se evitar a inundação.
A
terra do canteiro, das covas ou das sementeiras não pode ser muito argilosa. O
solo excessivamente argiloso, muito grudado, retém umidade demais em razão da
dificuldade da água em ultrapassar os poros da terra. O excesso de umidade não
só favorece o aparecimento de doenças, como também pode asfixiar as raízes das
mudas.
O
solo argiloso demais pode rachar durante uma seca e romper as raízes. Para
torná-lo menos argiloso, deve-se acrescentar areia até o ponto certo, até ficar
areno-argiloso. Com isso, haverá melhor aproveitamento da água de irrigação,
que se infiltra com maior facilidade. Prestar atenção também para que a terra
fique bem fininha, sem torrões.
O
solo arenoso demais (muito solto, esfarelando) também é prejudicial. A água
escoa com muita facilidade, sem que as raízes das mudas tenham tempo de
absorvê-las. Isso deixa a planta com sede, alterando a assimilação de
nutrientes, pois a água é o agente que os dissolve, tornando-os assimiláveis
pelas raízes.
Nem
todas as plantas podem ser plantadas diretamente nos canteiros. Neste caso,
usamos as sementeiras que são locais onde se formam as mudinhas que depois
serão transplantadas para o lugar definitivo. Pode-se adotar como sementeira:
caixotes de madeira, bacias furadas, saquinhos plásticos, canteiros pequenos,
ou fazê-las em alvenaria. Os caixotes devem ter alguns furos no fundo para
escoar a água.
A
terra da sementeira deve ser solta, limpa, bem adubada e mantida constantemente
úmida porque vai servir de leito para a germinação das sementes.
Fazer
a semeadura, no mínimo, uma semana após o preparo do leito da sementeira. A
semeadura pode ser a lanço ou em linha.
A
lanço, espalha-se a semente sobre a sementeira, com cuidado para que a
distribuição seja uniforme. Em linha, os sulcos devem ter 01 cm de profundidade
(aproximadamente 01 dedo), distantes 10 cm (aproximadamente meio palmo) um do
outro. Feita a semeadura, as sementes devem ser cobertas, peneirando uma camada
fina de terra (do próprio leito) sobre as sementes. Deve-se cobrir a sementeira
com capim ou palha. Molhar com regador, pela manhã e à tardinha.
Logo
que as sementes germinarem, retira-se a palha ou o capim e constrói-se um jirau
com 02 palmos de altura que deve ser coberto com capim, palha ou folha para
evitar que a ação direta do sol queime as mudinhas. Aos poucos, retirar a
cobertura do jirau, quando as folhas começarem a nascer, para acostumá-las ao
sol. Após alguns dias, a cobertura poderá ser retirada.
Quando
as mudas tiverem no mínimo 05 folhas ou 20 centímetros de altura, elas deverão
ser transplantadas para o local definitivo, os canteiros ou as covas. No lugar
definitivo, as plantas devem se regadas com uma quantidade de água adequada.
Pouca água dificulta o crescimento das plantas e a dissolução dos nutrientes do
solo. Muita água acarreta o carregamento destes nutrientes, o apodrecimento das
raízes e a proliferação de organismos nocivos às plantas.
A
rega deve ser feita preferentemente pela manhã e à tardinha. Para poupar água,
principalmente onde esta é escassa, pode-se utilizar a irrigação por
gotejamento, usando-se garrafas plásticas com um pequeno furo na tampa,
colocando-se a garrafa em posição invertida.
A
limpeza do terreno deve ser constante e se for feita com enxada, ou instrumento
similar, deve-se ter cuidado para não estragar as raízes. É importante se
retirar das plantas folhas e galhos secos ou doentes, com um objeto com gume
afiado, como facas ou tesouras.
O
mato retirado na limpeza no terreno, após bem seco, deve ser colocado em torno
do tronco da planta para conservar a umidade da terra, fornecer nutrientes à
planta e para proporcionar o desenvolvimento da micro-fauna, que decompõe o
material orgânico e faz buracos na terra, melhorando a sua aeração.
Para
a produção adequada de princípios ativos, dever haver uma variedade de plantas
num mesmo canteiro, forçando a competição biológica.
O
controle de pragas pode ser feito pelo correto manejo do cultivo, pelo plantio
dentro do canteiro e em torno dele de plantas que afugentam os insetos,
normalmente plantas com odores fortes, como o Capim Santo (Cibopogum citratus),
o Alecrim Pimenta (Lipia sidoides), a Arruda (Ruta graveolens), e pela
utilização de defensivos feitos com plantas como o fumo.
A
COLETA
Na
coleta, precisamos prestar atenção a diversos fatores que interferem na maior
ou menor quantidade de princípios ativos, como o estágio de desenvolvimento da
planta, o órgão da planta, a época do ano e a hora do dia.
Quanto
às partes da planta, as recomendações gerais para sua coleta são as seguintes:
cascas e entrecascas devem ser colhidas quando a planta já tiver botado flores.
As flores, quando do início da floração. Frutos e sementes devem ser colhidos
maduros. Quanto às raízes, elas devem ser colhidas quando a planta estiver
adulta e os talos e as folhas, antes da planta botar as flores. Contudo, o
ideal seria que cada planta tivesse estudos conclusivos sobre a melhor época de
coleta.
Para
que se obter matéria-prima de boa qualidade, alguns cuidados devem ser
observados.
Quanto
à sanidade da planta e sua qualidade fitoquímica: não colher plantas velhas ou
doentes, comidas por insetos ou com ovos destes. Não coletar plantas em lugares
contaminados. Colher a planta bem madura e bem viva. Em se tratando da coleta
de partes específicas, saber a idade e a época adequadas para a sua coleta.
Quanto
ao momento adequado: não colher as plantas em dias de chuva, úmidas de orvalho
ou sob o sol forte. Coletar preferentemente de manhã, cedo ou à tardinha.
Quanto
à preservação das espécies: não retirar todas as folhas de um galho. No caso de
cascas, recomenda-se retirar pequenos pedaços apenas de um dos lados da planta
de cada vez. Se retirar grandes pedaços, circundando o tronco, poderá provocar
a morte da planta. Quando a coleta de plantas ocorrer em local público ou de
forma extrativista, deixar sempre algumas plantas de cada espécie, para que
possam crescer e multiplicar.
Quanto
à acomodação das plantas coletadas: para a coleta, usar cestos ou caixas de
papelão, tomando o cuidado para não amontoar as plantas ou amassá-las e levar
as plantas coletadas o mais rápido possível para a secagem, sem deixar que
“esquentem ou escureçam”.
A
SECAGEM
Em
sua maioria, as plantas medicinais são comercializadas na forma dessecada,
tornando o processo de secagem fundamental para a qualidade da matéria prima
vegetal.
A
secagem é importante para impedir que o material se estrague, pois a redução do
teor de água dificulta a ação das enzimas que inativam os princípios ativos e a
proliferação dos microorganismos.
A
secagem, em virtude da evaporação da água contida nas células e nos tecidos das
plantas, reduz o peso do material. Por essa razão, ela promove aumento
percentual de princípios ativos em relação ao peso do material. Quando uma
planta é seca, suas folhas perdem de 20 a 75% de seu peso. As cascas perdem de
45 a 65%. As raízes perdem de 25 a 80% e as flores, em geral, perdem entre 15 a
80 %.
A
secagem pode ser conduzida em condições ambientais (secagem natural) ou com o
uso de estufa ou secadores, etc. (secagem artificial).
PRINCIPAIS PLANTAS MEDICINAIS UTILIZADAS
NA FITOTERAPIA
AROEIRA
DO BREJO
Nome
científico: Schinus terebinthifolius Raddi
Família:
Anacardiaceae
Nomes
populares: Aroeira, aroeira do brejo, aroeira negra, aroeira pimenteira,
aroeira vermelha.
Composição
química: As cascas do caule são ricas em taninos que conferem ação adstringente
"adstringente", desinfetante e antiinflamatória
"antiinflamatória" a essa planta. Tem, ainda, resina (terembetina),
hidrocarbonetos terpênicos, ácido gálico e óleos essenciais (canfeno, limoleno,
felandreno, etc.).
Ensaios
realizados com preparações à base de géis estáveis de Carbopol, utilizando
extratos aquosos a 1,5% e Carbopol 941, apresentaram halos de inibição da ordem
de 10 mm e 20 mm em 3 cepas padrões de Staphylococcus aureus: S. aureus ATCC
6538 P, S. aureus ATCC 6538 e S. aureus ATCC 91443.
Foi
também comprovada a sua ação terapêutica em cervicitesXE "cervicites"
e cervico-vaginites "cervico vaginites" crônicas, utilizando tampões
intravaginais impregnados com extrato hidroalcoólico de aroeira mantendo em
contato com a cérvix, durante 24 horas. Tem atividade contra Monília e
Pseudomonas.
Indicações:
Antiinflamatório, cicatrizante, antimicrobiano.
Parte(s)
usada(s): Cascas.
Modo
de usar: Decocto a 2%. Tomar de 50 a 200 ml por dia. Tintura: tomar 30 gotas, 3
vezes ao dia. Xarope: tomar 3 colheres de sopa, 3 vezes ao dia. A ingestão dos
frutos é capaz de provocar intoxicações com vômitos e diarréias. A ingestão de
apenas dois frutos dessa planta provoca inflamação das mucosas e irritação
estomacal.
Efeitos
adversos e/ou tóxicos: A resina produzida por esta planta, em contato com a
pele, causa dermatite estomacais e úlceras gástricas. Inconveniente para
recém-nascidos e mães em amamentação e, ainda, pessoas com dermatites.
Advertência:
O uso da droga deve ser restrito a preparações obtidas recentemente, sem
aquecimento e conservadas de preferência em pH ácido.
Contra-indicações:
Mulheres grávidas e pessoas com história de hipersensibilidade à planta.
BARBATENON
Nome
científico: Pithecellobium avaremotemo Mart
Família:
Leguminaceae/Mimosoideae "Caesalpiniacea"
Nomes
populares: Barbatenon, barbatimão, ibatimó, casca da mocidade, árvore que
aperta.
Composição
química:
Taninos:
Cerca de 50%, na casca seca. Há cerca de 22 compostos de taninos isolados até
agora.
Outros:
Tem, ainda, resinas, mucilagens e substâncias corantes.
Os
taninos são responsáveis pela atividade antimicrobiana, antiinflamatória e
cicatrizante. Em ensaios para avaliar sua atividade antimicrobiana, o extrato
apresentou halo de inibição da seguinte ordem: Staphylococus aureus (18 mm),
Pseudomonas aeruginosa (13 mm). O extrato se mostrou ativo frente a
Biomphalaria glabrata (esquitossomose). Outro estudo utilizando pomada feita
com o extrato do barbatimão mostrou eficácia igual ao Nebacetim.
Planta
exclusiva da América do Sul. Há 26 espécies, das quais 25 existem no Brasil.
Algumas das outras espécies de barbatenon são usadas com igual finalidade
terapêutica.
Indicações:
Antibacteriano, antiinflamatório, cicatrizante, anti-hemorrágico.
Parte(s)
usada(s): Cascas do caule. .
Modo
de usar: Para uso externo, pode-se fazer decocto das cascas. Para uso interno,
utiliza-se a tintura a 20%, 30 gotas, três vezes ao dia ou o decocto a 2%, meia
xícara, três vezes ao dia.
Efeitos
adversos e/ou tóxicos: Suas vagens são tóxicas por seu alto conteúdo de
saponinas. Preparações das cascas usadas por via oral, em grande quantidade,
provocam a inativação das enzimas digestivas, dificultando a digestão. Os
taninos, em grande quantidade, provocam erosão das mucosas digestivas. Em
ratas, o uso das sementes provocou efeito embriotóxico e diminuição no
metabolismo energético do fígado.
Contra-indicações:
Gravidez e lactação
CAJUEIRO
ROXO
Nome
científico: Anacardium occidentale L.
Família:
Anacardiaceae
Nomes
populares: Caju, acajú, acajuíba e caju manso.
Composição
química: Taninos e polifenóis, ácidos fenólicos (anacardiol e ácido
anacárdico), flavonóides (quercitina, apigenina e campeferol), óleos
essenciais, como limoneno, vitamina C, etc. Possui atividade inibitória sobre
Staphylococcus aureus, Micrococcus luteus, Proteus vulgaris, Salmonella typhi,
Helicobacter pyloris, Pseudomas aeruginosa ,Bacillus cereus e Candida albicans,
entre outos.
Ensaio
farmacológico com o líquido da castanha mostrou que ele tem ação contra
Streptococus mutans (cárie dentária) e Proprionibacterium acnes (acne)
Indicações:
Antibacteriano, antiinflamatório, cicatrizante, hipoglicemiante,
anti-hemorrágico.
Parte(s)
usada(s): Casca do caule, folhas e fruto.
Modo
de usar: Para uso interno, utiliza-se o decocto a 2%. Consumir de 50 a 200 ml
por dia. Para uso externo, decocto a 5%.
Efeitos
adversos e/ou tóxicos: O uso do chá das cascas em grande quantidade pode
provocar dores de estômago. O óleo da castanha (rico em cardol) provoca
ardência e vesículas na pele. As flores e partículas protéicas do fruto podem
provocar quadros alérgicos, tipo asma.
Contra-indicações:
Mulheres grávidas e pessoas com história de hipersensibilidade à planta.
ERVA-CIDREIRA
Nome
científico: Lippia alba (Mill) N.E.Br.
Família:
Verbenaceae
Nomes
populares: Erva cidreira, falsa melissa, carmelitana, erva cidreira do campo,
erva cidreira brava, salva do Brasil, salva-limão.
Composição
química:
Óleo
essencial (0,5 a 1,5): Beta cariofileno (24%), geranial (12%), neral (9%),
mirceno, limoleno, carvacrol e outros.
Outros:
alcalóides, iridóides e flavonóides.
O
extrato demonstrou muita eficácia diante de bactérias que causam infecções
respiratórias (Staphylococcus aureus, S. pneumoniae e S. pyogenes) inibindo o
crescimento destas no teste de agar-difusão. Também tem atividade inibitória
sobre Candida albicans.
Indicações:
Antibacteriano, digestivo, calmante, antiespasmótico e carminativo.
Parte(s)
usada(s): Folhas
Modo
de usar: Para uso interno, usar o infuso a 5%, com ingestão de 3 xícaras ao
dia, após as refeições. Para uso externo, solução oleosa a 10%, para massagens
ou infuso a 5 %, para lavagem da área infectada.
Efeitos
adversos e/ou tóxicos: Nas doses recomendadas, não há registro destes efeitos
referidos na literatura consultada.
Contra-indicações:
Nas doses recomendadas, não há registro de contra-indicações referidas na
literatura consultada. Por precaução, não usar demasiadamente nos primeiros
meses da gestação.
HORTELÃ
DA FOLHA GRANDE
Nome
científico: Plectrantus amboinicus (Lour) Spreng.
Família:
Lamiaceae
Nomes
populares: Hortelã da folha grossa, hortelã da folha graúda, malva do reino,
malva de cheiro, malvarisco e malvariço.
Composição
química:
Óleo
essencial: Timol, carvacrol, cânfora.
Flavonóides:
(quercitina e luteolina).
Outros:
Mucilagens, ácidos aromáticos.
O
timol e carvacrol que estão presentes no óleo essencial da planta têm atividade
antibacterianaXE "antibacteriana", principalmente contra os
microorganismos que provocam patologias do trato respiratório. O carvacrol tem uma reconhecida atividade
germicida, anti-séptica e antifúngica.
Indicações:
Antibacteriano, antiinflamatório, expectorante.
Parte(s)
usada(s): Folhas.
Modo
de usar: Para uso externo, utiliza-se o infuso das folhas a 5%. Internamente,
usa-se uma colher de sopa do xarope, três vezes ao dia.
Efeitos
adversos e/ou tóxicos: Nas doses recomendadas, não há registro destes efeitos
referidos na literatura consultada.
Contra-indicações:
Nas doses recomendadas, não há registro de contra-indicações referidas na
literatura consultada. Por precaução, não usar demasiadamente nos primeiros
meses da gestação.
IPÊ
ROXO
Nome
científico: Tabebuia avellanedae Lor. Ex Griseb
Família:
Bignoniaceae
Nomes
populares: Ipê roxo, ipê, pau d’arco, ipê preto, piúva e lapacho.
Composição
química:
Naftoquinonas:
Lapacho, alfa e beta lapachona, dehidrolapachona e outras.
Antraquinonas:
2- metil-antraquinona, 2- hidroximetil-antraquinona e outras.
Outros:
Óleos essenciais, taninos, saponinas.
O
lapachol apresenta atividade in vitro contra Staphylococus aurus, Streptococus
sp e Brucella sp. As lapachonas apresentam atividades contra o Bacillus
subtilis e Salmonela typhimurium.
As
naftoquinonas do Ipê roxo têm atividade bactericida e bacteriostática, por sua
capacidade de intoxicação respiratória mitocondrial e de interferência com o
transporte de elétrons, mecanismo este que também é responsável pela sua
atividade antitumoral. Apresentam atividade contra penetração de larvas de
Schistosoma mansonii e atividade molusquicida e cercaricida frente a
Biomphalaria glabrata e Artemia salina.
Estudos
mostraram que o lapachol e a alfa e beta lapachonas têm atividade contra
candidíase, superior ao cetoconazol. Também possui atividade antiviral frente a
diversos vírus da influenza.
O
lapachol demostrou ser ativo contra o vírus da pólio, estomatite e herpes
simples (tipo I e II), através da interferência sobre os mecanismos
enzimáticos, necessários para a sua replicação. A beta lapachona, in vitro,
demonstrou atividade inibidora da enzima transcriptase reversa em retrovirus
relacionados a miloblastosis aviaria, leucemia murina e AIDS.
Em
estudo clínico com o uso de gotas do lapachol em pacientes na faixa etária de
21 a 45 anos, portadores de sinusites nas fases aguda e crônica, que já tinham
feito uso de drogas antibacterianas, antiflogísticasXE
"antilogísticas" e descongestionanteXE "descongestionante"s
por, via oral e, em alguns casos, corticóides diretamente nos seios da face foi
feita a administração do lapachol
através das narinas, na dosagem
de 3 gotas em cada narina, 3 vezes ao dia, durante o período de 10 a 15 dias.
Os pacientes apresentaram respostas clínicas satisfatórias com erradicação das
sinusites em 92% dos casos.
Indicações:
Antimicrobiano, antiinflamatório, cicatrizante, imunoestimulante.
Parte(s)
usada(s): A casca do caule e o cerne.
Modo
de usar: Tomar 30 gotas de tintura, 3 vezes ao dia, diluído em água, Para uso
local (gargarejo e bochechos), diluir com um pouco de água, antes de usar.
Efeitos
adversos e/ou tóxicos: O lapachol, em contato com a pele, pode provocar dermatose
alérgica. Animais submetidos a doses altas de lapachol apresentaram anorexia,
perda de peso, diarréia e sonolência. Em humanos, altas doses provocam náuseas,
anemia e aumento do tempo de protombina.
Em
ratas prenhes, na dose de 100 mg/Kg, houve uma potente ação abortiva bem como
um efeito teratogênico.
Contra-indicações:
Gestantes, pacientes em uso de anticoagulante e em casos de hipersensibilidade.
JUAZEIRO
Nome
científico: Zizyphus joazeiro Mart
Família:
Rhamnaceae
Nome(s)
popular(es): Juá, joá, joazeiro, laranja de vaqueiro, enjoá.
Composição
química:
Saponinas:
Jujubogenina e arabinofuranosil.
Outros:
Alcalóides (anfibina-D), estarato de glicerila, ácido betulínico, lupeol e
resinas.
Em
experiências in vitro com cepas de Streptococcus mutans formadoras de placa
dental, foi verificado que o extrato aquoso da entrecasca de Z. joazeiro, nas
concentrações entre 0,1 a 1%, desestabiliza a placa dental, como também exerce
atividade antimicrobianaXE "antimicrobiana" sobre bactérias
formadoras da placa. Comparação da suspensão aquosa obtida da entrecasca do Z.
joazeiro a 1% com um creme dental convencional evidenciou uma maior eficiência
na diminuição da placa dental com o preparado da planta. Os frutos são ricos em
vitamina C.
Indicações:
Prevenção da cárie, tratamento da caspa, feridas de pele e como expectorante.
Parte(s)
usada(s): Entrecasca do caule (raspa) e folhas.
Modo
de usar: Para prevenção da cárie, seca-se a entrecasca, pulveriza-se,
mergulha-se a escova molhada no pó e escovam-se os dentes.
No
tratamento da caspa e das feridas de pele, lava-se a parte afetada com a espuma
das cascas. Para o tratamento das tosses, usa-se o xarope ou o decocto.
Efeitos
adversos e/ou tóxicos: O interno prolongado poderá trazer riscos à saúde do
usuário, devido à ação hemolítica das saponinas. Em doses elevadas, produz
vômitos, cólicas, e forte irritação do tubo gastrintestinal. Não deve ser usado
por longos períodos, por causa da sua forte ação abrasiva, podendo retirar o
esmalte dos dentes.
Contra-indicações:
Nas doses adequadas e com tempo de uso não prolongado, não há registro de
contra-indicações referidas na literatura consultada.
JUCÁ
Nome
científico: Caesalpinia ferrea Mart
Família:
Caesalpineacea "Caesalpiniacea"
Nome(s)
popular(es): Jucá, jucaína, ibira-obi, muirá-obi, muiré-ita,
pau-ferro-verdadeiro.
Composição
química:
Taninos:
Ácido gálico, ácido elágico e metil galato.
Outros:
Betta-sistosterol, alcalóides, flavonóide e óleos essenciais.
Estudos
experimentais com a solução etanólica a 50% das sementes, mostraram ação
anti-sépticaXE "antisséptica" específica para Staphylococcus aureus,
Staphylococcus epidermidis e Escherichia coli.
Extrato
hidroalcoólico desta planta apresentou atividade inibitória da embriogênese
larvária do gênero Ancyslotoma. O uso de casca de jucá em úlcera gástrica
crônica induzida por ácido acético levou à diminuição do número de lesões e
diminuição da secreção de ácido clorídrico. Há estudos que comprovam a
atividade antiinflamatória das cascas e do fruto.
No
meio popular, há muitas indicações terapêuticas para esta planta. Contudo,
ainda há poucos estudos farmacológicos a seu respeito.
Indicações:
Antimicrobiano, antiinflamatório, cicatrizante e hipoglicemiante.
Parte(s)
usada(s): Casca e vagens com sementes.
Modo
de usar: Para uso externo, pode-se fazer decocto das cascas e das vagens a 5% .
Para uso interno, utilisa-se a tintura a 20%, 30 gotas, três vezes ao dia.
Efeitos
adversos e/ou tóxicos: O uso de doses altas pode provocar sintomas digestivos,
como dor de estômago, diarréia, cólicas intestinais devido à alta concentração
de taninos.
Contra-indicações:
Gestantes e lactantes.
MORINGA
Nome
científico: Moringa oleífera Lam
Família:
Moringaceae "Caesalpiniacea"
Nomes
populares: Moringa, lírio, cedro e quiabo de quina.
Composição
química: As sementes desta planta têm 30% de óleo fixo, rico em ácido oleíco,
que são polissacarídeos complexos, com forte poder aglutinante. Além disto,
possui os constituintes químicos pterigospermina e
ramnosil-oxibenzil-isotiocianato que têm ação antimicrobiana sobre Bacillus
subtilis, Mycobacterium phei, Serratia maarcenses, Escherichia coli,
Pseudomonas aeruginosas, Shigela e Streptococus. Por isto, as sementes
esmagadas são usadas no tratamento da água por sua capacidade de fazer a aglutinação
e a sedimentação de partículas em suspensão e por sua ação antimicrobiana.
Suas
folhas são ricas em proteínas e vitaminas A e C. Em algumas regiões, as folhas
desta planta são usadas na merenda escolar. Também pode ser usada na
alimentação dos animais.
Indicações:
Antibacteriano, antiinflamatório, cicatrizante.
Parte(s)
usada(s): Sementes, folhas e raízes.
Modo
de usar: Para purificar a água, as sementes são machucadas e colocadas no
recipiente junto com a água. Para o
tratamento de feridas infectadas, usa-se a pomada.
Efeitos
adversos e/ou tóxicos: Nas doses recomendadas, não há registro destes efeitos
referidos na literatura consultada.
Contra-indicações:
Nas doses recomendadas, não há registro de contra-indicações referidas na
literatura consultada.
ROMÂZEIRA
Nome
científico: Punica granatum L.
Família:
Punicaceae
Nomes
populares: Romã, granada, romeira, romãzeira.
Composição
química:
Taninos
(em torno de 20 nas casca do caule, do fruto e das raízes): Punicalina,
pulicalagina, punicofolina e outros.
Alcalóides:
Peletierina, metilpeletierina, pseudopeletieria e outros.
Estudos
com extrato aquoso e etanólico das cascas do fruto e do caule mostraram
atividade contra diversos microorganismos Staphylococcus aureus, Streptococus
viridans, Streptococus pyogens, Bacillus antraci, Bacillus cereus ,
Bacillus subtilis, Erwinia carotovora, Mycobacterium smegmatis,
Mycobacterium phlei, Mycobacterium tuberculosis,, Candida tropicalis, Candida
albicans), Cryptococcus neoformans e
Nocardia asteroides. Com relação a sua atividade antiviral, ensaios in vitro
mostraram que os taninos do pericarpo têm atividade inibitória da replicação do
vírus HSV-2, causador do herpes genital.
Indicações:
Antibacteriano, antiinflamatório, cicatrizante, vermífugo.
Parte(s)
usada(s): Cascas do fruto (principalmente), do caule e da raiz e folhas.
Modo
de usar: Internamente, usa-se a tintura, 30 gotas, três vezes ao dia, ou o
decocto a 2%, três vezes ao dia. Para se fazer o gargarejo e o bochecho para as
infecções orofaringeanas, usa-se o decocto a 5%
Efeitos
adversos e/ou tóxicos: As folhas e frutos apresentaram teste hemolítico
positivo. Também pode causar cólicas, vômitos e diarréias.
O
alcalóide peletierina, presente na casca dos ramos e na raiz, atua de modo
semelhante à conicina e à nicotina sobre o SNC, paralisando os nervos motores e
provocando morte por asfixia (ação curarizante). Os alcalóides, especialmente a
peletierina, podem provocar náuseas, vômitos, diarréia, cefaléias, midríase
(podendo levar à cegueira parcial) vertigens, paralisia dos nervos motores,
debilidade muscular, perturbações visuais e, em casos extremos, morte por
asfixia.
Contra-indicações:
Devido à presença de alcalóides, está contra-indicado o uso em gestante, pois
pode provocar contrações uterinas, levando ao aborto. Também, está contra-indicado o uso em
lactantes, crianças e pacientes com antecedentes de cardiopatias, insuficiência
renal.
SAIÃO
Nome
científico: Kalanchoe brasiliensis Camb "Kalanchoe brasiliensis
Camb".
Família:
Crassuláceas
Nomes
populares: Coirama, coirama-brava, saião e coirama-branca.
Composição
química:
Compostos
fenólicos: ácido cumárico, caféico, ferúlico e outros.
Flavonóides:
Quercitina, campeferol, rutina e outros.
Outros:
mucilagens, briofilinas A, B e C.
Estudos
com extratos de K. brasiliensis mostraram inibição do crescimento de
Staphylococcus epidermidis, Micrococcus luteus, Candida albicans, e S. Aureus,
produzindo halos de inibição acima de 10 mm de diâmetro. Houve, também, uma boa
atividade bactericidaXE "bactericida" e fungicida. XE
"fungicida" Com Escherichia coli, diâmetro do halo de 8,0 mm.
Bacillus subtilis, halo de 12,3 mm. Staphylococcus aureus, halo de 8,6 mm. P.
aeruginosa,, halo de 13,0 mm e C. albicans,
9,6 mm de halo. O extrato aquoso, numa concentração inibitória mínima de 11,35
mg/ml, mostrou atividade contra Candida albicans.
Indicações:
Antimicrobiano, antiinflamatório, antiulcerogênico, imunomodulador.
Parte(s)
usada(s): Folhas.
Modo
de usar: Para uso interno, tomar uma colher de sopa do xarope, três vezes ao
dia.
Efeitos
adversos e/ou tóxicos: Nas doses recomendadas, não há registro destes efeitos
referidos na literatura consultada.
Contra-indicações:
Nas doses recomendadas, não há registro de contra-indicações referidas na
literatura consultada.
PLANTAS MEDICINAIS USADAS NO TRATAMENTO
DAS DOENÇAS DA PELE
Na
dermatologia, quando prescrevemos um fitoterápico, temos que levar em
consideração não só os aspectos relativos às plantas, mas também os que dizem
respeito à pele do paciente.
É
bom lembrar que muitos sintomas da pele constituem sintomas de doenças
internas, cujas causas devem ser diagnosticadas e tratadas e neste caso a Fitoterapia
poderá figurar como tratamento auxiliar desde que não se mostre incompatível
com o tratamento convencional adotado.
Apesar
do crescente interesse e das pesquisas científicas com plantas medicinais que
têm comprovado que muitas das nossas plantas podem ser usadas no tratamento de
várias patologias, a maioria das plantas usadas para tratar doenças de pele tem
seu uso justificado em função dos conhecimentos populares, aguardando
comprovação científica.
ALECRIM
PIMENTA
Nome
científico: Lippia sidoides Cham
Família:
Verbenaceae
Nomes
populares: Alecrim de tabuleiro, alecrim de vaqueiro.
Composição
química: O óleo essencial obtido de suas folhas é constituído principalmente de
timol (50-60%) e carvacrol. Há outros constituintes em menores quantidades.
Dentre
seus constituintes químicos fixos, há algumas substâncias como flavonóides e
quinonas (naftoquinonas), que têm ação bactericida, bacteriostática, fungicida
e moluscida. Tem intensa atividade contra Staphylococus aureus (infecção de
pele)
Indicações:
Esta planta, na forma de infusos e alcoolaturas, é recomendada para uso externo
contra feridas infectadas, sarna, impigem na cabeça ou no corpo, aftas, mau
cheiro das axilas e dos pés. Tem ação antiespasmódica (timol).
Parte(s)
usada(s): Folhas.
Modo
de usar: Infuso, alcoolatura, sabão líquido.
Efeitos
adversos e/ou tóxicos: Nas doses recomendadas, não há registro destes efeitos
referidos na literatura consultada.
Contra-indicações:
Nas doses recomendadas, não há registro de contra-indicações referidas na
literatura consultada.
BABOSA
Nome
científico: Aloe vera L,
Família:
Liliaceae
Nomes
populares: Babosa, aloés.
Composição
química:
Aloína
(barbaloína) - Composto antraquinônico de ação estomáquica e laxativa quando
tomada em pequenas doses e purgativas, em doses mais elevadas. Apresenta
atividade antiinflamatória por bloquear enzimas envolvidas nos processos inflamatórios.
Aloeferon
– Polissacarídio complexo, estimulador dos fibroblastos. Contribui na
cicatrização tecidual através da inibição dos produtos derivados do metabolismo
do ácido araquidônico, tais como tromboxano B, limitando por sua vez, a
produção de prostaglandina F2a, prevenindo a progressiva isquemia dérmica,
especialmente nas queimaduras.
Mucilagem
– Contida no líquido que escorre quando cortamos a polpa da planta. Por
apresentar potente atividade hidratante, é indicada nas dermatoses onde ocorre
perda da umidade e da untuosidade normais da pele e mucosas, que se mostram
secas e escamosas, em graus variáveis. Ex: hiperceratose plantar e palmar,
xerodermias, quelites, etc.
Quanto
à atividade antiviral, tem demonstrado ser ativa frente aos tipos I e II do
herpes simples, varicela zoster.
Substância
antibradicinina – Quando a pele é agredida, a lesão celular libera enzimas
proteolíticas que, a partir de globulinas, formam as bradicininas, as quais
estimulam as terminações nervosas, provocando a dor. A babosa possui uma
substância capaz de bloquear a bradicinina.
Lactato
de magnésio – Esta substância tem demonstrado, em experimentos, ação
anti-histamínica. Daí surtir efeito em dermatoses de fundo alérgico.
Aminoácidos
– Funcionam como antioxidantes e imunomoduladores, impedindo a injúria tecidual
pelos radicais livres, principalmente nos processos de envelhecimento da pele.
Devemos ter cuidado com o seu uso nos portadores de melanoma maligno (tumor de
pele) e nos de fenilcetonúria. Nos primeiros, já foi provado que a fenilalanina
(aminoácido essencial) é capaz de fomentar estes tumores e nos últimos, devido
à dificuldade congênita para metabolizar este aminoácido, o paciente apresenta,
entre outros sintomas, dermatite eczematosa e diminuição da pigmentação dos
cabelos e olhos.
Estudos
mostraram sua ação benéfica em lesões por irradiações, bem como ação preventiva
em lesões dérmicas por congelamento, neste caso, evitando a necrose tecidual, a
estase sanguínea e a trombose. Isto ocorre devido a sua atuação no metabolismo
do ácido araquidônico, evitando a formação de prostaglandinas e tromboxanos.
Nestas situações demonstrou ação superior a metilpredinosolona.
Além
de estimular a produção defibroblastos, a Aloe vera estimula a
micro-circulação, facilitando a cicatrização das feridas.
Indicações:
Antimicrobiano, antiinflamatório, analgésico, laxante, digestivo,
antipruriginoso, repelente de insetos, cicatrizante.
Parte
usada: Parte interna da folha.
Modo
de usar: Retira-se a casca da folha e látex que escorre deve ser espalhada na
área afetada.
Efeitos
adversos e/ou tóxicos: O uso interno prolongado pode provocar problemas
digestivos: dores abdominais, diarréias sanguinolentas, hemorragias gástricas,
aumento da incidência do câncer de colon; problemas reanais: albuminúria,
hematúria, nefrite; hipocalemia: transtorno do ritmo cardíaco, câimbras
musculares. Esse distúrbio eletrolítico pode inclusive aumentar o efeito da
digital em pacientes com Insuficiência Cardíaca Congestiva (I.C.C.).
Hiperaldosteronismo: debilidade, pulso lento e hipotermia.
Contra-indicações:
Gestantes (a estimulação do intestino grosso produz efeito reflexo similar no
músculo uterino, provocando abortamento), período menstrual (pode provocar
hemorragias), crianças e pacientes com problemas hepáticos, renais e
intestinais, tais como: apendicite, colite ulcerosa, diverticulite, Doença de
Crohn.
Observação:
Embora o extrato da folha do Aloe vera seja considerado oficial por várias
Farmacopéias (mais ou menos 25 países), a FDA (Food and Drug Administration),
órgão do governo norte-americano, só autoriza o uso interno do Aloe, sempre e
quando o produto está isento de antraquinonas, não existindo restrições quanto
ao seu uso externo, de grande eficácia nas doenças dermatológicas. Portanto, o
uso interno deve ser feito com cuidado e por curto período.
CAJAZEIRA
Nome
científico: Spondias mombin L.
Família:
Anacardiaceae.
Nomes
populares: Cajá, acajá, cajazeira miúda, acajaíba.
Composição
química:
Folhas
e ramos jovens contêm geraniina e galoil-geraniína, substâncias da classe dos
taninos hidrolisáveis, ésteres de ácido caféico, todos dotados de pronunciada
atividade contra os vírus Herpes simplex I (Herpes labial) e Coxsaquii B
(Aftas). É indicado nas repetidas crises de aftas dolorosas, herpes labial e genital,
inflamações dolorosas da garganta e da boca (angina herpética).
Indicações:
É indicado nas repetidas crises de aftas dolorosas, herpes labial e genital,
inflamações dolorosas da garganta e da boca (angina herpética).
Parte(s)
usada(s): Folhas e cascas.
Modo
de usar: Infuso das folhas e decocto das cascas.
Efeitos
adversos e/ou tóxicos: Não referidos na literatura consultada.
Contra-indicações:
Não é recomendável o seu uso em pessoas com história de reações alérgicas às
Anacardiaceae (manga, caju, umbu, cajarana, etc.).
CAPIM
SANTO
Nome
científico: Cymbopogon citratus (DC) Stapf.
Família:
Gramineae
Nomes
populares: Capim santo, capim limão, capim cheiroso.
Composição
química:
Óleo
essencial: Citral, mirceno, geranial, neral, cânfora, cimbopogona, cimbopogonol
e outros.
Outros:
Flavonóides (luteolina, orientina), ácidos (acético, cafeico, paracumárioco,
clorogênico).
Mirceno
(12 % do óleo essencial) – Tem atividade antimicrobiana, antifúgica e
analgésica.
Ac.
Acético - Rubefaciente, antipruriginoso e anti-séptico, quando na concentração
de 1 a 10%.
Citral
(65 a 72 do óleo essencial) - principal componente ativo responsável pela ação
calmante, antiespasmódica, larvicida e repelente de insetos.
Esta
planta, por apresentar constituintes químicos de ação larvicida e inseticida
pode ser usada no controle da Larva migrans (verme de cachorro) e no combate de
zoodermatoses. No primeiro caso, é interessante cultivar a planta em áreas de
concentração de ovos de ancilóstomos (ex. jardins, quintais, etc.).
Tratando-se
de zoodermatoses, aconselha-se borrifar o infuso ou o macerado da planta em
áreas e horários onde há predominância maior ação de insetos.
O
óleo essencial desta planta apresenta atividade antibacteriana contra
Staphilococus aureus, E. coli, Salmonella typh, e outros microoorganismos. Nas
experiências realizadas em laboratório, foi também encontrada atividade
antifúngica, sobre mais ou menos 22 espécies de microrganismos.
Indicações:
Antimicrobiano, repelente de insetos, digestivo, carminativo, sedativo.
Parte(s)
usada(s): Folhas.
Modo
de usar: Tradicionalmente usado sob a forma de infusão.
Efeitos
adversos e/ou tóxico: Não referidos na literatura consultada.
Contra-indicações:
Não referidas na literatura consultada.
HORTELÃ
DA FOLHA GROSSA
Nome
científico: Plectrantus amboinicus (Lour) spreng.
Família:
Labiatae
Nomes
populares: Hortelã da folha grossa, hortelã da folha graúda, malva do reino,
malva de cheiro, malvarisco e malvariço.
Composição
química
Carvacrol
e timol - Têm potente ação germicida, anti-séptica, antifúngica e
antipruriginosa. Ambos são compostos do grupo dos fenóis, os mais poderosos
agentes antibacterianos.
Cânfora
- É um antipruriginoso refrescante e repelente, além de ser rubefaciente quando
friccionado.
Mucilagem
- Edemulcente, quando aplicado em mucosa, e emoliente, quando aplicado na pele.
Flavonóides
- Alguns são antibacterianos. Entre eles, temos a quercetina que aumenta a
resistência capilar, reforçando sua vitalidade. Quando o suprimento destes
compostos é insuficiente, há fragilidade capilar, com queda de cabelo e
favorecimento de outras infecções. Além disso, é antioxidante, inibidor da
histamina e da oxidação da adrenalina e estimulante da produção de plaquetas.
Indicações:
Antimicrobiano, antiinflamatório, expectorante. Usado no tratamento das tosses,
rouquidão e inflamações da boca, das gengivas e amídalas.
Parte(s)
usada(s): Folhas
Modo
de usar: Nas doenças de pele, pode ser usado o sumo da planta diretamente na
área afetada, ou lavá-la com o infuso. Este pode ser usado internamento, bem
como o xarope.
Efeitos
adversos e/ou tóxicos: Nas doses recomendadas, não há registro destes efeitos
referidos na literatura consultada.
Contra-indicações:
Nas doses recomendadas, não há registro de contra-indicações referidas na literatura
consultada. Por precaução, não usar demasiadamente nos primeiros meses da
gestação.
MELÃO
DE SÃO CAETANO
Nome
científico: Momordica charantia L
Família:
Cucurbitaceae
Nomes
populares: Melão de São Caetano, erva de são Caetano, erva de serpente, fruta
de sabiá, erva de São Vicente.
Composição
química: Principio amargo, denominado momordoprcrina; triterpenos:
momordicininas I, II e III; alcalóides, ácidos orgânicos, azuleno,
fitoesteróides e outros.
Azuleno
- Possui ação antialérgica e antiinflamatória, possivelmente devido a um efeito
estabilizador sobre a membrana dos mastócitos, de forma direta ou indireta,
diminuindo a liberação de histamina e promovendo a liberação de cortisona.
Ensaios
pré-clínicos e alguns clínicos confirmaram ação analgésica, antiinflamatória,
escabicida, hipoglicemiante, com efeitos colaterais inferiores aos da insulina,
favorecendo os processos cicatriciais da pele, nos portadores de diabetes tipo
II.
Indicações:
Inflamações de pele, sarna, piolhos, impigens e diabetes. Antimicrobiano.
Parte(s)
usada(s): Folhas (principalmente), flores, fruto e sementes.
Modo
de usar: Sabão, infuso e alcoolatura.
Efeitos
adversos e/ou tóxicos: A ingestão de grande quantidade do fruto pode provocar
vômitos, diarréia e hipotensão, devido à presença de charantina e curcubitna.
Contra-indicações
- Não administrar preparações com os frutos durante a gravidez e a lactação.
RABO
DE RAPOSA
Nome
científico: Conyza bonariensis (L.) Cronquist.
Família:
Compostae
Nomes
populares: Rabo de raposa, carniceira.
Composição
química:
Ácidos
Fenólicos - De um modo geral têm ação antiinflamatória e anti-séptica. Por ter
vitamina P (bioflavonóides), aumenta a resistência capilar e reduz a
permeabilidade dos vasos.
Entre
os ácidos fenólicos encontrados nesta planta, temos:
Ac.
Clorogênico - Componente dos polímeros aromáticos, que apresenta efeito
antifúngico.
Ac.
Cafeico - Apresenta significativa atividade anti-séptica sobre a flora patógena
que ataca a pele, principalmente sobre o Stophylococus aureus.
Ác.
neoclorogênico - Com comprovada atividade antifúngica e bacteriostática in vitro.
Outros
constituintes: Flavonóides (quercetrina, quercitina, apigenina), taninos,
lactonas sesquiterpênicas, óleo essencial rico em limoneno.
Idicações:
Aftas e micoses.
Parte(s)
usada(s): Folhas.
Modo
de usar: Alcoolatura ou sumo das folhas.
Efeios
adversos e/ou tóxicos: Nas doses recomendadas, não há registro destes efeitos
referidos na literatura consultada.
Contra-indicações:
Nas doses recomendadas, não há registro de contra-indicações referidas na
literatura consultada.
SAIÃO
Nome
científico: Kalanchoe brasiliensis Camb
Família:
Crassulaceae
Nomes
populares: Coirama, corona, coirama branca, corona branca.
Composição
química:
Flavonóides
- Pigmento dos vegetais, principalmente das flores, denominado de
bioflavonóides, quando apresentam atividade farmacodinâmica. Entre suas várias
funções temos: imunomoduladora, antioxidante, antimicrobiana.
Os
flavonóides são indicados em quase todas as condições inflamatórias e alérgicas
da pele, por sua atividade imunossupressora, diminuindo a liberação de
mediadores envolvidos nestes processos e estabilizando as membranas celulares.
Aminoácidos
– Entre outros, a arginina, que é um coadjuvante na cura de algumas dermatoses.
Apresentam ação imunoestimulante, anticancerígena e estimulam a liberação do
hormônio do crescimento, inibindo a perda da massa muscular, facilitando,
assim, a cicatrização tecidual.
Ácidos
orgânicos – Entre outros, temos o ácido caféico, que apresenta ação
anti-séptica, ação antiagregante plaquetária e analgésica, e o ácido cumárico,
que melhora a micro-circulação, promovendo uma adequada oxigenação tissular.
Briofilina
– Substância de ação antibiótica contra vários germes: Staphilococus aureus,
Pseudomonas aeruginosas, Echerichia coli e gram positivos, de um modo geral.
Indicações:
Antiinflamatório, cicatrizante, antimicrobiano.
Parte(s)
usada(s): Folhas.
Modo
de usar: Nas doenças de pele, pode-se usar o sumo da planta ou a pomada,
diretamente na área afetada ou sob a forma de alcoolatura e xarope, no uso
interno.
Efeitos
adversos e/ou tóxicos: Nas doses recomendadas, não há registro destes efeitos
referidos na literatura consultada.
Contra-indicações:
Nas doses recomendadas, não há registro de contra-indicações referidas na
literatura consultada.
VASSOURA
DE BOTÃO
Nome
científico: Borreria verticillata (L.) GFW Mayer
Família:
Rubiaceae
Nomes
populares: Vassoura de botão, vassourinha de botão, cordão de frade, falsa
poaia.
Composição
química:
Alcalóides
– Emetina, borrerina e borreverine, extraídos principalmente das raízes desta
planta. A emetina, ou seu derivado, a dehidroemetina, com ou sem corticóides
sistêmicos, pode reduzir a dor do herpes zoster agudo. Deve, no entanto, ser
usada com cautela devido a seus efeitos tóxicos.
Iridóides
(valeotriatos) – Responsável pelo sabor amargo e pela ação antibiótica sobre
bactérias gram positivas e gram negativas. Estão mais concentrados na casca dos
talos e das raízes.
Compostos
Sesquiterpênicos - Guianeno, Cariofileno e Cadineno, encontrados principalmente
nas partes aéreas.
Pigmentos
Flavônicos - Entre outros, a hesperidina que apresenta efeito venotônico,
vasculoprotetor, diminuindo a estase venosa. Apresenta, ainda, atividade
miorelaxante e efeito depressor sobre o SNC.
Taninos
– Estes, por apresentarem atividade adstringente, precipitam a proteína da
pele, formando uma película que priva as bactérias contaminantes do seu
substrato nutritivo.
Seus
óleos essenciais têm propriedade antibiótica sobre bactérias gram positivas e
gram negativas, sendo constatado, em ensaio clínico, a sua eficácia tópica na
cicatrização de lesões impetiginosas.
Indicações:
Antiinflamatório, antibacteriano, cicatrizante.
Parte(s)
usada(s): Toda a planta, especialmente as cascas dos talos e das raízes.
Modo
de usar: Usada sob a forma de alcoolatura e infusos.
Efeitos
adversos e/ou tóxicos: Em altas doses, pode provocar vômitos.
Contra-indicações:
não referida na literatura consultada.
PLANTAS COM ATIVIDADE NO APARELHO
DIGESTÓRIO
ABACAXI
Nome
científico: Ananas sativus
Família:
Bromeleacea.
Nome
popular: Abacaxi
Constituintes
químicos: Sua enzima bromaleína é uma mistura das bromelinas A e B. Tem
atividade digestiva, comparável à ação da pepsina e da papaína favorecendo a
degradação dos peptídios. Também atua como antiagregante plaquetário (inibe
parcialmente a enzima tromboxano-sintetase), fibrinolítico (ativa o
plaminogênio tissular) e antiinflamatório (inibe a formação de bradicinina).
Tem
vitamina A, B e C, fibras, compostos fenólicos, etc.
Indicação:
Digestivo, carminativo, laxante, antiinflamatório.
Parte
utilizada: Fruto.
Modo
de usar: Ingerir a polpa do fruto junto às refeições. Com as cascas em
maceração, pode-se fazer o suco.
Efeitos
adversos e/ou tóxicos: O fruto verde provoca efeitos purgantes, sensação de
queimação e ardência na boca.
Contra-indicações:
Pacientes em uso de anticoagulantes.
AROEIRA
DO SERTÃO
Nome
científico: Myracrodruom urundeuva Fr. All.
Família:
Anacardeaceae
Nome
popular: Aroeira do sertão
Constituintes
químicos: A casca é rica em taninos e em outros compostos fenólicos mais
simples. Contém duas chalconas diméricas, chamadas urundeuvinas A e B, com
forte ação antiinflamatória. O óleo essencial obtido das folhas tem mais de 16
constituintes, sendo os mais importantes o alfa pineno, o gama terpineno e o
betacariofileno. Têm ação anti-histamínica e antibradicinina.
Indicações:
Atividade antiúlcera, anti-inflamatória, cicatrizante, adstringente,
antimicrobiana. Na medicina popular do Nordeste do Brasil, a casca do tronco
desta árvore é um dos remédios mais antigos, sendo utilizada para várias
patologias.
Estudos
realizados com o extrato hidroalcoólico, em ensaios pré-clínicos, evidenciaram
efeito antiinflamatório, cicatrizante e antiúlcera. Uma avaliação clínica da
planta para o tratamento de úlcera foi realizada através da utilização do
elixir da aroeira administrado diariamente, por via oral, pela manhã e à noite,
durante 30 dias a 12 indivíduos portadores de úlcera gástrica. Seis deles, ao
final do tratamento, apresentaram completa cicatrização do processo ulceroso.
Parte
usada: Casca do caule.
Modo
de usar: Tintura, xarope, decocto, sabonete.
Efeitos
adversos e/ou tóxicos: Em alta concentração, pode provocar irritação do
aparelho gastrintestinal. Também pode
provocar alergia de pele e alergia respiratória.
Contra-indicações:
Pacientes sensíveis a esta planta.
BABOSA
Nome
científico: Aloe vera L.
Família:
Liliaceae.
Nomes
populares: Babosa, erva babosa, caraguatá.
Constituintes
químicos: Planta rica em antraquinonas (15 a 30), dentre elas a baboleína
(20%). Este composto, sob a ação de bactérias saprófitas anaeróbicas
intestinais, é transformado em aloe-emodina-atrona que age na mucosa intestinal
diminuindo a absorção de eletrólitos e de água, aumentando o peristaltismo e a
secreção mucosa. Daí, sua ação laxante e
purgante. Em pequenas doses, tem ação aperitiva, colagoga e estomacal. Age,
também, cicatrizando a úlcera gástrica.
Tem,
ainda, resinas (16 a 30%) saponinas, mucilagem, lignina, mais de 20 minerais
(cálcio, magnésio, potássio, fósforo, etc), vitaminas (A, B1, B2, B6, B9, B12,
colina, etc.).
Indicações:
Inflamações, constipação, infecções, etc.
Parte
utilizada: Sumo mucilaginoso das folhas.
Modo
de usar: Sumo alcoolatura, supositórios e pomadas.
Efeitos
adversos e/ou tóxicos: Pode causar nefrite em crianças, quando em uso oral.
Causa retenção de líquidos e congestão dos órgãos abdominais.
Contra-indicações:
Gravidez, pacientes com problemas(quercetina, avicularina e guajaverina) e
óleos essenciais. Eficaz contra diversos microorganismos devido aos taninos e
aos flavonóides acima citados. As cascas
são ricas em taninos (12 a 30%).
A
quercitina é a principal responsável pela atividade antidiarréica por diminuir
a produção de acetilcolina, que é um estimulante da contração dos músculos
lisos intestinais e de outros músculos lisos de contração involuntária. A
quercitina está mais presente nas cascas e nas folhas.
Indicação:
Antidiarréica, antimicrobiana, hipogliceminate.
Parte
utilizada: Gomos foliolares (olhos).
Modo
de usar: Infuso dos gomos foliolares verdes ou das cascas.
Efeitos
adversos e/ou tóxicos: O cozimento das partes aéreas desta planta pode
apresentar concentrações elevadas de quercetina (44%). Quando a dosagem atinge
800mg/Kg, resulta ação mutagênica.
Contra-indicações:
Grávidas e lactantes.
HORTELÃ
HOMEM
Nome
científico: Plectranthus barbatus Andr.
Família:
Labiatae.
Nomes
populares: Malva santa, sete dores, boldo nacional, sete dores.
Constituintes
químicos: Tem óleo essencial rico em guaieno e fenchona, princípios amargos e
outros constituintes fixos de natureza terpênica, como a barbatusina. Estimula
o esvaziamento gástrico e diminui a produção de HCL. Ação anti-ulcerogênica
comprovada em ratos.
Indicações:
Úlcera gástrica, dispepsia, dores de estômago, azia. Estimula o apetite e a
digestão.
Parte
utilizada: Folhas.
Modo
de usar: Infuso, alcoolatura, xarope ou a folha in natura.
Efeitos
adversos e/ou tóxicos: Na literatura consultada, não há citação destes efeitos.
Contra-indicações:
Na literatura consultada, não citação de contra-indicações.
JURUBEBA
Nome
científico: Solanum paniculatum L.
Nome
Popular: Jurubeba
Família:
Solanaceae
Constituintes
químicos: Possui alcalóides (solanina, solanidina, solanosodina) nas raízes, nas
cascas e nas folhas. Saponinas (jurubina, paniculogenina), principalmente nas
raízes. Solanidina e solanosodina demonstraram atividade hepatoprotetora em
animais de laboratório. Tem comprovada ação antiúlcera em estudos pré-clinicos,
por diminuir a secreção gástrica.
Indicações:
Útil no tratamento da úlcera gástrica, das afecções hepáticas e das vias
biliares, das dispepsias, da anemia e da astenia.
Partes
usadas: Raízes, casca do caule, folhas e frutos.
Modo
de usar: Tintura, alcoolatura, xarope, suco, decocto e infuso.
Efeitos
adversos e/ou tóxicos: O uso interno dos frutos verdes, ou altas doses de
preparações desta planta, devido à presença de solanina, pode provocar náuseas,
vômitos, diarréia, dores de estômago e de cabeça. Evitar o uso prolongado.
Contra-indicações:
Grávidas, devido ao efeito tônico sobre o útero.
MACELA
Nome
científico: Egletes viscosa Cass.
Nomes
populares: Marcela ou macela-da-terra
Família:
Compositaes.
Constituintes
químicos: Princípios ativos: ácido centipédico e ternatina (ação
antiespasmódica) e acetato de trans-pinocarveila.
Indicações:
Cólicas intestinais, diarréia, dispepsia, azia e enxaqueca.
Parte
utilizada: Flores.
Modo
de usar: Infuso de 1 a 3 % de flores secas. Tomar três vezes ao dia.
Efeitos
adversos e/ou tóxicos: Na literatura consultada, não há referência.
Contra-indicações:
Na literatura consultada, não há referência.
MAMOEIRO
Nome
científico: Carica papaya L.
Família:
Caricaceae.
Nome
popular: Mamoeiro
Constituintes
químicos: Papaína, conhecida como pepsina vegetal, fermento proteolítico,
responsável pela ação digestiva, pode "digerir" as proteínas até 35
vezes o seu próprio peso. Esta substância amacia a carne.
A
quimopapaina e papaiaproteinase têm a mesma função. O alcalóide carpaina tem
ação inibitória sobre diversos microorganismos e sobre a ameba. As resinas e as fibras são responsáveis pela
ação laxante.
De
há muito tempo, este fruto é usado no tratamento de pessoas com dificuldade na
digestão de proteínas. Também é adicionada a cremes contra picadas e coceiras.
A fruta madura pode ser comida crua, mas a verde precisa ser cozida.
Indicações:
Digestivo, laxante, anti-inflamatório e vermífugo.
Parte
utilizada: Fruto, leite do fruto verde, folhas e sementes.
Modo
de usar: Como laxante, deve-se ingerir a polpa do fruto madura, junto às
refeições.
Efeitos
adversos e/ou tóxicos: o uso de grande quantidade de folhas pode trazer
problemas cardíacos devido à presença da carpaina. O consumo excessivo do fruto
deixa as mãos amareladas. As sementes são abortivas e o látex das folhas e do
fruto verde produz irritação de peles e mucosas. Em pessoas sensíveis, a
papaína produz reações respiratórias alérgicas.
Contra-indicações:
Nas doses recomendas não há contra-indicações, principalmente o uso do fruto.
PITANGA
Nome
científico: Eugenia uniflora
Nome
Popular: Pitanga.
Família:
Mirtaceae.
Constituintes
químicos: As folhas contêm óleos essenciais, como o eugenol e o cineol e ácidos
fenólicos. Tem, também, flavonóides (quercitina e a quercitrina) e taninos.
Estudos
pré-clíncos demonstraram ação antimicrobiana, principalmente para gram(+),
antoxidante, diurética e antihipertensiva. Contudo, seu uso mais importante é
no tratamento da disenteria. Ela aumenta a absorção de água e diminui os
movimentos peristálticos. O eugenol do óleo essencial tem propriedades
carminativa, eupéptica e antisséptica.
Indicações:
Disenteria, hipertensão arterial.
Parte
utilizada: Folhas
Modo
de usar: Infuso das folhas.
Efeitos
adversos e/ou tóxicos: Não se conhecem efeitos adversos do uso da Pitanga
Contra-indicações:
Não se aconselha o uso durante a gravidez e a amamentação.
SAIÃO
Nome
científico: Kalanchoe brasiliensis Camp.
Família:
Crassulaceae.
Nomes
populares: Coirama, coirama-brava, coirama branca.
Constituintes
químicos: Briofilina; ácido caféico, ferúlico e cinâmico; esteóides e
flavonóides (quercitina e kaempferol). Tem alto teor de mucilagens.
Estudos
laboratoriais confirmaram a ação antiinflamatória, analgésica e bactericida.
Indicações:
Gastrites, úlceras, inflamações e infecções.
Parte
utilizada: Folhas
Modo
de usar: Sumo da folha fresca, infuso, alcoolatura e xarope
Efeitos
adversos e/ou tóxicos: Diminuição da pressão arterial.
Contra-indicações:
Gestantes, hipotensos e portadores de alterações da função da tireóide.
SENA
Nome
científico: Senna alexandrina.
Família:
Leguminosae-Caesalpinoideae.
Nomes
populares: Sena ou sene.
Constituintes
químicos: Planta rica em antraquinonas, como glicosídeos de diatrona,
senosídeos A e B, que entram na composição de vários medicamentos laxantes, e
aloe-emodina. Possui flavonóides mucilagens e resinas.
Indicações:
Laxante e antimicrobiano.
Partes
utilizadas: Folhas (folíolos) e frutos (vagens).
Modo
de usar: Infuso. Ao usar medicamentos de laboratórios, seguir a orientação da
bula.
Efeitos
adversos e/ou tóxicos: Quando o tratamento é prolongado e a dose elevada, podem
ocorrer: irritabilidade intestinal, constipação paradoxal, nefrites, destruição
dos plexos nervosos intra-colônicos e câncer intestinal.
Contra-indicações:
Grávidas, lactantes e pacientes com úlcera gástricas e doenças intestinais,
como colite ulcerativa e doença de Crohon.
TAMARINDO
Nome
científico: Tamarindus indica L.
Família:
Leguminosae
Nome
popular: Tamarindo
Constituintes
químicos: A polpa do fruto maduro contém ácidos orgânicos (13-15%), como os
ácidos tartárico* (8-18%), acético, málico e cítrico. As folhas e as raízes têm
alta concentração de flavonóides e as sementes têm óleos essenciais, sendo os
principais os ácidos linoleico (55%) e oléico (15%). A polpa tem muito açúcar e
pectina.
Estudos
pré-clínicos evidenciaram atividade laxante, bem como atividade antimicrobiana
para diversos germes, como a Eschericha coli. Daí porque esta planta é
largamente usada para o tratamento da infecção urinária.
Indicação:
Laxante, diurético e antimicrobiano.
Partes
utilizadas: Polpa do fruto, folhas.
Modo
de usar: Da polpa, faz-se o suco. Das folhas, o infuso.
Efeitos
adversos e/ou tóxicos: Nas doses recomendadas, não referência na literatura
consultada.
Contra-indicações:
Nas doses recomendadas, não referência na literatura consultada.
PLANTAS COM ATIVIDADE NAS PARASITOSES
INTESTINAIS
ALHO
Nome
científico: Allium sativum L.
Nomes
populares: Alho-bravo, alho comum, alho manso.
Constituintes
químicos: Seus principais constituintes químicos são a alicina a aliina e o
ajoeno. Os compostos sulfurados são grandes repelentes das parasitoses
intestinais, como Taenia saginatta, Oxiurus, Giárdia lamblia e Etamoeba
histolyca.
Indicações:
Vermífugo, anti-séptico, antiviral.
Parte
usada: Bulbo
Modo
de usar: O alho deve ser consumido cru, sob a forma de tintura a 50% ou sob a
forma de xarope. Não deve ser usado sob a forma de chá, pois a temperatura alta
inativa seus princípios ativos.
Efeitos
adversos e/ou tóxicos: A alicina é razoavelmente tóxicaXE "tóxica" e
irritante gástrica. É a responsável pelo cheiro característico do alho. Em
doses elevadas, pode causar dorXE "dor" de cabeça, ardor no trato
gastrintestinal, náusea, vômitos, diarréia, problemas renais, tonturas.
Contra-indicações:
Além da hipersensibilidade ao alho, está contra-indicado para pessoas com
problemas estomacais e úlceras gástricas. Inconveniente para recém-nascidos e
mães em amamentação e, ainda, pessoas com dermatites.
BABOSA
Nome
científico: Aloe vera.
Nome
popular: Babosa.
Parte
usada: Gel da parte interna da folha.
Constituintes
químicos: Aloína ou barboleína, aloe-emodina, antrano, crisofano, etc.
Indicações:
Tratamento para oxiúros
Modo
de usar: Tira-se a casca da folha e corta-se na espessura de um lápis e no
tamanho de dois dedos. Coloca-se no congelador e aplica-se à noite, quando os
vermes descem para o ânus. Usar durante uma semana.
Efeitos
adversos e/ou tóxicos: Não se deve usar a babosa internamente, pois seus
constituintes químicos antraquinônicos são tóxicos para os rins.
Contra-indicações:
Grávidas, lactantes, crianças e pessoas com problemas renais.
HORTELÃ
DA FOLHA MIÚDA
Nome
científico: Mentha x vilosa
Família:
Labiatae.
Nomes
populares: Hortelã da folha miúda, hortelã rasteira, hortelã de panela.
Constituintes
químicos: Seu principal princípio ativo é o óxido de piperidona, presente em
seu óleo essencial, na proporção de 30 a 90 %. Outros princípios ativos:
betacubeno, limoneno, 1-8 cineol, linalol, etc. Ensaio clínico comprovou
percentual de cura de 95%, em amebíase, de 70%, em giardíase e também elevado
índice de cura em tricomoníase urogenital.
Indicações:
Antiparasitário, anti-séptico, carminativo, sedativo.
Parte
utilizada: Folhas.
Modo
de usar: Para ameba e giárdia: uma colher de sopa do xarope três vezes ao dia,
ou uma colher de chá do sumo, em jejum, durante sete dias.
Para
mau hálito: Fazer gargarejo, com o infuso, três vezes ao dia.
Efeitos
adversos e/ou tóxicos: Não há citação na literatura consultada.
Contra-indicações:
Não há citação na literatura consultada.
HORTELÃ
PIMENTA
Nome
científico: Mentha piperita
Nomes
populares: Hortelã-pimenta, hortelã-de-tempero, menta.
Constituintes
químicos: Rica em óleos essenciais (0,5 a 4%) Nestes, se destacam o mentol (33
a 55%), a mentona (9 a 31%) e o acetato de metila (10 a 20%). Flavonóides
(12%): apigenol, rutina, hesperidina. Taninos (6 a 12%) e substâncias amargas.
Indicações:
Aperito e eupéptico. Os óleos essenciais e os flavonóides têm ação colagoga,
colerética e carminativa. Útil no tratamento da amebíase.
Parte
usada: Folhas.
Modo
de usar: Chá por infusão das folhas e sumidades floridas, alcoolatura e xarope.
Efeitos
adversos e/ou tóxicos: O mentol pode provocar dispnéia, asfixia, insônia e
irritabilidade nervosa.
Contra-indicações:
Crianças, grávidas e lactantes.
IPECACUANHA
Nome
científico: Cephaelis ipecacuanha Rich
Nomes
populares: Ipecacuanha, ipeca, papaconha, ipekaaguene (cipó que faz
vomitar).
Constituintes
químicos: Seu principal princípio ativo é o alcalóide emetina. Outros de seus
alcalóides são: cafeína, ipecinina e emetamina. Também tem saponinas,
flavonóides e resinas.
Indicações:
Atividade amebicida. Provavelmente, é o mais antigo conhecido antibiótico ativo
contra protozoários. É usada no tratamento da disenteria amebiana, do abscesso
hepático causado por amebas, tosse, bronquite e vomitivo, nos casos de ingestão
recente de substâncias tóxicas.
Parte
usada: Raízes
Modo
de usar: Chá por decocção, tintura ou xarope.
Efeitos
adversos e/ou tóxicos: Doses elevadas provocam náuseas, vômitos, toxidez
cardíaca e renal.
Contra-indicações:
Grávidas, lactantes, pessoas com enfermidades cardíacas, neuromusculares e
insuficiência renal.
JERIMUM
Nome
científico: Curcubita maxima
Nome
popular: Jerimum
Parte
usada: Sementes
Constituintes
químicos: O aminoácido curcubitina tem ação contra tênia e inibe o crescimento
de vermes jovens de Schistosoma. Tem resinas, vitaminas A, C, B1 e B2,
proteínas e minerais: como cálcio, ferro, fósforo, etc.
Indicações:
As sementes são usadas no tratamento do Áscaris lumbricóides. Possui atividade
laxante (polpa). O suco das folhas pisadas é usado contra queimaduras.
Modo
de usar: No meio popular, as sementes são torradas e pisadas com rapadura,
formando uma paçoca. Ingerir um pouco desta paçoca durante 15 dias, em jejum.
Efeitos
adversos e/ou tóxicos: Não referidos na literatura consultada.
Contra-indicações:
Não referidas na literatura consultada.
MAMOEIRO
Nome
científico: Carica papaia
Nomes
populares: Papaeira, papaia, pinograçu
Constituintes
químicos: Constituintes químicos: papaina, pitoquinosa, ácido málico, papaiol,
etc.
Parte
usada: Sementes e fruto.
Indicações:
óleo essencial das sementes do fruto maduro, que contém papaiol, tem ação
vermífuga, principalmente sobre oxiúros. Para vermes, usar o leite do fruto
verde e as sementes. Das folhas verdes, faz-se o infuso.
As
sementes pretas e picantes, que se dispõem na parte oca e central do fruto,
podem ser utilizadas com um substituto da pimenta. No entanto, elas podem ter
efeitos adversos no aparelho digestivo.
Modo
de usar: As sementes podem ser ingeridas in natura. O leite do fruto ou do
caule pode ser tomado com leite ou com água, trinta gotas, em jejum. No meio
popular, é comum o uso do leite do fruto, ou do caule, com cachaça. O fruto
verde precisa ser cozinhado. Estando maduro, pode ser comido in natura.
Efeitos
adversos e/ou tóxicos: o uso de grande quantidade de folhas pode trazer
problemas cardíacos devido à presença da carpaína. O consumo excessivo do fruto
deixa as mãos amareladas. As sementes são abortivas e o látex das folhas e do
fruto verde produz irritação de peles e mucosas. Em pessoas sensíveis, a
papaína produz reações respiratórias alérgicas.
Contra-indicações:
Nas doses recomendas não há contra-indicações, principalmente o uso do fruto.
MASTRUÇO
Nome
científico: Chenopodium ambrosioides
Nomes
populares: Mastruço, mastruz, erva de Santa Maria
Constituintes
químicos: As sementes são ricas em um óleo essencial, conhecido como "óleo
de quenopódio", que contém um peróxido volátil, o ascaridol (42 a 90%) que
é o princípio ativo responsável pela ação anti-helmíntica. O óleo de quenopódio
foi muito usado, até a produção sintética de vermífugos mais eficazes e menos
tóxicos. Outros óleos essenciais: mirceno, felandreno, limoleno. Outros
constituintes químicos: saponinas, flavonóides, vitaminas B2 e C, sais de
cálcio, ferro e magnésio.
Indicações:
Além da atividade anti-helmíntica, especialmente contra áscaris e ancilóstomo,
possui inúmeras outras atividades: digestiva, carminativa, cicatrizante, estimulante,
anti-hemorroidal, sedativa expectorante.
Indicações:
Vermífugo, expectorante, cicatrizante de fraturas ósseas.
Parte
usada: Folhas e sementes.
Modo
de usar: Asfolhas e sementes do mastruço normalmente são usadas juntamente com
leite passadas no liquidificador, pela manhã, em jejum, durante 7 dias. Pode-se, também, usar o sumo.
Efeitos
adversos e/ou tóxicos: Irritação de pele e mucosas, vômitos, vertigens,
zumbidos, dores de cabeça, depressão do SNC, lesões renais e hepáticas, surdez
temporária.
Contra-indicações:
O uso do mastruço é expressamente proibido em gestantes, devido à propriedade
abortiva que apresenta. Contra-indicado, ainda, para crianças, idosos,
pacientes com disfunção hepática ou renal, com problemas auditivos e pessoas
debilitadas em geral, bem como em cardíacos e ulcerosos gastrintestinais. O
óleo de quenopódio já há alguns anos só vem sendo utilizado na veterinária,
devido a sua ação toxicológica muito forte.
O
tratamento com o mastruço só deve durar, no máximo, uma semana, devendo ser
suspenso por 3 ou 4 semanas, para, então, ser retornado.
ROMÃZEIRA
Nome
científico: Punica granatum
Nomes
populares: Romã, granada, romeeira
Família:
Punicaeae
Constituintes
químicos: A casca da raiz, do fruto e, em menor proporção, a do tronco e a dos
ramos, contêm diversos alcalóides (peletierina, iso-peletierina e
metilpeletierina) que têm atividade vermífuga. Atividade in vivo e in vitro,
contra cestodos e nematodos. Estes alcalóides provocam paralisia da musculatura
lisa e terminações nervosas motoras dos vermes. Sua atividade anti-helmíntica
foi constatada em humanos. A absorção lenta dos alcalóides dificulta a ação
tóxica. Em altas doses pode provocar vertigem, alterações visuais e vômitos.
Uma hora após a tomada da romãzeira, deve-se tomar um purgante para expulsar os
vermes mortos.
Indicações:
Diarréias, verminose.
Partes
usadas: Casca do fruto, do caule e das raízes.
Modo
de usar: Chá por decocto e por infuso.
Efeitos
adversos e/ou tóxicos:
Contra-indicações:
Pessoas debilitadas, crianças lactentes ou mulheres grávidas. Não exceder as
doses recomendadas.
PLANTAS COM ATIVIDADE NO APARELHO
RESPIRATÓRIO
As
plantas medicinais que atuam sobre o aparelho respiratório podem fazê-lo
combatendo os micro-organismos que provocam infecção, diminuindo a secreção,
relaxando a musculatura brônquica, facilitando a expectoração, fluidificando as
secreções, inibindo a tosse e diminuindo a inflamação.
Diversas
doenças deste aparelho podem ser tratadas com plantas, muitas com mais de uma
atividade, como é o caso do eucalipto, que combate a infecção, fluidifica a
secreção e diminui a inflamação.
ALHO
Nome
científico: Allium sativum L
Família:
Liliaceae
Nomes
populares: Alho-bravo, alho comum, alho manso.
Constituintes
químicos: Constituintes químicos: ácido salicílico, citral, ajoeno, alicina e
aliina. Estudos pré-clínicos mostraram a ação preventiva do alho na gripe, tão
efetiva quanto a vacinação. O mesmo foi observado em ensaios clínicos. O uso
prévio de cápsula de alho diminuiu significativamente os sintomas da
gripe.
Indicações:
Antiviral, antiacteriano, antimicótico
hipotensor, hipolipemiante.
Parte
usada: Bulbo
Modo
de usar: Adultos - Tomar 30 gotas da tintura de alho diluída em meio copo de
água, 3 vezes ao dia ou um pequeno dente de alho, duas ou três vezes ao dia. O
uso da droga deve ser restrito a preparações obtidas recentemente, sem
aquecimento e conservadas de preferência em pH ácido.
Efeitos
adversos e/ou tóxicos: A alicina é razoavelmente tóxica e irritante gástrica,
responsável pelo cheiro característico do alho. Em altas doses causa efeitos
tóxicosXE "tóxicos" no fígado e inibe o crescimento dos ratos
albinos. Estes efeitos são evitados pelo uso de vitamina C. Em doses elevadas,
pode causar dorXE "dor" de cabeça, de estômago, dos rins e até
tonturas.
Contra-indicações:
Além das pessoas com hipersensibilidade ao alho, ele é está contra-indicado
para pessoas com problemas estomacais, como úlcera e gastrite. Inconveniente
para recém-nascidos e mães em amamentação e, ainda, pessoas com dermatites.
CHAMBA
Nome
científico: Justicia pectoralis.
Família:
Acanthaceae
Nomes
populares: Chambá, chachambá, trevo cumaru e anador.
Constituintes
químicos: Esta planta possui flavonóides (swertisina e outros), cumarinas,
deidrocumarina, beta sistosterol e umbeliferona.
A
umbeliferona e a swertisina têm ação espasmolítica e relaxante sobre a
musculatura brônquica.
Indicações:
Expectorante, bronco-dilatador, antiinflamatório, antitérmico, analgésico e
depressor do SNC.
Partes
usadas: Folhas ou parte aérea.
Modo
de usar: Uma xícara do infuso a 5%, três vezes ao dia, ou uma colher de sopa do
xarope, três vezes ao dia.
Efeitos
adversos e/ou tóxicos: Não referidos na literatura consultada.
Contra-indicações:
Não referidas na literatura consultada.
CUMARU
Nome
científico: Amburana cearensis (Allemão) A C.Sm. "Amburana cearensis A.
Smith."
Sinonímia
científica: Torresea cearensis Allemão.
Família:
Fabaceae
Nomes
populares: Umburana, imburana de cheiro, cumaru do Ceará, cumbarú das caatingas
e amburana.
Constituintes
químicos: Nas cascas: cumarina e o flavanóide isocampeferídio. Nas sementes:
óleo fixo, cumarina, hidroxicumarina e uma proteína capaz de inativar a
tripsina e o fator de coagulação XII. Tanto o extrato hidroalcoólico a 20% como
a cumarina, obtidos da casca dessa planta, mostraram ação broncodilatadora em
testes com músculo traqueal de cobaia.
Em
estudos realizados com traquéia isolada de cobaia, foi observado um efeito
relaxante direto do extrato etanólico bruto maior do que aquele obtido pela
cumarina. O mesmo resultado foi encontrado quando à preparação utilizada foi a
de útero de rata. Testes laboratoriais com a cumarina e uma fração flavonóide
(isocampferídeo) comprovaram ação antiinflamatória. Derivados da cumarina são
usados como anticoagulantes orais, como preventivo de acidente vascular.
Indicações:
Tem ação antiinflamatória, antimicrobiana e expectorante.
Parte
usada: Casca do caule
Modo
de usar: Pode ser usado na forma de tintura (30 gotas, dissolvidas em água, 3
vezes ao dia) ou xarope ( uma colher das
de sopa, 3 vezes ao dia)
Efeitos
adversos e/ou tóxicos: Muitas leguminosas apresentam derivados da cumarina que
são tóxicos. Quando usados em grandes doses, paralisam o coração e deprimem o
centro respiratório. Quando as cascas do cumaru estão mofadas, o fungo pode
transformar a cumarina em dicumarol, que é muito tóxico.
Contra-indicações:
Devido à presença do dicumarol, que impede a coagulação, deve-se evitar o uso
em pessoas com antecedentes hemorrágicos e o uso concomitante com outros medicamentos.
Melhor não ser administrado em pessoas com problemas cardíacos.
ESPINHO
DE CIGANO
Nome
científico: Acanthospermum hispidum DC.
Família:
Compositae.
Nomes
populares: Espinho de cigano, carrapicho de cigano, cabeça de boi.
Constituintes
químicos: Diterpeno glicosídio, acanthospermol, hexacosanol, bertulina.
Ação
broncodilatadora comprovada cientificamente em ensaios pré-clínicos. Extrato
bruto hidroalcoólico produziu efeito inibitório sobre contrações induzidas por
histamina em íleo isolado de cobaia, e por ocitocina e bradicinina, em útero
isolado de rata.
Indicações:
Possui ação broncodilatadora, hipotensora e antifúngica.
Parte
usada: Raiz.
Modo
de usar: Usar uma colher de sopa do xarope, 3 vezes ao dia.
Efeitos
adversos e/ou tóxicos: Os brotos e sementes mostraram efeitos tóxicos como
diarréia, dificuldade respiratória, queda de cabelo, hemorragia, fraqueza dos
membros e icterícia.
Contra-indicações:
Evitar o uso em cardíacos, pois foi constatado aumento da atividade cardíaca em
animais de laboratório.
EUCALIPTO
Nome
científico: Eucaliptus globulus Labil.
Família:
Myrtaceae.
Nomes
populares: Eucalipto, árvore da febre, mogno branco.
Constituintes
químicos: O Eucaliptol, por via oral ou por inalação, tem atividade
expectorante, fluidificante e anti-séptica da secreção bronquial. O mentol
produz uma sensação refrescante na mucosa nasal. Os óleos essenciais,
independente de sua via de administração, são eliminados majoritariamente pela
via respiratória, daí sua ação nas patologias respiratórias.
Estudo
clínico demonstrou que o eucalipto aumenta o movimento ciliar em paciente com
bronquite crônica obstrutiva. Mas o uso continuado pode gerar um efeito
imobilizador. Tem ação febrífuga.
Indicações:
Usado no tratamento das sinusites, das bronquites, e demais infecções do
aparelho respiratório.
Parte
usada: Folhas
Modo
de usar: Infuso das folhas a 2,5%. Tomar uma xícara, três vezes ao dia.
Efeitos
adversos e/ou tóxicos: Doses altas podem provocar: náuseas, vômitos,
epigastralgias, gastrenterites, sufocação, hematúria, neurotoxicidade
(convulsões, perda da consciência, delírio e miose). Em casos mais graves,
depressão bulbar respiratória e coma. Em crianças asmáticas pode aparecer
efeito paradoxal (broncoespasmos). Usado topicamente, o óleo essencial pode
provocar urticária e eczemas.
Contra-indicações:
Não usar em epilépticos, grávidas e em crianças menores de 3 anos .
GUACO
Nome
científico: Mikania Glomerata, XE "Punica granatum L."
Família:
Compositae
Nomes
populares: Guaco, guaco cheiroso, erva de cobra, coração de Jesus.
Constituintes
químicos: Rico em cumarina e seus derivados. Outros constituintes químicos são:
óleos essenciais (beta-cariofileno, germacreno, biciclogermacreno) taninos,
flavonóides e saponinas. A cumarina
relaxa a musculatura lisa da árvore respiratória de onde provem sua ação
espasmolítica e bronco-dilatadora. Estudos pré-clínicos in vitro, com traquéia
isolada de cobaia, contraída por histamina, mostraram efeito relaxante. O mesmo
efeito foi obtido com músculo humano, pré-contraído com K+.
Indicações:
Expectorante, analgésico, antitussígeno, antiinflamatório e anti-séptico.
Parte
usada: Folhas.
Modo
de usar: Para as afecções respiratórias, usa-se o xarope. No tratamento das
dores nevrálgicas e reumáticas pode-se fazer a ficção com as folhas, fazer
compressa ou usar a pomada.
Efeitos
adversos e/ou tóxicos: Nas doses indicadas, não os provoca. Em altas doses,
acarreta taquicardia, vômitos e diarréia.
Contra-indicações:
Grávidas e crianças.
Observação:
Planta incluída na RENAME
HORTELÃ
DA FOLHA GRANDE
Nome
científico: Plectrantus amboinicus
Família:
Lamiaceae
Nomes
populares: Hortelã da folha grossa, hortelã da folha graúda, hortelã da Bahia,
malva do reino, malva de cheiro, malvarisco e malvariço.
Constituintes
químicos: Óleos essenciais (timol e carvacrol), flavonóides e mucilagens, os
quais são responsáveis por suas atividades anti-séptica, bronco-dilatadora,
mucolítica e antiiflamatória. Devido a
isso, ocorre uma melhora nas patologias do trato respiratório. O carvacrol tem
uma reconhecida ação germicida, anti-séptica, bronco-dilatadora, mucolítica e
antifúngica.
Indicações:
Anti-séptico, antiinflamatório, expectorante.
Parte
usada: Folhas
Modo
de usar: Tomar uma colher de sopa, do xarope, 3 vezes ao dia ou uma xícara do
infuso, três vezes ao dia. Para as patologias bucais com infecção e inflamação,
deve-se fazer o bochecho e o gargarejo do infuso, três vezes ao dia.
Efeitos
adversos e/ou tóxicos: Nas doses recomendadas, não há referências destes
efeitos na literatura consultada.
Contra-indicações:
Não há referência na literatura consultada.
IPÊ
ROXO
Nome
científico: Tabebuia avellanedae
Família:
Bignoniaceae
Nomes
populares: Ipê roxo, ipê, pau d’arco, ipê preto, piúva e lapacho.
Constituintes
químicos: Seus principais constituintes químicos são as naftoquinonas, dentre
as quais se destacam o lapachol, a alfa e a beta lapachona. Outros
constituintes químicos: B-lapachona, carobina, carobinase e taninos. Tem,
ainda, óleos essenciais, antaquinonas, saponinas, flavonóides, substânicas
amargas, etc. As naftoquinonas, como o lapachol, têm acentuada atividade
inibidora sobre diversos microorganismos que provocam infecções respiratórias.
Seu mecanismo de ação se dá através da intoxicação mitocondrial dos
microorganismos. Em estudo clínico com pacientes na faixa etária de 21 a 45
anos, portadores de sinusites nas fases aguda e crônica, que já tinham feito
uso de drogas antibacterianas, antiflogísticasXE "antilogísticas" e
descongestionanteXE "descongestionante"s por via oral e em alguns
casos, corticóides diretamente nos seios foi feita a administração do lapachol
através das narinas, na dosagem de 3 gotas em cada narina, 3 vezes ao dia
durante o período de 10 a 15 dias. Os pacientes apresentaram respostas clínicas
satisfatórias com erradicação das sinusites em 92% dos casos.
Indicações:
Antimicrobiano, antiinflamatório, cicatrizante.
Partes
usadas: Casca do caule e cerne
Modo
de usar: Tomar 30 gotas de tintura, 3 vezes ao dia, diluídas em água. Para uso
local (gargarejo e bochechos), usar o decocto. No tratamento da sinusite,
também pode se fazer a inalação, isoladamente ou em conjunto com outras
plantas, como o eucalipto.
Efeitos
adversos e/ou tóxicos: O contato da substância pulverizada com a pele pode
provocar dermatose alérgica. Testes com ratos mostraram toxidade tanto para o
Lapachol, com para a B-Lapachona, inclusive com ação abortiva e efeito
teratogênico. Em doses elevadas pode causar problemas gastrintestinais, anemia
e aumento do tempo de coagulação.
Contra-indicações:
Gestantes e em casos de hipersensibilidade.
MASTRUZ
Nome
científico: Chenopodium ambrosioides L.
Família:
Chenopodiaceae
Nomes
populares: Mastruz, mastruço, erva de Santa Maria, menstruz, lombrigueira e
erva mata-pulgas.
Constituintes
químicos: Na sua composição química tem óleo essencial (rico em ascaridol),
saponinas, flavonóides, etc. Atividade expectorante e fluidificante nas
afecções pulmonares. É vermífugo (helmintos), colagogo, emenagogo, abortivo e
antimicrobiano.
Indicações:
Expectorante, vermífugo, anti-séptico. Ajuda na consolidação das fraturas
ósseas.
Partes
usadas: Folhas e sementes.
Modo
de usar: Infusão de 3g em 250ml de água quente. Tomar 3 xícaras por dia.
Suco
das folhas verdes: 2g em 1 xícara de leite adoçado.
Efeitos
adversos e/ou tóxicos: O óleo do mastruz é muito tóxico para o fígado e para os
rins, pela presença do ascaridol. O tratamento com o mastruz não deve ser
prolongado devido à sua toxidade.
Contra-indicações:
Crianças, pessoas idosas, debilitadas, grávidas e pacientes com distúrbios auditivos.
MILONA
Nome
Científico: Cissampelos sypodialis.
Família:
Menispermácea.
Nomes
populares: Milona, orelha de onça.
Constituintes
químicos: Planta rica em alcalóides como a warifteína, a milonina e a
laurifolina, sendo a primeira a mais encontrada.
Ensaios
farmacológicos em ratos mostraram efeitos relaxantes sobre o músculo liso
traqueal, com inibição do tônus espontâneo e das contrações induzidas por
mediadores da asma. Comprovou-se igual ação no trato gastrintestinal (íleo),
sistema reprodutor (útero) e vascular (aorta).
Tem
ação bronco-dilatadora e inibe a degranulação de neutrófilos de células humanas
induzidas pelo peptídio formil-metionina-prolina-leucina. Tal mecanismo de ação
envolve o aumento dos níveis intracelulares de monofosfato cíclico de
adenosina, resultando na inibição de enzimas nucleotídeo fosfo-diesterases.
Indicações:
Broncodilatador, expectorante, fluidificante.
Partes
usadas: Raízes e folhas.
Modo
de usar: Uma xícara do infuso das folhas ou do decocto das raízes, três vezes ao
dia. Trinta gotas da tintura, três vezes ao dia, ou uma colher de xarope, três
vezes ao dia.
Efeitos
adversos e/ou tóxicos: Nas doses recomendadas, não há referências destes
efeitos na literatura consultada.
Contra-indicações:
Não há referência na literatura consultada.
MUSSAMBÊ
Nome
científico: Cleome spinosa Jacq.
Familia:
Caparidaceae.
Nomes
populares: Mussambê, Sete-marias, Mussambê-cor-de-rosa, Bredo-fedorento.
Constituintes
químicos: Na literatura por nós consultada não há registro de estudos científicos
sobre seus constituintes químicos
e
sua ação terapêutica, mas seu uso é muito disseminado no meio popular. No meio popular é muito comum a utilização
desta planta sob a forma de lambedor das flores para diminuir a tosse e
aumentar a expectoração. Também tem ação broncodilatadora.
Indicações:
Expectorante, antitussígeno.
Partes
usadas: Flores, folhas, raiz e sementes.
Modo
de usar: Decocto das raízes e das sementes e infuso das folhas e flores a 3%.
Tomar 1 xícara, 3 vezes ao dia.
Efeitos
adversos e/ou tóxicos: As sementes, quando usadas em excesso, provocam gases
intestinais.
Contra-indicações:
Não há referência na literatura consultada.
TRANSAGEM
Nome
científico: Plantago major
Família:
Plantaginaceae
Nomes
populares: Transagem, tanchagem.
Constituintes
químicos: Seus principais constiutintes químcos são ss ácidos clorogënico e
neoclorogënico, a aucubina e as mucilagens. Os ácidos clorogënico e
neoclorogënico são responsáveis pela ação antiinflamatória e cicatrizante. A
aucubina é a responsável pela ação antimicrobiana para Staphylococus aureus e
Micrococus flavus. Estudos em cobaias mostraram seu efeito broncodilatador em
espasmo da musculatura dos brönquios induzida por acetilcolina.
Indicações:
Anti-séptico e antiinflamatório. Tem atividade hipotensora e reduz o colesterol
plasmático.
Partes
usadas: Folhas e sementes
Modo
de usar: Gargarejo e bochecho do infuso de suas folhas para o tratamento de
inflamações da orofaringe. O infuso e o xarope podem ser tomados para o
tratamento do bronco-espasmo.
Efeitos
adversos e/ou tóxicos: Nas doses recomendadas, não há referências destes
efeitos na literatura consultada.
Contra-indicações:
Não há referência na literatura consultada.
PLANTAS COM ATIVIDADE NA SAÚDE BUCAL
AGRIÃO
DO PARÁ
Nome
científico: Spilanthes acmella
Família:
Asteraceae.
Nomes
populares: Agrião do mato, pimenta d’água, anestesia, jambu.
Constituintes
químicos: Saponinas, triterpenódes, spilantol (responsável pela ação
anestésica) e óleos essenciais (responsáveis pelo odor característico) são seus
principais constituintes químicos.
Indicações:
Analgésico (dores de dente), anti-séptico, desinfetante.
Partes
usadas: Botão floral e folhas.
Modo
de usar: Colocar o botão machucado ou algodão embebido em alcoolatura na área
do dente que está dolorida, ou na afta. Como anti-séptico bucal, pode-se fazer
o bochecho com o infuso.
Efeitos
adversos e/ou tóxicos: Nas doses e na forma de uso recomendadas, não existem
efeitos adversos/tóxicos referidos na literatura.
Contra-indicações:
Evitar o contato com a laringe por causa do risco de provocar paralisia da
glote que, embora, transitória, pode ser perigosa.
ALECRIM
PIMENTA
Nome
científico: Lippia sidoides Cham
Família:
Verbanaceae.
Nomes
populares: Alecrim de tabuleiro, estrepa cavalo, alecrim do Nordeste.
Constituintes
químicos: Contém óleo essencial rico em timol (50 a 60%) e carvacrol (5 a 10
%), responsáveis pelo sabor picante e pelo forte odor. O óleo essencial tem
considerável ação contra as bactérias provocadoras de cáries e outras patologias
bucais. Em experimentos laboratoriais, apresentou halo de inibição comparável
ao provocado por antibióticos como vancomicina e cefaloxina.
Indicações:
Anti-séptico, mau hálito, aftas, inflamações das gengivas e amídalas.
Parte
usada: Folhas.
Modo
de usar: Fazer o bochecho com o infuso ou com a tintura diluída em água, três
vezes ao dia.
Efeitos
adversos e/ou tóxicos: Não há referência na literatura consultada.
Contra-indicações:
Não há referência na literatura consultada.
CALÊNDULA
Nome
científico: Calendula officinalis L.
Família:
Asteraceae.
Nomes
populares: Calêndula, malmequer, maravilha-dos jardins.
Constituintes
químicos: Na sua composição química apresenta óleos essenciais, saponinas,
quercitina, sitosterol, ácido salicílico, inulina, taninos e ácido fenólico.
Estudos
pré-clínicos e clínicos demonstraram sua atividade antiinflamatória e
antimicrobiana, bem como o incremento da epitelização de feridas. Também induz
a micro-vascularização.
Indicações:
Antiinflamatório, antimicrobiano e cicatrizante.
Antibacteriana.
Parte
usada: Flores.
Modo
de usar: Fazer o gargarejo com o infuso das folhas, três vezes ao dia.
Efeitos
adversos e/ou tóxicos:
Contra-indicações:
Grávidas, devido ao seu efeito de provocar contrações uterinas.
CAMOMILA
Nome
científico: Chamomilla recutita
Família:
Asteraceae.
Nomes
populares: Camomila dos alemães, camomila vulgar.
Constituintes
químicos: Óleos essenciais (0,3 a 1,5%): azulenos (26-46%), principalmente o
camazuleno e o guajazuleno. Outros componentes: bisabolol, mucilagens, taninos,
cumarinas, flavonóides (apigenina, quercitina, patuletina).
Indicações:
Analgésico (em erupções dentárias), antiinflamatório (amidalites, gengivites,
estomatites).
antibacteriana"Parte
usada: Capítulos florais.
Modo
de usar: Fazer o gargarejo com o infuso das flores, três vezes ao dia.
Efeitos
adversos e/ou tóxicos: Em doses elevadas, provoca náuseas, vômitos e insônia.
Contra-indicações:
Não há contra-indicações referidas na literatura consultadas.
CRAVO
DA ÍNDIA
Nome
científico: Eugenia caryophyllus
Família:
Myrtaceae.
Nomes
populares: Cravinho, cravo de cabecinha.
Constituintes
químicos: Óleos essenciais (15-20%). Neles, se destaca o eugenol (65 a 90%).
Tem ainda acetato de eugenil (5-20%),
metilaminacetona e cariofilina.
Indicações:
Analgésico (dores de dente), antiinflamatório, antimicrobiano
Parte
usada: Botão floral seco.
Modo
de usar: Colocar o botão machucado ou um algodão embebido na tintura na área
dental que está dolorida. Como anti-séptico e antiinflamatório bucal, deve-se
bochechar o infuso.
Efeitos
adversos e/ou tóxicos: O óleo essencial em doses elevadas provoca irritação das
mucosas e neurotoxidade.
Contra-indicações:
Pacientes com úlcera gástrica.
GENGIBRE
Nome
científico: Zingiber officinale Rosc.
Família:
Zingiberaceae.
Nome
popular: Gengibre.
Constituintes
químicos: A planta contém em sua composição óleos essenciais (0,5 a 3%), sendo
os principais o cânfeno (8%), o alfa-pineno (2,5%), o cineol o zingibereno. Tem
resinas (5 a 8%), onde se concentram os princípios amargos e picantes que são
os responsáveis pela ação antiespasmódica e antiemética.
O
extrato do rizoma, rico em óleos essenciais, é muito ativo frente a diversos
microorganismos, alguns deles responsáveis por infecção da árvore respiratória
e da boca. Tem atividade antiinflamatória e antipirética.
Indicações:
Anti-séptico bucal e antiinflamatório. Diminui a rouquidão. Usado nas infecções
do trato geniturinário e como estimulante do apetite e da secreção gástrica.
Tem ação carminativa, antiemética e antiespasmódica.
Parte
usada: Rizoma.
Modo
de usar: Nos casos de faringite, mascar pequenos pedacinhos.
Advertência:
Em contato com a pele pode provocar bolha semelhante a queimaduras. Por isso,
muito cuidado no uso.
Efeitos
adversos e/ou tóxicos: Nas doses recomendadas, não há referências destes
efeitos na literatura consultada.
Contra-indicações:
Grávidas, lactantes e pacientes com litíase vesicular.
JOAZEIRO
Nome
científico: Zizyphys joazeiro
Família:
Rhamnaceae.
Nomes
populares: Joá, juá.
Constituintes
químicos: Planta rica em saponinas com comprovada ação anti-séptica. Destrói a
placa bacteriana, responsável pela formação da cárie.
Indicações:
Anti-séptico, expectorante e mucolítico.
Parte
usada: Raspa da entrecasca.
Modo
de usar: Escovar os dentes com a raspa. Para expectorar a tosse, usar o xarope.
Para o tratamento de feridas de pele e couro cabeludo, usá-lo como sabão.
Efeitos
adversos e/ou tóxicos: Em altas doses, pode provocar náuseas, vômitos e cólicas
intestinais.
Contra-indicações:
Grávidas e crianças.
TOMATEIRO
Nome
científico: Lycopersicon esculentum Mill.
Família:
Solanaceae.
Nome
popular: Não tem outro nome popular.
Constituintes
químicos: Tomatidina, tomatina, solanidina, rutina, ácido clorogênico, licopeno
e furocumarina. A tomatina é antifúngica, com boa ação contra cândida.
Indicações:
Antiinflamatório, antifúngico (cândida).
Parte
usada: Polpa.
Modo
de usar: Para candidíase, deve-se machucar a polpa e deixá-la por um tempo na
boca.
Efeitos
adversos e/ou tóxicos: Não há referência na literatura.
Contra-indicações:
Não há referência na literatura.
PLANTAS TÓXICAS
São
todos os vegetais que, em contato com o organismo do homem ou de animais,
ocasionam danos que se refletem na saúde e na vitalidade desses seres. Todo
vegetal é potencialmente tóxico.
O
princípio tóxico consiste em uma substância ou um conjunto delas, quimicamente
bem definido, de mesma ou diferente natureza, capaz de causar intoxicação,
quando em contato com o organismo.
Fatores
que determinam ou influenciam a toxidade das plantas
a)
relacionados com a planta:
1-
Condições ambientais: condições climáticas (temperatura, grau de umidade,
duração do dia), de solo (constituição do solo, PH, excesso ou falta de
nutrientes) e trato culturais: os períodos de seca prolongada favorecem o
acúmulo de substâncias tóxicas, devido à diminuição do metabolismo.
2-
Parte da planta: em algumas plantas, há maior concentração do princípio tóxico
em uma ou mais partes da planta. Ex.: Ricinus communis (Mamona) - sementes.
3-
Variedade da planta: dentro de uma mesma espécie podem existir variações quanto
à concentração de princípios tóxicos, contidos numa planta.
4-
Solubilidade do princípio ativo: a intoxicação pode ser precipitada pela
ingestão de água. Ex.: Policourea marcgravii (erva de rato) - ácido
monofluoracético.
b)
relacionados com a pessoa:
1-
Idade: as crianças e os idosos são mais susceptíveis à intoxicação.
2-
Dose: quanto maior a dose maior a probabilidade das ocorrências de
intoxicações.
3-
Condições de saúde: organismos debilitados são mais susceptíveis a
intoxicações.
4-
Via de administração: muitas plantas de uso externo são tóxicas quando
administradas por via oral. Ex.: Confrei (Synphytum officinale L.).
5-
Condições fisiológicas especiais: Hipersensibilidade do usuário, gestação, etc.
Muitas plantas tidas como medicinais são abortivas ou podem causar mal ao feto.
Ex.: Confrei (Synphytum officinale L.), Mussambê (Cleome heptaphilla), Capim
Santo (Cymbopogon citratus (D.C.) Stapf).
6-
Tempo de uso: quanto maior o tempo de uso, mas propenso está o usuário a ter
problemas tóxicos.
DISTÚRBIOS PRODUZIDOS PELAS PLANTAS
TÓXICAS
1-
Distúrbios digestivos: náuseas, vômitos, cólicas abdominais, diarréia. Os
principais responsáveis por estes sintomas são:
a)
Proteínas tóxicas: Ricina da mamona (Ricinus comunis L).
b)
Solaninas: presentes no gênero Solanum (Arrebento–cavalo, Jurubeba, Erva-moura, etc.)
c)
Saponinas: Sapindus saponaria L. (Sabonete).
d)
Resinas: mistura de álcoois, ácidos e fenóis têm efeito irritante sobre o trato
gastrintestinal. Ex: D. racemosa Grisele (Imbira) provoca distúrbios diarréicos
graves.
2
– Distúrbios cutâneo-mucosos:
Traumas
mecânicos: Ex. Stipa sp – frutos espiculados perfuram a pele.
Irritação
química primária: seiva leitosa do Avelós, da Coroa de Cristo, etc.
Sensibilização
alérgica: Ipê roxo, aroeira do sertão.
Fotossensibilização:
Plantas ricas em furocumarinas: Arruda e Hipérico.
Distúrbios
nas mucosas, como erosões, úlceras hemorrágicas, edema. Ex: Dieffenbachia picta
Schott (comigo-ninguém-pode).
3
– Alergias Respiratórias:
Rinite
alérgica, asma alérgica. Ex: Ricinus comunis (Mamona).
4-
Alucinações: Jurema preta, angico, saia branca, coca, etc.
Tipos
de intoxicação
1-
Intoxicação Aguda: quase sempre por ingestão acidental da planta inteira ou de
partes. Sua incidência é preponderante no grupo pediátrico.
2-
Intoxicação Crônica: (três tipos)
a)
Ingestão continuada: A ingestão continuada de certas espécies vegetais provoca
distúrbios clínicos, muitas vezes complexos e graves. Ex: Cirrose hepática
provocada pelo hábito de ingerir Crotalária e distúrbios hepáticos e
circulatórios pelo costume de ingerir alimentos preparados com farinha de trigo
contaminada com sementes de Senécio, observados em algumas populações
orientais.
b)
Exposição Crônica: Evidenciada particularmente por manifestações cutâneas em
virtude do contato sistemático com vegetais, verificado com maior freqüência em
atividades industriais ou agrícolas.
c)
Utilização continuada de certas espécies vegetais, sob a forma de pós para
inalação, fumos ou infusões, visando a experimentar efeitos alucinógenos e
entorpecentes.
REGRAS BÁSICAS DE PREVENÇÃO NO CONTATO
COM PLANTAS
-
Conhecer as plantas perigosas da região, da casa e do quintal. Conhecê-las pelo
aspecto e pelo nome.
-
Não comer plantas selvagens, inclusive cogumelos, a não ser que sejam bem
identificadas.
-
Conservar plantas, sementes, frutos e bulbos longe do alcance de crianças
pequenas.
-
Ensinar as crianças, o mais cedo possível, a não pôr na boca plantas ou suas
partes, alertando-as sobre os perigos em potencial das plantas tóxicas.
-
Não permitir nas crianças o hábito de chupar ou mascar sementes ou qualquer
outra parte da planta.
-
Identificar as plantas antes de comer seus frutos.
-
Não confiar em animais ou pássaros para saber se uma planta é tóxica.
-
Lembrar que nem sempre o aquecimento ou cozimento destrói a substância tóxica.
-
Armazenar bulbos e sementes seguramente e longe do alcance das crianças.
-
Não fazer nem tomar remédios caseiros com planta, sem orientação médica.
-
Lembrar que não existem testes ou regras práticas seguras para distinguir
plantas comestíveis das venenosas.
-
Evitar fumaça de plantas que estão sendo queimadas a não ser quando sejam bem
identificadas.
PRINCÍPIOS GERAIS DE TRATAMENTO DAS
INTOXICAÇÕES AGUDAS POR PLANTAS
O
tratamento de qualquer intoxicação aguda, incluindo as por plantas, deve seguir
as 4 etapas básicas: diminuição da exposição do organismo ao tóxico, aumento da
eliminação do tóxico já absorvido, administração de antídotos e antagonistas e
tratamento geral e sintomático.
Assim,
pode-se afirmar que uma planta pode ser ora medicinal ora tóxica, dependendo de
fatores relacionados com o indivíduo e com a planta.
PLANTAS POTENCIALMENTE TÓXICAS
AVELÓS
Nome
Científico: Euphorbia tirucalli L.
Família:
Euphorbiaceae
Nome
popular: Avelós
Sintomas
da intoxicação: as lesões caracterizam-se inicialmente por edema e eritema,
evoluindo para a formação de vesículas e pústulas, normalmente pruriginosas e
doloridas. Casos de ingestão da planta são raros e os sintomas desta forma de
intoxicação aparecem rapidamente sendo irritação da mucosa bucal, com sensação
de queimadura, edema, dor e salivação. A ingestão provoca gastrenterite severa
com forte diarréia e vômitos.
Tratamento:
O tratamento é sintomático. Medidas de higiene (lavagem prolongada do local),
quando houver contato com a pele, precauções contra infecções secundárias, no
caso de formação de vesículas e pústulas. Em contato com os olhos, após lavagem
prolongada com grande quantidade de água, é recomendado o uso de colírios
anti-sépticos. Em casos mais graves, é também aconselhado o uso de corticóides
e anti-histamínicos. Nos casos de ingestão, a lavagem gástrica só é recomendada
se a quantidade da planta ingerida for considerável. A administração de carvão
ativado e de laxantes é indicada, além de analgésicos e demulcentes.
Parte
tóxica: Látex das folhas
COMIGO-NINGUÉM-PODE
Nome
Científico: Dieffenbachia picta Schott
Família:
Araceae
Nome
popular: Comigo-ninguém-pode.
Sintomas
de Intoxicação: quando ingerida ou mastigada provoca irritação acentuada da
mucosa da boca e da faringe, com edema de lábios, língua, gengivas. Dor em
queimação e salivação intensa, tornando difícil a fala e a deglutição.
Algumas
vezes observam-se, também, sinais de esofagite, com ardor, além de vômitos e
cólicas abdominais.
Tratamento:
em casa, pode ser administrado leite ou clara de ovo e levar o paciente
imediatamente para o hospital mais próximo.
Partes
tóxicas: Toda a planta, particularmente folhas e caules.
ESPIRRADEIRA
Nome
Científico: Nerium oleander L.
Família:
Apocynaceae
Nome
popular: Espirradeira.
Sintomas
da Intoxicação: inicia-se com distúrbios gastrintestinais (náuseas, vômitos,
cólicas abdominais e evacuações diarréicas muco-sanguinolentas) Em seguida,
aparecem distúrbios cardíacos e neurológicos (sonolência, tontura, distúrbios
visuais e coma).
Tratamento:
Exige terapêutica de urgência. Levar o paciente imediatamente para o hospital
mais próximo. A conduta terapêutica nos cardíacos depende dos traçados
eletrocardiográficos. A lavagem deverá ser feita cuidadosamente. Os distúrbios
digestivos devem ser tratados sintomaticamente.
Partes
tóxicas: Toda a planta.
MAMONA
Nome
Científico: Ricinus communis L
Família:
Euphorbiaceae
Nomes
populares: Mamona, carrapateiro.
Sintomas
da intoxicação: Intensa irritação das mucosas, com destruição das células
epiteliais, náuseas, vômitos intensos, cólicas abdominais e diarréia
sanguinolenta. Seguem-se graves distúrbios hidro-eletrolíticos, estados
hipotensivos, choque e insuficiência renal aguda. O principal responsável pela
ação tóxica e o alcalóide ricina que se encontra na polpa da semente.
Tratamento:
as medidas mais importantes são aquelas provocadoras de vômitos e lavagem
gástrica.
Parte
tóxica: Sementes.
URTIGA
BRANCA
Nome
Científico: Urtiga urens L.
Família:
Urticaceae.
Nome
popular: Urtiga branca
Sintomas
de Intoxicação: lesões cutâneas e mucosas aparecem rapidamente após contato com
o vegetal. Caracteristicamente as lesões são limitadas apenas às áreas expostas
e são do tipo urticante e vesicante, com eritemas, bolhas e vesículas muito
pruriginosas ou dolorosas.
Tratamento:
o tratamento é apenas sintomático com aplicação de soluções anti-sépticas e
protetoras, além da administração de anti-histamínicos por via oral, para
alívio do prurido e analgésicos, quando necessário.
Partes
tóxicas: Pêlos presentes nas folhas.
MANDIOCA
BRAV A
Nome
científico: Manihot utillissima Pohl.
Família:
Euphorbiaceae
Nome
popular: Mandioca-brava
Constituintes
químicos: Sintomas de intoxicação: inicia-se com distúrbios gastrintestinais,
como náuseas, vômitos e cólicas abdominais, seguindo-se dor de cabeça, tontura,
distúrbios respiratórios e convulsões. As convulsões costumam preceder o óbito.
Tratamento:
as medidas devem ser tomadas imediatamente. Além de medidas provocadoras de
vômitos e lavagem gástrica, que devem ser realizados com cautela,
principalmente se o paciente estiver apresentando graves distúrbios
neurológicos. Levar o paciente imediatamente para o hospital mais próximo.
Partes
tóxicas: Todas as partes. No entanto, o principio tóxico está mais concentrado
na entrecasca da raiz e no látex leitoso. O principio tóxico é um glicosídeo,
que por hidrólise, libera ácido cianídrico (HCN).
SAIA
BRANCA
Nome
Científico: Datura Stramoniun.
Família:
Solaneceae
Nomes
populares: Trombeta, dama-da-noite.
Sintomas
da intoxicação: os casos leves de intoxicação caracterizam-se por náuseas,
vômitos, dificuldades visuais e secura da boca. Nos casos mais graves, os
sintomas sãoos seguintes: visão borrada, fotofobia com dilatação da pupila,
secura das mucosas, febre, hiperemia cutânea, palpitações, alucinações,
desorientação, distúrbios respiratórios, convulsões e coma.
Tratamento:
se o tratamento for rápido e com êxito em 12 a 48 h começam a desaparecer os
sintomas agudos, persistindo o efeito midriático (dilatação da pupila), que
pode durar algumas semanas. As medidas de emergência são: administração de
carvão ativado, provocação de vômitos e levar o paciente imediatamente para o
hospital mais próximo.
Partes
tóxicas: Todas as partes da planta.
Observação:
Para se evitar as intoxicações por plantas, é necessário tomar medidas
preventivas, como: divulgar o mais possível e por todos os meios de comunicação
as espécies tóxicas mais comuns; recomendar a necessidade de orientação médica
ao se utilizar algum preparado vegetal para fins medicinais; educar a população
sobre a inconveniência de ingerir ou manusear qualquer espécie vegetal
desconhecida; se informar sobre a toxicidade das plantas existentes em seus
arredores e lembrar que não existem regras práticas ou testes seguros para
distinguir plantas comestíveis das venenosas.
INDICAÇÃO
DE FITOTERÁPICOS
A
recomendação terapêutica de fitoterápicos é feita para curar ou amenizar
doenças ou sintomas. Na biomedicina, a prescrição é baseada em um diagnóstico
nosológico (por ex. bronquite) ou em um diagnóstico sintomatológico (tosse).
Na
Fitoterapia, boa parte dos conhecimentos sobre o uso medicinal das plantas
provém de observações empíricas, repassadas oralmente, ao longo dos anos. Como
decorrência disto, a maioria das prescrições médicas de fitoterápicos e feita
de forma “oral” ou com receitas com denominações de uso popular e omissão da
nomenclatura científica.
Na
atualidade, as pesquisas científicas têm contribuído para a comprovação do
grande potencial terapêutico das plantas medicinais. Uma vez aprovado pela
comunidade científica, o fitoterápico passa a ter indicação e prescrição com as
mesmas características dos demais medicamentos. O exemplo disso está no grande
número de fitoterápico usados na medicina ortomolecular, como a Gingko biloba
As
plantas medicinais, com maior ou menor intensidade, integram todos os sistemas
terapêuticos. Ora utilizando-se seu potencial energético, no caso da Homeopatia
e na Medicina Tradicional Chinesa; ora como complementar de nutrientes, como
vitaminas e sais minerais, no caso da dietoterapia; ora como antioxidante, no
caso da Medicina Ortomolecular, ora através de seus princípios ativos como
antimicrobiano, antiinflamatório, antiespasmódico, etc, na Fitoterapia e na
Alopatia.
Ao
se prescrever fitoterápicos, devemos nos basear principalmente na comprovação
científica de sua eficácia, sua segurança e sua efetividade. Isto é feito
baseado em teste pré-clínicos, que são feitos para a observação da toxicidade
aguda, subaguda e crônica; avaliação da teratogenicidade e comprovação da ação
farmacológica e em testes clínicos, quando se observa, no homem, a sua ação
benéfica e a ausência de toxidade.
Na
prática, grande parte das plantas e dos fitoterápicos não consegue esta
comprovação de forma plena, correlacionando os dados pré-clínicos e dados
clínicos. Diversos fatores, como a diversidade das plantas medicinais, a falta
de recursos financeiros nas regiões onde elas são usadas e o desinteresse da
indústria farmacêutica, explicam este fato.
Na
ausência da comprovação científica, podemos usar os conhecimentos populares.
Aqui é importante investigar se a indicação da plantas é algo antigo e que se
mantém ao longo do tempo, se ela é usada com esta indicação em muitos lugares e
por muitas pessoas e se os relatos de seu uso corroboram a sua eficácia e sua
segurança.
A RECOMENDAÇÃO TERAPÊUTICA
1.-
Nomenclatura científica: deverá contar o gênero, a espécie e a família que pertence
a planta. Ex. Lippia alba N.E. Brown. Família: Verbanaceae
2.-
Nome popular: deverá ser escrito ao lado do nome científico, de forma clara., o
nome popular da planta prescrita, na região. Ex: Lippia alba N.E. Brown (Erva
cidreira)
3.-
Modo de usar: explicitar a via de uso e a posologia. Aqui, é importante a
conversão das medidas padrão para as medidas caseiras. Ex: 150ml = 1 copo vidro
comum (americano); 150ml = 1 xícara chá (grande); 50ml = 1 xícara café
(pequena); 15ml = 1 colher sopa; 10ml = 1 colher
sobremesa;
5ml = 1 colher chá; 2,5ml = 1 colher café.
Devem-se
observar situações especiais, descrevendo-as com clareza. Nos casos de uso
externo, deixar explicito em que parte do corpo deverá ser aplicado o
medicamento.
3.1
- Uso interno: para chás, sucos, sumos xaropes, tinturas, alcoolaturas.
3.2-
Uso externo: para as compressas, cataplasma, emplastros, ungüentos, pomadas.
4.-Modo
de preparar: deverá ser feita uma descrição detalhada quando se prescrever
fitoterápicos para serem feitos em casa.
5-Relação
com os hábitos: nos casos em que a administração dos fitoterápicos exija
condições apropriadas que a sua não observância possa implicar em reações
adversas, deverá constar na prescrição orientações esclarecedores. Ex: - Não
tomar banho de assento com estômago cheio, não fazer inalação em lugar
ventilado, não aplicar compressa quente em ambiente com corrente de ar.
OUTRAS CONSIDERAÇÕES
Deverão,
ainda, ser do conhecimento do Terapeuta os seguintes aspectos:
1.-
Efeitos adversos
No
meio popular acredita-se que, como a planta é natural, se bem não fizer mal não
fará. Isto não é verdadeiro. Sabe-se que muitas plantas possuem substâncias de
grande toxicidade para o homem e que podem causar a morte, como a estricnina,
encontrada na planta Strychnos nux vomica.
Os
conhecimentos populares, transmitidos oralmente, necessitam ter comprovação
científica que valide a eficácia das plantas e sua segurança. A junção destes
dois tipos de conhecimentos promove o progresso no campo da Fitoterapia.
2.-
Interações
As
interações de fitoterápicos com medicamentos sintéticos ou homeopáticos poderão
resultar em potencialização de uma determinada ação ou anular o efeito da
outra.
Ex.:-
plantas ricas em cânfora atuam como antídotos para a ação do medicamento
homeopático.- aspirina tomada com chá de sabugueiro leva a uma potencialização
da ação antitérmica, podendo provocar hipotermia grave, sobretudo em crianças
abaixo de 1 ano de idade.
Plantas
ricas em cumarina podem potencializar a atividade antiagregante plaquetária de
alguns medicamentos alopáticos.
3.-
Contra indicações
3.1.
Crianças com até 1 ano de idade: Salvo
aquelas plantas reconhecidamente sem efeitos tóxicos e adversos, os
fitoterápicos não devem ser usados em crianças com esta idade.
3.2
- Idosos: excluir plantas de ação reconhecidamente hepatotóxicas, nefrotóxicas
e hemorrágicas (cumarínicos).
3.3
- Gestantes: Este grupo deve ser objeto de cuidados especiais. Os taninos são
abortivos, e a maioria das plantas os contém. As plantas com intenso sabor
amargo, como as que contêm quinonas, são abortivas, em sua maioria.
3.4
- Outros grupos a considerar: Nutrizes, diabéticos, portadores de insuficiência
renal ou cardíaca.
DEFINIÇÕES DE FITOTERÁPICOS SEGUNDO A LEGISLAÇÃO
BRASILEIRA
Seguem
abaixo, definições de medicamento fitoterápico segundo a Legislação. As
definições estão citadas em ordem crescente de data, para que possamos perceber
as alterações ao longo do tempo.
A
primeira norma encontrada é a Portaria 22 de 30 de outubro de 1967, emitida
pelo Ministério da Saúde, que estabelece normas para o emprego de preparações
fitoterápicas:
Entende-se
por produto fitoterápico a preparação obtida de droga de origem vegetal.
A
norma seguinte somente ocorreu trinta anos depois, com a Portaria nº 123, de 19
de outubro de 1994, emitida pelo Ministério da Saúde - Secretaria de Vigilância
Sanitária, e estabelece as normas para o registro de produtos fitoterápicos:
Produto
fitoterápico: é todo medicamento manufaturado obtido exclusivamente de
matérias-primas ativas vegetais, com a finalidade de interagir com meios
biológicos, a fim de diagnosticar, suprimir, reduzir ou prevenir estados e
manifestações patológicas, com benefício para o usuário. É caracterizado pelo
conhecimento da eficácia e dos riscos de seu uso, assim como pela reprodutibilidade
e constância de sua qualidade; é o produto final acabado, embalado e rotulado.
Substâncias ativas isoladas ou misturas obtidas pela adição de substâncias
ativas isoladas não são consideradas produtos fitoterápicos. Produtos que
apresentem a adição de substâncias ativas de outras origens não são
considerados produtos fitoterápicos. Adjuvantes farmacêuticos podem estar
incluídos na preparação.
Nesta
norma, já houve a preocupação com sua finalidade, conhecimento de sua eficácia,
risco e forma de apresentação e de preparo. Ainda nesta Portaria, outra
definição é citada, ressaltando a definição do preparado fitoterápico,
incluindo seus derivados:
Preparação
Fitoterápica: é produto vegetal triturado, pulverizado, rasurado; extrato,
tintura, óleo essencial, gordura vegetal, suco e outros, obtido de drogas
vegetais, através de operações de fracionamento, extração, purificação ou
concentração, utilizada na obtenção de produto fitoterápico.
Um
ano depois, a Portaria nº 6, de 31 de janeiro de 1995, que instituiu e
normatizou o registro de produtos fitoterápicos junto ao Sistema de Vigilância
Sanitária, emitido já pela atual ANVISA (Agência Nacional de Vigilância
Sanitária), publica uma nova definição, porém, com poucas alterações:
Produto
Fitoterápico: é todo medicamento tecnicamente obtido e elaborado, empregando-se
exclusivamente matérias-primas ativas vegetais com finalidade profilática,
curativa ou para fins de diagnósticos, com benefício para o usuário. É
caracterizado pelo conhecimento da eficácia e dos riscos de seu uso, assim como
pela reprodutibilidade e constância de sua qualidade: é o produto final
acabado, embalado e rotulado.
Na
sua preparação, podem ser utilizados adjuvantes farmacêuticos permitidos pela
legislação vigente. Não podem estar incluídas substâncias ativas de outras
origens, não sendo considerado produto fitoterápico quaisquer substâncias
ativas, ainda que de origem vegetal, isoladas ou mesmo suas misturas.
Esta
portaria ficou em vigor por 5 anos, quando a RDC 17 de 24 de fevereiro de 2000,
revogou todas as outras normas estabelecidas anteriormente. Esta resolução
dispunha sobre o registro de medicamentos fitoterápicos e foi emitida pela
ANVISA - Agência Nacional de Vigilância Sanitária. A definição sofreu
alterações apenas de redação, mas nela podemos agora, encontrar termos pela
qual poderiam ser classificados os medicamentos fitoterápicos quanto ao seu
uso.
Medicamento
fitoterápico: medicamento farmacêutico obtido por processos tecnologicamente
adequados, empregando-se exclusivamente matérias-primas vegetais, com
finalidade profilática, curativa, paliativa ou para fins de diagnóstico. É
caracterizado pelo conhecimento da eficácia e dos riscos de seu uso, assim como
pela reprodutibilidade e constância de sua qualidade. Não se considera
medicamento fitoterápico aquele que, na sua composição, inclua substâncias
ativas isoladas, de qualquer origem, nem as associações destas com extratos
vegetais.
Medicamento
fitoterápico novo: aquele cuja eficácia, segurança e qualidade, sejam
comprovadas cientificamente junto ao órgão federal competente, por ocasião do
registro, podendo servir de referência para o registro de similares.
Medicamento
fitoterápico tradicional: aquele elaborado a partir de planta medicinal de uso
alicerçado na tradição popular, sem evidências, conhecidas ou informadas, de
risco à saúde do usuário, cuja eficácia é validada através de levantamentos
etnofarmacológicos e de utilização, documentações tecnocientíficas ou
publicações indexadas.
Medicamento
fitoterápico similar: aquele que contém as mesmas matérias-primas vegetais, na
mesma concentração de princípio ativo ou marcadores, utilizando a mesma via de
administração, forma farmacêutica, posologia e indicação terapêutica de um
medicamento fitoterápico considerado como referência.
Abaixo,
segue a Resolução RDC nº 48, de 16 de março de 2004, emitida pela ANVISA, que
dispõe sobre o registro de medicamentos fitoterápicos e revoga a RDC 17 de 24
de fevereiro de 2000.
Fitoterápico:
medicamento obtido empregando-se exclusivamente matérias-primas ativas
vegetais. É caracterizado pelo conhecimento da eficácia e dos riscos de seu
uso, assim como pela reprodutibilidade e constância de sua qualidade. Sua
eficácia e segurança é validada através de levantamentos etnofarmacológicos de
utilização, documentações tecnocientíficas em publicações ou ensaios clínicos
fase 3. Não se considera medicamento fitoterápico aquele que, na sua
composição, inclua substâncias ativas isoladas, de qualquer origem, nem as
associações destas com extratos vegetais.
Nesta
resolução foi acrescentada a forma pela qual a segurança e a eficácia do
medicamento fitoterápico deve ser comprovada. Pela primeira vez, temos a
citação de estudos clínicos de fase 3 para a classificação do medicamento.
Abaixo,
segue a Resolução RDC nº14, de 31 de março de 2010, emitida pela ANVISA, que
dispõe sobre o registro de medicamentos fitoterápicos. Esta é a definição que
está em vigor até os dias de hoje.
Art.
1° Esta Resolução possui o objetivo de estabelecer os requisitos mínimos para o
registro de medicamentos fitoterápicos.
§
1º São considerados medicamentos fitoterápicos os obtidos com emprego exclusivo
de matérias-primas ativas vegetais, cuja eficácia e segurança são validadas por
meio de levantamentos etnofarmacológicos, de utilização, documentações
tecnocientíficas ou evidências clínicas.
§
2º Os medicamentos fitoterápicos são caracterizados pelo conhecimento da
eficácia e dos riscos de seu uso, assim como pela reprodutibilidade e
constância de sua qualidade.
§
3º Não se considera medicamento fitoterápico aquele que inclui na sua
composição substâncias ativas isoladas, sintéticas ou naturais, nem as
associações dessas com extratos vegetais.
A FITOTERAPIA NO BRASIL
Fitoterápico,
de acordo com a legislação sanitária brasileira, é o medicamento obtido
empregando-se exclusivamente matérias-primas ativas vegetais, cuja eficácia e
segurança são validadas por meio de levantamentos etnofarmacológicos, de
utilização, documentações tecnocientíficas ou evidências clínicas. É
caracterizado pelo conhecimento da eficácia e dos riscos de uso, assim como
pela reprodutibilidade e constância de sua qualidade. (Anvisa, RDC nº 14, de 31
de março de 2010).
É
importante frisar que não se considera medicamento fitoterápico aquele que
inclui na sua composição substâncias ativas isoladas, sintéticas ou naturais,
nem as associações dessas com extratos vegetais. (Anvisa, RDC nº 14, de 31 de
março de 2010). Segundo estudos realizados pela Organização Mundial da Saúde
(OMS), aproximadamente 80% da população de países em desenvolvimento utiliza-se
de práticas tradicionais na atenção primária à saúde e, desse total, 85% fazem
uso de plantas medicinais (Carvalho, 2007). Com base nesses fatos, o estudo de
plantas medicinais como fonte de medicamentos é advogado pela OMS como parte do
seu programa “Saúde Para Todos”. Após décadas de esquecimento, as plantas
medicinais e fitoterápicos retornam de um modo bastante amplo, por estarem
alicerçadas em aspectos sociais e econômicos, como custo elevado de pesquisas
que envolvem desenvolvimento de medicamentos sintéticos, além da dependência de
matéria-prima farmacêutica e problemas relacionados às patentes.
Nos
últimos tempos, multiplicaram-se na imprensa as informações sobre as vantagens
das
plantas
medicinais e fitoterápicos, aflorando ainda, em grande número, as casas
comerciais e farmácias especializadas em ervas. Paralelamente, foi ocorrendo
uma substituição de medicamentos sintéticos por medicamentos fitoterápicos e
produtos de origem natural, em todo o mundo. Em países como o Brasil, esses
aspectos revestem-se de singular importância por vários motivos. Um deles é a
riqueza de nossa flora, com mais
de
100.000 espécies, onde apenas 8% das espécies vegetais foram estudadas em busca
de compostos bioativos (Simões, 2003). O outro é que uma grande parcela da
população não têm acesso a medicamentos, pelo fato de o Brasil ser extremamente
dependente de importações de matérias-primas farmacêuticas.
Nosso
país importa aproximadamente 90% do que consome deste tipo de matéria-prima
(disponível em: URL: http://www.sebrae-sc.com.br). Além da evidente evasão de
divisas, isso se constitui até numa questão de segurança nacional. Para se ter
uma idéia da importância do assunto, em caso de interrupções abruptas nas
importações de matérias-primas e medicamentos químicos, cerca de 25% dos nossos
diabéticos correriam risco de vida, 15% dos hipertensos e portadores de úlceras
gastroduodenais estariam privados de medicação supostamente adequada e a quase
totalidade dos pacientes transplantados estaria virtualmente privada de
medicamentos imunossupressores.
Vêm
sendo feitos investimentos de monta em pesquisas, financiadas tanto por setores
governamentais como pela iniciativa privada, correspondendo a interesses
mundiais ou regionais. No Brasil, entretanto, onde a pesquisa acadêmica quase
não se transforma em produtos ou serviços úteis à sociedade, esses objetivos
não estão sendo alcançados, pois grande parte das pesquisas científicas não é
aproveitada em favor do desenvolvimento sócio-econômico.
A
pesquisa e o desenvolvimento de fitoterápicos por todo o mundo têm por
finalidade atender as necessidades das empresas na busca de inovações levando
em conta as seguintes informações: produtos modernos, renovação pela
necessidade de novos lançamentos, busca de novos desenvolvimentos que atendam
os requisitos legais (controle de qualidade, segurança e eficácia) e
aperfeiçoamento de produtos já existentes. O estudo de campo e os dados dos
laboratórios hoje permitem desenvolver terapias alternativas com bases científicas
e etnofarmacológicas, validando o conhecimento popular relacionado a sistemas
tradicionais de medicina.
Nos
países de primeiro mundo, os medicamentos derivados de plantas vêm
desempenhando papel crescente e relevante. Só para se ter uma idéia, em entre
os anos 60 e 80, 25% de todo receituário médico nos EUA continham extratos de
plantas ou algum princípio ativo deles extraído. Dados de uma pesquisa
realizada no Brasil mostram que apenas 15% dos médicos prescrevem fitoterápicos
por serem a favor de tratamentos alternativos e naturais, sendo que 27% utiliza
dessa ferramenta apenas quando há alguma restrição ao tratamento alopático.
Nessa mesma entrevista, 38% dos médicos prescreveriam mais fitomedicamentos se
houvesse um maior número de estudos clínicos comprovando eficácia e segurança
desses produtos e 5% não tem intenção de prescrever fitomedicamentos (Aché,
2004).
O
Brasil, com seu amplo patrimônio genético e sua diversidade cultural, tem em
mãos a oportunidade para estabelecer um modelo de desenvolvimento próprio e
soberano no Sistema Único de Saúde (SUS) com o uso de plantas medicinais e
fitoterápicos. Esse modelo deve buscar a sustentabilidade econômica e
ecológica, respeitando princípios éticos e compromissos internacionais
assumidos e promovendo a geração de riquezas com inclusão social.
A FITOTERAPIA NO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE
(SUS)
Com
a criação do Sistema Único de Saúde (SUS), em 1990, estabeleceu-se a
universalização do atendimento e sua integralidade. Como consequência,
passou-se a valorizar as múltiplas formas de tratamento. Dentro deste novo
enfoque, a Fitoterapia ganhou muitos adeptos entre os profissionais de saúde,
os gestores e os usuários do SUS e entre professores e pesquisadores das universidades.
Atualmente,
a atenção básica no SUS é feita principalmente através das equipes do Programa
Saúde da Família (PSF) que atendem nas Unidades Básicas de Saúde da Família
(UBSF). Estas unidades estão situadas nas próprias comunidades. As situações de
adoecimento atendidas pelas equipes do PSF, na sua maioria, podem ser tratadas
com a Fitoterapia. Disto resulta a importância de que a Fitoterapia seja
incrementada no Sistema Único de Saúde (SUS).
Em
1988, portanto antes da criação do SUS, a Resolução Nº. 08 da Comissão
Interinstitucional de Planejamento e Coordenação (CIPLAN) disciplinou a
implantação e implementação da Fitoterapia nos serviços de saúde. Contudo, a
mera existência da lei não foi capaz de levar este objetivo a termo. Mas,
apesar das dificuldades, a Fitoterapia e outras medicinas naturais e práticas
complementares cresceram bastante.
Reflexo
deste crescimento, em 03 de maio de 2006, o Ministério da Saúde, através da
Portaria 971, formulou a Política Nacional de Práticas Integrativas e
Complementares (PNPIC) para o Sistema Único de Saúde. Num primeiro momento,
foram incluídos nesta política a Fitoterapia, a Medicina Tradicional Chinesa
(Acupuntura) e o Termalismo.
A
criação desta política foi muito importante já que ela estabelece diretrizes e
medidas para a implantação e o desenvolvimento das práticas que ela contempla.
Na área da Fitoterapia as diretrizes são:
1-
Elaboração da Relação Nacional de Plantas Medicinais e da Relação Nacional de
Fitoterápicos;
2-
Provimento do acesso a plantas medicinais e fitoterápicos aos usuários do SUS;
3-
Formação e educação permanente dos profissionais de saúde em plantas medicinais
e Fitoterapia;
4-
Acompanhamento e avaliação da inserção e implementação das plantas medicinais e
Fitoterapia no SUS;
5-Fortalecimento
e ampliação da participação popular e do controle social;
6-
Estabelecimento de política de financiamento para o desenvolvimento de ações
voltadas à implantação das plantas medicinais e da Fitoterapia no SUS;
7-
Incentivo à pesquisa e desenvolvimento de plantas medicinais e fitoterápicos,
priorizando a biodiversidade do País;
8-
Promoção do uso racional de plantas medicinais e dos fitoterápicos no SUS;
9-
Garantia do monitoramento da qualidade dos fitoterápicos pelo sistema Nacional
de Vigilância Sanitária;
No
sentido de operacionalizar esta política, a Secretaria de Atenção à Saúde do
Ministério da Saúde publicou a Portaria Nº. 853, em 17/11/2007 que faz a
inclusão das práticas contidas na Portaria 971 na tabela de
serviços/classificações do Sistema Nacional de Estabelecimentos de Saúde (SCNES),
com o código 068. Esta portaria estabelece os profissionais que pode exercer no
SUS as práticas que fazem parte da PNPIC.
Além
disto, foi criada a Política Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos,
através do Decreto da Presidência, Nº. 5813, de 222 de junho de 2006. Esta
política tem objetivos e diretrizes claros relacionados aos temas e detalha as
atribuições dos diversos ministérios e outros órgão públicos para que ela seja
realmente implantada no Sistema único de Saúde.
Em
função da perspectiva de incremento da Fitoterapia no SUS, as universidades
brasileiras estão diante do desafio de introduzir ou incrementar o seu ensino
nos cursos de graduação, a extensão e a pesquisa com plantas medicinais.
A
consolidação da Fitoterapia no SUS justifica-se por diversas razões, como:
possibilita aos profissionais de saúde uma outra forma de tratamento; os custos
financeiros são menores; menor potencial de provocar efeitos adversos;
facilidade de acesso; inserção cultural da Fitoterapia nos usos e costumes da população;
garante ao usuário o seu direito de escolha do tratamento preferido; facilita a
participação popular no SUS, resgato o conhecimento popular; constitui uma
fonte de emprego e renda.
No
entanto, muitas dificuldades precisam ser superadas, como: o desconhecimento
e/ou o descrédito de alguns profissionais de saúde e gestores; o número
insuficiente de profissionais com conhecimento em Fitoterapia; a deficiência do
ensino da Fitoterapia na graduação e na especialização; a necessidade de
investimento inicial como a criação de laboratórios para produzir o medicamento
fitoterápico; o desconhecimento da população sobre a Fitoterapia ou o seu
conhecimento deturpado, etc.
No
Brasil, no período 2003-2007, o número de consultas no PSF (Programa Saúde da
Família) passou de 77 milhões para 140 milhões (MS, 2008).
Mas
os dados do Ministério da Saúde ainda apontam uma forte desigualdade regional e
intra-regional na oferta de serviços, bem como toda uma série de iniqüilidades
de gênero e classe social. O enfrentamento dessas iniquilidades, junto com a
mpliação da participação e do controle social, deve estar no centro do
planejamento, da execução, do monitoramento e da avaliação das políticas e
ações da saúde.
As
filas nas Unidades Básicas de Saúde para agendamento de consultas, exames e
cirurgias e o difícil acesso a medicamentos de alto custo mostram que a saúde
pública no Brasil ainda não é eficaz para atender toda a população brasileira
que não tem condições de pagar um plano de saúde. Os gastos com saúde pública
ainda devem ser grandes para mudar esta situação.
A
Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Fundo das Nações Unidas para a Infância
(Unicef) promoveram em 1978 a Conferência Internacional sobre a Atenção
Primária em Saúde em Alma–Ata, no Casaquistão, alertando para a necessidade de
ação urgente dos governos, profissionais da saúde e desenvolvimento, bem como
da comunidade mundial para proteger e promovera saúde dos povos no mundo. Nessa
conferência, é recomendado aos estados membros proceder à:
Formulação
de políticas e regulamentações nacionais referentes à utilização de remédios
tradicionais de eficácia comprovada e exploração das possibilidades de
incorporar os detentores de conhecimento tradicional às atividades de atenção
primária em saúde, fornecendo-lhes treinamento correspondente (OMS, 1979).
Ao
final da década de 1970, a OMS criou o Programa de Medicina Tradicional, que
recomenda aos Estados-membros o desenvolvimento de políticas públicas para
facilitar a integração da medicina tradicional e da medicina complementar
alternativa nos sistemas nacionais e atenção à saúde, assim como promover o uso
racional dessa integração.
Embora
a medicina moderna esteja bem desenvolvida na maior parte do mundo, a OMS
reconhece que grande parte da população dos países em desenvolvimento depende
da medicina tradicional para sua atenção primária, tendo em vista que 80% dessa
população utilizam práticas tradicionais nos seus cuidados básicos de saúde e
85% utilizam plantas ou preparações destas. Em vista desses fatos, e considerando
a rica biodiversidade brasileira e sua enorme potencialidade no que diz
respeito às plantas medicinais, no ano de 2006 duas políticas foram publicadas
para o setor de plantas medicinais e fitoterápicos no Brasil, a fim de
incentivar a prática desse tipo de terapia pelos profissionais da saúde. A
primeira foi a Portaria Ministerial MS/GM nº 971, de 03 de maio de 2006,
aprovando a Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC)
no Sistema Único de Saúde (SUS), que prevê a incorporação de terapias como a
homeopatia, o termalismo, a acupuntura e a Fitoterapia nesse sistema.
A
segunda foi o decreto no. 5813, de 22 de junho de 2006, que aprova a Política
Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos (PNPMF) e dá outras providências
(Carvalho, 2008). Essa Política estabelece diretrizes e linhas prioritárias
para o desenvolvimento de ações pelos diversos parceiros em torno de objetivos
comuns voltados à garantia do acesso seguro e do uso racional de plantas
medicinais e fitoterápicos em nosso País. Também traça diretrizes para o
desenvolvimento de tecnologias e inovações, assim como o fortalecimento das
cadeias e dos arranjos produtivos. A política orienta também para o uso
sustentável da biodiversidade brasileira e o desenvolvimento do complexo
produtivo da saúde (MS, 2007). Para o monitoramento e a avaliação da Política
Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos, foi criado e aprovado pela
Portaria Interministerial nº 2960, de 9 de dezembro de 2008, o Comitê Nacional
de Plantas Medicinais e Fitoterápicos, que iniciou seus trabalhos no dia 29 de
setembro de 2009. Com a sua criação essa política tornou-se o Programa Nacional
de Plantas Medicinais e Fitoterápicos. Com caráter consultivo e deliberativo, o
comitê é composto por representantes do governo e da sociedade civil.
Compete
ao Comitê Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos:
I
- definir critérios, parâmetros, indicadores e metodologia voltados à avaliação
da Política Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos (PNPMF), sendo as
informações geradas no interior dos vários planos, programas, projetos, ações e
atividades decorrentes dessa política, agora Programa Nacional;
II
- criar instrumentos adequados à mensuração de resultados para as diversas
vertentes da PNPMF;
III
- avaliar a ampliação das opções terapêuticas aos usuários e a garantia de
acesso a plantas medicinais, fitoterápicos e serviços relacionados à
Fitoterapia no SUS;
IV
- acompanhar as iniciativas de promoção à pesquisa, desenvolvimento de
tecnologias e inovações nas diversas fases da cadeia produtiva;
V
- avaliar as questões relativas ao impacto de políticas intersetoriais sobre
plantas medicinais e fitoterápicos, tais como: desenvolvimento sustentável das
cadeias produtivas, fortalecimento da indústria farmacêutica, uso sustentável
da biodiversidade e repartição dos benefícios decorrentes do acesso aos
recursos genéticos de plantas medicinais e ao conhecimento tradicional
associado;
VI
- acompanhar o cumprimento dos compromissos internacionais assumidos pelo País
no
âmbito
da PNPMF;
VII
- Acompanhar a consonância da política e do programa com as demais políticas
nacionais.
Atualmente,
o Conselho Brasileiro de Fitoterapia (Conbrafito) faz parte deste Comitê
representando a Agricultura como Titular por meio de seu presidente em
exercício.
O
Programa Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos contempla todas as
etapas de produção de fitoterápicos, desde o início, com as pesquisas que
demonstrem evidências científicas da planta para um determinado tratamento, passando
pelo cultivo, colheita, extração, produção e comercialização do produto. Por
envolver também a sabedoria popular, o programa não poderia deixar de lado o
conhecimento das comunidades tradicionais.
No
Estado de São Paulo temos também o exemplo da Lei nº 12739/07, proposta pelo
deputado Rodolfo de Costa e Silva, que autorizou o Poder Executivo a criar o
Programa Estadual de Fitoterápicos, Plantas Medicinais e Aromáticas.
O
Artigo 7º diz que o Programa Estadual de Fitoterápicos, Plantas Medicinais e
Aromáticas deverá respeitar os seguintes princípios:
I
- a pesquisa científica voltada para a identificação e a classificação de
plantas para análise de suas qualidades terapêuticas;
II
- o cultivo de plantas medicinais;
III
- a pesquisa científica voltada para o desenvolvimento do processo de produção
de produtos fitoterápicos;
IV
- a produção de fitoterápicos;
V
- a distribuição dos produtos fitoterápicos;
VI
- o controle de qualidade dos produtos fitoterápicos;
VII
- a divulgação dos produtos fitoterápicos com vista a orientar a comunidade
médico-usuário da saúde a respeito de sua utilização.
A
Lei nº 12951, de 07 de outubro de 1999 (D.O. 15 de outubro de 1999) dispõe
sobre a Política de Implantação da Fitoterapia em Saúde Pública no Estado do
Ceará. O Artigo 1º dessa lei diz que fica o Estado do Ceará autorizado a
implantar política de incentivo à pesquisa e à produção de produtos
fitoterápicos, com o objetivo de facultar ao Sistema Único de Saúde – SUS, o
uso de tais medicamentos na prevenção, no diagnóstico e no tratamento de
enfermidades específicas. Em 2007 a Assistência Farmacêutica no Estado foi
regulamentada como Coordenadoria (Coasf - Coordenadoria de Assistência
Farmacêutica), se tornando divisão direta do organograma da Secretaria Estadual
de Saúde (Sesa), o Núcleo de Fitoterapia (Nufito) que vem desenvolvendo
atividades que vão desde a capacitação de profissionais para o conhecimento e
cultivo das plantas à orientação científica sobre a utilização desses
medicamentos na Farmacologia da Saúde Pública na capital e no interior. As
atividades são resultados da parceria entre o Governo do Estado e o Projeto
Farmácias Vivas, idealizado pelo Professor Francisco José de Abreu Matos, da
Universidade Federal do Ceará. Outros Estados, como o Rio de Janeiro e a Bahia,
também apresentaram seus programas estaduais de fitoterápicos e plantas
medicinais. Alguns municípios também criam suas próprias políticas públicas que
incentivam a utilização da prática da Fitoterapia como a Lei Municipal nº
14903, de 06 de fevereiro de 2009 que dispõe sobre a criação do Programa de
Produção de Fitoterápicos e Plantas Medicinais no Município de São Paulo e dá
outras providências, agora regulamentada pelo Decreto nº 51435, de 26 de abril
de 2010.
Segundo
o Decreto nº 51435:
Art.
3º: O Programa tem por objetivo principal proporcionar a população o acesso
seguro:
I
- às plantas medicinais, com a adoção de boas práticas agrícolas relativas ao
respectivo cultivo, manipulação e produção de mudas certificadas e validadas,
para utilização de acordo com orientação sobre o uso correto;
II
- aos fitoterápicos, produzidos segundo legislação específica, a fim de serem
disponibilzados, mediante prescrição de profissionais autorizados legalmente,
médicos e cirurgiões dentistas nas suas respectivas especialidades, nas
unidades de saúde da Secretaria Municipal da Saúde.
Vamos
ver no decorrer deste livro que outros profissionais atualmente estão
legalmente habilitados para prescrever fitoterápicos. Eis aqui uma crítica à
esse Decreto, que poderia ter contemplado “profissionais legalmente
habilitados” ao invés de “médicos e cirurgiões dentistas”.
Outra
Lei do município de São Paulo com o mesmo intuito é a Lei nº 13717, de 8 de
janeiro de 2004, Projeto de Lei nº 140/01, do Vereador Celso Jatene, D.O.U. do município
de São Paulo de 9 de janeiro de 2004, que dispõe sobre a implantação das
Terapias Naturais na Secretaria Municipal de saúde, e dá outras providências. O
Artigo 1º diz que fica o Poder Executivo Municipal incumbido da implantação das
Terapias Naturais para o atendimento da população do Município de São Paulo.
§
1º - Entende-se como Terapias Naturais todas as práticas de promoção de saúde e
prevenção de doenças que utilizem basicamente recursos naturais.
§
2º - Dentre as Terapias Naturais destacam-se modalidades, tais como:
massoterapia, Fitoterapia, terapia floral, acupuntura, hidroterapia,
cromoterapia, aromaterapia, geoterapia, quiropraxia, ginástica terapêutica,
iridiologia e terapias de respiração.
Em
2005, a Secretaria de Ciência e Tecnologia e Insumos Estratégicos, por meio do
Departamento de Assistência Farmacêutica e Insumos Estratégicos (DAF/SCTIE/MS)
elaborou, em parceria com outros ministérios e com colaborações de consultores
e pesquisadores, uma lista de espécies vegetais considerando as já utilizadas
nos serviços de saúde estaduais e municipais, o conhecimento tradicional e
popular e os estudos químicos e farmacológicos disponíveis.
Esse
documento subsidiou, em 2008, a elaboração da Relação Nacional de Plantas
Medicinais de Interesse ao SUS (Renisus). A finalidade do Renisus é subsidiar o
desenvolvimento de toda a cadeia produtiva, inclusive nas ações que serão
desenvolvidas também pelos outros ministérios participantes no Programa
Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos, relacionadas à regulamentação,
cultivo, manejo, produção, comercialização e dispensação de plantas medicinais
e fitoterápicos. Terá também a função de orientar estudos e pesquisas que
possam subsidiar a elaboração da Renafito (Relação Nacional de Plantas Medicinais
e Fitoterápicos), o desenvolvimento e a inovação na área de plantas medicinais
e fitoterápicos. As espécies vegetais foram pré-selecionadas por regiões que
referenciavam seu uso, por indicações de uso e de acordo com as categorias do
Código Internacional de Doenças (CID-10). Essa parte inicial do trabalho foi
realizada por técnicos da Anvisa e do Ministério da Saúde (MS), profissionais
de serviços e pesquisadores da área de plantas medicinais e fitoterápicos,
vinculados à área da saúde, representando as diversas regiões brasileiras. A
partir dessa pré-seleção foram excluídas espécies exóticas e as que constam da
lista de espécies da flora brasileira ameaçadas de extinção, do Ministério do
Meio Ambiente (IN nº 6/2008). A Renisus ficou com 71 plantas (veja a seguir a
relação oficial completa).
RENISUS
RELAÇÃO NACIONAL DE PLANTAS MEDICINAIS
DE INTERESSE PARA O SUS
1
Achillea millefolium - Mil-folhas, aquiléia, mil-em-rama
2
Allium sativum – Alho
3
Aloe spp (A. vera ou A. barbadensis) – Babosa
4
Alpinia spp (A. zerumbet ou A. speciosa) - Alpínia, falso-cardamomo, pacova
5
Anacardium occidentale – Cajueiro
6
Ananas comosus – Abacaxi
7
Apuleia ferrea = Caesalpinia ferrea - Pau-ferro
8
Arrabidaea chica - Crajiru, pariri, cipó-cruz
9
Artemisia absinthium - Losna, absinto
10
Baccharis trimera – Carqueja
11
Bauhinia spp (B. affinis, B. forficate ou B. variegata) - Pata-de-vaca
12
Bidens pilosa - Picão-preto
13
Calendula officinalis – Calêndula
14
Carapa guianensis – Andiroba
15
Casearia sylvestris – Guaçatonga
16
Chamomilla recutita = Matricaria chamomilla = Matricaria recutita – Camomila
17
Chenopodium ambrosioides - Erva-de-santa-maria, mentrasto, mentruço, mentruz
18
Copaifera spp – Copaíba
19
Cordia spp (C. curassavica ou C. verbenacea) - Erva-baleeira
20
Costus spp (C. scaber ou C. spicatus) - Cana-do-brejo
21
Croton spp (C. cajucara ou C. zehntneri) – Sacacá
22
Curcuma longa - Açafrão, açafrão-da-terra, cúrcuma
23
Cynara scolymus – Alcachofra
24
Dalbergia subcymosa – Verônica
25
Eleutherine plicata - Marupari, marupazinho
26
Equisetum arvense – Cavalinha
27
Erythrina mulungu – Mulungu
28
Eucalyptus globulus – Eucalipto
29
Eugenia uniflora ou Myrtus brasiliana – Pitanga
30
Foeniculum vulgare - Funcho, falsa erva-doce
31
Glycine max – Soja
32
Harpagophytum procumbens - Garra-do-diabo
33
Jatropha gossypiifolia - Jalapa, pinhão-roxo
34
Justicia pectoralis - Anador, chambá
35
Kalanchoe pinnata = Bryophyllum calycinum - Pirarucu, folha-da-fortuna
36
Lamium album - Urtiga branca
37
Lippia sidoides - Alecrim-pimenta, alecrim-bravo
38
Malva sylvestris – Malva
39
Maytenus spp (M. aquifolium ou M. ilicifolia) - Espinheira-santa
40
Mentha pulegium - Poejo, menta-miúda
41
Mentha spp (M. crispa, M. piperitaou M. villosa) - Menta, hortelã
42
Mikania spp (M. glomerata ou M. laevigata) – Guaco
43
Momordica charantia - Melão-de-são-caetano
44
Morus sp - Amoreira, amora
45
Ocimum gratissimum – Alfavaca
46
Orbignya speciosa - Coco babaçu
47
Passiflora spp (P.alata, P. edulis ou P. incarnata) - Maracujá, passiflora
48
Persea spp (P. gratissima ou P. americana) – Abacateiro
49
Petroselinum sativum - Salsa, salsinha, cheiro-verde
50
Phyllanthus spp (P. amarus, P. niruri, P. tenellus e P. urinaria) -
Quebra-pedra
51
Plantago major – Tanchagem
52
Plectranthus barbatus = Coleus barbatus - Falso-boldo, boldo-de-jardim
53
Polygonum spp (P. acre ou P. hydropiperoides) - Erva-de-bicho
54
Portulaca pilosa - Ora-pró-nóbis, beldroega
55
Psidium guajava - Goiaba-branca
56
Punica granatum – Romã
57
Rhamnus purshiana - Cáscara-sagrada
58
Ruta graveolens – Arruda
59
Salix alba - Salgueiro-branco
60
Schinus terebinthifolius = Schinus aroeira – Aroeira
61
Solanum paniculatum – Jurubeba
62
Solidago microglossa - Arnica brasileira
63
Stryphnodendron adstringens = Stryphnodendron barbatimam – Barbatimão
64
Syzygium spp (S. jambolanum ou S. cumini) - Jambolão, Jamelão
65
Tabebuia avellanedeae - Ipê-roxo, pau-d´arco
66
Tagetes minuta - Coari, cravo-de-defunto
67
Trifolium pratense - Trevo-dos-prados, trevo-vermelho
68
Uncaria tomentosa - Unha-de-gato
69
Vernonia condensata - Boldo-baiano, boldo-japonês
70
Vernonia spp (V. ruficoma ou V. polyanthes) - Assa-peixe
71
Zingiber officinale – Gengibre
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