domingo, 23 de março de 2014

CIÊNCIA DA FITOTERAPIA




CONCEITO DE FITOTERAPIA
Fitoterapia é a Ciência que estuda a utilização de plantas medicinais ou bioativas, ocidentais e/ou orientais, in natura ou secas, plantadas de forma tradicional, orgânica e/ou biodinâmica, apresentadas como drogas vegetais ou drogas derivadas vegetais, nas suas diferentes formas farmacêuticas, sem a utilização de substâncias ativas isoladas e preparadas de acordo com experiências populares tradicionais ou métodos modernos científicos.
Fitoterapia é o tratamento de doenças mediante o uso de plantas (Ferreira, 1999). Phyton, em grego, quer dizer “planta” e therapeia, “tratamento”. Segundo a Portaria 971, de 03/05/2006, do Ministério da Saúde, a Fitoterapia é uma terapêutica caracterizada pelo uso de plantas medicinais em suas diferentes formas farmacêuticas, sem a utilização de substâncias ativas isoladas, ainda que de origem vegetal. A Fitoterapia constitui uma forma de terapia medicinal que vem crescendo notadamente neste começo do século XXI.

A IMPORTÂNCIA DA UTILIZAÇÃO DE PLANTAS MEDICINAIS
Ao longo da história, o homem sempre buscou a superação dos seus males. Inúmeras etapas marcaram a evolução da arte de curar. Porém, é difícil delimitá-las com exatidão, uma vez que a arte de curar esteve, por muito tempo, associada às práticas mágicas, místicas e ritualísticas. Em todas estas etapas, as práticas de cura utilizaram as plantas medicinais.
Inicialmente, o homem se preocupou com o alívio imediato dos sintomas das doenças, principalmente a dor e, posteriormente, se dedicou ao entendimento do funcionamento do organismo, na saúde e na doença. E para curá-lo, utilizava-se daquilo que a natureza oferecia, com destaque para a utilização das plantas.
O homem sempre observou como os animais utilizavam as plantas e os efeitos que as mesmas eram capazes de provocar. Se determinada planta provocava um efeito benéfico para o animal, deduzia-se que, certamente, para o homem também ocorreria o mesmo.
Mas o conhecimento da utilização das plantas como medicamento não foi adquirido apenas observando os animais. O homem sempre utilizou as plantas como fonte de alimentos e observava os efeitos que elas provocavam no seu organismo. Em função disto, foi fazendo a triagem das plantas que tinham atividades alimentícias, medicinais e tóxicas, etc.
Posteriormente, passou a fazer a busca das plantas medicinais, de forma sistemática. Nesta busca, durante muito tempo, foi marcante a teoria das assinaturas. Por ela, acreditava-se que, na natureza, havia elementos capazes de curar todos os males e que estes elementos tinham um sinal, um indício capaz de identificá-los com sua função terapêutica. O principal indício seria a semelhança da forma e da cor da planta, ou de suas partes, com os órgãos acometidos pelas doenças.
E foi assim que se deu a descoberta do potencial terapêutico das plantas medicinais. A princípio, de forma intuitiva e, posteriormente, através da experimentação sistemática.
Como exemplo do processo intuitivo e experimental, utilizado pelo homem nos primórdios das civilizações, temos a fábula que diz que um pastor todos os dias levava as suas cabras para o pasto. Enquanto pastoreava, ele observava que os animais comiam os frutos de umas das plantas que ali se encontravam e que, após algum tempo, elas ficavam completamente eufóricas a correr pelos campos. Então, ele resolveu consumir esses frutos e assim fazendo, conseguia se manter acordado e fazer suas orações. Posteriormente, passou-se a torrar os frutos desta planta, para transformá-lo em pó, usando-o na preparação de um chá, que se tornou mundialmente usado. Assim, segundo a tradição descobriu-se o uso do café.
Na antiguidade, acreditava-se na magia do reino vegetal e isto podia ser descoberto e usado através do conhecimento empírico das plantas. Essa crença foi apropriada pela alquimia e pelo ocultismo que atribuíam às plantas um campo astral capaz de interferir no corpo físico e espiritual que oscilava do bem ao mal, do amor ao ódio, da saúde à doença, da vida à morte.
Esse entendimento foi transmitido de geração a geração e até hoje, em algumas religiões, tanto orientais quanto ocidentais, acredita-se no poder mágico das plantas, a ponto de algumas delas serem consideradas plantas sagradas, das quais se faz preparações que são capazes de provocar um estado de transe que reportam seus usuários a entidades espirituais. Em nossa cultura, podemos citar a jurema preta e o ayuasca.
Usadas com finalidades místicas ou não, ao longo do tempo, as plantas adquiriram respeitabilidade em todas as civilizações pela demonstração do seu potencial terapêutico no processo saúde-doença, bem como de suas propriedades tóxicas.
As primeiras informações escritas sobre as plantas medicinais foram encontradas em escavações na Mesopotâmia, em 1872, e datam do século 16 a.C. São os Papiros de Ébers, escrito egípcio que inclui mais de 700 prescrições com produtos naturais, principalmente as plantas, dentre elas, alho, rícino, mirra, aloe, linho, tomilho, canabis, funcho, açafrão, entre outros.
Na verdade, as plantas foram a primeira fonte onde se buscou recurso para a intervenção no adoecimento humano. A Bíblia faz referência ao uso de alho, poejo, cominho, menta, urtiga, etc.
Os egípcios deram grande contribuição à Fitoterapia pelo uso que faziam das plantas, não apenas para curar as doenças, mas também para embalsamar os corpos e para os rituais religiosos. O bulbo da cebola era tido como um símbolo do universo e era consagrada à deusa mãe Íris. Os egípcios usavam muitas preparações com plantas que apresentavam propriedades aromáticas, anti-sépticas e cosméticas, além de cultivarem plantas purgativas, diuréticas, vermífugas, etc.
Já os assírios cultivavam várias plantas que serviam de matéria-prima para a preparação de tinturas, ungüentos, águas aromáticas, ao passo que os hebreus usavam as plantas que cultivavam para a realização de suas cerimônias e oferendas, a exemplo da mirra.
Na China, existem relatos de cura com plantas, desde 3000 a.C. Por isto, a China é considerada o berço do uso das plantas com propriedades medicinais.  Na literatura, é citado que o imperador Shen Nung, considerado o Hipócrates chinês, estudou e relatou, no livro das ervas, o poder terapêutico e tóxico de mais de 300 espécies de plantas.
Na Roma antiga, o alho era utilizado para espantar os espíritos malvados e os soldados da Grécia antiga levavam alho em bolsas nos seus gorros para se protegerem da bruxaria e das desgraças.
Hipócrates, considerado o pai da medicina ocidental, acreditava que a prevenção e a cura das doenças encontravam-se na natureza, cabendo ao homem apenas a sua decodificação. Com este entendimento, reuniu em sua obra, Corpus Hipocraticum, um conjunto de informações a cerca do tratamento das enfermidades, com remédios à base de plantas Ele foi seguido por muitos outros, como Teofrasto, Plínio, Asclepíades, Pelacius, Dioscórides, etc.
Dioscórides (40-90) realizou a primeira compilação sistemática de plantas, na sua obra chamada De Matéria Médica. Nela, estão catalogadas 579 plantas e descritos 4.700 usos e formas de atuação destas plantas. Este livro foi de grande importância para a medicina européia, até o século XVII.
A Índia é o país que, ao lado da China, tem grande tradição na utilização das plantas medicinais, que constituem a base da terapêutica da Medicina Ayurvédica. Lá, foram escritas várias obras sobre medicamentos à base de plantas, como sândalo, canela, cardamono e sobre a preparação de elixires, tinturas, essências, sucos, extratos, etc.
Foi no século II depois de Cristo que as plantas ganharam uma maior utilização na terapêutica. Isto se deve incansável de vários estudiosos como Galeno, que escreveu várias obras e ganhou notoriedade dentro da farmacologia pela preparação de suas formulações, hoje denominadas fórmulas galênicas.
Com a queda do império romano, ocorreu o descrédito do conhecimento médico porque este já não era capaz de atender à demanda das patologias existentes. Neste período, a guarda e a reprodução de escritos relacionados à medicina foram confinadas nos mosteiros, que passaram a funcionar como depositários dos conhecimentos médicos. Era comum, nestes locais a existência de grandes jardins medicinais. 
A igreja que já exercia um grande poder com relação à questão espiritual passou a ser detentora de poder sobre o corpo físico, pois eram os religiosos os responsáveis pelas transcrições dos registros. A população, no entanto, encontrava-se totalmente desprovida de cuidados e por si só passou a desenvolver práticas de cura. É dentro desse contexto que surge a medicina popular, permeada de práticas mágicas exercidas por curandeiros, bruxos, viajantes e a população em geral.
Na Idade Média, há o redimensionamento dos saberes popular e erudito a cerca das plantas. Neste período ganhou prestígio a teoria das assinaturas. Por ela, acreditava-se que a cura se encontrava na natureza cabendo ao homem a decodificação dos sinais. Por exemplo, para tratar uma patologia que acometia os rins usavam-se as plantas que tinham o formato de feijão, que é o formato dos rins. Para enfermidades no cérebro, plantas com formato de nozes, etc.
A partir do séc. XVI houve grandes transformações e inovações no campo das artes, da filosofia, da ciência, culminando com o Renascimento.
Neste período, três fatores contribuíram para a consolidação da Fitoterapia: o avanço da botânica que foi incrementado pelo estudo classificatório das plantas; a disseminação do herbalismo, com a criação de herbários e jardins de plantas medicinais, principalmente junto às universidades e a descoberta e a troca de plantas medicinais entre diferentes regiões, devido às grandes navegações e ao estabelecimento de rotas comerciais.
No Brasil, os primeiros registros sobre o uso de plantas datam do século XVI e correspondem aos manuscritos do Padre. Anchieta. Nestes, ele relata que nas pescarias feitas pelos índios que aqui habitavam, os peixes vinham à tona apenas com o toque de cipós na água. Posteriormente isto foi explicado com a descoberta das substâncias narcóticas e curarizantes contidas nas plantas por eles utilizadas. Os jesuítas tiveram grande importância na difusão dos conhecimentos dos indígenas sobre as plantas medicinais para a população em geral.
Ao longo da história da colônia, foi se consolidando o uso de plantas medicinais nativas do Brasil com aquelas trazidas pelos portugueses e africanos, concomitantemente com práticas religiosas. A movimentação de pessoas que faziam o desbravamento do interior do país, em busca do ouro ou de índios para a escravização, foi fundamental na troca de informações sobre o uso das plantas medicinais.
Também cabe destaque a alguns estudiosos que fizeram a compilação das plantas usadas pelas diversas comunidades, em publicações muito importantes como fontes históricas e científicas no uso de plantas medicinais. Como exemplo destas obras, podemos citar: Flora Fluminensis, de Frei José Mariano da Conceição Veloso (1742-1811), Systema Materiae Medicae Vegetabilis Brasiliensis, publicado em 1843, de autoria de Karl Friedrich Philipp Von Martius, Matéria Médica Brasileira, publicada entre 1862 e 1864, de autoria de Manuel Freire Allemão Cysneros.
No século XX, a obra mais importante sobre plantas medicinais é o Dicionário das Plantas Úteis do Brasil e das Exóticas Cultivadas, de Pio Correia, uma coleção de 06 volumes, publicada a partir de 1926.
O séc. XIX foi marcado pela construção do saber anatomofisiopatológico. Então, houve o afastamento das ciências médicas do saber herbalístico e passou-se a valorizar a sintomatologia, respaldada pelas teorias de Clark, médico biologicista.
Em 1805, pela primeira vez foi isolado um princípio ativo de planta, a morfina, um alcalóide da papoula e em 1838 a salicina foi extraído do salgueiro. A partir dele, em 1860, foi sintetizado o primeiro medicamento em laboratório, a aspirina. Com base nesta técnica, houve um crescente desenvolvimento da química e novas substâncias foram isoladas em laboratório e delas novos produtos de síntese foram surgindo, levando à paulatina substituição do uso das plantas pelos medicamentos produzidos em laboratório, o que ocorreu de forma plena na segunda metade do século XX, motivado por vários fatores, dentre eles um dos mais importantes foi a descoberta dos antibióticos.
Paralelo à substituição da planta pelo medicamento feito a partir de drogas sintéticas, houve também um intenso trabalho de desqualificação do saber popular sobre as plantas medicinais, como prova a proibição da prática da Fitoterapia por pessoas leigas e até mesmo por médicos que ocorreu em diversos países.
Esta ofensiva contra as plantas medicinais e o saber popular, não se restringiu aos países mais desenvolvidos, mas se expandiu às colônias, na América, na África e na Ásia. Como exemplo, temos a proibição, por parte da Inglaterra, do uso de plantas medicinais na Índia, algo injustificável, tendo em vista que este país, ao lado da China, tem o uso de plantas fortemente arraigado nos seus sistemas de cura.
Nos Estados Unidos, em 1907, o governo deixou de dar subsídios às escolas médicas que ensinassem o uso de plantas medicinais. 
No Brasil, a Fitoterapia chegou ao século XX como a terapêutica mais usada, apesar do declínio acarretado pelo surgimento do conhecimento biológico. Esse período foi marcado pela prosperidade econômica impulsionada pela cultura do café, pela grande imigração de europeus, pelo aumento da urbanização, pelo incremento da exportação e pelo início da industrialização. Tudo isto levou ao agravamento da situação sanitária das cidades, provocando o surgimento das grandes endemias e epidemias. Neste novo contexto econômico, sanitário e científico o uso de plantas não era mais adequado.
Neste período, em todo o mundo, em função da acelerada construção de conhecimento na área da saúde, a Biomedicina se fortaleceu como racionalidade médica capaz de nortear o entendimento e o manuseio do processo saúde-doença. Neste modelo biologicista, não havia muito espaço para a utilização de plantas medicinais devido à sua vinculação com o conhecimento popular. O método científico foi erigido à categoria de única forma de construir e aplicar conhecimentos verdadeiros e eficazes. Foi também o início da indústria farmacêutica, com sua promessa de descobertas de medicamentos capazes de combater todas as doenças e com acessibilidade a toda a população. Esta nova conjuntura favoreceu a mercantilização da saúde, e a doença da população passou a ser vista como fonte de lucros.
No Brasil, e no mundo, a Fitoterapia perdeu espaço para o medicamento sintético, produzido em larga escala. Em síntese, os motivos que levaram à diminuição do uso das plantas medicinais, ao longo do século XX, foram:
Desenvolvimento científico e tecnológico, com repercusões na área da saúde;
Consolidação e expansão das profissões da área da saúde, principalmente da medicina, fazendo com que aumentasse significativamente o número de pessoas com acesso a esses profissionais, que não usavam a Fitoterapia;
Combate à prática de cura por pessoas leigas, que normalmente usavam as plantas medicinais, por parte dos profissionais de saúde e suas entidades de representação;
Desqualificação dos saberes populares e exaltação do conhecimento científico como o único conhecimento correto e confiável;
Desenvolvimento da indústria farmacêutica e descoberta de novos fármacos;
Praticidade do uso do medicamento industrializado;
Falta ou insuficiência de estudos comprobatórios da eficácia e da segurança dos fitoterápicos;
Falta de contato da população urbana com as plantas medicinais, levando a sua desvalorização;
Posteriormente, pôde-se observar a lacuna existente entre o proposto e o real. A partir da década de 60, começou a ocorrer o desencanto com a promessa da eficácia, da segurança e da eficiência da medicalização da população. Sua eficácia não foi suficiente para vencer as doenças já que estas são resultado de múltiplos fatores, dentre eles a falta de condições econômicas que propiciem uma vida saudável, com qualidade. Além disto, o medicamento sintético tem custos que o tornam inacessível para uma grande parcela da população. Estas pessoas continuaram a fazer uso das plantas medicinais.
O desencanto com o medicamento sintético estava inserido no contexto do desencanto com a sociedade tecnológica e capitalista que havia criado a expectativa de que a tecnologia traria facilidades e abundância para todos. Isto fez com que ocorresse a busca por uma vida natural, tendência esta que se consolidou nas décadas seguintes, levando ao ressurgimento e ao fortalecimento da Fitoterapia, no mundo todo.
Onde a Fitoterapia sempre foi uma prática largamente difundida, este ressurgimento foi mais intenso, como a Índia e a China. Neste país, com a vitória do partido comunista, houve um grande incentivo ao uso das plantas medicinais, principalmente através dos médicos de pés descalços. A Medicina Tradicional Chinesa tem na Fitoterapia uma de suas principais terapêuticas, o mesmo ocorrendo com a Medicina Ayurvédica (Índia). Estas práticas convencionais convivem em pé de igualdade com a Biomedicina.
Esta tendência de crescimento tem se verificado em todo o mundo. Na Europa, em países como a Inglaterra, a Alemanha e a Espanha, medicamentos fitoterápicos são muito consumidos por grande parte da população. Este crescimento também se observa nas universidades, através do ensino e da pesquisa sobre as plantas medicinais.
Nos Estados Unidos da América este crescimento também ocorre, mas os fitoterápicos são comercializados como suplementos alimentares.
A Fitoterapia e outras medicinas naturais e práticas complementares podem ser usadas ao mesmo tempo em que se usa a alopatia, de forma substitutiva ou complementar entre si, dependendo da natureza da doença, das condições econômicas do paciente, da estrutura dos serviços de saúde e da capacitação dos profissionais de saúde. 
A retomada da Fitoterapia nos últimos tempos ocorreu em função de uma série de fatores, como os estudos científicos que comprovam a sua eficácia, sua segurança e sua efetividade; acesso fácil às plantas; credibilidade da população na sua eficácia e na sua segurnaça; inserção da Fitoterapia no contexto cultural da população; utilização das plantas medicinais através de formas de preparação simples; crença na baixa possibilidade de provocar efeitos adversos, etc.
Contudo, é necessário saber que a ação terapêutica da planta medicinal e do medicamento fitoterápico é baseada no mesmo princípio do medicamento alopático que é a cura através de princípios ativos que também podem ter efeitos adversos, o que demanda cuidados. É preciso superar o mito de que planta, por ser natural, não faz mal. Quando não se utiliza a dose correta, a preparação e a via adequadas, a planta, mesmo sendo medicinal, poderá causar transtornos ao indivíduo, como uma intoxicação. 

CONCEITOS TÉCNICOS EM FITOTERAPIA
-Adjuvante: Substância de origem natural ou sintética adicionada ao medicamento com a finalidade de prevenir alterações, corrigir e/ou melhorar as características organolépticas, biofarmacotécnicas e tecnológicas do medicamento.
-Carminativo: Agente que favorece e provoca a expulsão de gases intestinal.
-Catártico: Purgante mais enérgico que o laxante e menos drástico.
-Colagoga: Agente/Substância que provoca e favorece a produção da bílis.
-Colerética: Agente/Substância que aumenta a liberação de bílis.
-Derivado de droga vegetal: Produtos de extração da matéria prima vegetal: extrato, tintura, óleo, cera, exsudato, suco, e outros.
-Droga vegetal: Planta ou suas partes, após processos de coleta, estabilização e secagem, podendo ser íntegra, rasurada, triturada ou pulverizada.
-Emenagoga: Agente que restabelece o fluxo menstrual.
-Estomáquico: Agente que estimula a atividade secretora do estômago.
-Etnofarmacologia: Disciplina que estuda como as populações tradicionais interagem com as plantas e comoas usa, no tratamento de suas doenças.
-Fórmula Fitoterápica: Relação quantitativa de todos os componentes de um medicamento fitoterápico.
-Fitofármaco: Medicamento feito a partir de substância de origem vegetal, porém de forma isolada.
-Fitoterápico: Medicamento obtido empregando-se exclusivamente matérias-primas ativas vegetais. É caracterizado pelo conhecimento da eficácia e dos riscos de seu uso, assim como pela reprodutibilidade e constância de sua qualidade. Sua eficácia e segurança são validadas através de levantamentos etnofarmacológicos de utilização, documentações tecnocientíficas em publicações ou ensaios clínicos fase 3. Não se considera medicamento fitoterápico aquele que, na sua composição, inclua substâncias ativas isoladas, de qualquer origem, nem as associações destas com extratos vegetais.
-Marcador: Componente ou classe de compostos químicos (ex: alcalóides, flavonóides, ácidos graxos, etc.) presente na matéria-prima vegetal, idealmente o próprio princípio ativo, e preferencialmente que tenha correlação com o efeito terapêutico, que é utilizado como referência no controle de qualidade da matéria-prima vegetal e dos medicamentos fitoterápicos.
-Matéria prima vegetal: Planta medicinal fresca, droga vegetal e derivado de droga vegetal.
-Medicamento: Produto farmacêutico, tecnicamente obtido ou elaborado, com finalidade: profilática, curativa, paliativa ou para fins de diagnósticos.
-Nomenclatura botânica oficial completa: Gênero, espécie, variedade, autor do binômio, família -Nomenclatura botânica oficial: Gênero, espécie e autor.
-Nomenclatura botânica: Gênero e espécie.
-Princípio ativo de medicamento fitoterápico: Substância, ou classes químicas (ex: alcalóides, flavonóides, ácidos graxos, etc.), quimicamente caracterizada, cuja ação farmacológica é conhecida e responsável, total ou parcialmente, pelos efeitos terapêuticos do medicamento fitoterápico.
-Medicamento fitoterápico novo: Aquele cuja eficácia, segurança e qualidade, sejam comprovadas cientificamente junto ao órgão federal competente, por ocasião do registro, podendo servir de referência para o registro de similares.
-Medicamento fitoterápico tradicional: É aquele elaborado a partir de planta medicinal, de uso alicerçado na tradição popular, sem evidências, conhecidas ou informadas, de risco à saúde do usuário, cuja eficácia é validada através de levantamentos etnofarmacológicos e de utilização, de documentações tecno-científicas ou publicações indexadas.
-Medicamento fitoterápico similar: Aquele que contém as mesmas matérias-primas vegetais, na mesma concentração de princípio ativo ou marcadores, utilizando a mesma via de administração, forma farmacêutica, posologia e indicação terapêutica de um medicamento fitoterápico considerado como referência.
-Planta medicinal – Espécie vegetal designada pelo seu nome científico e/ou popular utilizada com finalidades terapêuticas.
-Princípio ativo: Substância, ou grupo delas, quimicamente caracterizada, cuja ação farmacológica é conhecida e responsável, total ou parcialmente, pelos efeitos terapêuticos do medicamento fitoterápico.
-Produto natural: É toda substância encontrada na natureza (vegetal, mineral ou animal) de origem orgânica ou inorgânica que pode ser utilizada diretamente ou processada pelo homem.

O CONHECIMENTO POPULAR E CONHECIMENTO CIENTÍFICO
A Fitoterapia é um campo onde mais está presente a discussão sobre a questão do conhecimento popular e do conhecimento científico. Durante muito tempo, todas as informações sobre as plantas medicinais vinham do conhecimento popular, construído através da observação do efeito das plantas nos organismos animais e humanos e transmitido principalmente através da tradição oral.
Com a consolidação das diversas profissões da área da saúde e com o aumento do número de profissionais desta área, houve um forte movimento no sentido de ocupar todos os espaços legalmente destinados a estas profissões e para isto se tornou necessário alijar todos aqueles que exerciam a arte de curar sem terem a qualificação legal.
Pessoas que sempre se ocuparam de tratar as doenças da população, muitas delas fazendo isto com muita dedicação e conhecimento prático, passaram a serem consideradas como charlatães. Para que a exclusão destas pessoas se fizesse de forma rápida e completa, todo o seu arsenal de conhecimento e de terapêuticas passou a ser considerado incorreto e ineficaz. Por isto, as plantas medicinais foram relegadas a um segundo plano, privilegiando o uso dos medicamentos feitos nos laboratórios e nas indústrias farmacêuticas, tidos como mais eficazes e de fácil manuseio.
Contudo, as expectativas criadas com o desenvolvimento da indústria farmacêutica não se concretizaram na sua totalidade, provocando certo desencanto nas pessoas, que passaram a se interessar por terapêuticas alternativas, com destaque para a Fitoterapia.
O incremento do uso da Fitoterapia obrigou as pessoas do meio acadêmico a se ocupar do estudo e da pesquisa sobre as plantas medicinais, validando a sua eficácia e a sua segurança. Mas isto foi feito, estabelecendo uma dicotomia entre o conhecimento popular e o conhecimento científico. Este passou a ser encarado como o fiador do uso seguro das plantas. Aquele como um conhecimento insuficiente ou até mesmo ineficaz, talvez, perigoso. Desta forma, seria desaconselhável o uso das plantas baseado em indicações do conhecimento popular.
A ciência não é o único caminho de acesso ao conhecimento e à verdade. O conhecimento popular ou vulgar, às vezes denominado senso comum, não se distingue do conhecimento científico nem pela veracidade nem pela natureza do objeto conhecido. O que os diferencia é a forma ou o método e os instrumentos do conhecer.
Tanto o senso comum, como a ciência, almejam ser racionais e objetivos. Entretanto, o ideal de racionalidade, compreendido como uma sistematização coerente de enunciados fundamentados e passíveis de verificação, é obtido muito mais por intermédio de teorias que constituem o núcleo da ciência do que pelo conhecimento comum, entendido como acumulação das partes ou peças de informação frouxamente vinculadas. Por sua vez, o ideal de objetividade, isto é, a construção de imagens da realidade verdadeiras e impessoais, não pode ser alcançada se não se ultrapassarem os estreitos limites da vida cotidiana, assim como da experiência particular.
Por esse motivo é que o senso comum, ou conhecimento popular, não pode conseguir mais do que uma objetividade limitada, assim como é limitada sua racionalidade, pois está estreitamente vinculado à percepção e à ação. Apesar da racionalidade e objetividade limitadas, pode-se dizer que o conhecimento popular é o modo comum, corrente e espontâneo de se conhecer. O adquirimos no trato direto com as coisas e os seres humanos. É o saber que preenche nossa vida diária e que se possui sem o haver procurado ou estudado, sem aplicação de um método e sem se haver refletido sobre algo.
É um conhecimento que tem como características ser superficial, sensitivo, subjetivo, assistemático e acrítico. Contudo, tal qual o conhecimento científico ele é verificável e falível. É também um conhecimento valorativo, reflexivo e inexato, quando se busca a generalização. Apesar de suas limitações, o conhecimento popular é útil e pode e deve ser aproveitado por aqueles que constroem conhecimento dentro do método científico. Daí porque não deve haver competição, mas complementaridade.
Dentro desta ótica, é fundamental que aqueles que trabalham com as plantas medicinais, dentro de uma ótica cientifica, busquem o conhecimento popular e faça o retorno aos agentes que os tem das informações adquiridas através do método científico. Desqualificar as informações sobre plantas medicinais que vêm do meio popular é uma atitude preconceituosa e descompromissada com a realidade em que nos inserimos e com a construção de um modelo de sociedade mais justa e fraterna. 

CUIDADOS PARA O BOM USO DAS PLANTAS MEDICINAIS
01ª - Saber identificar: Muito cuidado quando se indica uma planta ou quando se pega uma receita num livro onde não há o desenho da planta ou seu nome em latim. Isto porque o nome popular varia de uma região para outra.
Dê preferência a plantas frescas escolhidas corretamente de locais de cultivo do próprio usuário. Plantas secas somente devem ser usadas quando adquiridas de fonte responsável e segura.
02ª - Saber a parte da planta a ser utilizada: É preciso conhecer a planta e saber quais as partes que são utilizadas: raiz, entrecasca, folhas, planta inteira, frutos e sementes.
03ª - Saber da toxicidade da planta: Há muitas plantas que são tóxicas e muitas outras podem sê-lo, dependendo de quem a toma, do quanto se toma, e como se toma. As crianças e os idosos se intoxicam com mais facilidade. Por isso, deve-se ter muito mais cuidado com a dose. Evitar tomar chás durante a gravidez. Muitas plantas têm efeito abortivo e teratogênicos (má formação da criança), como quebra-pedra (Phylanthus niruri L.), capim santo (Cymbopogon citratus DC Stapf). Deve-se evitar o uso freqüente de chá pelas crianças que estejam em aleitamento materno, porque elas podem querer trocar o leite pelo chá.
Existem plantas que, mesmo em pequenas quantidades, são potencialmente venenosas como a espirradeira (Nerium oleander L.) e comigo-ninguém-pode (Diffenbachia picta Schot). É aconselhado conhecer bem as plantas tóxicas.
04ª - Saber onde coletar: Não colete as plantas medicinais nas beiras de rios, córregos poluídos, esgotos, nem das margens das estradas porque geralmente estão contaminadas por fumaça de carros, pesticidas, etc. Hoje em dia, o melhor é desenvolver horta comunitária de plantas medicinais e aí cultivar as plantas básicas de cada área, segundo a pesquisa de dados (etnobotânica) realizada previamente.
05ª - Saber como coletar: Quando for coletar folhas de uma planta, não retire todas as folhas de um galho. É através delas que as plantas absorvem os raios solares. Despreze as folhas velhas e que estejam furadas de insetos, mofadas ou com outras contaminações. As cascas devem ser retiradas em pequenos pedaços, apenas de um dos lados da planta, pois ao se circundar o caule pode-se causar a sua morte.
06ª - Saber quando coletar: As melhores horas para efetuar a coleta são as da manhã, logo após a total secagem do orvalho e as horas do fim da tarde, em dias ensolarados. Para as plantas aromáticas recomenda-se a colheita do final da tarde, especialmente nas dias muito quentes, para se evitar a evaporação de substâncias facilmente voláteis sob a ação do sol. Há diferença na época de colheita de uma espécie para outra; o ideal seria um calendário de coleta de plantas que indicasse a estação propícia, como ocorre com as verduras. Para muitas plantas, o momento propício para coletar folhas é quando começam a apontar os órgãos reprodutores, como os que formarão brotos e flores.
07ª - Saber como secar e conservar: Flores e folhas devem ser colocadas à sombra para secar em local ventilado, limpo e em camadas finas, para evitar que somente as de cima fiquem secas. Três a cinco dias são suficientes. Outro método é pendurar os galhos de flores e folhas em um varal, até que sequem. As cascas devem ser raspadas ligeiramente e lavadas com água corrente para retirar a superfície impregnada de poeira, lodo ou insetos e depois devem ser colocadas ao sol para secar.
Raízes devem ser lavadas e colocadas para secar. No caso de raízes e cascas muito grossas, sugere-se cortá-las em pedaços pequenos e finos, após a lavagem e colocá-las para secar.  Sementes devem ser colhidas de frutos maduros e sadios, limpos por peneiração ou lavagem e secas ao sol. São as partes vegetais que apresentam maior durabilidade.
Quando não se dispõe de condições naturais de calor e vento, a secagem pode ser feita em estufa, em temperatura não superior a 40º C. Após secas, as partes das plantas deverão ser reduzidas a pequenos pedaços, com exceção das sementes, e guardadas num vidro limpo, seco, com tampa e ao abrigo da luz do sol. Deve-se colar no frasco, uma etiqueta com o nome da planta e data da coleta. É aconselhável observar sempre a existência de mofo, contaminação por insetos, entre outros, o que as tornará impróprias para o consumo. Sugere-se que o estoque seja renovado a cada três ou seis meses.
08ª - Saber como preparar: Existem diferentes métodos de preparar os remédios à base de plantas medicinais. Por exemplo: infusão, decocção, maceração, etc. Evite o uso de vasilhas de ferro, alumínio, cobre ou plástico; dê preferência às vasilhas de vidro (que possa ser levada ao fogo), porcelana ou barro. É importante também saber a quantidade da planta a usar no preparo. Depois de preparados, os medicamentos devem ser bem guardados.
09ª - Saber como usar: Esteja atento quando for usar as plantas. Observe se a indicação é para uso interno (ingestão), ou externo (uso local). Muitas plantas, como o confrei (Symphytum officinale L.), não devem ser ingeridas, mas somente usadas em aplicações como cicatrizante. Não se deve misturar muitas plantas num mesmo medicamento, nem tomar vários deles ao mesmo tempo.
10ª - Saber quanto usar: É importante saber quanto se deve tomar de um medicamento à base de plantas. Não se pode abusar da dosagem. O dito popular "que pancada grande é que mata cobra", não deve ser seguido, pois as plantas têm efeitos adversos se forem usadas em altas concentrações ou por muito tempo. Em doenças crônicas que necessitam de um tratamento continuado, é importante o acompanhamento médico e laboratorial. Nestes casos, não se deve usar uma mesma planta por muito tempo.

FORMAS DE PREPARAÇÃO E USO DAS PLANTAS MEDICINAIS
A eficácia dos medicamentos à base de plantas medicinais depende de vários fatores, como  a forma como são preparados e são usados. A sua preparação e uso podem ser feitos de acordo com as técnicas farmacêuticas ou utilizando técnicas mais simples, que são as preparações caseiras.
As formas de preparação simples são:
CHÁ – O chá pode ser preparado como decocto, infuso ou macerado.
Decocto - O decocto é uma preparação em que os princípios ativos das plantas são extraídos em água potável levada à fervura. Ele é utilizado para raízes, caules, cascas e sementes. A parte da planta a ser utilizada deve ser bem lavada e bem cortada e deixada em fervura baixa pelo tempo de até de 15 minutos. As plantas que têm princípios ativos que se evaporam, não devem ser usadas para se fazer decocção. Para as plantas que têm muito tanino, o tempo de fervura deve ser menor.
Infuso – O infuso é uma preparação que extrai os princípios ativos das plantas, através da colocação de água fervente sobre as partes das plantas lavadas, cortadas e colocadas num recipiente. Após a colocação da água, tampa-se o recipiente e deixa-se em repouso por 15 minutos. O infuso é utilizado para folhas, flores e frutos.
Macerado – O macerado é preparado colocando as partes das plantas bem lavadas e bem cortadas em um recipiente com água potável, à temperatura ambiente, por um período de 24 a 48 horas, dependendo da consistência das partes da planta utilizada.
Para a preparação dos chás, utiliza-se de um a cinco gramas da parte da planta para cada 100 ml de água. Após a preparação, o chá deve ser filtrado (coado) e colocado num recipiente bem limpo e consumido em até 24 horas.
Os chás usados para o tratamento de resfriado, gripe, bronquite e febre devem ser adoçados e tomados ainda quente. Os chás usados para os males do aparelho digestivo devem ser tomados frios ou gelados, sem açúcar.
A posologia do chá é de uma xícara, três vezes ao dia para adultos. Crianças maiores de 5 anos devem tomar metade de uma xícara, três vezes ao dia e crianças menores de 5 anos deve ter uma posologia individualizada.
O chá é a forma mais comum de uso das plantas medicinais pela facilidade de se fazer, porém tem o inconveniente de não se prestar à conservação por muito tempo e de ser difícil a quantificação da matéria prima vegetal a ser usada.    
XAROPE COMPOSTO – O xarope composto, feito segundo as normas farmacêuticas, é preparado colocando-se 10ml da tintura ou da alcoolatura e xarope simples na quantidade suficiente para (qsp) completar 100 ml de xarope composto.
Na preparação do xarope simples, coloca-se 85 g de açúcar para 45 ml de água destilada e leva-se a mistura ao fogo brando até atingir o ponto. Tem-se o xarope simples. Ele é filtrado e esfriado. Nesta proporção, devemos ter 100 ml. Se não tiver, completa-se com água até atingir este volume. Ao xarope composto, adiciona-se o conservante químico (Nipagin), na concentração de 0,02% p/v. Tem-se o xarope a 10%, que deve ser acondicionado em embalagem adequada.
Lambedor ou xarope caseiro é preparado utilizando-se 45 ml do decocto, infuso ou macerado para 85 g de açúcar, ou, para facilitar, o dobro de gramas de açúcar para o volume do chá.  Exemplo: para 50ml do chá, usa-se 100 gramas de açúcar. Esta mistura deve ser levada ao fogo brando até a formação do melado. Quando estiver frio, o lambedor deve ser coado, completado o volume, se necessário, colocado num recipiente limpo e guardado adequadamente.
Esta forma é mais apropriada para se fazer xarope a partir do decocto. Ao se fazer o chá para ser transformado em lambedor, deve-se utilizar uma quantidade de matéria prima vegetal dez vezes maior do que quando se vai fazer o chá para ser tomado como tal. Isto ocorre porque a quantidade de xarope que se toma é bem menor do que a quantidade de chá. Desta forma, mantém-se a equivalência de princípios ativos, nas duas preparações. 
Outra forma caseira de se fazer o lambedor é dispor as folhas das plantas em camadas, cada uma dela coberta com um pouco de açúcar e levar ao fogo brando. Após certo tempo, a água contida nas folhas se mistura com o açúcar, formando o melado ao mesmo tempo em que se extrai o princípio ativo. Ao final, filtra-se e guarda-se em recipiente adequado.
A posologia dos xaropes é de uma colher de sopa, três vezes ao dia, para adultos. Crianças maiores de 05 anos devem tomar metade da dose e menores de 02 anos devem ter a posologia individualizada.
TINTURA – Na preparação da tintura, usam-se partes secas das plantas, bem cortadas e machucadas, que são colocadas no álcool. Neste caso, utiliza-se álcool a 70%.  Na preparação de 1 litro de tintura, são usados 200 g da planta e álcool suficiente para cobrir as partes da planta, deixando-as em maceração por um período de 5 a 10 dias. Após este período, filtra-se, completa-se, com álcool, o volume para 1 litro e guarda-se em um recipiente limpo e ao abrigo da luz.
Alcoolatura – Na preparação da alcoolatura, usam-se partes verdes das plantas, bem cortadas ou passadas no liquidificador e álcool a 95º.  Para se preparar 1 litro de alcoolatura, são usados 500 g da planta e álcool suficiente para cobrir as partes da planta, deixando-as em maceração pelo período de 5 a 10 dias. Após este período, o macerado é filtrado (coado) e completa-se, com álcool, o volume para 1 litro. Guarda-se em um recipiente limpo e ao abrigo da luz.
Esta é forma de se preparar tintura e alcoolatura segundo as normas farmacêuticas.  No meio popular, é comum adicionar água ao álcool ao se preparar tintura e alcoolatura. Isto não é aconselhável, pois compromete a capacidade de extração e conservação.
A posologia das tinturas e alcoolaturas é de 30 gotas, três vezes ao dia, que devem ser tomadas adicionadas a um pouco de água. Crianças maiores de cinco anos devem tomar metade da dose e menores de dois anos devem ter a posologia individualizada.
POMADA – A pomada pode ser preparada usando-se 70% de vaselina, 30% de lanolina. A lanolina e a vaselina devem ser fundidas em fogo brando e quando a mistura estiver fria, tem-se a pomada simples. É aconselhável deixá-la em repouso por um dia.
Para cada 100 g de pomada simples, colocam-se 05 ml de tintura ou alcoolatura e mexe-se bem para ficar bem homogênea a mistura. Esta é a maneira de se preparar uma pomada segundo as técnicas farmacêuticas. No meio popular, há diversas “receitas” de pomadas utilizando a cera de abelha e a parafina.
SABÃO LÍQUIDO – O sabão líquido é preparado colocando 200g de sabão de coco cortado em pequenos pedaços em água suficiente para dissolvê-lo. Coloca-se em fogo brando, até a dissolução do sabão e sua homogeneização. Após isto, deixa-se em repouso.
Da parte da planta a ser utilizada, normalmente, folhas, flores, frutos e galhos novos, utilizam-se 200 gramas e água suficiente para se fazer a liquefação no liquidificador. Filtra-se e adiciona-se ao sabão líquido, completando com água para 1 litro ou volume aproximado, dependendo da consistência que se quer para o sabão. O uso é feito três ou quatro vezes ao dia, durante o banho, deixando o corpo ensaboado por cerca de 20 minutos.
Uma outra variante do sabão líquido e aquela em que no sabão dissolvido se coloca a tintura e/ou alcoolatura da(s) planta (as).
SABONETE – Na preparação do sabonete, usa-se base glicerinada e tintura ou alcoolatura da planta. Para cada 100 gramas de base glicerinada, são necessários de 5 a 10 ml da tintura ou da alcoolatura. Primeiro se coloca a base glicerina no fogo para fundir. Quando isto ocorrer, deixa-se esfriar um pouco e adiciona-se a alcoolatura ou a tintura. Mexe-se bem a mistura e a coloca na forma para esfriar, de onde é retirado o sabonete quanto este estiver bem sólido. 
PÓ - Para se preparar o pó, deve-se secar bem a parte da planta a ser usada e triturá-la ou esmagá-la. Depois, o pó é peneirado e guardado em recipiente limpo e adequado.
SUCO - O suco é preparado espremendo-se ou triturando-se as folhas da planta em um liquidificador, com posterior filtração. O suco deve ser feito no momento em que vai ser usado.
SUMO – Para se obter o sumo, soca-se a planta em um pilão ou em um pano até sair o máximo do sumo. Se a planta tiver pouca água pode-se acrescentar um pouco de água e deixar de molho uma hora e depois espremer ou socar novamente. Por fim, filtra-se o líquido que sair.

SALADA - Algumas plantas medicinais podem ser usadas sob a forma de saladas. Para fazê-las, basta cortar as plantas em pequenos pedaços que devem ser consumidos imediatamente.
EMPLASTO - Para se fazer o emplasto, soca-se a planta fresca até se transformar em pasta que é colocada diretamente na parte afetada, podendo-se cobri-la com um pano.
CATAPLASMA - Para se fazer a cataplasma procede-se da mesma maneira que se faz para se preparar o emplasto, mas, à pasta, adiciona-se alguma massa, como farinha, para dar maior consistência.
UNGUENTO - Para se fazer o ungüento, usa-se  100 g de gordura vegetal e 05 a 10 ml de tintura ou alcoolatura da planta a ser utilizada. Leva-se a gordura vegetal ao fogo, até fundi-la. Deixa-se esfriar um pouco e adiciona-se lentamente a tintura ou a alcoolatura, mexendo-se bem a mistura para se fazer a homogeneização. Ai invés da tintura ou alcoolatura, pode-se usar o sumo da planta, extraído por esmagamento das folhas e caules (quando fino e suculento).
LINIMENTO - Para se fazer o linimento, utiliza-se o sumo das folhas da planta, misturado com um pouco de óleo. É utilizado para se fazer massagem na área afetada. 
COMPRESSA – Para se fazer a compressa, prepara-se o decocto ou o infuso da planta a 5% e nele embebe-se um pano limpo que é aplicado na área doente.
BANHO – Fazer o decocto ou infuso da planta a 5% e depois de filtrado, colocá-lo na água do banho. Este deve ser tomado lentamente.
BOCHECHO E GARGAREJO – Fazer o decocto ou o infuso da planta a 5%, filtrá-lo e após isto fazer o bochecho e/ou o gargarejo.
INALAÇÃO - Para a inalação, utiliza-se o decocto ou o infuso a 5%, que deve ser colocado ainda quente num copo. Com um papel, faz-se um funil que se adapta ao copo por onde é inspirado o vapor que é produzido.
Estas são as formas de preparação e uso dos medicamentos caseiros à base de plantas medicinais. Com relação às preparações, segundo as normas farmacêuticas, além da tintura, alcoolatura, pomada e xarope, aqui discutidos, existem muitas outras como elixir, extrato, creme, gel, cápsula, etc.

DILUIÇÃO DO ÁLCOOL - Fórmula de FRANCOUER: X = V. G’/G
X = volume de álcool que se deve retirar do recipiente para juntar a quantidade de água destilada, necessária para completar o volume. V = volume do álcool final (depois da diluição)G’ = grau do álcool que se quer obter (grau final). G = grau do álcool que se dispõe.

CUIDADOS NECESSÁRIOS AO SE PREPARAR MEDICAMENTOS COM PLANTAS MEDICINAIS
Utilizar água filtrada ou fervida;
Lavar sempre e bem as mãos;
Prender os cabelos (se possível usar toucas);
Observar se todos os utensílios estão devidamente limpos;
Evitar falar próximo à preparação (se possível usar máscaras);
Utilizar frascos limpos e escaldados;
Manter limpo o ambiente onde se preparam os medicamentos.

CONSTITUINTES QUÍMICOS DAS PLANTAS MEDICINAIS
As plantas sintetizam compostos químicos a partir dos nutrientes e da água, extraídos do solo e da luz que recebem. Muitos desses compostos, ou grupos deles, podem provocar reações nos organismos. São os princípios ativos. Algumas dessas substâncias podem ser tóxicas, dependendo de dose utilizada.
Planta medicinal é aquela que contém um ou mais de um princípio ativo, conferindo-lhe atividade terapêutica.

Na combinação de plantas medicinais para se preparar fitoterápicos, deve-se observar a sua composição química, de modo que atuem sinergicamente. É ainda importante lembrar que a dose é fundamental em alguns casos, pois muitas substâncias podem inverter o efeito ou mesmo tornarem-se tóxicas se a dose for aumentada.
Nem sempre os princípios ativos de uma planta são conhecidos, mas mesmo assim ela pode apresentar atividade medicinal satisfatória e ser usada, desde que não apresente efeitos tóxicos, agudos ou crônicos, já verificados pela pesquisa, ou até mesmo pelo conhecimento popular, em alguns casos.
Na Fitoterapia, a planta, ou as suas partes, é utilizada integralmente, com todos os seus constituintes químicos, conferindo atividade terapêutica um pouco diferente daquela apresentada pelos princípios ativos isolados, pois pode haver sinergismos que favorecem a atividade farmacológica da planta. São os chamados fitocomplexos.
As plantas, em geral, possuem uma gama variada e rica de princípios ativos no seu interior. Algumas plantas podem possuir dezenas de princípios ativos, muitos deles atuando em interação, o que explica porque certas plantas têm atuação em diversas doenças.
Os princípios ativos podem ser divididos em grupos que têm semelhanças químicas e estruturais.  Há vários grupos de princípios ativos. Estes são resultados do metabolismo secundário das plantas. No metabolismo primário são produzidas substâncias necessárias às funções de crescimento, respiração e fotossíntese como os aminoácidos, as proteínas, as vitaminas, os carboidratos, os lipídios, etc. Os metabólitos primários são amplamente distribuídos nas plantas. No metabolismo secundário, os metabólitos produzidos são restritos a certas plantas e têm função de defesa, adaptação ao meio e competição biológica.

METABOLISMO SECUNDÁRIO
As substâncias medicinais são produzidas pelo vegetal e apresentam funções bem específicas dentro da planta, conforme visto anteriormente. Na maioria das vezes, são frutos do metabolismo secundário, tendo, portanto, função ligada à ecologia da planta, isto é, ao relacionamento da plantas com o ambiente que o envolve.
O metabolismo secundário diferencia-se do primário basicamente por não apresentar reações e produtos comuns à maioria das plantas, sendo específico de determinados grupos. A respiração, por exemplo, faz parte do metabolismo primário. Os metabólitos secundários apresentam algumas características, como:
Não tão vitais para as plantas, na maioria das vezes, como os alcalóides;
São as expressões da individualidade químicas dos indivíduos e diferem de espécie para espécie, qualitativamente e quantitativamente;
São produzidos em pequenas quantidades.
Além disso, essas substâncias podem estar presentes na planta o tempo inteiro ou só serem produzidas mediante estímulos específicos. Assim, a regulação do metabolismo secundário depende da capacidade genética da plantas em responder a estímulos internos ou externos e da existência desses estímulos no momento apropriado.
Geralmente, as espécies vegetais apresentam mais de um desses grupos de substâncias. O que normalmente diferencia as plantas medicinais é que as concentrações dessas substâncias são maiores, daí o seu emprego na terapêutica. Alguns gêneros e algumas famílias de plantas apresentam substâncias bem específicas que podem caracterizá-los.

A INFLUÊNCIA DO AMBIENTE NA PRODUÇÃO DE PRINCÍPIOS ATIVOS
A concentração de princípios ativos ou fármacos na planta depende do controle genético (capacidade inerente à planta) e dos estímulos proporcionados pelo meio. Normalmente, estes estímulos são caracterizados como situações de “stress”, como excesso ou deficiência de algum fator de produção para a planta. Uma vez que o vegetal apresenta “competência” para produzir fármacos, sua concentração de substâncias ativas pode ser alterada por fatores climáticos, edáficos (relacionado ao solo), exposições a microorganismos, insetos, outros herbívoros e poluentes.

Dentre os fatores climáticos, a temperatura exerce função muito importante na sobrevivência do vegetal, por estar mais ligada ao crescimento e ao desenvolvimento da planta. Espécies pouco adaptadas às temperaturas de uma região terão sérios problemas em produzir biomassa e princípios ativos, pois essa condição influi no metabolismo primário (respiração e fotossíntese) e, em conseqüência, no secundário. Todos os outros fatores climáticos estão direta ou indiretamente relacionados com a temperatura.
A luz também é de grande importância nos processos fotossintéticos e de indução floral (fotoperíodo). Algumas plantas, quando expostas à luz solar direta, produzem mais cumarinas, como o chambá ou chachambá (Justicia pectoralis). Em plantas umbrófilas (de sombra) talvez este efeito possa ser inverso.
Algumas plantas necessitam de determinado número de horas de luz por dia (fotoperíodo) para que possam florescer. Assim, as plantas de regiões tropicais precisam de um número de horas de iluminação inferior a um dado valor (fotoperíodo crítico) ou são insensíveis, isto é, podem florescer normalmente, independentes desse fator. Já as plantas de regiões temperadas normalmente necessitam de um fotoperíodo maior que o crítico da espécie, como a alfazema (Lavandula officinalis), que precisa de um fotoperíodo superior a 12 horas por dia, por três ou quatro dias.
A importância disto está principalmente na determinação da colheita destas espécies, pois a alfazema tem mais óleo essencial no início da floração (nas sumidades floridas) e, também, na reprodução, pois pode haver necessidade da produção de sementes, o que não é possível sem haver floração e fecundação. Outro aspecto a ser considerado em relação ao fotoperíodo está no ajustamento da época de plantio. É preciso equilibrar o crescimento vegetativo com a floração, caso contrário, a indução floral pode ocorrer antes do desejado, diminuindo a produção de folhas e flores.
O estresse hídrico (deficiência de água no solo) pode promover aumentos na concentração de princípios ativos (óleos essenciais e alcalóides). No entanto, pode haver redução da produção de massa verde, o que em determinados limites poderá ser desvantajoso. É o que ocorre em vinagreira (Hibiscus sabdariffa), cujo teor de ácido ascórbico nas folhas decresce sob déficit hídrico, assim como a produção de biomassa.
Além dos fatores climáticos, os fatores edáficos (relacionados com o solo) também são importantes.
Aqui, serão abordados apenas alguns constituintes químicos. Os referidos grupos não se excluem, pois são separados ora por características físicas, ora por propriedades químicas ou atividade biológica.
ÁCIDOS ORGÂNICOS
São encontrados em todo o reino vegetal, podendo desempenhar funções importantes no metabolismo primário da planta (fotossíntese e respiração). Os ácidos málico, cítrico, tartárico e oxálico são os mais comuns. Outros, omo o ácido fórmico, podem ser menos freqüentes.  O ácido tartárico e seus sais podem ter ação laxativa suave. Os ácidos cítrico e tartárico podem aumentar o fluxo de saliva (sialagogo), contribuindo para reduzir o número de bactérias que causam cáries.
De modo geral, os ácidos são laxativos, diuréticos, estimulantes da respiração celular e do seu metabolismo. São antioxidantes e regeneradores dos tecidos.  O acido oxálico e seus sais de potássio e cálcio podem estimular o surgimento de cálculos renais e reduzir a proporção de cálcio no sangue, o que pode afetar o funcionamento do coração. Portanto, plantas com muito ácido oxálico ou oxalato, como a cana-de-macaco, (Costus sp.), não devem ser utilizadas por longo período.
ALCALÓIDES
Na sua maioria têm propriedades alcalinas, conferidas pela presença de nitrogênio amínico. É o grupo mais diverso dos produtos naturais. Essencialmente, têm apenas um ponto em comum que é possuírem pelo menos um átomo de nitrogênio na sua estrutura. Todos os alcalóides possuem N, C e H.. Podem ser sólidos ou líquidos, incolores ou de coloração amarela ou roxa.
Na célula vegetal, são produzidos no retículo endoplasmático e são armazenados nos vacúolos de células epidérmicas e hipodérmicas e vasos lactíferos. Quando na forma de sais, são encontrados nas paredes celulares. Estão presentes nas folhas, nas sementes, nas raízes e nos caules.
Sua concentração pode variar bastante durante o ano, podendo, em certas épocas, estar restrito somente a determinados órgãos. As plantas de regiões quentes e tropicais são mais ricas em alcalóides do que as plantas de regiões frias. Em geral, sua proporção é de 0,3 a 1%. Em alguns casos, pode chegar até 10% do peso seco das plantas. Normalmente, estão mais concentrados nas partes que estão em crescimento ou em formação (pontos vegetativos). Dão sabor amargo às plantas. Porém, nem toda planta que tem sabor amargo, isto se deve à presença de alcalóides.  
Apenas de 10 a 15% das plantas conhecidas apresentam alcalóides em sua constituição. Predominam nas angiospermas. Na família das papaveráceas (papoulas) todas as espécies contêm essas substâncias.
Os nomes dos alcalóides muitas vezes são derivados das espécies de onde foram isolados, como a nicotina presente no fumo (Nicotina tabacum). São distribuídos em 15 grupos, conforme sua origem bioquímica ou semelhança estrutural.
No corpo humano, atuam no sistema nervoso central (calmante, sedativo, estimulante, anestésico e analgésico). A morfina extraída da papoula (Papaver somniferum) é um anestésico. A cafeína, do café e do guaraná, é um estimulante. A hiosciamina, presente na trombeteira (Datura stramonium), é exemplo de analgésico. Na trombeteira ainda podem ser encontrados outros alcalóides que podem ser tóxicos e cujo antídoto é um outro alcalóide de uma planta brasileira, a pilocarpina, encontrada no Jaborandi (Pilocarpus microphilus), usado no tratamento do glaucoma.
Alguns alcalóides podem ser cancerígenos e outros, antitumorais. Os alcalóides pirrolizidínicos, presentes no confrei (Symphytum officinal L.), são exemplos de causadores de câncer. A vincristina presente numa planta chamada boa noite (Chantarantus roseus) é um exemplo de um alcalóide com ação antitumoral. Dos cerca de 60 alcalóides presentes na boa noite, destacam-se a vincristina e a vimblastina pelo seu uso contra alguns tipos de leucemia.
Geralmente, as plantas que têm alcalóides podem ser tóxicas, se usadas em quantidades maiores ou de forma inadequada. Os alcalóides foram os primeiros princípios ativos isolados das plantas. Em 1803, o alemão Sertarmer isolou a morfina.
COMPOSTOS FENÓLICOS
O fenol é um dos mais importantes constituintes vegetais e dá origem a diversos outros, como os taninos. O ácido salicílico, encontrado em diversas plantas e de ação anti-séptica, analgésica e antiinflamatória, é utilizado na medicina alopática, sob a forma de um derivado, o ácido acetilsalicílico.
COMPOSTOS INORGÂNICOS
São constituintes normais dos vegetais que formam as cinzas ou resíduos, após a retirada da matéria orgânica. Os mais importantes são os sais de cálcio e de potássio. Os sais de potássio apresentam propriedades diuréticas, principalmente se acompanhados de saponinas e flavonóides, com capacidade de eliminar o sódio do corpo juntamente com a água, além de expulsar substâncias residuais acumuladas na circulação sangüínea.
Os sais de cálcio contribuem para a formação da estrutura óssea e para a regulação do sistema nervoso e do coração, proporcionando ao paciente maior resistência às infecções. Os sais de silício têm importância no fortalecimento de tecidos conjuntivos, especialmente dos pulmões. Aumento a resistência à tuberculose, além de fortalecer unhas, pele e cabelos.
O efeito diurético atribuído a algumas plantas com grande quantidade de silício normalmente ocorre em razão da presença de flavonóides e saponinas. Os sais de potássio são muito solúveis em água, por isso, muitos chás têm propriedades diuréticas. A cana-de-macaco (Costus sp.), por exemplo, é muito rica em potássio, o que a torna um excelente diurético. Os sais de cálcio são normalmente pouco solúveis, sendo, portanto, pouco extraídos nos chás. Os sais de silício só são extraídos por prolongadas fervuras. Normalmente, uma dieta balanceada fornece estes minerais nas quantidades necessárias, sendo dispensável o fornecimento por fitoterápicos.

GLICOSÍDEOS OU HETEROSÍDEIOS
São substâncias formadas pela combinação de um açúcar redutor, denominado glicona, e um grupo não açucarado denominado aglicona ou genina. Esta é a responsável pela ação terapêutica. Têm gosto amargo. Há vários tipos de glicosídeos como os cardioativos, os alcoólicos, os cianogenéticos, os antraquinônicos, os flavonóides, os saponínicos, os cumarínicos, etc.
QUINONAS
São produtos da oxidação dos fenóis. São encontradas em bactérias, fungos, líquenes, gimnospermos e angiospermas e até mesmo em alguns animais, como em alguns artrópodes e em ouriços-do-mar. São conhecidos mais de 1.500 tipos. As mais importantes são as naftoquinonas e as antraquinonas.
Têm ação purgativa, pois estimulam os movimentos peristálticos dos intestinos após 8-12 horas de sua ingestão. Sua ação purgativa se deve, também, ao fato de diminuir a absorção de água pelas vilosidades intestinais, levando ao amolecimento das fezes. Não se deve utilizar plantas que as contenham, por via oral, pois têm ação nefrotóxica, levando à retenção de líquidos.
O uso continuado de laxantes à base de quinonas pode acarretar processos inflamatórios e degenerativos e redução severa do peristaltismo e mesmo atonia do intestino, bem como a perda de eletrólitos. A mais comum das antraquinonas é a aloína, presente na babosa (Aloe Vera). O lapachol, do ipê roxo (Tabebuia avelanedae), é um exemplo de naftoquinona. Além da ação laxante, as quinonas têm ação antibacteriana, antifúngica e antitumoral.
CUMARINAS
Trata-se de um heterosídio que apresenta diversas formas básicas: como a hidroxicumarina, a furanocumarina, a piranocumarina e os dicumaróis. Podem ocorrer em folhas, frutos, sementes e raízes. As cumarinas podem apresentar odor que caracteriza uma planta, como ocorre com o chachambá (Justicia pectoralis). Um dos metabólitos das cumarinas, obtido por fermentação é o dicumarol, um poderoso anticoagulante, por bloquear a ação da vitamina K, sendo usado na alopatia como base para medicamentos contra a trombose, em pequena dosagem, e como veneno para ratos, em grandes doses. Daí porque as plantas ricas em cumarinas devem ser secadas com cuidado. 
As cumarinas têm ainda ação antimicrobiana e desde tempos remotos são usadas no tratamento de doenças de pele como psoríase, vitiligo, leucoderma, micoses, dermatites e eczemas. Algumas cumarinas, principalmente as furanocumarinas (presentes em folhas de figueira, por exemplo), podem sensibilizar a pele sob ação dos raios ultravioleta, provocando fitofotodermatite (bolhas, hiperpigmentação, eritema e vesícula). Outras, em função desta propriedade, são utilizadas no tratamento do vitiligo, por estimularem a pigmentação da pele. Estão mais presentes nas angiospermas.
SAPONINAS
Também são heterosídios. Sua característica marcante é a de formar espuma quando colocadas em água. São utilizadas para a síntese de cortisona (antiinflamatório) e de hormônios sexuais. A dioscina, extraída de uma espécie de inhame (cará), por hidrólise, libera a diosgenina que é a matéria prima utilizada na síntese de hormônios esteroidais. O organismo pode empregá-las como precursores de outras substâncias úteis.
Alta concentração de saponinas na corrente sangüínea pode ser perigosa, pois pode provocar hemólise, devido à desorganização das membranas das hemácias. Felizmente, sua absorção pelo trato gastrintestinal é reduzida, diminuindo o risco de intoxicação, quando utilizadas por via oral.
No intestino, atuam facilitando a absorção de algumas substâncias, alguns medicamentos ou alimentos, por aumentarem a permeabilidade das membranas. É o caso do aumento da absorção de cálcio e silício. 
São laxativas suaves, diuréticas, digestivas, antiinflamatórias e expectorantes. Têm ação irritativa para as mucosas do aparelho digestório, provocando vômito, cólicas e diarréias. O fato de as saponinas auxiliarem na absorção de certos medicamentos faz com que as plantas que as contêm possam ser utilizadas em combinações com outras, nos chás. Um exemplo da presença de saponinas é no juazeiro (Zizyphus joazeiro Mart) e na beterraba (  ), cujo suco é expectorante. A fervura prolongada pode diminuir ou destruir a eficácia das saponinas e de outros heterosídios.
FLAVONÓIDES
São heterosídios com 15 carbonos. O termo flavonóide deriva do latim flavus, que significa amarelo, em virtude da cor que conferem às flores. Podem ser coloridos ou incolores. Os flavonóides concentram-se mais na parte aérea das plantas, ocorrendo em menor proporção nas raízes e nos rizomas.
São metabólitos secundários muito difundidos no reino vegetal. Sua função biológica na plantas está relacionada com a atração de insetos polinizadores e proteção contra os nocivos, reação contra infecções virais e fúngicas, colaboração com hormônios no processo de crescimento, inibição de ações enzimáticas e participação dos sistemas redox das células. Medicinalmente, fortalecem os capilares, como a rutina, presente na arruda (Ruta graveolens L.) e a hesperidina presente na casca da laranja. São antiescleróticos e antiedematosos (rutina e oxietilrutina), dilatadores das coronárias (proantocianidinas), espasmolíticos e anti-hepatotóxicos (silimarina), coleréticos, diuréticos, antimicrobianos e antiinflamatórios (artemetina).
A grande vantagem dos flavonóides ou bioflavonóides (produzidos por plantas) é a sua baixíssima toxicidade. São essenciais para a completa absorção de vitamina C, ocorrendo normalmente onde quer que haja esta vitamina. Uma alimentação balanceada fornece a quantidade necessária de flavonóides.
GLICOSÍDEOS CARDIOATIVOS
Exclusivos das angiospermas onde estão presentes em alguns gêneros e famílias. São substâncias cuja absorção pelo organismo se dá de forma cumulativa, podendo causar intoxicações crônicas. O seu uso no tratamento de doenças cardíacas é restrito à droga extraída e purificada sob recomendação médica, uma vez que não se pode ter um controle adequado da quantidade dessas substâncias ingeridas sob a forma de chás ou outras.
A digitoxina, presente na dedaleira (Digitalis lanata e Digitalis purpurea) é o glicosídio mais importante desse grupo. Uma dose de cerca de 10 mg pode ser letal para uma pessoa com peso de 70 kg. Porém, em pequena quantidade aumenta a capacidade de contração do coração. Embora este efeito tenha sido descrito por Whitering apenas em 1775, o uso da digitalis purpurea como cardiotônica remota ao século XII e continua sendo a principal fonte dos glicosídeos cardioativos.
Estimulam a contratilidade cardíaca e a diurese. Regulam a condução elétrica e têm efeito bradicardizante.
GLICOSÍDEOS CIANOGENÉTICOS
Por hidrólise, liberam ácido cianídrico ou prússico. O ácido cianídrico liberado no estômago pela ação do suco gástrico bloqueia a citocromooxidase, produzindo a morte por anóxia.  Exemplo deste glicosídeo é a linimarina presente na parte mais externa da mandioca (Manihot esculenta Grantz). Daí a necessidade de se retirar as cascas da raiz, antes de usá-la. As raízes da mandioca são moídas na presença de calor, antes de serem ingeridas, pela facilidade com que o ácido cianídrico é inativado, quando submetido ao calor.
As raízes também podem ser escaldadas e a água resultante da primeira fervura deve ser jogada fora. A maioria dos mamíferos tem sistemas enzimáticos que inativam o ácido cianídrico, o que faz com que seja necessário uma grande ingestão para haver a intoxicação.
MUCILAGENS
Quimicamente as mucilagens são complexos polímeros de polissacarídeos ácidos ou neutros, com elevado peso molecular. Todas as plantas as produzem e são metabolizadas para o crescimento e a reprodução ou armazenadas como reservas nutritivas.
Estes carboidratos têm, ainda, as seguintes funções na planta: retenção de água no parênquima de plantas suculentas; lubrificação para o crescimento dos ápices radiculares; adesão para dispersar alguns tipos de sementes e captura de insetos por plantas carnívoros, regulação do processo germinativo de sementes e, possivelmente, proteção contra herbívoros.
As mucilagens podem ser encontradas em sementes, caules, folhas e raízes. A secreção de mucilagem pode ocorrer em diversas estruturas das células. As mucilagens têm a propriedade de, em solução aquosa, produzir massa plástica ou viscosa, responsável pelo efeito laxativo, pois a água é retida no intestino, evitando o endurecimento do seu conteúdo. Age também como lubrificante e, ao mesmo tempo, aumenta o volume no interior do intestino, estimulando seus movimentos peristálticos.
Todas as mucilagens atuam sobre as mucosas. As mucilagens formam um filme viscoso que cobre as paredes dos órgãos do canal alimentar, contribuindo para reduzir a irritação por ácidos e sais sobre áreas inflamadas ou doentes, propriedade essa com importante função nos casos de diarréias, especialmente aquelas causadas por certas bactérias ou substâncias irritantes.
Também são muito eficientes nos casos de tosses ocasionadas pela irritação das mucosas do aparelho respiratório, contribuindo ainda para aumentar a secreção de muco. Exemplo desta atividade se encontra na hortelã da folha grossa (Plectrantus amboinicus Lour.). Plantas ricas em mucilagens são muito utilizadas em compressas quentes, em razão da sua capacidade de reter calor e da grande quantidade de água, o que permite a penetração gradativa do calor nos tecidos. São também vulnerárias e hemostáticas, daí a utilização em ferimentos na pele e nas úlceras gástricas.
Em pequenas doses, as mucilagens reduzem os movimentos peristálticos e têm ação antidiarréica, em doses maiores ocorre o inverso. Quando submetidas à fervura prolongada, as mucilagens são degradadas em açúcares, reduzindo ou eliminando sua atividade terapêutica. Têm ação antitussígena e laxante, diminuem a acidez do estômago e produzem sensação de plenitude.
ÓLEOS ESSENCIAIS
São substâncias orgânicas voláteis, muito conhecidas pelo cheiro que caracteriza certas plantas, como o mentol, nas hortelãs, o cheiro de eucalipto dado pelo eucaliptol, etc. o aroma das plantas que contêm óleos essenciais é fruto da combinação de suas diversas frações.
As resinas diferem dos óleos por conter substâncias tanto voláteis quanto não-voláteis, de alto peso molecular. As resinas resultam da oxidação e polimerização dos óleos essenciais e são escassamente hidrossolúveis.
Podem estar em um só órgão vegetal ou em toda a planta, onde atuam atraindo insetos polinizadores ou afastando insetos nocivos, regulando a transpiração e intervindo com hormônios na polinização. São produzidas por diversas estruturas celulares.
O grande número e a diversidade de substâncias incluídas neste grupo de princípios ativos é que determinam a ampla variedade de ações farmacológicas. As propriedades dos óleos são variadas: antivirótico, antiespasmódico, analgésico, bactericida, cicatrizante, expectorante, relaxante, vermífugo, etc. O mentol da hortelã (Mentha piperita) tem ação expectorante e anti-séptica; o timol e o carvacrol encontrados na hortelã da folha grossa (Plectrantus amboinicus Lour) e no alecrim-pimenta (Lippia sidoides) são anti-sépticos; o eugenol do cravo-da-índia (Eugenia coryophyllata Thamb)  é um anestésico local e analgésico; e o ascaridol, presente na erva-de-santa maria (Chenopodium ambrosioides), é vermífugo.
Em alguns casos, os óleos essenciais podem até aumentar a produção de glóbulos brancos. Certos óleos essenciais atuam aumentando as secreções do aparelho digestivo, o que justifica a utilização como digestivos. Outros são expectorantes, por estimular a secreção dos brônquios, como o eucaliptol. Substâncias como eucaliptol e mentol, eliminadas pelas vias pulmonares e urinárias, são tidas como anti-sépticos dos respectivos aparelhos. Em geral, altas doses de óleos essenciais podem provocar nefrites e hematúrias.
São facilmente transportados pelo organismo, podendo atravessar a placenta, além de chegar ao leite materno. Recomenda-se que as plantas que os contém recebam especial atenção na colheita, secagem e, principalmente, na armazenagem, que deve ser feita em recipientes bem fechados, para evitar maiores perdas. Alguns óleos essenciais podem ser empregados no controle de doenças e pragas de plantas medicinais, dada a ação bactericida, bacteriostática, fungicida e inseticida de algumas substâncias.

SUBSTÂNCIAS AMARGAS
Constituem um grupo de compostos sem semelhança química entre si, tendo em comum apenas o sabor amargo e a atividade terapêutica. Pertencem a diversos grupos químicos. De modo geral, os compostos amargos estimulam o funcionamento das glândulas, produzindo vários efeitos, como o aumento da secreção de sucos digestivos, aguçando o apetite (aperiente). A atividade do fígado pode ser especialmente estimulada, aumentando a produção e o fluxo da bílis (Plectrantus barbatus).
O efeito destes compostos é bem variável, pois, em alguns casos, se ingeridos antes das refeições, em pequenas quantidades, são fortes aperientes, mas se a dose aumenta ocorre redução do apetite, enquanto uma dose um pouco maior restabelece o apetite perdido. Alguns compostos apresentam ainda atividades diuréticas, antibióticas, antifúngicas e antitumorais. No algodoeiro (Gossypium hirsutum), há um princípio amargo com atividade contraceptiva masculina, pois reduz a quantidade de esperma. Alguns exemplos característicos destes compostos são: a absintina na losna (Artemísia absinthium), a cnicina no cardo-santo (Cnicus benedictus), a cinarina na alcachofra (Cynara scolymus).
TANINOS
São substâncias químicas complexas, polifenólicas ligadas a outros compostos aromáticos, que se distribuem em todas as partes da planta para protegê-la contra herbívoros, inibir a germinação de sementes e a ação de bactérias fixadoras de nitrogênio, etc. Sua presença nas plantas é facilmente percebida pela adstringência ao mastigar uma parte que o contém, como, por exemplo, uma goiaba verde. Estão mais concentrados nas raízes e cascas e em menor quantidade nas folhas e nos frutos.
Têm a propriedade de precipitar proteínas, sendo responsável pelo curtimento de couros e peles. Em grandes doses, podem irritar as mucosas. Em doses pequenas, podem torná-las impermeáveis, pois precipitam pequenas quantidades de proteínas, o que pode prevenir a penetração de agentes nocivos em mucosas danificadas, facilitando, por exemplo, a cicatrização em queimaduras, o que também explica a propriedade antidiarréica. Assim, os taninos contribuem para formar uma camada protetora sobre a pele e as mucosas. Provocam a contração de vasos capilares, estancando as hemorragias. Os taninos podem reagir com o ar e se tornarem inativos, podendo também ser destruídos por fervura prolongada da água.
Têm ação anti-séptica, anti-hemorrágico, cicatrizante e antidiarréico. Para a ação anti-séptica dos taninos há três hipóteses; os taninos inibem as enzimas de bactérias e/ou reagem com os substratos destas enzimas; os taninos agem sobre as membranas dos microorganismos, modificando o seu metabolismo; eles reagem com os íons metálicos diminuindo a sua disponibilidade para o metabolismo destes microorganismos.

MANUSEIO DAS PLANTAS MEDICINAIS: NOCÕES BÁSICAS DE CULTIVO, COLETA, SECAGEM E ARMAZENAMENTO
O CULTIVO
O correto cultivo das plantas medicinais tem importância fundamental para melhorar a produção e a qualidade da matéria-prima vegetal garantindo a sua qualidade fitoquímica e farmacológica.
No nordeste brasileiro, encontramos uma grande diversidade de ecossistemas ricos em plantas medicinais, mas eles estão bastante devastados, sendo que muitas espécies, como o Ipê roxo (Tabebuia avellanedae), estão ameaçadas de extinção. Por outro lado, a coleta extrativista, além de levar as espécies medicinais à sua extinção, não garante a homogeneidade fitoquímica do material colhido, comparando-se com as plantas cultivadas dentro de condições agrícolas adequadas.
Antes de cultivarmos qualquer espécie medicinal, devemos ter certeza da sua identificação, para não cometermos engano e cultivarmos a planta errada. Para isto, devemos procurar pessoas que tenham conhecimento sobre o assunto.
O cultivo de plantas medicinais necessita de vários cuidados para se garantir a qualidade da matéria prima. O local de cultivo deve ser próximo a uma fonte de água como: córrego, poço, torneira. Deve estar protegido de ventos fortes, receber a luz do sol durante todo o dia, dependendo da espécie a ser cultivada, e se localizar longe de locais contaminados como fossa, criação de animais, lixo, curso de água contaminada, beiras de estradas, etc.
Escolhido o local, é necessário que se faça a limpeza do terreno, retirando todo o mato, pedras, tocos e vidros. Os canteiros devem ser adubados com compostos orgânicos, tais como plantas, folhas, papéis, estercos e outros, bem decompostos, que pode ser preparado em área adjacente. O esterco (de boi, galinha, porco), deve está bem curtido. O estrume ainda fresco acaba se decompondo no solo e com isso rouba nitrogênio, que deveria alimentar somente as plantas. O estrume fresco aumenta a temperatura do solo, podendo sufocar as raízes das mudas. Além disto, substâncias contidas na urina dos animais enfraquecem as plantas, deixando-as amareladas.
O terreno do canteiro deve ser revolvido (revirado), usando uma enxada, ou um instrumento equivalente, numa profundidade de 30 centímetros. O tamanho aconselhável do canteiro é de 1 metro de largura, 20 a 30 centímetros de altura e comprimento em torno de 5 metros. Estas medidas podem ser alteradas em função do tamanho do terreno, do tipo e da quantidade de plantas a cultivar.
A largura de 1 metro facilita o trabalho, pois de qualquer um dos dois lados alcança-se, com as mãos, as mudas localizadas mais ao centro.  O comprimento de 5 metros torna mais fácil o trabalho em toda a volta do canteiro. A altura (de 20 a 30 centímetros) evita o alagamento e as medidas redondas facilitam o cálculo da quantidade de adubo e sementes a colocar por metro quadrado. O espaçamento entre os canteiros deve ser de 30 a 40 centímetros, para facilitar a locomoção entre eles. A superfície do canteiro deve ser nivelada.
Quando possível, deve-se fazer a análise do solo e sua correção, quando necessário.
É importante dispor o canteiro, em seu comprimento, no sentido norte-sul. Assim, o canteiro receberá igual quantidade de insolação em toda a sua área. As bordas do canteiro devem ficar em declive para que a água escorra facilmente. Assim, o canteiro nunca fica encharcado, o que prejudicaria a produção. O excesso de umidade leva ao apodrecimento das raízes e ao aparecimento de fungos, que adoram ambientes úmidos e quentes.
Os sulcos são pequenas valas, que deverão ser feitas no sentido comprido do canteiro.
Os espaçamentos entre os sulcos e a sua profundidade deverão estar de acordo com o indicado para cada planta medicinal.
Além dos canteiros, que são mais usados para se cultivar plantas pequenas, podem-se usar as covas, quando se tratar de plantas de maior porte. Estas devem ser preparadas com antecedência mínima de 18 dias antes do plantio e seu espaçamento será de acordo com a planta medicinal a ser plantada. Elas devem ter 30 x 30 cm de boca e 30 cm de profundidade, em média.
Deve-se abrir a cova tendo-se o cuidado de separar a terra de cima, que é mais ou menos a metade da profundidade da cova, da terra de baixo. A terra de cima, que é fértil, pode ser misturada ao adubo orgânico e recolocada na cova, deixando-a num nível inferior ao do solo, enquanto a terra de baixo deve ser colocada ao redor, de forma circular para se evitar a inundação.
A terra do canteiro, das covas ou das sementeiras não pode ser muito argilosa. O solo excessivamente argiloso, muito grudado, retém umidade demais em razão da dificuldade da água em ultrapassar os poros da terra. O excesso de umidade não só favorece o aparecimento de doenças, como também pode asfixiar as raízes das mudas.
O solo argiloso demais pode rachar durante uma seca e romper as raízes. Para torná-lo menos argiloso, deve-se acrescentar areia até o ponto certo, até ficar areno-argiloso. Com isso, haverá melhor aproveitamento da água de irrigação, que se infiltra com maior facilidade. Prestar atenção também para que a terra fique bem fininha, sem torrões. 
O solo arenoso demais (muito solto, esfarelando) também é prejudicial. A água escoa com muita facilidade, sem que as raízes das mudas tenham tempo de absorvê-las. Isso deixa a planta com sede, alterando a assimilação de nutrientes, pois a água é o agente que os dissolve, tornando-os assimiláveis pelas raízes.
Nem todas as plantas podem ser plantadas diretamente nos canteiros. Neste caso, usamos as sementeiras que são locais onde se formam as mudinhas que depois serão transplantadas para o lugar definitivo. Pode-se adotar como sementeira: caixotes de madeira, bacias furadas, saquinhos plásticos, canteiros pequenos, ou fazê-las em alvenaria. Os caixotes devem ter alguns furos no fundo para escoar a água.
A terra da sementeira deve ser solta, limpa, bem adubada e mantida constantemente úmida porque vai servir de leito para a germinação das sementes.
Fazer a semeadura, no mínimo, uma semana após o preparo do leito da sementeira. A semeadura pode ser a lanço ou em linha.
A lanço, espalha-se a semente sobre a sementeira, com cuidado para que a distribuição seja uniforme. Em linha, os sulcos devem ter 01 cm de profundidade (aproximadamente 01 dedo), distantes 10 cm (aproximadamente meio palmo) um do outro. Feita a semeadura, as sementes devem ser cobertas, peneirando uma camada fina de terra (do próprio leito) sobre as sementes. Deve-se cobrir a sementeira com capim ou palha. Molhar com regador, pela manhã e à tardinha.
Logo que as sementes germinarem, retira-se a palha ou o capim e constrói-se um jirau com 02 palmos de altura que deve ser coberto com capim, palha ou folha para evitar que a ação direta do sol queime as mudinhas. Aos poucos, retirar a cobertura do jirau, quando as folhas começarem a nascer, para acostumá-las ao sol. Após alguns dias, a cobertura poderá ser retirada.
Quando as mudas tiverem no mínimo 05 folhas ou 20 centímetros de altura, elas deverão ser transplantadas para o local definitivo, os canteiros ou as covas. No lugar definitivo, as plantas devem se regadas com uma quantidade de água adequada. Pouca água dificulta o crescimento das plantas e a dissolução dos nutrientes do solo. Muita água acarreta o carregamento destes nutrientes, o apodrecimento das raízes e a proliferação de organismos nocivos às plantas.
A rega deve ser feita preferentemente pela manhã e à tardinha. Para poupar água, principalmente onde esta é escassa, pode-se utilizar a irrigação por gotejamento, usando-se garrafas plásticas com um pequeno furo na tampa, colocando-se a garrafa em posição invertida.
A limpeza do terreno deve ser constante e se for feita com enxada, ou instrumento similar, deve-se ter cuidado para não estragar as raízes. É importante se retirar das plantas folhas e galhos secos ou doentes, com um objeto com gume afiado, como facas ou tesouras.
O mato retirado na limpeza no terreno, após bem seco, deve ser colocado em torno do tronco da planta para conservar a umidade da terra, fornecer nutrientes à planta e para proporcionar o desenvolvimento da micro-fauna, que decompõe o material orgânico e faz buracos na terra, melhorando a sua aeração.
Para a produção adequada de princípios ativos, dever haver uma variedade de plantas num mesmo canteiro, forçando a competição biológica.
O controle de pragas pode ser feito pelo correto manejo do cultivo, pelo plantio dentro do canteiro e em torno dele de plantas que afugentam os insetos, normalmente plantas com odores fortes, como o Capim Santo (Cibopogum citratus), o Alecrim Pimenta (Lipia sidoides), a Arruda (Ruta graveolens), e pela utilização de defensivos feitos com plantas como o fumo.

A COLETA
Na coleta, precisamos prestar atenção a diversos fatores que interferem na maior ou menor quantidade de princípios ativos, como o estágio de desenvolvimento da planta, o órgão da planta, a época do ano e a hora do dia.
Quanto às partes da planta, as recomendações gerais para sua coleta são as seguintes: cascas e entrecascas devem ser colhidas quando a planta já tiver botado flores. As flores, quando do início da floração. Frutos e sementes devem ser colhidos maduros. Quanto às raízes, elas devem ser colhidas quando a planta estiver adulta e os talos e as folhas, antes da planta botar as flores. Contudo, o ideal seria que cada planta tivesse estudos conclusivos sobre a melhor época de coleta.
Para que se obter matéria-prima de boa qualidade, alguns cuidados devem ser observados.
Quanto à sanidade da planta e sua qualidade fitoquímica: não colher plantas velhas ou doentes, comidas por insetos ou com ovos destes. Não coletar plantas em lugares contaminados. Colher a planta bem madura e bem viva. Em se tratando da coleta de partes específicas, saber a idade e a época adequadas para a sua coleta.
Quanto ao momento adequado: não colher as plantas em dias de chuva, úmidas de orvalho ou sob o sol forte. Coletar preferentemente de manhã, cedo ou à tardinha.
Quanto à preservação das espécies: não retirar todas as folhas de um galho. No caso de cascas, recomenda-se retirar pequenos pedaços apenas de um dos lados da planta de cada vez. Se retirar grandes pedaços, circundando o tronco, poderá provocar a morte da planta. Quando a coleta de plantas ocorrer em local público ou de forma extrativista, deixar sempre algumas plantas de cada espécie, para que possam crescer e multiplicar.
Quanto à acomodação das plantas coletadas: para a coleta, usar cestos ou caixas de papelão, tomando o cuidado para não amontoar as plantas ou amassá-las e levar as plantas coletadas o mais rápido possível para a secagem, sem deixar que “esquentem ou escureçam”.

A SECAGEM
Em sua maioria, as plantas medicinais são comercializadas na forma dessecada, tornando o processo de secagem fundamental para a qualidade da matéria prima vegetal.
A secagem é importante para impedir que o material se estrague, pois a redução do teor de água dificulta a ação das enzimas que inativam os princípios ativos e a proliferação dos microorganismos.
A secagem, em virtude da evaporação da água contida nas células e nos tecidos das plantas, reduz o peso do material. Por essa razão, ela promove aumento percentual de princípios ativos em relação ao peso do material. Quando uma planta é seca, suas folhas perdem de 20 a 75% de seu peso. As cascas perdem de 45 a 65%. As raízes perdem de 25 a 80% e as flores, em geral, perdem entre 15 a 80 %.
A secagem pode ser conduzida em condições ambientais (secagem natural) ou com o uso de estufa ou secadores, etc. (secagem artificial).

PRINCIPAIS PLANTAS MEDICINAIS UTILIZADAS NA FITOTERAPIA
AROEIRA DO BREJO
Nome científico: Schinus terebinthifolius Raddi
Família:  Anacardiaceae
Nomes populares: Aroeira, aroeira do brejo, aroeira negra, aroeira pimenteira, aroeira vermelha.
Composição química: As cascas do caule são ricas em taninos que conferem ação adstringente "adstringente", desinfetante e antiinflamatória "antiinflamatória" a essa planta. Tem, ainda, resina (terembetina), hidrocarbonetos terpênicos, ácido gálico e óleos essenciais (canfeno, limoleno, felandreno, etc.).
Ensaios realizados com preparações à base de géis estáveis de Carbopol, utilizando extratos aquosos a 1,5% e Carbopol 941, apresentaram halos de inibição da ordem de 10 mm e 20 mm em 3 cepas padrões de Staphylococcus aureus: S. aureus ATCC 6538 P, S. aureus ATCC 6538 e S. aureus ATCC 91443.
Foi também comprovada a sua ação terapêutica em cervicitesXE "cervicites" e cervico-vaginites "cervico vaginites" crônicas, utilizando tampões intravaginais impregnados com extrato hidroalcoólico de aroeira mantendo em contato com a cérvix, durante 24 horas. Tem atividade contra Monília e Pseudomonas.
Indicações: Antiinflamatório, cicatrizante, antimicrobiano.
Parte(s) usada(s): Cascas.
Modo de usar: Decocto a 2%. Tomar de 50 a 200 ml por dia. Tintura: tomar 30 gotas, 3 vezes ao dia. Xarope: tomar 3 colheres de sopa, 3 vezes ao dia. A ingestão dos frutos é capaz de provocar intoxicações com vômitos e diarréias. A ingestão de apenas dois frutos dessa planta provoca inflamação das mucosas e irritação estomacal.
Efeitos adversos e/ou tóxicos: A resina produzida por esta planta, em contato com a pele, causa dermatite estomacais e úlceras gástricas. Inconveniente para recém-nascidos e mães em amamentação e, ainda, pessoas com dermatites.
Advertência: O uso da droga deve ser restrito a preparações obtidas recentemente, sem aquecimento e conservadas de preferência em pH ácido.
Contra-indicações: Mulheres grávidas e pessoas com história de hipersensibilidade à planta.

BARBATENON
Nome científico: Pithecellobium avaremotemo Mart
Família: Leguminaceae/Mimosoideae "Caesalpiniacea"
Nomes populares: Barbatenon, barbatimão, ibatimó, casca da mocidade, árvore que aperta.
Composição química:
Taninos: Cerca de 50%, na casca seca. Há cerca de 22 compostos de taninos isolados até agora.
Outros: Tem, ainda, resinas, mucilagens e substâncias corantes.
Os taninos são responsáveis pela atividade antimicrobiana, antiinflamatória e cicatrizante. Em ensaios para avaliar sua atividade antimicrobiana, o extrato apresentou halo de inibição da seguinte ordem: Staphylococus aureus (18 mm), Pseudomonas aeruginosa (13 mm). O extrato se mostrou ativo frente a Biomphalaria glabrata (esquitossomose). Outro estudo utilizando pomada feita com o extrato do barbatimão mostrou eficácia igual ao Nebacetim.  
Planta exclusiva da América do Sul. Há 26 espécies, das quais 25 existem no Brasil. Algumas das outras espécies de barbatenon são usadas com igual finalidade terapêutica.
Indicações: Antibacteriano, antiinflamatório, cicatrizante, anti-hemorrágico.
Parte(s) usada(s): Cascas do caule. .
Modo de usar: Para uso externo, pode-se fazer decocto das cascas. Para uso interno, utiliza-se a tintura a 20%, 30 gotas, três vezes ao dia ou o decocto a 2%, meia xícara, três vezes ao dia. 
Efeitos adversos e/ou tóxicos: Suas vagens são tóxicas por seu alto conteúdo de saponinas. Preparações das cascas usadas por via oral, em grande quantidade, provocam a inativação das enzimas digestivas, dificultando a digestão. Os taninos, em grande quantidade, provocam erosão das mucosas digestivas. Em ratas, o uso das sementes provocou efeito embriotóxico e diminuição no metabolismo energético do fígado.
Contra-indicações: Gravidez e lactação

CAJUEIRO ROXO
Nome científico: Anacardium occidentale L.
Família: Anacardiaceae  
Nomes populares: Caju, acajú, acajuíba e caju manso.

Composição química: Taninos e polifenóis, ácidos fenólicos (anacardiol e ácido anacárdico), flavonóides (quercitina, apigenina e campeferol), óleos essenciais, como limoneno, vitamina C, etc. Possui atividade inibitória sobre Staphylococcus aureus, Micrococcus luteus, Proteus vulgaris, Salmonella typhi, Helicobacter pyloris, Pseudomas aeruginosa ,Bacillus cereus e Candida albicans, entre outos.
Ensaio farmacológico com o líquido da castanha mostrou que ele tem ação contra Streptococus mutans (cárie dentária) e Proprionibacterium acnes (acne)
Indicações: Antibacteriano, antiinflamatório, cicatrizante, hipoglicemiante, anti-hemorrágico.
Parte(s) usada(s): Casca do caule, folhas e fruto.
Modo de usar: Para uso interno, utiliza-se o decocto a 2%. Consumir de 50 a 200 ml por dia. Para uso externo, decocto a 5%.
Efeitos adversos e/ou tóxicos: O uso do chá das cascas em grande quantidade pode provocar dores de estômago. O óleo da castanha (rico em cardol) provoca ardência e vesículas na pele. As flores e partículas protéicas do fruto podem provocar quadros alérgicos, tipo asma.
Contra-indicações: Mulheres grávidas e pessoas com história de hipersensibilidade à planta.

ERVA-CIDREIRA
Nome científico: Lippia alba (Mill) N.E.Br.
Família: Verbenaceae
Nomes populares: Erva cidreira, falsa melissa, carmelitana, erva cidreira do campo, erva cidreira brava, salva do Brasil, salva-limão.
Composição química:
Óleo essencial (0,5 a 1,5): Beta cariofileno (24%), geranial (12%), neral (9%), mirceno, limoleno, carvacrol e outros. 
Outros: alcalóides, iridóides e flavonóides.
O extrato demonstrou muita eficácia diante de bactérias que causam infecções respiratórias (Staphylococcus aureus, S. pneumoniae e S. pyogenes) inibindo o crescimento destas no teste de agar-difusão. Também tem atividade inibitória sobre Candida albicans.
Indicações: Antibacteriano, digestivo, calmante, antiespasmótico e carminativo.
Parte(s) usada(s): Folhas
Modo de usar: Para uso interno, usar o infuso a 5%, com ingestão de 3 xícaras ao dia, após as refeições. Para uso externo, solução oleosa a 10%, para massagens ou infuso a 5 %, para lavagem da área infectada.
Efeitos adversos e/ou tóxicos: Nas doses recomendadas, não há registro destes efeitos referidos na literatura consultada. 
Contra-indicações: Nas doses recomendadas, não há registro de contra-indicações referidas na literatura consultada. Por precaução, não usar demasiadamente nos primeiros meses da gestação.

HORTELÃ DA FOLHA GRANDE
Nome científico: Plectrantus amboinicus (Lour) Spreng.
Família: Lamiaceae
Nomes populares: Hortelã da folha grossa, hortelã da folha graúda, malva do reino, malva de cheiro, malvarisco e malvariço.
Composição química:
Óleo essencial: Timol, carvacrol, cânfora.
Flavonóides: (quercitina e luteolina).
Outros: Mucilagens, ácidos aromáticos.
O timol e carvacrol que estão presentes no óleo essencial da planta têm atividade antibacterianaXE "antibacteriana", principalmente contra os microorganismos que provocam patologias do trato respiratório.  O carvacrol tem uma reconhecida atividade germicida, anti-séptica e antifúngica.
Indicações: Antibacteriano, antiinflamatório, expectorante.
Parte(s) usada(s): Folhas. 
Modo de usar: Para uso externo, utiliza-se o infuso das folhas a 5%. Internamente, usa-se uma colher de sopa do xarope, três vezes ao dia.
Efeitos adversos e/ou tóxicos: Nas doses recomendadas, não há registro destes efeitos referidos na literatura consultada. 
Contra-indicações: Nas doses recomendadas, não há registro de contra-indicações referidas na literatura consultada. Por precaução, não usar demasiadamente nos primeiros meses da gestação. 

IPÊ ROXO
Nome científico: Tabebuia avellanedae Lor. Ex Griseb
Família: Bignoniaceae
Nomes populares: Ipê roxo, ipê, pau d’arco, ipê preto, piúva e lapacho.
Composição química:
Naftoquinonas: Lapacho, alfa e beta lapachona, dehidrolapachona e outras.
Antraquinonas: 2- metil-antraquinona, 2- hidroximetil-antraquinona e outras.
Outros: Óleos essenciais, taninos, saponinas.
O lapachol apresenta atividade in vitro contra Staphylococus aurus, Streptococus sp e Brucella sp. As lapachonas apresentam atividades contra o Bacillus subtilis e Salmonela typhimurium.
As naftoquinonas do Ipê roxo têm atividade bactericida e bacteriostática, por sua capacidade de intoxicação respiratória mitocondrial e de interferência com o transporte de elétrons, mecanismo este que também é responsável pela sua atividade antitumoral. Apresentam atividade contra penetração de larvas de Schistosoma mansonii e atividade molusquicida e cercaricida frente a Biomphalaria glabrata e Artemia salina.
Estudos mostraram que o lapachol e a alfa e beta lapachonas têm atividade contra candidíase, superior ao cetoconazol. Também possui atividade antiviral frente a diversos vírus da influenza.
O lapachol demostrou ser ativo contra o vírus da pólio, estomatite e herpes simples (tipo I e II), através da interferência sobre os mecanismos enzimáticos, necessários para a sua replicação. A beta lapachona, in vitro, demonstrou atividade inibidora da enzima transcriptase reversa em retrovirus relacionados a miloblastosis aviaria, leucemia murina e AIDS.
Em estudo clínico com o uso de gotas do lapachol em pacientes na faixa etária de 21 a 45 anos, portadores de sinusites nas fases aguda e crônica, que já tinham feito uso de drogas antibacterianas, antiflogísticasXE "antilogísticas" e descongestionanteXE "descongestionante"s por, via oral e, em alguns casos, corticóides diretamente nos seios da face foi feita a administração do lapachol  através  das narinas, na dosagem de 3 gotas em cada narina, 3 vezes ao dia, durante o período de 10 a 15 dias. Os pacientes apresentaram respostas clínicas satisfatórias com erradicação das sinusites em 92% dos casos.
Indicações: Antimicrobiano, antiinflamatório, cicatrizante, imunoestimulante. 
Parte(s) usada(s): A casca do caule e o cerne.
Modo de usar: Tomar 30 gotas de tintura, 3 vezes ao dia, diluído em água, Para uso local (gargarejo e bochechos), diluir com um pouco de água, antes de usar.
Efeitos adversos e/ou tóxicos: O lapachol, em contato com a pele, pode provocar dermatose alérgica. Animais submetidos a doses altas de lapachol apresentaram anorexia, perda de peso, diarréia e sonolência. Em humanos, altas doses provocam náuseas, anemia e aumento do tempo de protombina.
Em ratas prenhes, na dose de 100 mg/Kg, houve uma potente ação abortiva bem como um efeito teratogênico.
Contra-indicações: Gestantes, pacientes em uso de anticoagulante e em casos de hipersensibilidade.

JUAZEIRO
Nome científico: Zizyphus joazeiro Mart

Família: Rhamnaceae
Nome(s) popular(es): Juá, joá, joazeiro, laranja de vaqueiro, enjoá.
Composição química:
Saponinas: Jujubogenina e arabinofuranosil.
Outros: Alcalóides (anfibina-D), estarato de glicerila, ácido betulínico, lupeol e resinas.
Em experiências in vitro com cepas de Streptococcus mutans formadoras de placa dental, foi verificado que o extrato aquoso da entrecasca de Z. joazeiro, nas concentrações entre 0,1 a 1%, desestabiliza a placa dental, como também exerce atividade antimicrobianaXE "antimicrobiana" sobre bactérias formadoras da placa. Comparação da suspensão aquosa obtida da entrecasca do Z. joazeiro a 1% com um creme dental convencional evidenciou uma maior eficiência na diminuição da placa dental com o preparado da planta. Os frutos são ricos em vitamina C.
Indicações: Prevenção da cárie, tratamento da caspa, feridas de pele e como expectorante.
Parte(s) usada(s): Entrecasca do caule (raspa) e folhas.
Modo de usar: Para prevenção da cárie, seca-se a entrecasca, pulveriza-se, mergulha-se a escova molhada no pó e escovam-se os dentes.
No tratamento da caspa e das feridas de pele, lava-se a parte afetada com a espuma das cascas. Para o tratamento das tosses, usa-se o xarope ou o decocto. 
Efeitos adversos e/ou tóxicos: O interno prolongado poderá trazer riscos à saúde do usuário, devido à ação hemolítica das saponinas. Em doses elevadas, produz vômitos, cólicas, e forte irritação do tubo gastrintestinal. Não deve ser usado por longos períodos, por causa da sua forte ação abrasiva, podendo retirar o esmalte dos dentes.
Contra-indicações: Nas doses adequadas e com tempo de uso não prolongado, não há registro de contra-indicações referidas na literatura consultada.

JUCÁ
Nome científico: Caesalpinia ferrea Mart
Família: Caesalpineacea "Caesalpiniacea"
Nome(s) popular(es): Jucá, jucaína, ibira-obi, muirá-obi, muiré-ita, pau-ferro-verdadeiro.
Composição química:
Taninos: Ácido gálico, ácido elágico e metil galato.
Outros: Betta-sistosterol, alcalóides, flavonóide e óleos essenciais.
Estudos experimentais com a solução etanólica a 50% das sementes, mostraram ação anti-sépticaXE "antisséptica" específica para Staphylococcus aureus, Staphylococcus epidermidis e Escherichia coli.
Extrato hidroalcoólico desta planta apresentou atividade inibitória da embriogênese larvária do gênero Ancyslotoma. O uso de casca de jucá em úlcera gástrica crônica induzida por ácido acético levou à diminuição do número de lesões e diminuição da secreção de ácido clorídrico. Há estudos que comprovam a atividade antiinflamatória das cascas e do fruto.
No meio popular, há muitas indicações terapêuticas para esta planta. Contudo, ainda há poucos estudos farmacológicos a seu respeito.
Indicações: Antimicrobiano, antiinflamatório, cicatrizante e hipoglicemiante.
Parte(s) usada(s): Casca e vagens com sementes.
Modo de usar: Para uso externo, pode-se fazer decocto das cascas e das vagens a 5% . Para uso interno, utilisa-se a tintura a 20%, 30 gotas, três vezes ao dia.
Efeitos adversos e/ou tóxicos: O uso de doses altas pode provocar sintomas digestivos, como dor de estômago, diarréia, cólicas intestinais devido à alta concentração de taninos.
Contra-indicações: Gestantes e lactantes.

MORINGA
Nome científico: Moringa oleífera Lam
Família: Moringaceae "Caesalpiniacea"
Nomes populares: Moringa, lírio, cedro e quiabo de quina.

Composição química: As sementes desta planta têm 30% de óleo fixo, rico em ácido oleíco, que são polissacarídeos complexos, com forte poder aglutinante. Além disto, possui os constituintes químicos pterigospermina e ramnosil-oxibenzil-isotiocianato que têm ação antimicrobiana sobre Bacillus subtilis, Mycobacterium phei, Serratia maarcenses, Escherichia coli, Pseudomonas aeruginosas, Shigela e Streptococus. Por isto, as sementes esmagadas são usadas no tratamento da água por sua capacidade de fazer a aglutinação e a sedimentação de partículas em suspensão e por sua ação antimicrobiana.
Suas folhas são ricas em proteínas e vitaminas A e C. Em algumas regiões, as folhas desta planta são usadas na merenda escolar. Também pode ser usada na alimentação dos animais.
Indicações: Antibacteriano, antiinflamatório, cicatrizante.
Parte(s) usada(s): Sementes, folhas e raízes.
Modo de usar: Para purificar a água, as sementes são machucadas e colocadas no recipiente junto com a água.  Para o tratamento de feridas infectadas, usa-se a pomada.
Efeitos adversos e/ou tóxicos: Nas doses recomendadas, não há registro destes efeitos referidos na literatura consultada. 
Contra-indicações: Nas doses recomendadas, não há registro de contra-indicações referidas na literatura consultada.

ROMÂZEIRA
Nome científico: Punica granatum L.
Família: Punicaceae
Nomes populares: Romã, granada, romeira, romãzeira.
Composição química:
Taninos (em torno de 20 nas casca do caule, do fruto e das raízes): Punicalina, pulicalagina, punicofolina e outros.
Alcalóides: Peletierina, metilpeletierina, pseudopeletieria e outros.
Estudos com extrato aquoso e etanólico das cascas do fruto e do caule mostraram atividade contra diversos microorganismos Staphylococcus aureus, Streptococus viridans, Streptococus pyogens, Bacillus antraci, Bacillus  cereus ,  Bacillus  subtilis,  Erwinia carotovora, Mycobacterium smegmatis, Mycobacterium phlei, Mycobacterium tuberculosis,, Candida tropicalis, Candida albicans), Cryptococcus neoformans  e Nocardia asteroides. Com relação a sua atividade antiviral, ensaios in vitro mostraram que os taninos do pericarpo têm atividade inibitória da replicação do vírus HSV-2, causador do herpes genital.
Indicações: Antibacteriano, antiinflamatório, cicatrizante, vermífugo.
Parte(s) usada(s): Cascas do fruto (principalmente), do caule e da raiz e folhas.
Modo de usar: Internamente, usa-se a tintura, 30 gotas, três vezes ao dia, ou o decocto a 2%, três vezes ao dia. Para se fazer o gargarejo e o bochecho para as infecções orofaringeanas, usa-se o decocto a 5%
Efeitos adversos e/ou tóxicos: As folhas e frutos apresentaram teste hemolítico positivo. Também pode causar cólicas, vômitos e diarréias.
O alcalóide peletierina, presente na casca dos ramos e na raiz, atua de modo semelhante à conicina e à nicotina sobre o SNC, paralisando os nervos motores e provocando morte por asfixia (ação curarizante). Os alcalóides, especialmente a peletierina, podem provocar náuseas, vômitos, diarréia, cefaléias, midríase (podendo levar à cegueira parcial) vertigens, paralisia dos nervos motores, debilidade muscular, perturbações visuais e, em casos extremos, morte por asfixia.
Contra-indicações: Devido à presença de alcalóides, está contra-indicado o uso em gestante, pois pode provocar contrações uterinas, levando ao aborto.  Também, está contra-indicado o uso em lactantes, crianças e pacientes com antecedentes de cardiopatias, insuficiência renal.

SAIÃO
Nome científico: Kalanchoe brasiliensis Camb "Kalanchoe brasiliensis Camb".
Família: Crassuláceas
Nomes populares: Coirama, coirama-brava, saião e coirama-branca.
Composição química:
Compostos fenólicos: ácido cumárico, caféico, ferúlico e outros.
Flavonóides: Quercitina, campeferol, rutina e outros.
Outros: mucilagens, briofilinas A, B e C.
Estudos com extratos de K. brasiliensis mostraram inibição do crescimento de Staphylococcus epidermidis, Micrococcus luteus, Candida albicans, e S. Aureus, produzindo halos de inibição acima de 10 mm de diâmetro. Houve, também, uma boa atividade bactericidaXE "bactericida" e fungicida. XE "fungicida" Com Escherichia coli, diâmetro do halo de 8,0 mm. Bacillus subtilis, halo de 12,3 mm. Staphylococcus aureus, halo de 8,6 mm. P. aeruginosa,,  halo de 13,0 mm e C. albicans, 9,6 mm de halo. O extrato aquoso, numa concentração inibitória mínima de 11,35 mg/ml, mostrou atividade contra Candida albicans.
Indicações: Antimicrobiano, antiinflamatório, antiulcerogênico, imunomodulador.
Parte(s) usada(s): Folhas.
Modo de usar: Para uso interno, tomar uma colher de sopa do xarope, três vezes ao dia.
Efeitos adversos e/ou tóxicos: Nas doses recomendadas, não há registro destes efeitos referidos na literatura consultada. 
Contra-indicações: Nas doses recomendadas, não há registro de contra-indicações referidas na literatura consultada.

PLANTAS MEDICINAIS USADAS NO TRATAMENTO DAS DOENÇAS DA PELE
Na dermatologia, quando prescrevemos um fitoterápico, temos que levar em consideração não só os aspectos relativos às plantas, mas também os que dizem respeito à pele do paciente.
É bom lembrar que muitos sintomas da pele constituem sintomas de doenças internas, cujas causas devem ser diagnosticadas e tratadas e neste caso a Fitoterapia poderá figurar como tratamento auxiliar desde que não se mostre incompatível com o tratamento convencional adotado.
Apesar do crescente interesse e das pesquisas científicas com plantas medicinais que têm comprovado que muitas das nossas plantas podem ser usadas no tratamento de várias patologias, a maioria das plantas usadas para tratar doenças de pele tem seu uso justificado em função dos conhecimentos populares, aguardando comprovação científica.

ALECRIM PIMENTA
Nome científico: Lippia sidoides Cham
Família: Verbenaceae
Nomes populares: Alecrim de tabuleiro, alecrim de vaqueiro.
Composição química: O óleo essencial obtido de suas folhas é constituído principalmente de timol (50-60%) e carvacrol. Há outros constituintes em menores quantidades.
Dentre seus constituintes químicos fixos, há algumas substâncias como flavonóides e quinonas (naftoquinonas), que têm ação bactericida, bacteriostática, fungicida e moluscida. Tem intensa atividade contra Staphylococus aureus (infecção de pele)
Indicações: Esta planta, na forma de infusos e alcoolaturas, é recomendada para uso externo contra feridas infectadas, sarna, impigem na cabeça ou no corpo, aftas, mau cheiro das axilas e dos pés. Tem ação antiespasmódica (timol).
Parte(s) usada(s): Folhas.
Modo de usar: Infuso, alcoolatura, sabão líquido.
Efeitos adversos e/ou tóxicos: Nas doses recomendadas, não há registro destes efeitos referidos na literatura consultada. 
Contra-indicações: Nas doses recomendadas, não há registro de contra-indicações referidas na literatura consultada.

BABOSA
Nome científico: Aloe vera L,
Família: Liliaceae
Nomes populares: Babosa, aloés.
Composição química:
Aloína (barbaloína) - Composto antraquinônico de ação estomáquica e laxativa quando tomada em pequenas doses e purgativas, em doses mais elevadas. Apresenta atividade antiinflamatória por bloquear enzimas envolvidas nos processos inflamatórios.
Aloeferon – Polissacarídio complexo, estimulador dos fibroblastos. Contribui na cicatrização tecidual através da inibição dos produtos derivados do metabolismo do ácido araquidônico, tais como tromboxano B, limitando por sua vez, a produção de prostaglandina F2a, prevenindo a progressiva isquemia dérmica, especialmente nas queimaduras.
Mucilagem – Contida no líquido que escorre quando cortamos a polpa da planta. Por apresentar potente atividade hidratante, é indicada nas dermatoses onde ocorre perda da umidade e da untuosidade normais da pele e mucosas, que se mostram secas e escamosas, em graus variáveis. Ex: hiperceratose plantar e palmar, xerodermias, quelites, etc.
Quanto à atividade antiviral, tem demonstrado ser ativa frente aos tipos I e II do herpes simples, varicela zoster.
Substância antibradicinina – Quando a pele é agredida, a lesão celular libera enzimas proteolíticas que, a partir de globulinas, formam as bradicininas, as quais estimulam as terminações nervosas, provocando a dor. A babosa possui uma substância capaz de bloquear a bradicinina.
Lactato de magnésio – Esta substância tem demonstrado, em experimentos, ação anti-histamínica. Daí surtir efeito em dermatoses de fundo alérgico.
Aminoácidos – Funcionam como antioxidantes e imunomoduladores, impedindo a injúria tecidual pelos radicais livres, principalmente nos processos de envelhecimento da pele. Devemos ter cuidado com o seu uso nos portadores de melanoma maligno (tumor de pele) e nos de fenilcetonúria. Nos primeiros, já foi provado que a fenilalanina (aminoácido essencial) é capaz de fomentar estes tumores e nos últimos, devido à dificuldade congênita para metabolizar este aminoácido, o paciente apresenta, entre outros sintomas, dermatite eczematosa e diminuição da pigmentação dos cabelos e olhos.
Estudos mostraram sua ação benéfica em lesões por irradiações, bem como ação preventiva em lesões dérmicas por congelamento, neste caso, evitando a necrose tecidual, a estase sanguínea e a trombose. Isto ocorre devido a sua atuação no metabolismo do ácido araquidônico, evitando a formação de prostaglandinas e tromboxanos. Nestas situações demonstrou ação superior a metilpredinosolona.
Além de estimular a produção defibroblastos, a Aloe vera estimula a micro-circulação, facilitando a cicatrização das feridas.
Indicações: Antimicrobiano, antiinflamatório, analgésico, laxante, digestivo, antipruriginoso, repelente de insetos, cicatrizante. 
Parte usada: Parte interna da folha.
Modo de usar: Retira-se a casca da folha e látex que escorre deve ser espalhada na área afetada.
Efeitos adversos e/ou tóxicos: O uso interno prolongado pode provocar problemas digestivos: dores abdominais, diarréias sanguinolentas, hemorragias gástricas, aumento da incidência do câncer de colon; problemas reanais: albuminúria, hematúria, nefrite; hipocalemia: transtorno do ritmo cardíaco, câimbras musculares. Esse distúrbio eletrolítico pode inclusive aumentar o efeito da digital em pacientes com Insuficiência Cardíaca Congestiva (I.C.C.). Hiperaldosteronismo: debilidade, pulso lento e hipotermia.
Contra-indicações: Gestantes (a estimulação do intestino grosso produz efeito reflexo similar no músculo uterino, provocando abortamento), período menstrual (pode provocar hemorragias), crianças e pacientes com problemas hepáticos, renais e intestinais, tais como: apendicite, colite ulcerosa, diverticulite, Doença de Crohn.
Observação: Embora o extrato da folha do Aloe vera seja considerado oficial por várias Farmacopéias (mais ou menos 25 países), a FDA (Food and Drug Administration), órgão do governo norte-americano, só autoriza o uso interno do Aloe, sempre e quando o produto está isento de antraquinonas, não existindo restrições quanto ao seu uso externo, de grande eficácia nas doenças dermatológicas. Portanto, o uso interno deve ser feito com cuidado e por curto período.

CAJAZEIRA
Nome científico: Spondias mombin L.
Família: Anacardiaceae.
Nomes populares: Cajá, acajá, cajazeira miúda, acajaíba.
Composição química:
Folhas e ramos jovens contêm geraniina e galoil-geraniína, substâncias da classe dos taninos hidrolisáveis, ésteres de ácido caféico, todos dotados de pronunciada atividade contra os vírus Herpes simplex I (Herpes labial) e Coxsaquii B (Aftas). É indicado nas repetidas crises de aftas dolorosas, herpes labial e genital, inflamações dolorosas da garganta e da boca (angina herpética).
Indicações: É indicado nas repetidas crises de aftas dolorosas, herpes labial e genital, inflamações dolorosas da garganta e da boca (angina herpética).
Parte(s) usada(s): Folhas e cascas.
Modo de usar: Infuso das folhas e decocto das cascas.
Efeitos adversos e/ou tóxicos: Não referidos na literatura consultada.
Contra-indicações: Não é recomendável o seu uso em pessoas com história de reações alérgicas às Anacardiaceae (manga, caju, umbu, cajarana, etc.).

CAPIM SANTO
Nome científico: Cymbopogon citratus (DC) Stapf.
Família: Gramineae
Nomes populares: Capim santo, capim limão, capim cheiroso.
Composição química:
Óleo essencial: Citral, mirceno, geranial, neral, cânfora, cimbopogona, cimbopogonol e outros.
Outros: Flavonóides (luteolina, orientina), ácidos (acético, cafeico, paracumárioco, clorogênico).
Mirceno (12 % do óleo essencial) – Tem atividade antimicrobiana, antifúgica e analgésica.
Ac. Acético - Rubefaciente, antipruriginoso e anti-séptico, quando na concentração de 1 a 10%.
Citral (65 a 72 do óleo essencial) - principal componente ativo responsável pela ação calmante, antiespasmódica, larvicida e repelente de insetos.
Esta planta, por apresentar constituintes químicos de ação larvicida e inseticida pode ser usada no controle da Larva migrans (verme de cachorro) e no combate de zoodermatoses. No primeiro caso, é interessante cultivar a planta em áreas de concentração de ovos de ancilóstomos (ex. jardins, quintais, etc.).
Tratando-se de zoodermatoses, aconselha-se borrifar o infuso ou o macerado da planta em áreas e horários onde há predominância maior ação de insetos.
O óleo essencial desta planta apresenta atividade antibacteriana contra Staphilococus aureus, E. coli, Salmonella typh, e outros microoorganismos. Nas experiências realizadas em laboratório, foi também encontrada atividade antifúngica, sobre mais ou menos 22 espécies de microrganismos.
Indicações: Antimicrobiano, repelente de insetos, digestivo, carminativo, sedativo.
Parte(s) usada(s): Folhas.
Modo de usar: Tradicionalmente usado sob a forma de infusão.
Efeitos adversos e/ou tóxico: Não referidos na literatura consultada. 
Contra-indicações: Não referidas na literatura consultada. 

HORTELÃ DA FOLHA GROSSA
Nome científico: Plectrantus amboinicus (Lour) spreng.
Família: Labiatae
Nomes populares: Hortelã da folha grossa, hortelã da folha graúda, malva do reino, malva de cheiro, malvarisco e malvariço.
Composição química
Carvacrol e timol - Têm potente ação germicida, anti-séptica, antifúngica e antipruriginosa. Ambos são compostos do grupo dos fenóis, os mais poderosos agentes antibacterianos.
Cânfora - É um antipruriginoso refrescante e repelente, além de ser rubefaciente quando friccionado.
Mucilagem - Edemulcente, quando aplicado em mucosa, e emoliente, quando aplicado na pele.
Flavonóides - Alguns são antibacterianos. Entre eles, temos a quercetina que aumenta a resistência capilar, reforçando sua vitalidade. Quando o suprimento destes compostos é insuficiente, há fragilidade capilar, com queda de cabelo e favorecimento de outras infecções. Além disso, é antioxidante, inibidor da histamina e da oxidação da adrenalina e estimulante da produção de plaquetas.
Indicações: Antimicrobiano, antiinflamatório, expectorante. Usado no tratamento das tosses, rouquidão e inflamações da boca, das gengivas e amídalas.
Parte(s) usada(s): Folhas
Modo de usar: Nas doenças de pele, pode ser usado o sumo da planta diretamente na área afetada, ou lavá-la com o infuso. Este pode ser usado internamento, bem como o xarope.
Efeitos adversos e/ou tóxicos: Nas doses recomendadas, não há registro destes efeitos referidos na literatura consultada. 
Contra-indicações: Nas doses recomendadas, não há registro de contra-indicações referidas na literatura consultada. Por precaução, não usar demasiadamente nos primeiros meses da gestação.

MELÃO DE SÃO CAETANO
Nome científico: Momordica charantia L
Família: Cucurbitaceae
Nomes populares: Melão de São Caetano, erva de são Caetano, erva de serpente, fruta de sabiá, erva de São Vicente.
Composição química: Principio amargo, denominado momordoprcrina; triterpenos: momordicininas I, II e III; alcalóides, ácidos orgânicos, azuleno, fitoesteróides e outros.
Azuleno - Possui ação antialérgica e antiinflamatória, possivelmente devido a um efeito estabilizador sobre a membrana dos mastócitos, de forma direta ou indireta, diminuindo a liberação de histamina e promovendo a liberação de cortisona.
Ensaios pré-clínicos e alguns clínicos confirmaram ação analgésica, antiinflamatória, escabicida, hipoglicemiante, com efeitos colaterais inferiores aos da insulina, favorecendo os processos cicatriciais da pele, nos portadores de diabetes tipo II.
Indicações: Inflamações de pele, sarna, piolhos, impigens e diabetes. Antimicrobiano. 
Parte(s) usada(s): Folhas (principalmente), flores, fruto e sementes.
Modo de usar: Sabão, infuso e alcoolatura.
Efeitos adversos e/ou tóxicos: A ingestão de grande quantidade do fruto pode provocar vômitos, diarréia e hipotensão, devido à presença de charantina e curcubitna.
Contra-indicações - Não administrar preparações com os frutos durante a gravidez e a lactação.

RABO DE RAPOSA
Nome científico: Conyza bonariensis (L.) Cronquist.
Família: Compostae
Nomes populares: Rabo de raposa, carniceira.
Composição química:
Ácidos Fenólicos - De um modo geral têm ação antiinflamatória e anti-séptica. Por ter vitamina P (bioflavonóides), aumenta a resistência capilar e reduz a permeabilidade dos vasos.
Entre os ácidos fenólicos encontrados nesta planta, temos:
Ac. Clorogênico - Componente dos polímeros aromáticos, que apresenta efeito antifúngico.
Ac. Cafeico - Apresenta significativa atividade anti-séptica sobre a flora patógena que ataca a pele, principalmente sobre o Stophylococus aureus.
Ác. neoclorogênico - Com comprovada atividade antifúngica e  bacteriostática in vitro.
Outros constituintes: Flavonóides (quercetrina, quercitina, apigenina), taninos, lactonas sesquiterpênicas, óleo essencial rico em limoneno.
Idicações: Aftas e micoses.
Parte(s) usada(s): Folhas.
Modo de usar: Alcoolatura ou sumo das folhas.
Efeios adversos e/ou tóxicos: Nas doses recomendadas, não há registro destes efeitos referidos na literatura consultada. 
Contra-indicações: Nas doses recomendadas, não há registro de contra-indicações referidas na literatura consultada.

SAIÃO
Nome científico: Kalanchoe brasiliensis Camb
Família: Crassulaceae
Nomes populares: Coirama, corona, coirama branca, corona branca.
Composição química:
Flavonóides - Pigmento dos vegetais, principalmente das flores, denominado de bioflavonóides, quando apresentam atividade farmacodinâmica. Entre suas várias funções temos: imunomoduladora, antioxidante, antimicrobiana.
Os flavonóides são indicados em quase todas as condições inflamatórias e alérgicas da pele, por sua atividade imunossupressora, diminuindo a liberação de mediadores envolvidos nestes processos e estabilizando as membranas celulares.
Aminoácidos – Entre outros, a arginina, que é um coadjuvante na cura de algumas dermatoses. Apresentam ação imunoestimulante, anticancerígena e estimulam a liberação do hormônio do crescimento, inibindo a perda da massa muscular, facilitando, assim, a cicatrização tecidual.
Ácidos orgânicos – Entre outros, temos o ácido caféico, que apresenta ação anti-séptica, ação antiagregante plaquetária e analgésica, e o ácido cumárico, que melhora a micro-circulação, promovendo uma adequada oxigenação tissular.
Briofilina – Substância de ação antibiótica contra vários germes: Staphilococus aureus, Pseudomonas aeruginosas, Echerichia coli e gram positivos, de um modo geral.
Indicações: Antiinflamatório, cicatrizante, antimicrobiano.
Parte(s) usada(s): Folhas.
Modo de usar: Nas doenças de pele, pode-se usar o sumo da planta ou a pomada, diretamente na área afetada ou sob a forma de alcoolatura e xarope, no uso interno. 
Efeitos adversos e/ou tóxicos: Nas doses recomendadas, não há registro destes efeitos referidos na literatura consultada. 
Contra-indicações: Nas doses recomendadas, não há registro de contra-indicações referidas na literatura consultada.

VASSOURA DE BOTÃO
Nome científico: Borreria verticillata (L.) GFW Mayer
Família: Rubiaceae
Nomes populares: Vassoura de botão, vassourinha de botão, cordão de frade, falsa poaia.
Composição química:
Alcalóides – Emetina, borrerina e borreverine, extraídos principalmente das raízes desta planta. A emetina, ou seu derivado, a dehidroemetina, com ou sem corticóides sistêmicos, pode reduzir a dor do herpes zoster agudo. Deve, no entanto, ser usada com cautela devido a seus efeitos tóxicos.

Iridóides (valeotriatos) – Responsável pelo sabor amargo e pela ação antibiótica sobre bactérias gram positivas e gram negativas. Estão mais concentrados na casca dos talos e das raízes.
Compostos Sesquiterpênicos - Guianeno, Cariofileno e Cadineno, encontrados principalmente nas partes aéreas.
Pigmentos Flavônicos - Entre outros, a hesperidina que apresenta efeito venotônico, vasculoprotetor, diminuindo a estase venosa. Apresenta, ainda, atividade miorelaxante e efeito depressor sobre o SNC.
Taninos – Estes, por apresentarem atividade adstringente, precipitam a proteína da pele, formando uma película que priva as bactérias contaminantes do seu substrato nutritivo.
Seus óleos essenciais têm propriedade antibiótica sobre bactérias gram positivas e gram negativas, sendo constatado, em ensaio clínico, a sua eficácia tópica na cicatrização de lesões impetiginosas.
Indicações: Antiinflamatório, antibacteriano, cicatrizante.
Parte(s) usada(s): Toda a planta, especialmente as cascas dos talos e das raízes. 
Modo de usar: Usada sob a forma de alcoolatura e infusos.
Efeitos adversos e/ou tóxicos: Em altas doses, pode provocar vômitos.
Contra-indicações: não referida na literatura consultada. 

PLANTAS COM ATIVIDADE NO APARELHO DIGESTÓRIO
ABACAXI
Nome científico: Ananas sativus
Família: Bromeleacea.
Nome popular: Abacaxi
Constituintes químicos: Sua enzima bromaleína é uma mistura das bromelinas A e B. Tem atividade digestiva, comparável à ação da pepsina e da papaína favorecendo a degradação dos peptídios. Também atua como antiagregante plaquetário (inibe parcialmente a enzima tromboxano-sintetase), fibrinolítico (ativa o plaminogênio tissular) e antiinflamatório (inibe a formação de bradicinina).
Tem vitamina A, B e C, fibras, compostos fenólicos, etc.
Indicação: Digestivo, carminativo, laxante, antiinflamatório.
Parte utilizada: Fruto.
Modo de usar: Ingerir a polpa do fruto junto às refeições. Com as cascas em maceração, pode-se fazer o suco.
Efeitos adversos e/ou tóxicos: O fruto verde provoca efeitos purgantes, sensação de queimação e ardência na boca.
Contra-indicações: Pacientes em uso de anticoagulantes.

AROEIRA DO SERTÃO
Nome científico: Myracrodruom urundeuva Fr. All.
Família: Anacardeaceae
Nome popular: Aroeira do sertão
Constituintes químicos: A casca é rica em taninos e em outros compostos fenólicos mais simples. Contém duas chalconas diméricas, chamadas urundeuvinas A e B, com forte ação antiinflamatória. O óleo essencial obtido das folhas tem mais de 16 constituintes, sendo os mais importantes o alfa pineno, o gama terpineno e o betacariofileno. Têm ação anti-histamínica e antibradicinina.
Indicações: Atividade antiúlcera, anti-inflamatória, cicatrizante, adstringente, antimicrobiana. Na medicina popular do Nordeste do Brasil, a casca do tronco desta árvore é um dos remédios mais antigos, sendo utilizada para várias patologias.
Estudos realizados com o extrato hidroalcoólico, em ensaios pré-clínicos, evidenciaram efeito antiinflamatório, cicatrizante e antiúlcera. Uma avaliação clínica da planta para o tratamento de úlcera foi realizada através da utilização do elixir da aroeira administrado diariamente, por via oral, pela manhã e à noite, durante 30 dias a 12 indivíduos portadores de úlcera gástrica. Seis deles, ao final do tratamento, apresentaram completa cicatrização do processo ulceroso.   
Parte usada: Casca do caule.
Modo de usar: Tintura, xarope, decocto, sabonete.
Efeitos adversos e/ou tóxicos: Em alta concentração, pode provocar irritação do aparelho gastrintestinal.  Também pode provocar alergia de pele e alergia respiratória.
Contra-indicações: Pacientes sensíveis a esta planta.

BABOSA
Nome científico: Aloe vera L.
Família: Liliaceae.
Nomes populares: Babosa, erva babosa, caraguatá.
Constituintes químicos: Planta rica em antraquinonas (15 a 30), dentre elas a baboleína (20%). Este composto, sob a ação de bactérias saprófitas anaeróbicas intestinais, é transformado em aloe-emodina-atrona que age na mucosa intestinal diminuindo a absorção de eletrólitos e de água, aumentando o peristaltismo e a secreção mucosa.  Daí, sua ação laxante e purgante. Em pequenas doses, tem ação aperitiva, colagoga e estomacal. Age, também, cicatrizando a úlcera gástrica.
Tem, ainda, resinas (16 a 30%) saponinas, mucilagem, lignina, mais de 20 minerais (cálcio, magnésio, potássio, fósforo, etc), vitaminas (A, B1, B2, B6, B9, B12, colina, etc.).
Indicações: Inflamações, constipação, infecções, etc.
Parte utilizada: Sumo mucilaginoso das folhas.
Modo de usar: Sumo alcoolatura, supositórios e pomadas.
Efeitos adversos e/ou tóxicos: Pode causar nefrite em crianças, quando em uso oral. Causa retenção de líquidos e congestão dos órgãos abdominais.
Contra-indicações: Gravidez, pacientes com problemas(quercetina, avicularina e guajaverina) e óleos essenciais. Eficaz contra diversos microorganismos devido aos taninos e aos flavonóides acima citados.  As cascas são ricas em taninos (12 a 30%).
A quercitina é a principal responsável pela atividade antidiarréica por diminuir a produção de acetilcolina, que é um estimulante da contração dos músculos lisos intestinais e de outros músculos lisos de contração involuntária. A quercitina está mais presente nas cascas e nas folhas.
Indicação: Antidiarréica, antimicrobiana, hipogliceminate.
Parte utilizada: Gomos foliolares (olhos).
Modo de usar: Infuso dos gomos foliolares verdes ou das cascas.
Efeitos adversos e/ou tóxicos: O cozimento das partes aéreas desta planta pode apresentar concentrações elevadas de quercetina (44%). Quando a dosagem atinge 800mg/Kg, resulta ação mutagênica.
Contra-indicações: Grávidas e lactantes.

HORTELÃ HOMEM
Nome científico: Plectranthus barbatus Andr.
Família: Labiatae.
Nomes populares: Malva santa, sete dores, boldo nacional, sete dores.
Constituintes químicos: Tem óleo essencial rico em guaieno e fenchona, princípios amargos e outros constituintes fixos de natureza terpênica, como a barbatusina. Estimula o esvaziamento gástrico e diminui a produção de HCL. Ação anti-ulcerogênica comprovada em ratos.
Indicações: Úlcera gástrica, dispepsia, dores de estômago, azia. Estimula o apetite e a digestão.
Parte utilizada: Folhas.
Modo de usar: Infuso, alcoolatura, xarope ou a folha in natura.
Efeitos adversos e/ou tóxicos: Na literatura consultada, não há citação destes efeitos.
Contra-indicações: Na literatura consultada, não citação de contra-indicações.

JURUBEBA
Nome científico: Solanum paniculatum L.
Nome Popular: Jurubeba
Família: Solanaceae
Constituintes químicos: Possui alcalóides (solanina, solanidina, solanosodina) nas raízes, nas cascas e nas folhas. Saponinas (jurubina, paniculogenina), principalmente nas raízes. Solanidina e solanosodina demonstraram atividade hepatoprotetora em animais de laboratório. Tem comprovada ação antiúlcera em estudos pré-clinicos, por diminuir a secreção gástrica.
Indicações: Útil no tratamento da úlcera gástrica, das afecções hepáticas e das vias biliares, das dispepsias, da anemia e da astenia.
Partes usadas: Raízes, casca do caule, folhas e frutos.
Modo de usar: Tintura, alcoolatura, xarope, suco, decocto e infuso.
Efeitos adversos e/ou tóxicos: O uso interno dos frutos verdes, ou altas doses de preparações desta planta, devido à presença de solanina, pode provocar náuseas, vômitos, diarréia, dores de estômago e de cabeça. Evitar o uso prolongado.
Contra-indicações: Grávidas, devido ao efeito tônico sobre o útero.

MACELA
Nome científico: Egletes viscosa Cass.
Nomes populares: Marcela ou macela-da-terra
Família: Compositaes.
Constituintes químicos: Princípios ativos: ácido centipédico e ternatina (ação antiespasmódica) e acetato de trans-pinocarveila.
Indicações: Cólicas intestinais, diarréia, dispepsia, azia e enxaqueca.
Parte utilizada: Flores.
Modo de usar: Infuso de 1 a 3 % de flores secas. Tomar três vezes ao dia.
Efeitos adversos e/ou tóxicos: Na literatura consultada, não há referência.
Contra-indicações: Na literatura consultada, não há referência.

MAMOEIRO
Nome científico: Carica papaya L.
Família: Caricaceae.
Nome popular: Mamoeiro
Constituintes químicos: Papaína, conhecida como pepsina vegetal, fermento proteolítico, responsável pela ação digestiva, pode "digerir" as proteínas até 35 vezes o seu próprio peso. Esta substância amacia a carne. 
A quimopapaina e papaiaproteinase têm a mesma função. O alcalóide carpaina tem ação inibitória sobre diversos microorganismos e sobre a ameba.  As resinas e as fibras são responsáveis pela ação laxante.
De há muito tempo, este fruto é usado no tratamento de pessoas com dificuldade na digestão de proteínas. Também é adicionada a cremes contra picadas e coceiras. A fruta madura pode ser comida crua, mas a verde precisa ser cozida.
Indicações: Digestivo, laxante, anti-inflamatório e vermífugo.
Parte utilizada: Fruto, leite do fruto verde, folhas e sementes.
Modo de usar: Como laxante, deve-se ingerir a polpa do fruto madura, junto às refeições.
Efeitos adversos e/ou tóxicos: o uso de grande quantidade de folhas pode trazer problemas cardíacos devido à presença da carpaina. O consumo excessivo do fruto deixa as mãos amareladas. As sementes são abortivas e o látex das folhas e do fruto verde produz irritação de peles e mucosas. Em pessoas sensíveis, a papaína produz reações respiratórias alérgicas.
Contra-indicações: Nas doses recomendas não há contra-indicações, principalmente o uso do fruto.

PITANGA
Nome científico: Eugenia uniflora
Nome Popular: Pitanga.
Família: Mirtaceae.
Constituintes químicos: As folhas contêm óleos essenciais, como o eugenol e o cineol e ácidos fenólicos. Tem, também, flavonóides (quercitina e a quercitrina) e taninos.
Estudos pré-clíncos demonstraram ação antimicrobiana, principalmente para gram(+), antoxidante, diurética e antihipertensiva. Contudo, seu uso mais importante é no tratamento da disenteria. Ela aumenta a absorção de água e diminui os movimentos peristálticos. O eugenol do óleo essencial tem propriedades carminativa, eupéptica e antisséptica.
Indicações: Disenteria, hipertensão arterial.
Parte utilizada: Folhas
Modo de usar: Infuso das folhas.
Efeitos adversos e/ou tóxicos: Não se conhecem efeitos adversos do uso da Pitanga
Contra-indicações: Não se aconselha o uso durante a gravidez e a amamentação.

SAIÃO
Nome científico: Kalanchoe brasiliensis Camp.
Família: Crassulaceae.
Nomes populares: Coirama, coirama-brava, coirama branca.  
Constituintes químicos: Briofilina; ácido caféico, ferúlico e cinâmico; esteóides e flavonóides (quercitina e kaempferol). Tem alto teor de mucilagens.
Estudos laboratoriais confirmaram a ação antiinflamatória, analgésica e bactericida.
Indicações: Gastrites, úlceras, inflamações e infecções.
Parte utilizada: Folhas
Modo de usar: Sumo da folha fresca, infuso, alcoolatura e xarope
Efeitos adversos e/ou tóxicos: Diminuição da pressão arterial.
Contra-indicações: Gestantes, hipotensos e portadores de alterações da função da tireóide.

SENA
Nome científico: Senna alexandrina.
Família: Leguminosae-Caesalpinoideae.
Nomes populares: Sena ou sene.
Constituintes químicos: Planta rica em antraquinonas, como glicosídeos de diatrona, senosídeos A e B, que entram na composição de vários medicamentos laxantes, e aloe-emodina. Possui flavonóides mucilagens e resinas. 
Indicações: Laxante e antimicrobiano.
Partes utilizadas: Folhas (folíolos) e frutos (vagens).
Modo de usar: Infuso. Ao usar medicamentos de laboratórios, seguir a orientação da bula.
Efeitos adversos e/ou tóxicos: Quando o tratamento é prolongado e a dose elevada, podem ocorrer: irritabilidade intestinal, constipação paradoxal, nefrites, destruição dos plexos nervosos intra-colônicos e câncer intestinal.
Contra-indicações: Grávidas, lactantes e pacientes com úlcera gástricas e doenças intestinais, como colite ulcerativa e doença de Crohon.

TAMARINDO
Nome científico: Tamarindus indica L.
Família: Leguminosae
Nome popular: Tamarindo
Constituintes químicos: A polpa do fruto maduro contém ácidos orgânicos (13-15%), como os ácidos tartárico* (8-18%), acético, málico e cítrico. As folhas e as raízes têm alta concentração de flavonóides e as sementes têm óleos essenciais, sendo os principais os ácidos linoleico (55%) e oléico (15%). A polpa tem muito açúcar e pectina.

Estudos pré-clínicos evidenciaram atividade laxante, bem como atividade antimicrobiana para diversos germes, como a Eschericha coli. Daí porque esta planta é largamente usada para o tratamento da infecção urinária.
Indicação: Laxante, diurético e antimicrobiano.
Partes utilizadas: Polpa do fruto, folhas.
Modo de usar: Da polpa, faz-se o suco. Das folhas, o infuso.
Efeitos adversos e/ou tóxicos: Nas doses recomendadas, não referência na literatura consultada.
Contra-indicações: Nas doses recomendadas, não referência na literatura consultada.

PLANTAS COM ATIVIDADE NAS PARASITOSES INTESTINAIS
ALHO
Nome científico: Allium sativum L.
Nomes populares: Alho-bravo, alho comum, alho manso.
Constituintes químicos: Seus principais constituintes químicos são a alicina a aliina e o ajoeno. Os compostos sulfurados são grandes repelentes das parasitoses intestinais, como Taenia saginatta, Oxiurus, Giárdia lamblia e Etamoeba histolyca.  
Indicações: Vermífugo, anti-séptico, antiviral.
Parte usada: Bulbo
Modo de usar: O alho deve ser consumido cru, sob a forma de tintura a 50% ou sob a forma de xarope. Não deve ser usado sob a forma de chá, pois a temperatura alta inativa seus princípios ativos.
Efeitos adversos e/ou tóxicos: A alicina é razoavelmente tóxicaXE "tóxica" e irritante gástrica. É a responsável pelo cheiro característico do alho. Em doses elevadas, pode causar dorXE "dor" de cabeça, ardor no trato gastrintestinal, náusea, vômitos, diarréia, problemas renais, tonturas.
Contra-indicações: Além da hipersensibilidade ao alho, está contra-indicado para pessoas com problemas estomacais e úlceras gástricas. Inconveniente para recém-nascidos e mães em amamentação e, ainda, pessoas com dermatites.

BABOSA
Nome científico: Aloe vera.
Nome popular: Babosa.
Parte usada: Gel da parte interna da folha.
Constituintes químicos: Aloína ou barboleína, aloe-emodina, antrano, crisofano, etc.
Indicações: Tratamento para oxiúros
Modo de usar: Tira-se a casca da folha e corta-se na espessura de um lápis e no tamanho de dois dedos. Coloca-se no congelador e aplica-se à noite, quando os vermes descem para o ânus. Usar durante uma semana.
Efeitos adversos e/ou tóxicos: Não se deve usar a babosa internamente, pois seus constituintes químicos antraquinônicos são tóxicos para os rins.
Contra-indicações: Grávidas, lactantes, crianças e pessoas com problemas renais.

HORTELÃ DA FOLHA MIÚDA
Nome científico: Mentha x vilosa
Família: Labiatae.
Nomes populares: Hortelã da folha miúda, hortelã rasteira, hortelã de panela.
Constituintes químicos: Seu principal princípio ativo é o óxido de piperidona, presente em seu óleo essencial, na proporção de 30 a 90 %. Outros princípios ativos: betacubeno, limoneno, 1-8 cineol, linalol, etc. Ensaio clínico comprovou percentual de cura de 95%, em amebíase, de 70%, em giardíase e também elevado índice de cura em tricomoníase urogenital.
Indicações: Antiparasitário, anti-séptico, carminativo, sedativo.
Parte utilizada: Folhas.
Modo de usar: Para ameba e giárdia: uma colher de sopa do xarope três vezes ao dia, ou uma colher de chá do sumo, em jejum, durante sete dias.
Para mau hálito: Fazer gargarejo, com o infuso, três vezes ao dia.
Efeitos adversos e/ou tóxicos: Não há citação na literatura consultada.
Contra-indicações: Não há citação na literatura consultada.

HORTELÃ PIMENTA
Nome científico: Mentha piperita
Nomes populares: Hortelã-pimenta, hortelã-de-tempero, menta.
Constituintes químicos: Rica em óleos essenciais (0,5 a 4%) Nestes, se destacam o mentol (33 a 55%), a mentona (9 a 31%) e o acetato de metila (10 a 20%). Flavonóides (12%): apigenol, rutina, hesperidina. Taninos (6 a 12%) e substâncias amargas.
Indicações: Aperito e eupéptico. Os óleos essenciais e os flavonóides têm ação colagoga, colerética e carminativa. Útil no tratamento da amebíase.
Parte usada: Folhas.
Modo de usar: Chá por infusão das folhas e sumidades floridas, alcoolatura e xarope.
Efeitos adversos e/ou tóxicos: O mentol pode provocar dispnéia, asfixia, insônia e irritabilidade nervosa.
Contra-indicações: Crianças, grávidas e lactantes.

IPECACUANHA
Nome científico: Cephaelis ipecacuanha Rich
Nomes populares: Ipecacuanha, ipeca, papaconha, ipekaaguene (cipó que faz vomitar). 
Constituintes químicos: Seu principal princípio ativo é o alcalóide emetina. Outros de seus alcalóides são: cafeína, ipecinina e emetamina. Também tem saponinas, flavonóides e resinas.
Indicações: Atividade amebicida. Provavelmente, é o mais antigo conhecido antibiótico ativo contra protozoários. É usada no tratamento da disenteria amebiana, do abscesso hepático causado por amebas, tosse, bronquite e vomitivo, nos casos de ingestão recente de substâncias tóxicas.
Parte usada: Raízes
Modo de usar: Chá por decocção, tintura ou xarope.
Efeitos adversos e/ou tóxicos: Doses elevadas provocam náuseas, vômitos, toxidez cardíaca e renal.
Contra-indicações: Grávidas, lactantes, pessoas com enfermidades cardíacas, neuromusculares e insuficiência renal.

JERIMUM
Nome científico: Curcubita maxima
Nome popular: Jerimum
Parte usada: Sementes
Constituintes químicos: O aminoácido curcubitina tem ação contra tênia e inibe o crescimento de vermes jovens de Schistosoma. Tem resinas, vitaminas A, C, B1 e B2, proteínas e minerais: como cálcio, ferro, fósforo, etc.
Indicações: As sementes são usadas no tratamento do Áscaris lumbricóides. Possui atividade laxante (polpa). O suco das folhas pisadas é usado contra queimaduras.
Modo de usar: No meio popular, as sementes são torradas e pisadas com rapadura, formando uma paçoca. Ingerir um pouco desta paçoca durante 15 dias, em jejum.
Efeitos adversos e/ou tóxicos: Não referidos na literatura consultada.
Contra-indicações: Não referidas na literatura consultada.

MAMOEIRO
Nome científico: Carica papaia
Nomes populares: Papaeira, papaia, pinograçu
Constituintes químicos: Constituintes químicos: papaina, pitoquinosa, ácido málico, papaiol, etc.
Parte usada: Sementes e fruto.
Indicações: óleo essencial das sementes do fruto maduro, que contém papaiol, tem ação vermífuga, principalmente sobre oxiúros. Para vermes, usar o leite do fruto verde e as sementes. Das folhas verdes, faz-se o infuso.
As sementes pretas e picantes, que se dispõem na parte oca e central do fruto, podem ser utilizadas com um substituto da pimenta. No entanto, elas podem ter efeitos adversos no aparelho digestivo.
Modo de usar: As sementes podem ser ingeridas in natura. O leite do fruto ou do caule pode ser tomado com leite ou com água, trinta gotas, em jejum. No meio popular, é comum o uso do leite do fruto, ou do caule, com cachaça. O fruto verde precisa ser cozinhado. Estando maduro, pode ser comido in natura.
Efeitos adversos e/ou tóxicos: o uso de grande quantidade de folhas pode trazer problemas cardíacos devido à presença da carpaína. O consumo excessivo do fruto deixa as mãos amareladas. As sementes são abortivas e o látex das folhas e do fruto verde produz irritação de peles e mucosas. Em pessoas sensíveis, a papaína produz reações respiratórias alérgicas.
Contra-indicações: Nas doses recomendas não há contra-indicações, principalmente o uso do fruto.

MASTRUÇO
Nome científico: Chenopodium ambrosioides
Nomes populares: Mastruço, mastruz, erva de Santa Maria
Constituintes químicos: As sementes são ricas em um óleo essencial, conhecido como "óleo de quenopódio", que contém um peróxido volátil, o ascaridol (42 a 90%) que é o princípio ativo responsável pela ação anti-helmíntica. O óleo de quenopódio foi muito usado, até a produção sintética de vermífugos mais eficazes e menos tóxicos. Outros óleos essenciais: mirceno, felandreno, limoleno. Outros constituintes químicos: saponinas, flavonóides, vitaminas B2 e C, sais de cálcio, ferro e magnésio.
Indicações: Além da atividade anti-helmíntica, especialmente contra áscaris e ancilóstomo, possui inúmeras outras atividades: digestiva, carminativa, cicatrizante, estimulante, anti-hemorroidal, sedativa expectorante.
Indicações: Vermífugo, expectorante, cicatrizante de fraturas ósseas.
Parte usada: Folhas e sementes.
Modo de usar: Asfolhas e sementes do mastruço normalmente são usadas juntamente com leite passadas no liquidificador, pela manhã, em jejum, durante 7 dias.  Pode-se, também, usar o sumo.
Efeitos adversos e/ou tóxicos: Irritação de pele e mucosas, vômitos, vertigens, zumbidos, dores de cabeça, depressão do SNC, lesões renais e hepáticas, surdez temporária.
Contra-indicações: O uso do mastruço é expressamente proibido em gestantes, devido à propriedade abortiva que apresenta. Contra-indicado, ainda, para crianças, idosos, pacientes com disfunção hepática ou renal, com problemas auditivos e pessoas debilitadas em geral, bem como em cardíacos e ulcerosos gastrintestinais. O óleo de quenopódio já há alguns anos só vem sendo utilizado na veterinária, devido a sua ação toxicológica muito forte.
O tratamento com o mastruço só deve durar, no máximo, uma semana, devendo ser suspenso por 3 ou 4 semanas, para, então, ser retornado.

ROMÃZEIRA
Nome científico: Punica granatum
Nomes populares: Romã, granada, romeeira
Família: Punicaeae
Constituintes químicos: A casca da raiz, do fruto e, em menor proporção, a do tronco e a dos ramos, contêm diversos alcalóides (peletierina, iso-peletierina e metilpeletierina) que têm atividade vermífuga. Atividade in vivo e in vitro, contra cestodos e nematodos. Estes alcalóides provocam paralisia da musculatura lisa e terminações nervosas motoras dos vermes. Sua atividade anti-helmíntica foi constatada em humanos. A absorção lenta dos alcalóides dificulta a ação tóxica. Em altas doses pode provocar vertigem, alterações visuais e vômitos. Uma hora após a tomada da romãzeira, deve-se tomar um purgante para expulsar os vermes mortos.  
Indicações: Diarréias, verminose.
Partes usadas: Casca do fruto, do caule e das raízes.
Modo de usar: Chá por decocto e por infuso.
Efeitos adversos e/ou tóxicos:
Contra-indicações: Pessoas debilitadas, crianças lactentes ou mulheres grávidas. Não exceder as doses recomendadas.

PLANTAS COM ATIVIDADE NO APARELHO RESPIRATÓRIO
As plantas medicinais que atuam sobre o aparelho respiratório podem fazê-lo combatendo os micro-organismos que provocam infecção, diminuindo a secreção, relaxando a musculatura brônquica, facilitando a expectoração, fluidificando as secreções, inibindo a tosse e diminuindo a inflamação.
Diversas doenças deste aparelho podem ser tratadas com plantas, muitas com mais de uma atividade, como é o caso do eucalipto, que combate a infecção, fluidifica a secreção e diminui a inflamação. 

ALHO
Nome científico: Allium sativum L
Família: Liliaceae
Nomes populares: Alho-bravo, alho comum, alho manso.
Constituintes químicos: Constituintes químicos: ácido salicílico, citral, ajoeno, alicina e aliina. Estudos pré-clínicos mostraram a ação preventiva do alho na gripe, tão efetiva quanto a vacinação. O mesmo foi observado em ensaios clínicos. O uso prévio de cápsula de alho diminuiu significativamente os sintomas da gripe. 
Indicações: Antiviral, antiacteriano, antimicótico  hipotensor, hipolipemiante.
Parte usada: Bulbo
Modo de usar: Adultos - Tomar 30 gotas da tintura de alho diluída em meio copo de água, 3 vezes ao dia ou um pequeno dente de alho, duas ou três vezes ao dia. O uso da droga deve ser restrito a preparações obtidas recentemente, sem aquecimento e conservadas de preferência em pH ácido.
Efeitos adversos e/ou tóxicos: A alicina é razoavelmente tóxica e irritante gástrica, responsável pelo cheiro característico do alho. Em altas doses causa efeitos tóxicosXE "tóxicos" no fígado e inibe o crescimento dos ratos albinos. Estes efeitos são evitados pelo uso de vitamina C. Em doses elevadas, pode causar dorXE "dor" de cabeça, de estômago, dos rins e até tonturas.
Contra-indicações: Além das pessoas com hipersensibilidade ao alho, ele é está contra-indicado para pessoas com problemas estomacais, como úlcera e gastrite. Inconveniente para recém-nascidos e mães em amamentação e, ainda, pessoas com dermatites.

CHAMBA
Nome científico: Justicia pectoralis.
Família: Acanthaceae
Nomes populares: Chambá, chachambá, trevo cumaru e anador.
Constituintes químicos: Esta planta possui flavonóides (swertisina e outros), cumarinas, deidrocumarina, beta sistosterol e umbeliferona.
A umbeliferona e a swertisina têm ação espasmolítica e relaxante sobre a musculatura brônquica.
Indicações: Expectorante, bronco-dilatador, antiinflamatório, antitérmico, analgésico e depressor do SNC.
Partes usadas: Folhas ou parte aérea.

Modo de usar: Uma xícara do infuso a 5%, três vezes ao dia, ou uma colher de sopa do xarope, três vezes ao dia.
Efeitos adversos e/ou tóxicos: Não referidos na literatura consultada.
Contra-indicações: Não referidas na literatura consultada.

CUMARU
Nome científico: Amburana cearensis (Allemão) A C.Sm. "Amburana cearensis A. Smith."
Sinonímia científica: Torresea cearensis Allemão.
Família: Fabaceae
Nomes populares: Umburana, imburana de cheiro, cumaru do Ceará, cumbarú das caatingas e amburana.
Constituintes químicos: Nas cascas: cumarina e o flavanóide isocampeferídio. Nas sementes: óleo fixo, cumarina, hidroxicumarina e uma proteína capaz de inativar a tripsina e o fator de coagulação XII. Tanto o extrato hidroalcoólico a 20% como a cumarina, obtidos da casca dessa planta, mostraram ação broncodilatadora em testes com músculo traqueal de cobaia.
Em estudos realizados com traquéia isolada de cobaia, foi observado um efeito relaxante direto do extrato etanólico bruto maior do que aquele obtido pela cumarina. O mesmo resultado foi encontrado quando à preparação utilizada foi a de útero de rata. Testes laboratoriais com a cumarina e uma fração flavonóide (isocampferídeo) comprovaram ação antiinflamatória. Derivados da cumarina são usados como anticoagulantes orais, como preventivo de acidente vascular.
Indicações: Tem ação antiinflamatória, antimicrobiana e expectorante.
Parte usada: Casca do caule
Modo de usar: Pode ser usado na forma de tintura (30 gotas, dissolvidas em água, 3 vezes ao dia)  ou xarope ( uma colher das de sopa, 3 vezes ao dia)
Efeitos adversos e/ou tóxicos: Muitas leguminosas apresentam derivados da cumarina que são tóxicos. Quando usados em grandes doses, paralisam o coração e deprimem o centro respiratório. Quando as cascas do cumaru estão mofadas, o fungo pode transformar a cumarina em dicumarol, que é muito tóxico.
Contra-indicações: Devido à presença do dicumarol, que impede a coagulação, deve-se evitar o uso em pessoas com antecedentes hemorrágicos e o uso concomitante com outros medicamentos. Melhor não ser administrado em pessoas com problemas cardíacos.

ESPINHO DE CIGANO
Nome científico: Acanthospermum hispidum DC.
Família: Compositae.
Nomes populares: Espinho de cigano, carrapicho de cigano, cabeça de boi.
Constituintes químicos: Diterpeno glicosídio, acanthospermol, hexacosanol, bertulina.
Ação broncodilatadora comprovada cientificamente em ensaios pré-clínicos. Extrato bruto hidroalcoólico produziu efeito inibitório sobre contrações induzidas por histamina em íleo isolado de cobaia, e por ocitocina e bradicinina, em útero isolado de rata.
Indicações: Possui ação broncodilatadora, hipotensora e antifúngica.
Parte usada: Raiz.
Modo de usar: Usar uma colher de sopa do xarope, 3 vezes ao dia.
Efeitos adversos e/ou tóxicos: Os brotos e sementes mostraram efeitos tóxicos como diarréia, dificuldade respiratória, queda de cabelo, hemorragia, fraqueza dos membros e icterícia.
Contra-indicações: Evitar o uso em cardíacos, pois foi constatado aumento da atividade cardíaca em animais de laboratório.

EUCALIPTO
Nome científico: Eucaliptus globulus Labil.
Família: Myrtaceae.
Nomes populares: Eucalipto, árvore da febre, mogno branco.

Constituintes químicos: O Eucaliptol, por via oral ou por inalação, tem atividade expectorante, fluidificante e anti-séptica da secreção bronquial. O mentol produz uma sensação refrescante na mucosa nasal. Os óleos essenciais, independente de sua via de administração, são eliminados majoritariamente pela via respiratória, daí sua ação nas patologias respiratórias. 
Estudo clínico demonstrou que o eucalipto aumenta o movimento ciliar em paciente com bronquite crônica obstrutiva. Mas o uso continuado pode gerar um efeito imobilizador. Tem ação febrífuga.
Indicações: Usado no tratamento das sinusites, das bronquites, e demais infecções do aparelho respiratório.
Parte usada: Folhas
Modo de usar: Infuso das folhas a 2,5%. Tomar uma xícara, três vezes ao dia.
Efeitos adversos e/ou tóxicos: Doses altas podem provocar: náuseas, vômitos, epigastralgias, gastrenterites, sufocação, hematúria, neurotoxicidade (convulsões, perda da consciência, delírio e miose). Em casos mais graves, depressão bulbar respiratória e coma. Em crianças asmáticas pode aparecer efeito paradoxal (broncoespasmos). Usado topicamente, o óleo essencial pode provocar urticária e eczemas.
Contra-indicações: Não usar em epilépticos, grávidas e em crianças menores de 3 anos .

GUACO
Nome científico: Mikania Glomerata, XE "Punica granatum L."
Família: Compositae
Nomes populares: Guaco, guaco cheiroso, erva de cobra, coração de Jesus.
Constituintes químicos: Rico em cumarina e seus derivados. Outros constituintes químicos são: óleos essenciais (beta-cariofileno, germacreno, biciclogermacreno) taninos, flavonóides e saponinas.  A cumarina relaxa a musculatura lisa da árvore respiratória de onde provem sua ação espasmolítica e bronco-dilatadora. Estudos pré-clínicos in vitro, com traquéia isolada de cobaia, contraída por histamina, mostraram efeito relaxante. O mesmo efeito foi obtido com músculo humano, pré-contraído com K+.
Indicações: Expectorante, analgésico, antitussígeno, antiinflamatório e anti-séptico.
Parte usada: Folhas.
Modo de usar: Para as afecções respiratórias, usa-se o xarope. No tratamento das dores nevrálgicas e reumáticas pode-se fazer a ficção com as folhas, fazer compressa ou usar a pomada.
Efeitos adversos e/ou tóxicos: Nas doses indicadas, não os provoca. Em altas doses, acarreta taquicardia, vômitos e diarréia.
Contra-indicações: Grávidas e crianças.
Observação: Planta incluída na RENAME

HORTELÃ DA FOLHA GRANDE
Nome científico: Plectrantus amboinicus
Família: Lamiaceae 
Nomes populares: Hortelã da folha grossa, hortelã da folha graúda, hortelã da Bahia, malva do reino, malva de cheiro, malvarisco e malvariço.
Constituintes químicos: Óleos essenciais (timol e carvacrol), flavonóides e mucilagens, os quais são responsáveis por suas atividades anti-séptica, bronco-dilatadora, mucolítica e antiiflamatória.  Devido a isso, ocorre uma melhora nas patologias do trato respiratório. O carvacrol tem uma reconhecida ação germicida, anti-séptica, bronco-dilatadora, mucolítica e antifúngica.
Indicações: Anti-séptico, antiinflamatório, expectorante.
Parte usada: Folhas
Modo de usar: Tomar uma colher de sopa, do xarope, 3 vezes ao dia ou uma xícara do infuso, três vezes ao dia. Para as patologias bucais com infecção e inflamação, deve-se fazer o bochecho e o gargarejo do infuso, três vezes ao dia.
Efeitos adversos e/ou tóxicos: Nas doses recomendadas, não há referências destes efeitos na literatura consultada.
Contra-indicações: Não há referência na literatura consultada.

IPÊ ROXO
Nome científico: Tabebuia avellanedae
Família: Bignoniaceae
Nomes populares: Ipê roxo, ipê, pau d’arco, ipê preto, piúva e lapacho.
Constituintes químicos: Seus principais constituintes químicos são as naftoquinonas, dentre as quais se destacam o lapachol, a alfa e a beta lapachona. Outros constituintes químicos: B-lapachona, carobina, carobinase e taninos. Tem, ainda, óleos essenciais, antaquinonas, saponinas, flavonóides, substânicas amargas, etc. As naftoquinonas, como o lapachol, têm acentuada atividade inibidora sobre diversos microorganismos que provocam infecções respiratórias. Seu mecanismo de ação se dá através da intoxicação mitocondrial dos microorganismos. Em estudo clínico com pacientes na faixa etária de 21 a 45 anos, portadores de sinusites nas fases aguda e crônica, que já tinham feito uso de drogas antibacterianas, antiflogísticasXE "antilogísticas" e descongestionanteXE "descongestionante"s por via oral e em alguns casos, corticóides diretamente nos seios foi feita a administração do lapachol através das narinas, na dosagem de 3 gotas em cada narina, 3 vezes ao dia durante o período de 10 a 15 dias. Os pacientes apresentaram respostas clínicas satisfatórias com erradicação das sinusites em 92% dos casos.
Indicações: Antimicrobiano, antiinflamatório, cicatrizante.
Partes usadas: Casca do caule e cerne
Modo de usar: Tomar 30 gotas de tintura, 3 vezes ao dia, diluídas em água. Para uso local (gargarejo e bochechos), usar o decocto. No tratamento da sinusite, também pode se fazer a inalação, isoladamente ou em conjunto com outras plantas, como o eucalipto.
Efeitos adversos e/ou tóxicos: O contato da substância pulverizada com a pele pode provocar dermatose alérgica. Testes com ratos mostraram toxidade tanto para o Lapachol, com para a B-Lapachona, inclusive com ação abortiva e efeito teratogênico. Em doses elevadas pode causar problemas gastrintestinais, anemia e aumento do tempo de coagulação.
Contra-indicações: Gestantes e em casos de hipersensibilidade.

MASTRUZ
Nome científico: Chenopodium ambrosioides L.
Família: Chenopodiaceae
Nomes populares: Mastruz, mastruço, erva de Santa Maria, menstruz, lombrigueira e erva mata-pulgas.
Constituintes químicos: Na sua composição química tem óleo essencial (rico em ascaridol), saponinas, flavonóides, etc. Atividade expectorante e fluidificante nas afecções pulmonares. É vermífugo (helmintos), colagogo, emenagogo, abortivo e antimicrobiano.
Indicações: Expectorante, vermífugo, anti-séptico. Ajuda na consolidação das fraturas ósseas.
Partes usadas: Folhas e sementes.
Modo de usar: Infusão de 3g em 250ml de água quente. Tomar 3 xícaras por dia.
Suco das folhas verdes: 2g em 1 xícara de leite adoçado.
Efeitos adversos e/ou tóxicos: O óleo do mastruz é muito tóxico para o fígado e para os rins, pela presença do ascaridol. O tratamento com o mastruz não deve ser prolongado devido à sua toxidade.
Contra-indicações: Crianças, pessoas idosas, debilitadas, grávidas e pacientes com distúrbios auditivos.

MILONA
Nome Científico: Cissampelos sypodialis.
Família: Menispermácea.

Nomes populares: Milona, orelha de onça.
Constituintes químicos: Planta rica em alcalóides como a warifteína, a milonina e a laurifolina, sendo a primeira a mais encontrada.
Ensaios farmacológicos em ratos mostraram efeitos relaxantes sobre o músculo liso traqueal, com inibição do tônus espontâneo e das contrações induzidas por mediadores da asma. Comprovou-se igual ação no trato gastrintestinal (íleo), sistema reprodutor (útero) e vascular (aorta).
Tem ação bronco-dilatadora e inibe a degranulação de neutrófilos de células humanas induzidas pelo peptídio formil-metionina-prolina-leucina. Tal mecanismo de ação envolve o aumento dos níveis intracelulares de monofosfato cíclico de adenosina, resultando na inibição de enzimas nucleotídeo fosfo-diesterases.
Indicações: Broncodilatador, expectorante, fluidificante.
Partes usadas: Raízes e folhas.
Modo de usar: Uma xícara do infuso das folhas ou do decocto das raízes, três vezes ao dia. Trinta gotas da tintura, três vezes ao dia, ou uma colher de xarope, três vezes ao dia.
Efeitos adversos e/ou tóxicos: Nas doses recomendadas, não há referências destes efeitos na literatura consultada.
Contra-indicações: Não há referência na literatura consultada.

MUSSAMBÊ
Nome científico: Cleome spinosa Jacq.
Familia: Caparidaceae.
Nomes populares: Mussambê, Sete-marias, Mussambê-cor-de-rosa, Bredo-fedorento.
Constituintes químicos: Na literatura por nós consultada não há registro de estudos científicos sobre seus constituintes químicos
e sua ação terapêutica, mas seu uso é muito disseminado no meio popular.  No meio popular é muito comum a utilização desta planta sob a forma de lambedor das flores para diminuir a tosse e aumentar a expectoração. Também tem ação broncodilatadora.
Indicações: Expectorante, antitussígeno.
Partes usadas: Flores, folhas, raiz e sementes.
Modo de usar: Decocto das raízes e das sementes e infuso das folhas e flores a 3%. Tomar 1 xícara, 3 vezes ao dia.
Efeitos adversos e/ou tóxicos: As sementes, quando usadas em excesso, provocam gases intestinais.
Contra-indicações: Não há referência na literatura consultada.

TRANSAGEM
Nome científico: Plantago major
Família: Plantaginaceae
Nomes populares: Transagem, tanchagem.
Constituintes químicos: Seus principais constiutintes químcos são ss ácidos clorogënico e neoclorogënico, a aucubina e as mucilagens. Os ácidos clorogënico e neoclorogënico são responsáveis pela ação antiinflamatória e cicatrizante. A aucubina é a responsável pela ação antimicrobiana para Staphylococus aureus e Micrococus flavus. Estudos em cobaias mostraram seu efeito broncodilatador em espasmo da musculatura dos brönquios induzida por acetilcolina.
Indicações: Anti-séptico e antiinflamatório. Tem atividade hipotensora e reduz o colesterol plasmático.
Partes usadas: Folhas e sementes
Modo de usar: Gargarejo e bochecho do infuso de suas folhas para o tratamento de inflamações da orofaringe. O infuso e o xarope podem ser tomados para o tratamento do bronco-espasmo.

Efeitos adversos e/ou tóxicos: Nas doses recomendadas, não há referências destes efeitos na literatura consultada.
Contra-indicações: Não há referência na literatura consultada.

PLANTAS COM ATIVIDADE NA SAÚDE BUCAL
AGRIÃO DO PARÁ
Nome científico: Spilanthes acmella
Família: Asteraceae.
Nomes populares: Agrião do mato, pimenta d’água, anestesia, jambu.
Constituintes químicos: Saponinas, triterpenódes, spilantol (responsável pela ação anestésica) e óleos essenciais (responsáveis pelo odor característico) são seus principais constituintes químicos.
Indicações: Analgésico (dores de dente), anti-séptico, desinfetante. 
Partes usadas: Botão floral e folhas.
Modo de usar: Colocar o botão machucado ou algodão embebido em alcoolatura na área do dente que está dolorida, ou na afta. Como anti-séptico bucal, pode-se fazer o bochecho com o infuso.
Efeitos adversos e/ou tóxicos: Nas doses e na forma de uso recomendadas, não existem efeitos adversos/tóxicos referidos na literatura.
Contra-indicações: Evitar o contato com a laringe por causa do risco de provocar paralisia da glote que, embora, transitória, pode ser perigosa.

ALECRIM PIMENTA
Nome científico: Lippia sidoides Cham
Família: Verbanaceae.
Nomes populares: Alecrim de tabuleiro, estrepa cavalo, alecrim do Nordeste.
Constituintes químicos: Contém óleo essencial rico em timol (50 a 60%) e carvacrol (5 a 10 %), responsáveis pelo sabor picante e pelo forte odor. O óleo essencial tem considerável ação contra as bactérias provocadoras de cáries e outras patologias bucais. Em experimentos laboratoriais, apresentou halo de inibição comparável ao provocado por antibióticos como vancomicina e cefaloxina.
Indicações: Anti-séptico, mau hálito, aftas, inflamações das gengivas e amídalas. 
Parte usada: Folhas.
Modo de usar: Fazer o bochecho com o infuso ou com a tintura diluída em água, três vezes ao dia.
Efeitos adversos e/ou tóxicos: Não há referência na literatura consultada.
Contra-indicações: Não há referência na literatura consultada.

CALÊNDULA
Nome científico: Calendula officinalis L.
Família: Asteraceae.
Nomes populares: Calêndula, malmequer, maravilha-dos jardins.
Constituintes químicos: Na sua composição química apresenta óleos essenciais, saponinas, quercitina, sitosterol, ácido salicílico, inulina, taninos e ácido fenólico.
Estudos pré-clínicos e clínicos demonstraram sua atividade antiinflamatória e antimicrobiana, bem como o incremento da epitelização de feridas. Também induz a micro-vascularização.
Indicações: Antiinflamatório, antimicrobiano e cicatrizante.
Antibacteriana.
Parte usada: Flores.
Modo de usar: Fazer o gargarejo com o infuso das folhas, três vezes ao dia.
Efeitos adversos e/ou tóxicos:
Contra-indicações: Grávidas, devido ao seu efeito de provocar contrações uterinas.

CAMOMILA
Nome científico: Chamomilla recutita
Família: Asteraceae.
Nomes populares: Camomila dos alemães, camomila vulgar.
Constituintes químicos: Óleos essenciais (0,3 a 1,5%): azulenos (26-46%), principalmente o camazuleno e o guajazuleno. Outros componentes: bisabolol, mucilagens, taninos, cumarinas, flavonóides (apigenina, quercitina, patuletina).
Indicações: Analgésico (em erupções dentárias), antiinflamatório (amidalites, gengivites, estomatites). 
antibacteriana"Parte usada: Capítulos florais.
Modo de usar: Fazer o gargarejo com o infuso das flores, três vezes ao dia.
Efeitos adversos e/ou tóxicos: Em doses elevadas, provoca náuseas, vômitos e insônia.
Contra-indicações: Não há contra-indicações referidas na literatura consultadas.

CRAVO DA ÍNDIA
Nome científico: Eugenia caryophyllus
Família: Myrtaceae.
Nomes populares: Cravinho, cravo de cabecinha.
Constituintes químicos: Óleos essenciais (15-20%). Neles, se destaca o eugenol (65 a 90%). Tem ainda acetato de eugenil (5-20%),  metilaminacetona e cariofilina.
Indicações: Analgésico (dores de dente), antiinflamatório, antimicrobiano 
Parte usada: Botão floral seco.
Modo de usar: Colocar o botão machucado ou um algodão embebido na tintura na área dental que está dolorida. Como anti-séptico e antiinflamatório bucal, deve-se bochechar o infuso.
Efeitos adversos e/ou tóxicos: O óleo essencial em doses elevadas provoca irritação das mucosas e neurotoxidade.
Contra-indicações: Pacientes com úlcera gástrica. 

GENGIBRE
Nome científico: Zingiber officinale Rosc.
Família: Zingiberaceae.
Nome popular: Gengibre.
Constituintes químicos: A planta contém em sua composição óleos essenciais (0,5 a 3%), sendo os principais o cânfeno (8%), o alfa-pineno (2,5%), o cineol o zingibereno. Tem resinas (5 a 8%), onde se concentram os princípios amargos e picantes que são os responsáveis pela ação antiespasmódica e antiemética.
O extrato do rizoma, rico em óleos essenciais, é muito ativo frente a diversos microorganismos, alguns deles responsáveis por infecção da árvore respiratória e da boca. Tem atividade antiinflamatória e antipirética.
Indicações: Anti-séptico bucal e antiinflamatório. Diminui a rouquidão. Usado nas infecções do trato geniturinário e como estimulante do apetite e da secreção gástrica. Tem ação carminativa, antiemética e antiespasmódica.
Parte usada: Rizoma.
Modo de usar: Nos casos de faringite, mascar pequenos pedacinhos.
Advertência: Em contato com a pele pode provocar bolha semelhante a queimaduras. Por isso, muito cuidado no uso.
Efeitos adversos e/ou tóxicos: Nas doses recomendadas, não há referências destes efeitos na literatura consultada.
Contra-indicações: Grávidas, lactantes e pacientes com litíase vesicular.

JOAZEIRO
Nome científico: Zizyphys joazeiro
Família: Rhamnaceae.

Nomes populares: Joá, juá.
Constituintes químicos: Planta rica em saponinas com comprovada ação anti-séptica. Destrói a placa bacteriana, responsável pela formação da cárie.
Indicações: Anti-séptico, expectorante e mucolítico.
Parte usada: Raspa da entrecasca.
Modo de usar: Escovar os dentes com a raspa. Para expectorar a tosse, usar o xarope. Para o tratamento de feridas de pele e couro cabeludo, usá-lo como sabão.
Efeitos adversos e/ou tóxicos: Em altas doses, pode provocar náuseas, vômitos e cólicas intestinais.
Contra-indicações: Grávidas e crianças.

TOMATEIRO
Nome científico: Lycopersicon esculentum Mill.
Família: Solanaceae.
Nome popular: Não tem outro nome popular.
Constituintes químicos: Tomatidina, tomatina, solanidina, rutina, ácido clorogênico, licopeno e furocumarina. A tomatina é antifúngica, com boa ação contra cândida.
Indicações: Antiinflamatório, antifúngico (cândida). 
Parte usada: Polpa.
Modo de usar: Para candidíase, deve-se machucar a polpa e deixá-la por um tempo na boca.
Efeitos adversos e/ou tóxicos: Não há referência na literatura.
Contra-indicações: Não há referência na literatura.

PLANTAS TÓXICAS
São todos os vegetais que, em contato com o organismo do homem ou de animais, ocasionam danos que se refletem na saúde e na vitalidade desses seres. Todo vegetal é potencialmente tóxico.
O princípio tóxico consiste em uma substância ou um conjunto delas, quimicamente bem definido, de mesma ou diferente natureza, capaz de causar intoxicação, quando em contato com o organismo.
Fatores que determinam ou influenciam a toxidade das plantas
a) relacionados com a planta:
1- Condições ambientais: condições climáticas (temperatura, grau de umidade, duração do dia), de solo (constituição do solo, PH, excesso ou falta de nutrientes) e trato culturais: os períodos de seca prolongada favorecem o acúmulo de substâncias tóxicas, devido à diminuição do metabolismo.
2- Parte da planta: em algumas plantas, há maior concentração do princípio tóxico em uma ou mais partes da planta. Ex.: Ricinus communis (Mamona) - sementes.
3- Variedade da planta: dentro de uma mesma espécie podem existir variações quanto à concentração de princípios tóxicos, contidos numa planta.
4- Solubilidade do princípio ativo: a intoxicação pode ser precipitada pela ingestão de água. Ex.: Policourea marcgravii (erva de rato) - ácido monofluoracético.   
b) relacionados com a pessoa:
1- Idade: as crianças e os idosos são mais susceptíveis à intoxicação.
2- Dose: quanto maior a dose maior a probabilidade das ocorrências de intoxicações. 
3- Condições de saúde: organismos debilitados são mais susceptíveis a intoxicações.
4- Via de administração: muitas plantas de uso externo são tóxicas quando administradas por via oral. Ex.: Confrei (Synphytum officinale L.).  
5- Condições fisiológicas especiais: Hipersensibilidade do usuário, gestação, etc. Muitas plantas tidas como medicinais são abortivas ou podem causar mal ao feto. Ex.: Confrei (Synphytum officinale L.), Mussambê (Cleome heptaphilla), Capim Santo (Cymbopogon citratus (D.C.) Stapf).

6- Tempo de uso: quanto maior o tempo de uso, mas propenso está o usuário a ter problemas tóxicos.

DISTÚRBIOS PRODUZIDOS PELAS PLANTAS TÓXICAS
1- Distúrbios digestivos: náuseas, vômitos, cólicas abdominais, diarréia. Os principais responsáveis por estes sintomas são:
a) Proteínas tóxicas: Ricina da mamona (Ricinus comunis L).
b) Solaninas: presentes no gênero Solanum (Arrebento–cavalo,  Jurubeba, Erva-moura, etc.)
c) Saponinas: Sapindus saponaria L. (Sabonete).
d) Resinas: mistura de álcoois, ácidos e fenóis têm efeito irritante sobre o trato gastrintestinal. Ex: D. racemosa Grisele (Imbira) provoca distúrbios diarréicos graves.
2 – Distúrbios cutâneo-mucosos:
Traumas mecânicos: Ex. Stipa sp – frutos espiculados perfuram a pele.
Irritação química primária: seiva leitosa do Avelós, da Coroa de Cristo, etc.
Sensibilização alérgica:  Ipê roxo, aroeira do sertão.
Fotossensibilização: Plantas ricas em furocumarinas: Arruda e Hipérico.
Distúrbios nas mucosas, como erosões, úlceras hemorrágicas, edema. Ex: Dieffenbachia picta Schott (comigo-ninguém-pode).
3 – Alergias Respiratórias:
Rinite alérgica, asma alérgica. Ex: Ricinus comunis (Mamona).
4- Alucinações: Jurema preta, angico, saia branca, coca, etc.
Tipos de intoxicação
1- Intoxicação Aguda: quase sempre por ingestão acidental da planta inteira ou de partes. Sua incidência é preponderante no grupo pediátrico.
2- Intoxicação Crônica: (três tipos)
a) Ingestão continuada: A ingestão continuada de certas espécies vegetais provoca distúrbios clínicos, muitas vezes complexos e graves. Ex: Cirrose hepática provocada pelo hábito de ingerir Crotalária e distúrbios hepáticos e circulatórios pelo costume de ingerir alimentos preparados com farinha de trigo contaminada com sementes de Senécio, observados em algumas populações orientais.
b) Exposição Crônica: Evidenciada particularmente por manifestações cutâneas em virtude do contato sistemático com vegetais, verificado com maior freqüência em atividades industriais ou agrícolas.
c) Utilização continuada de certas espécies vegetais, sob a forma de pós para inalação, fumos ou infusões, visando a experimentar efeitos alucinógenos e entorpecentes.

REGRAS BÁSICAS DE PREVENÇÃO NO CONTATO COM PLANTAS
- Conhecer as plantas perigosas da região, da casa e do quintal. Conhecê-las pelo aspecto e pelo nome.
- Não comer plantas selvagens, inclusive cogumelos, a não ser que sejam bem identificadas.
- Conservar plantas, sementes, frutos e bulbos longe do alcance de crianças pequenas.
- Ensinar as crianças, o mais cedo possível, a não pôr na boca plantas ou suas partes, alertando-as sobre os perigos em potencial das plantas tóxicas. 
- Não permitir nas crianças o hábito de chupar ou mascar sementes ou qualquer outra parte da planta.
- Identificar as plantas antes de comer seus frutos.
- Não confiar em animais ou pássaros para saber se uma planta é tóxica.
- Lembrar que nem sempre o aquecimento ou cozimento destrói a substância tóxica.
- Armazenar bulbos e sementes seguramente e longe do alcance das crianças.
- Não fazer nem tomar remédios caseiros com planta, sem orientação médica. 
- Lembrar que não existem testes ou regras práticas seguras para distinguir plantas comestíveis das venenosas.
- Evitar fumaça de plantas que estão sendo queimadas a não ser quando sejam bem identificadas.

PRINCÍPIOS GERAIS DE TRATAMENTO DAS INTOXICAÇÕES AGUDAS POR PLANTAS
O tratamento de qualquer intoxicação aguda, incluindo as por plantas, deve seguir as 4 etapas básicas: diminuição da exposição do organismo ao tóxico, aumento da eliminação do tóxico já absorvido, administração de antídotos e antagonistas e tratamento geral e sintomático.
Assim, pode-se afirmar que uma planta pode ser ora medicinal ora tóxica, dependendo de fatores relacionados com o indivíduo e com a planta.

PLANTAS POTENCIALMENTE TÓXICAS
AVELÓS
Nome Científico: Euphorbia tirucalli L.
Família: Euphorbiaceae
Nome popular: Avelós
Sintomas da intoxicação: as lesões caracterizam-se inicialmente por edema e eritema, evoluindo para a formação de vesículas e pústulas, normalmente pruriginosas e doloridas. Casos de ingestão da planta são raros e os sintomas desta forma de intoxicação aparecem rapidamente sendo irritação da mucosa bucal, com sensação de queimadura, edema, dor e salivação. A ingestão provoca gastrenterite severa com forte diarréia e vômitos.
Tratamento: O tratamento é sintomático. Medidas de higiene (lavagem prolongada do local), quando houver contato com a pele, precauções contra infecções secundárias, no caso de formação de vesículas e pústulas. Em contato com os olhos, após lavagem prolongada com grande quantidade de água, é recomendado o uso de colírios anti-sépticos. Em casos mais graves, é também aconselhado o uso de corticóides e anti-histamínicos. Nos casos de ingestão, a lavagem gástrica só é recomendada se a quantidade da planta ingerida for considerável. A administração de carvão ativado e de laxantes é indicada, além de analgésicos e demulcentes.
Parte tóxica: Látex das folhas

COMIGO-NINGUÉM-PODE
Nome Científico: Dieffenbachia picta Schott
Família: Araceae
Nome popular: Comigo-ninguém-pode.
Sintomas de Intoxicação: quando ingerida ou mastigada provoca irritação acentuada da mucosa da boca e da faringe, com edema de lábios, língua, gengivas. Dor em queimação e salivação intensa, tornando difícil a fala e a deglutição.
Algumas vezes observam-se, também, sinais de esofagite, com ardor, além de vômitos e cólicas abdominais.
Tratamento: em casa, pode ser administrado leite ou clara de ovo e levar o paciente imediatamente para o hospital mais próximo.
Partes tóxicas: Toda a planta, particularmente folhas e caules.

ESPIRRADEIRA
Nome Científico: Nerium oleander L.
Família: Apocynaceae
Nome popular: Espirradeira.
Sintomas da Intoxicação: inicia-se com distúrbios gastrintestinais (náuseas, vômitos, cólicas abdominais e evacuações diarréicas muco-sanguinolentas) Em seguida, aparecem distúrbios cardíacos e neurológicos (sonolência, tontura, distúrbios visuais e coma).
Tratamento: Exige terapêutica de urgência. Levar o paciente imediatamente para o hospital mais próximo. A conduta terapêutica nos cardíacos depende dos traçados eletrocardiográficos. A lavagem deverá ser feita cuidadosamente. Os distúrbios digestivos devem ser tratados sintomaticamente.
Partes tóxicas: Toda a planta.

MAMONA
Nome Científico: Ricinus communis L
Família: Euphorbiaceae
Nomes populares: Mamona, carrapateiro.
Sintomas da intoxicação: Intensa irritação das mucosas, com destruição das células epiteliais, náuseas, vômitos intensos, cólicas abdominais e diarréia sanguinolenta. Seguem-se graves distúrbios hidro-eletrolíticos, estados hipotensivos, choque e insuficiência renal aguda. O principal responsável pela ação tóxica e o alcalóide ricina que se encontra na polpa da semente.
Tratamento: as medidas mais importantes são aquelas provocadoras de vômitos e lavagem gástrica.
Parte tóxica: Sementes.

URTIGA BRANCA
Nome Científico: Urtiga urens L.
Família: Urticaceae.
Nome popular: Urtiga branca
Sintomas de Intoxicação: lesões cutâneas e mucosas aparecem rapidamente após contato com o vegetal. Caracteristicamente as lesões são limitadas apenas às áreas expostas e são do tipo urticante e vesicante, com eritemas, bolhas e vesículas muito pruriginosas ou dolorosas.
Tratamento: o tratamento é apenas sintomático com aplicação de soluções anti-sépticas e protetoras, além da administração de anti-histamínicos por via oral, para alívio do prurido e analgésicos, quando necessário.
Partes tóxicas: Pêlos presentes nas folhas.

MANDIOCA BRAV A
Nome científico: Manihot utillissima Pohl.
Família: Euphorbiaceae
Nome popular: Mandioca-brava
Constituintes químicos: Sintomas de intoxicação: inicia-se com distúrbios gastrintestinais, como náuseas, vômitos e cólicas abdominais, seguindo-se dor de cabeça, tontura, distúrbios respiratórios e convulsões. As convulsões costumam preceder o óbito.
Tratamento: as medidas devem ser tomadas imediatamente. Além de medidas provocadoras de vômitos e lavagem gástrica, que devem ser realizados com cautela, principalmente se o paciente estiver apresentando graves distúrbios neurológicos. Levar o paciente imediatamente para o hospital mais próximo.
Partes tóxicas: Todas as partes. No entanto, o principio tóxico está mais concentrado na entrecasca da raiz e no látex leitoso. O principio tóxico é um glicosídeo, que por hidrólise, libera ácido cianídrico (HCN).

SAIA BRANCA
Nome Científico: Datura Stramoniun.
Família: Solaneceae
Nomes populares: Trombeta, dama-da-noite.
Sintomas da intoxicação: os casos leves de intoxicação caracterizam-se por náuseas, vômitos, dificuldades visuais e secura da boca. Nos casos mais graves, os sintomas sãoos seguintes: visão borrada, fotofobia com dilatação da pupila, secura das mucosas, febre, hiperemia cutânea, palpitações, alucinações, desorientação, distúrbios respiratórios, convulsões e coma.
Tratamento: se o tratamento for rápido e com êxito em 12 a 48 h começam a desaparecer os sintomas agudos, persistindo o efeito midriático (dilatação da pupila), que pode durar algumas semanas. As medidas de emergência são: administração de carvão ativado, provocação de vômitos e levar o paciente imediatamente para o hospital mais próximo.

Partes tóxicas: Todas as partes da planta.
Observação: Para se evitar as intoxicações por plantas, é necessário tomar medidas preventivas, como: divulgar o mais possível e por todos os meios de comunicação as espécies tóxicas mais comuns; recomendar a necessidade de orientação médica ao se utilizar algum preparado vegetal para fins medicinais; educar a população sobre a inconveniência de ingerir ou manusear qualquer espécie vegetal desconhecida; se informar sobre a toxicidade das plantas existentes em seus arredores e lembrar que não existem regras práticas ou testes seguros para distinguir plantas comestíveis das venenosas.

INDICAÇÃO DE FITOTERÁPICOS
A recomendação terapêutica de fitoterápicos é feita para curar ou amenizar doenças ou sintomas. Na biomedicina, a prescrição é baseada em um diagnóstico nosológico (por ex. bronquite) ou em um diagnóstico sintomatológico (tosse).
Na Fitoterapia, boa parte dos conhecimentos sobre o uso medicinal das plantas provém de observações empíricas, repassadas oralmente, ao longo dos anos. Como decorrência disto, a maioria das prescrições médicas de fitoterápicos e feita de forma “oral” ou com receitas com denominações de uso popular e omissão da nomenclatura científica.
Na atualidade, as pesquisas científicas têm contribuído para a comprovação do grande potencial terapêutico das plantas medicinais. Uma vez aprovado pela comunidade científica, o fitoterápico passa a ter indicação e prescrição com as mesmas características dos demais medicamentos. O exemplo disso está no grande número de fitoterápico usados na medicina ortomolecular, como a Gingko biloba
As plantas medicinais, com maior ou menor intensidade, integram todos os sistemas terapêuticos. Ora utilizando-se seu potencial energético, no caso da Homeopatia e na Medicina Tradicional Chinesa; ora como complementar de nutrientes, como vitaminas e sais minerais, no caso da dietoterapia; ora como antioxidante, no caso da Medicina Ortomolecular, ora através de seus princípios ativos como antimicrobiano, antiinflamatório, antiespasmódico, etc, na Fitoterapia e na Alopatia.
Ao se prescrever fitoterápicos, devemos nos basear principalmente na comprovação científica de sua eficácia, sua segurança e sua efetividade. Isto é feito baseado em teste pré-clínicos, que são feitos para a observação da toxicidade aguda, subaguda e crônica; avaliação da teratogenicidade e comprovação da ação farmacológica e em testes clínicos, quando se observa, no homem, a sua ação benéfica e a ausência de toxidade.
Na prática, grande parte das plantas e dos fitoterápicos não consegue esta comprovação de forma plena, correlacionando os dados pré-clínicos e dados clínicos. Diversos fatores, como a diversidade das plantas medicinais, a falta de recursos financeiros nas regiões onde elas são usadas e o desinteresse da indústria farmacêutica, explicam este fato.
Na ausência da comprovação científica, podemos usar os conhecimentos populares. Aqui é importante investigar se a indicação da plantas é algo antigo e que se mantém ao longo do tempo, se ela é usada com esta indicação em muitos lugares e por muitas pessoas e se os relatos de seu uso corroboram a sua eficácia e sua segurança.

A RECOMENDAÇÃO TERAPÊUTICA
1.- Nomenclatura científica: deverá contar o gênero, a espécie e a família que pertence a planta. Ex. Lippia alba N.E. Brown. Família: Verbanaceae
2.- Nome popular: deverá ser escrito ao lado do nome científico, de forma clara., o nome popular da planta prescrita, na região. Ex: Lippia alba N.E. Brown (Erva cidreira)
3.- Modo de usar: explicitar a via de uso e a posologia. Aqui, é importante a conversão das medidas padrão para as medidas caseiras. Ex: 150ml = 1 copo vidro comum (americano); 150ml = 1 xícara chá (grande); 50ml = 1 xícara café (pequena); 15ml = 1 colher sopa; 10ml = 1 colher
sobremesa; 5ml = 1 colher chá; 2,5ml = 1 colher café.
Devem-se observar situações especiais, descrevendo-as com clareza. Nos casos de uso externo, deixar explicito em que parte do corpo deverá ser aplicado o medicamento.
3.1 - Uso interno: para chás, sucos, sumos xaropes, tinturas, alcoolaturas.
3.2- Uso externo: para as compressas, cataplasma, emplastros, ungüentos, pomadas.
4.-Modo de preparar: deverá ser feita uma descrição detalhada quando se prescrever fitoterápicos para serem feitos em casa.
5-Relação com os hábitos: nos casos em que a administração dos fitoterápicos exija condições apropriadas que a sua não observância possa implicar em reações adversas, deverá constar na prescrição orientações esclarecedores. Ex: - Não tomar banho de assento com estômago cheio, não fazer inalação em lugar ventilado, não aplicar compressa quente em ambiente com corrente de ar.

OUTRAS CONSIDERAÇÕES
Deverão, ainda, ser do conhecimento do Terapeuta os seguintes aspectos:
1.- Efeitos adversos
No meio popular acredita-se que, como a planta é natural, se bem não fizer mal não fará. Isto não é verdadeiro. Sabe-se que muitas plantas possuem substâncias de grande toxicidade para o homem e que podem causar a morte, como a estricnina, encontrada na planta Strychnos nux vomica.
Os conhecimentos populares, transmitidos oralmente, necessitam ter comprovação científica que valide a eficácia das plantas e sua segurança. A junção destes dois tipos de conhecimentos promove o progresso no campo da Fitoterapia.
2.- Interações
As interações de fitoterápicos com medicamentos sintéticos ou homeopáticos poderão resultar em potencialização de uma determinada ação ou anular o efeito da outra.
Ex.:- plantas ricas em cânfora atuam como antídotos para a ação do medicamento homeopático.- aspirina tomada com chá de sabugueiro leva a uma potencialização da ação antitérmica, podendo provocar hipotermia grave, sobretudo em crianças abaixo de 1 ano de idade.
Plantas ricas em cumarina podem potencializar a atividade antiagregante plaquetária de alguns medicamentos alopáticos.
3.- Contra indicações
3.1. Crianças com até 1 ano de idade:  Salvo aquelas plantas reconhecidamente sem efeitos tóxicos e adversos, os fitoterápicos não devem ser usados em crianças com esta idade.
3.2 - Idosos: excluir plantas de ação reconhecidamente hepatotóxicas, nefrotóxicas e hemorrágicas (cumarínicos).
3.3 - Gestantes: Este grupo deve ser objeto de cuidados especiais. Os taninos são abortivos, e a maioria das plantas os contém. As plantas com intenso sabor amargo, como as que contêm quinonas, são abortivas, em sua maioria.
3.4 - Outros grupos a considerar: Nutrizes, diabéticos, portadores de insuficiência renal ou cardíaca.

DEFINIÇÕES DE FITOTERÁPICOS SEGUNDO A LEGISLAÇÃO BRASILEIRA
Seguem abaixo, definições de medicamento fitoterápico segundo a Legislação. As definições estão citadas em ordem crescente de data, para que possamos perceber as alterações ao longo do tempo.
A primeira norma encontrada é a Portaria 22 de 30 de outubro de 1967, emitida pelo Ministério da Saúde, que estabelece normas para o emprego de preparações fitoterápicas:
Entende-se por produto fitoterápico a preparação obtida de droga de origem vegetal. 
A norma seguinte somente ocorreu trinta anos depois, com a Portaria nº 123, de 19 de outubro de 1994, emitida pelo Ministério da Saúde - Secretaria de Vigilância Sanitária, e estabelece as normas para o registro de produtos fitoterápicos:
Produto fitoterápico: é todo medicamento manufaturado obtido exclusivamente de matérias-primas ativas vegetais, com a finalidade de interagir com meios biológicos, a fim de diagnosticar, suprimir, reduzir ou prevenir estados e manifestações patológicas, com benefício para o usuário. É caracterizado pelo conhecimento da eficácia e dos riscos de seu uso, assim como pela reprodutibilidade e constância de sua qualidade; é o produto final acabado, embalado e rotulado. Substâncias ativas isoladas ou misturas obtidas pela adição de substâncias ativas isoladas não são consideradas produtos fitoterápicos. Produtos que apresentem a adição de substâncias ativas de outras origens não são considerados produtos fitoterápicos. Adjuvantes farmacêuticos podem estar incluídos na preparação.
Nesta norma, já houve a preocupação com sua finalidade, conhecimento de sua eficácia, risco e forma de apresentação e de preparo. Ainda nesta Portaria, outra definição é citada, ressaltando a definição do preparado fitoterápico, incluindo seus derivados:
Preparação Fitoterápica: é produto vegetal triturado, pulverizado, rasurado; extrato, tintura, óleo essencial, gordura vegetal, suco e outros, obtido de drogas vegetais, através de operações de fracionamento, extração, purificação ou concentração, utilizada na obtenção de produto fitoterápico.
Um ano depois, a Portaria nº 6, de 31 de janeiro de 1995, que instituiu e normatizou o registro de produtos fitoterápicos junto ao Sistema de Vigilância Sanitária, emitido já pela atual ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), publica uma nova definição, porém, com poucas alterações:
Produto Fitoterápico: é todo medicamento tecnicamente obtido e elaborado, empregando-se exclusivamente matérias-primas ativas vegetais com finalidade profilática, curativa ou para fins de diagnósticos, com benefício para o usuário. É caracterizado pelo conhecimento da eficácia e dos riscos de seu uso, assim como pela reprodutibilidade e constância de sua qualidade: é o produto final acabado, embalado e rotulado.
Na sua preparação, podem ser utilizados adjuvantes farmacêuticos permitidos pela legislação vigente. Não podem estar incluídas substâncias ativas de outras origens, não sendo considerado produto fitoterápico quaisquer substâncias ativas, ainda que de origem vegetal, isoladas ou mesmo suas misturas. 
Esta portaria ficou em vigor por 5 anos, quando a RDC 17 de 24 de fevereiro de 2000, revogou todas as outras normas estabelecidas anteriormente. Esta resolução dispunha sobre o registro de medicamentos fitoterápicos e foi emitida pela ANVISA - Agência Nacional de Vigilância Sanitária. A definição sofreu alterações apenas de redação, mas nela podemos agora, encontrar termos pela qual poderiam ser classificados os medicamentos fitoterápicos quanto ao seu uso.
Medicamento fitoterápico: medicamento farmacêutico obtido por processos tecnologicamente adequados, empregando-se exclusivamente matérias-primas vegetais, com finalidade profilática, curativa, paliativa ou para fins de diagnóstico. É caracterizado pelo conhecimento da eficácia e dos riscos de seu uso, assim como pela reprodutibilidade e constância de sua qualidade. Não se considera medicamento fitoterápico aquele que, na sua composição, inclua substâncias ativas isoladas, de qualquer origem, nem as associações destas com extratos vegetais.
Medicamento fitoterápico novo: aquele cuja eficácia, segurança e qualidade, sejam comprovadas cientificamente junto ao órgão federal competente, por ocasião do registro, podendo servir de referência para o registro de similares.
Medicamento fitoterápico tradicional: aquele elaborado a partir de planta medicinal de uso alicerçado na tradição popular, sem evidências, conhecidas ou informadas, de risco à saúde do usuário, cuja eficácia é validada através de levantamentos etnofarmacológicos e de utilização, documentações tecnocientíficas ou publicações indexadas.
Medicamento fitoterápico similar: aquele que contém as mesmas matérias-primas vegetais, na mesma concentração de princípio ativo ou marcadores, utilizando a mesma via de administração, forma farmacêutica, posologia e indicação terapêutica de um medicamento fitoterápico considerado como referência.
Abaixo, segue a Resolução RDC nº 48, de 16 de março de 2004, emitida pela ANVISA, que dispõe sobre o registro de medicamentos fitoterápicos e revoga a RDC 17 de 24 de fevereiro de 2000.
Fitoterápico: medicamento obtido empregando-se exclusivamente matérias-primas ativas vegetais. É caracterizado pelo conhecimento da eficácia e dos riscos de seu uso, assim como pela reprodutibilidade e constância de sua qualidade. Sua eficácia e segurança é validada através de levantamentos etnofarmacológicos de utilização, documentações tecnocientíficas em publicações ou ensaios clínicos fase 3. Não se considera medicamento fitoterápico aquele que, na sua composição, inclua substâncias ativas isoladas, de qualquer origem, nem as associações destas com extratos vegetais.
Nesta resolução foi acrescentada a forma pela qual a segurança e a eficácia do medicamento fitoterápico deve ser comprovada. Pela primeira vez, temos a citação de estudos clínicos de fase 3 para a classificação do medicamento.
Abaixo, segue a Resolução RDC nº14, de 31 de março de 2010, emitida pela ANVISA, que dispõe sobre o registro de medicamentos fitoterápicos. Esta é a definição que está em vigor até os dias de hoje.
Art. 1° Esta Resolução possui o objetivo de estabelecer os requisitos mínimos para o registro de medicamentos fitoterápicos.
§ 1º São considerados medicamentos fitoterápicos os obtidos com emprego exclusivo de matérias-primas ativas vegetais, cuja eficácia e segurança são validadas por meio de levantamentos etnofarmacológicos, de utilização, documentações tecnocientíficas ou evidências clínicas.
§ 2º Os medicamentos fitoterápicos são caracterizados pelo conhecimento da eficácia e dos riscos de seu uso, assim como pela reprodutibilidade e constância de sua qualidade.
§ 3º Não se considera medicamento fitoterápico aquele que inclui na sua composição substâncias ativas isoladas, sintéticas ou naturais, nem as associações dessas com extratos vegetais.

A FITOTERAPIA NO BRASIL
Fitoterápico, de acordo com a legislação sanitária brasileira, é o medicamento obtido empregando-se exclusivamente matérias-primas ativas vegetais, cuja eficácia e segurança são validadas por meio de levantamentos etnofarmacológicos, de utilização, documentações tecnocientíficas ou evidências clínicas. É caracterizado pelo conhecimento da eficácia e dos riscos de uso, assim como pela reprodutibilidade e constância de sua qualidade. (Anvisa, RDC nº 14, de 31 de março de 2010).
É importante frisar que não se considera medicamento fitoterápico aquele que inclui na sua composição substâncias ativas isoladas, sintéticas ou naturais, nem as associações dessas com extratos vegetais. (Anvisa, RDC nº 14, de 31 de março de 2010). Segundo estudos realizados pela Organização Mundial da Saúde (OMS), aproximadamente 80% da população de países em desenvolvimento utiliza-se de práticas tradicionais na atenção primária à saúde e, desse total, 85% fazem uso de plantas medicinais (Carvalho, 2007). Com base nesses fatos, o estudo de plantas medicinais como fonte de medicamentos é advogado pela OMS como parte do seu programa “Saúde Para Todos”. Após décadas de esquecimento, as plantas medicinais e fitoterápicos retornam de um modo bastante amplo, por estarem alicerçadas em aspectos sociais e econômicos, como custo elevado de pesquisas que envolvem desenvolvimento de medicamentos sintéticos, além da dependência de matéria-prima farmacêutica e problemas relacionados às patentes.
Nos últimos tempos, multiplicaram-se na imprensa as informações sobre as vantagens das
plantas medicinais e fitoterápicos, aflorando ainda, em grande número, as casas comerciais e farmácias especializadas em ervas. Paralelamente, foi ocorrendo uma substituição de medicamentos sintéticos por medicamentos fitoterápicos e produtos de origem natural, em todo o mundo. Em países como o Brasil, esses aspectos revestem-se de singular importância por vários motivos. Um deles é a riqueza de nossa flora, com mais
de 100.000 espécies, onde apenas 8% das espécies vegetais foram estudadas em busca de compostos bioativos (Simões, 2003). O outro é que uma grande parcela da população não têm acesso a medicamentos, pelo fato de o Brasil ser extremamente dependente de importações de matérias-primas farmacêuticas.
Nosso país importa aproximadamente 90% do que consome deste tipo de matéria-prima (disponível em: URL: http://www.sebrae-sc.com.br). Além da evidente evasão de divisas, isso se constitui até numa questão de segurança nacional. Para se ter uma idéia da importância do assunto, em caso de interrupções abruptas nas importações de matérias-primas e medicamentos químicos, cerca de 25% dos nossos diabéticos correriam risco de vida, 15% dos hipertensos e portadores de úlceras gastroduodenais estariam privados de medicação supostamente adequada e a quase totalidade dos pacientes transplantados estaria virtualmente privada de medicamentos imunossupressores.
Vêm sendo feitos investimentos de monta em pesquisas, financiadas tanto por setores governamentais como pela iniciativa privada, correspondendo a interesses mundiais ou regionais. No Brasil, entretanto, onde a pesquisa acadêmica quase não se transforma em produtos ou serviços úteis à sociedade, esses objetivos não estão sendo alcançados, pois grande parte das pesquisas científicas não é aproveitada em favor do desenvolvimento sócio-econômico.
A pesquisa e o desenvolvimento de fitoterápicos por todo o mundo têm por finalidade atender as necessidades das empresas na busca de inovações levando em conta as seguintes informações: produtos modernos, renovação pela necessidade de novos lançamentos, busca de novos desenvolvimentos que atendam os requisitos legais (controle de qualidade, segurança e eficácia) e aperfeiçoamento de produtos já existentes. O estudo de campo e os dados dos laboratórios hoje permitem desenvolver terapias alternativas com bases científicas e etnofarmacológicas, validando o conhecimento popular relacionado a sistemas tradicionais de medicina.
Nos países de primeiro mundo, os medicamentos derivados de plantas vêm desempenhando papel crescente e relevante. Só para se ter uma idéia, em entre os anos 60 e 80, 25% de todo receituário médico nos EUA continham extratos de plantas ou algum princípio ativo deles extraído. Dados de uma pesquisa realizada no Brasil mostram que apenas 15% dos médicos prescrevem fitoterápicos por serem a favor de tratamentos alternativos e naturais, sendo que 27% utiliza dessa ferramenta apenas quando há alguma restrição ao tratamento alopático. Nessa mesma entrevista, 38% dos médicos prescreveriam mais fitomedicamentos se houvesse um maior número de estudos clínicos comprovando eficácia e segurança desses produtos e 5% não tem intenção de prescrever fitomedicamentos (Aché, 2004).
O Brasil, com seu amplo patrimônio genético e sua diversidade cultural, tem em mãos a oportunidade para estabelecer um modelo de desenvolvimento próprio e soberano no Sistema Único de Saúde (SUS) com o uso de plantas medicinais e fitoterápicos. Esse modelo deve buscar a sustentabilidade econômica e ecológica, respeitando princípios éticos e compromissos internacionais assumidos e promovendo a geração de riquezas com inclusão social.

A FITOTERAPIA NO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE (SUS)
Com a criação do Sistema Único de Saúde (SUS), em 1990, estabeleceu-se a universalização do atendimento e sua integralidade. Como consequência, passou-se a valorizar as múltiplas formas de tratamento. Dentro deste novo enfoque, a Fitoterapia ganhou muitos adeptos entre os profissionais de saúde, os gestores e os usuários do SUS e entre professores e pesquisadores  das universidades.
Atualmente, a atenção básica no SUS é feita principalmente através das equipes do Programa Saúde da Família (PSF) que atendem nas Unidades Básicas de Saúde da Família (UBSF). Estas unidades estão situadas nas próprias comunidades. As situações de adoecimento atendidas pelas equipes do PSF, na sua maioria, podem ser tratadas com a Fitoterapia. Disto resulta a importância de que a Fitoterapia seja incrementada no Sistema Único de Saúde (SUS).
Em 1988, portanto antes da criação do SUS, a Resolução Nº. 08 da Comissão Interinstitucional de Planejamento e Coordenação (CIPLAN) disciplinou a implantação e implementação da Fitoterapia nos serviços de saúde. Contudo, a mera existência da lei não foi capaz de levar este objetivo a termo. Mas, apesar das dificuldades, a Fitoterapia e outras medicinas naturais e práticas complementares cresceram bastante.
Reflexo deste crescimento, em 03 de maio de 2006, o Ministério da Saúde, através da Portaria 971, formulou a Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC) para o Sistema Único de Saúde. Num primeiro momento, foram incluídos nesta política a Fitoterapia, a Medicina Tradicional Chinesa (Acupuntura) e o Termalismo.
A criação desta política foi muito importante já que ela estabelece diretrizes e medidas para a implantação e o desenvolvimento das práticas que ela contempla. Na área da Fitoterapia as diretrizes são:
1- Elaboração da Relação Nacional de Plantas Medicinais e da Relação Nacional de Fitoterápicos;
2- Provimento do acesso a plantas medicinais e fitoterápicos aos usuários do SUS;
3- Formação e educação permanente dos profissionais de saúde em plantas medicinais e Fitoterapia;
4- Acompanhamento e avaliação da inserção e implementação das plantas medicinais e Fitoterapia no SUS;
5-Fortalecimento e ampliação da participação popular e do controle social;
6- Estabelecimento de política de financiamento para o desenvolvimento de ações voltadas à implantação das plantas medicinais e da Fitoterapia no SUS;
7- Incentivo à pesquisa e desenvolvimento de plantas medicinais e fitoterápicos, priorizando a biodiversidade do País;
8- Promoção do uso racional de plantas medicinais e dos fitoterápicos no SUS;
9- Garantia do monitoramento da qualidade dos fitoterápicos pelo sistema Nacional de Vigilância Sanitária;
No sentido de operacionalizar esta política, a Secretaria de Atenção à Saúde do Ministério da Saúde publicou a Portaria Nº. 853, em 17/11/2007 que faz a inclusão das práticas contidas na Portaria 971 na tabela de serviços/classificações do Sistema Nacional de Estabelecimentos de Saúde (SCNES), com o código 068. Esta portaria estabelece os profissionais que pode exercer no SUS as práticas que fazem parte da PNPIC.
Além disto, foi criada a Política Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos, através do Decreto da Presidência, Nº. 5813, de 222 de junho de 2006. Esta política tem objetivos e diretrizes claros relacionados aos temas e detalha as atribuições dos diversos ministérios e outros órgão públicos para que ela seja realmente implantada no Sistema único de Saúde. 
Em função da perspectiva de incremento da Fitoterapia no SUS, as universidades brasileiras estão diante do desafio de introduzir ou incrementar o seu ensino nos cursos de graduação, a extensão e a pesquisa com plantas medicinais.
A consolidação da Fitoterapia no SUS justifica-se por diversas razões, como: possibilita aos profissionais de saúde uma outra forma de tratamento; os custos financeiros são menores; menor potencial de provocar efeitos adversos; facilidade de acesso; inserção cultural da Fitoterapia nos usos e costumes da população; garante ao usuário o seu direito de escolha do tratamento preferido; facilita a participação popular no SUS, resgato o conhecimento popular; constitui uma fonte de emprego e renda.
No entanto, muitas dificuldades precisam ser superadas, como: o desconhecimento e/ou o descrédito de alguns profissionais de saúde e gestores; o número insuficiente de profissionais com conhecimento em Fitoterapia; a deficiência do ensino da Fitoterapia na graduação e na especialização; a necessidade de investimento inicial como a criação de laboratórios para produzir o medicamento fitoterápico; o desconhecimento da população sobre a Fitoterapia ou o seu conhecimento deturpado, etc.
No Brasil, no período 2003-2007, o número de consultas no PSF (Programa Saúde da Família) passou de 77 milhões para 140 milhões (MS, 2008).
Mas os dados do Ministério da Saúde ainda apontam uma forte desigualdade regional e intra-regional na oferta de serviços, bem como toda uma série de iniqüilidades de gênero e classe social. O enfrentamento dessas iniquilidades, junto com a mpliação da participação e do controle social, deve estar no centro do planejamento, da execução, do monitoramento e da avaliação das políticas e ações da saúde.
As filas nas Unidades Básicas de Saúde para agendamento de consultas, exames e cirurgias e o difícil acesso a medicamentos de alto custo mostram que a saúde pública no Brasil ainda não é eficaz para atender toda a população brasileira que não tem condições de pagar um plano de saúde. Os gastos com saúde pública ainda devem ser grandes para mudar esta situação.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) promoveram em 1978 a Conferência Internacional sobre a Atenção Primária em Saúde em Alma–Ata, no Casaquistão, alertando para a necessidade de ação urgente dos governos, profissionais da saúde e desenvolvimento, bem como da comunidade mundial para proteger e promovera saúde dos povos no mundo. Nessa conferência, é recomendado aos estados membros proceder à:
Formulação de políticas e regulamentações nacionais referentes à utilização de remédios tradicionais de eficácia comprovada e exploração das possibilidades de incorporar os detentores de conhecimento tradicional às atividades de atenção primária em saúde, fornecendo-lhes treinamento correspondente (OMS, 1979).
Ao final da década de 1970, a OMS criou o Programa de Medicina Tradicional, que recomenda aos Estados-membros o desenvolvimento de políticas públicas para facilitar a integração da medicina tradicional e da medicina complementar alternativa nos sistemas nacionais e atenção à saúde, assim como promover o uso racional dessa integração.
Embora a medicina moderna esteja bem desenvolvida na maior parte do mundo, a OMS reconhece que grande parte da população dos países em desenvolvimento depende da medicina tradicional para sua atenção primária, tendo em vista que 80% dessa população utilizam práticas tradicionais nos seus cuidados básicos de saúde e 85% utilizam plantas ou preparações destas. Em vista desses fatos, e considerando a rica biodiversidade brasileira e sua enorme potencialidade no que diz respeito às plantas medicinais, no ano de 2006 duas políticas foram publicadas para o setor de plantas medicinais e fitoterápicos no Brasil, a fim de incentivar a prática desse tipo de terapia pelos profissionais da saúde. A primeira foi a Portaria Ministerial MS/GM nº 971, de 03 de maio de 2006, aprovando a Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC) no Sistema Único de Saúde (SUS), que prevê a incorporação de terapias como a homeopatia, o termalismo, a acupuntura e a Fitoterapia nesse sistema.
A segunda foi o decreto no. 5813, de 22 de junho de 2006, que aprova a Política Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos (PNPMF) e dá outras providências (Carvalho, 2008). Essa Política estabelece diretrizes e linhas prioritárias para o desenvolvimento de ações pelos diversos parceiros em torno de objetivos comuns voltados à garantia do acesso seguro e do uso racional de plantas medicinais e fitoterápicos em nosso País. Também traça diretrizes para o desenvolvimento de tecnologias e inovações, assim como o fortalecimento das cadeias e dos arranjos produtivos. A política orienta também para o uso sustentável da biodiversidade brasileira e o desenvolvimento do complexo produtivo da saúde (MS, 2007). Para o monitoramento e a avaliação da Política Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos, foi criado e aprovado pela Portaria Interministerial nº 2960, de 9 de dezembro de 2008, o Comitê Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos, que iniciou seus trabalhos no dia 29 de setembro de 2009. Com a sua criação essa política tornou-se o Programa Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos. Com caráter consultivo e deliberativo, o comitê é composto por representantes do governo e da sociedade civil.
Compete ao Comitê Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos:
I - definir critérios, parâmetros, indicadores e metodologia voltados à avaliação da Política Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos (PNPMF), sendo as informações geradas no interior dos vários planos, programas, projetos, ações e atividades decorrentes dessa política, agora Programa Nacional;
II - criar instrumentos adequados à mensuração de resultados para as diversas vertentes da PNPMF;
III - avaliar a ampliação das opções terapêuticas aos usuários e a garantia de acesso a plantas medicinais, fitoterápicos e serviços relacionados à Fitoterapia no SUS;
IV - acompanhar as iniciativas de promoção à pesquisa, desenvolvimento de tecnologias e inovações nas diversas fases da cadeia produtiva;
V - avaliar as questões relativas ao impacto de políticas intersetoriais sobre plantas medicinais e fitoterápicos, tais como: desenvolvimento sustentável das cadeias produtivas, fortalecimento da indústria farmacêutica, uso sustentável da biodiversidade e repartição dos benefícios decorrentes do acesso aos recursos genéticos de plantas medicinais e ao conhecimento tradicional associado;
VI - acompanhar o cumprimento dos compromissos internacionais assumidos pelo País no
âmbito da PNPMF;
VII - Acompanhar a consonância da política e do programa com as demais políticas nacionais.
Atualmente, o Conselho Brasileiro de Fitoterapia (Conbrafito) faz parte deste Comitê representando a Agricultura como Titular por meio de seu presidente em exercício.
O Programa Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos contempla todas as etapas de produção de fitoterápicos, desde o início, com as pesquisas que demonstrem evidências científicas da planta para um determinado tratamento, passando pelo cultivo, colheita, extração, produção e comercialização do produto. Por envolver também a sabedoria popular, o programa não poderia deixar de lado o conhecimento das comunidades tradicionais.
No Estado de São Paulo temos também o exemplo da Lei nº 12739/07, proposta pelo deputado Rodolfo de Costa e Silva, que autorizou o Poder Executivo a criar o Programa Estadual de Fitoterápicos, Plantas Medicinais e Aromáticas.
O Artigo 7º diz que o Programa Estadual de Fitoterápicos, Plantas Medicinais e Aromáticas deverá respeitar os seguintes princípios:
I - a pesquisa científica voltada para a identificação e a classificação de plantas para análise de suas qualidades terapêuticas;
II - o cultivo de plantas medicinais;
III - a pesquisa científica voltada para o desenvolvimento do processo de produção de produtos fitoterápicos;
IV - a produção de fitoterápicos;
V - a distribuição dos produtos fitoterápicos;
VI - o controle de qualidade dos produtos fitoterápicos;
VII - a divulgação dos produtos fitoterápicos com vista a orientar a comunidade médico-usuário da saúde a respeito de sua utilização.
A Lei nº 12951, de 07 de outubro de 1999 (D.O. 15 de outubro de 1999) dispõe sobre a Política de Implantação da Fitoterapia em Saúde Pública no Estado do Ceará. O Artigo 1º dessa lei diz que fica o Estado do Ceará autorizado a implantar política de incentivo à pesquisa e à produção de produtos fitoterápicos, com o objetivo de facultar ao Sistema Único de Saúde – SUS, o uso de tais medicamentos na prevenção, no diagnóstico e no tratamento de enfermidades específicas. Em 2007 a Assistência Farmacêutica no Estado foi regulamentada como Coordenadoria (Coasf - Coordenadoria de Assistência Farmacêutica), se tornando divisão direta do organograma da Secretaria Estadual de Saúde (Sesa), o Núcleo de Fitoterapia (Nufito) que vem desenvolvendo atividades que vão desde a capacitação de profissionais para o conhecimento e cultivo das plantas à orientação científica sobre a utilização desses medicamentos na Farmacologia da Saúde Pública na capital e no interior. As atividades são resultados da parceria entre o Governo do Estado e o Projeto Farmácias Vivas, idealizado pelo Professor Francisco José de Abreu Matos, da Universidade Federal do Ceará. Outros Estados, como o Rio de Janeiro e a Bahia, também apresentaram seus programas estaduais de fitoterápicos e plantas medicinais. Alguns municípios também criam suas próprias políticas públicas que incentivam a utilização da prática da Fitoterapia como a Lei Municipal nº 14903, de 06 de fevereiro de 2009 que dispõe sobre a criação do Programa de Produção de Fitoterápicos e Plantas Medicinais no Município de São Paulo e dá outras providências, agora regulamentada pelo Decreto nº 51435, de 26 de abril de 2010.
Segundo o Decreto nº 51435:
Art. 3º: O Programa tem por objetivo principal proporcionar a população o acesso seguro:
I - às plantas medicinais, com a adoção de boas práticas agrícolas relativas ao respectivo cultivo, manipulação e produção de mudas certificadas e validadas, para utilização de acordo com orientação sobre o uso correto;
II - aos fitoterápicos, produzidos segundo legislação específica, a fim de serem disponibilzados, mediante prescrição de profissionais autorizados legalmente, médicos e cirurgiões dentistas nas suas respectivas especialidades, nas unidades de saúde da Secretaria Municipal da Saúde.
Vamos ver no decorrer deste livro que outros profissionais atualmente estão legalmente habilitados para prescrever fitoterápicos. Eis aqui uma crítica à esse Decreto, que poderia ter contemplado “profissionais legalmente habilitados” ao invés de “médicos e cirurgiões dentistas”.
Outra Lei do município de São Paulo com o mesmo intuito é a Lei nº 13717, de 8 de janeiro de 2004, Projeto de Lei nº 140/01, do Vereador Celso Jatene, D.O.U. do município de São Paulo de 9 de janeiro de 2004, que dispõe sobre a implantação das Terapias Naturais na Secretaria Municipal de saúde, e dá outras providências. O Artigo 1º diz que fica o Poder Executivo Municipal incumbido da implantação das Terapias Naturais para o atendimento da população do Município de São Paulo.
§ 1º - Entende-se como Terapias Naturais todas as práticas de promoção de saúde e prevenção de doenças que utilizem basicamente recursos naturais.
§ 2º - Dentre as Terapias Naturais destacam-se modalidades, tais como: massoterapia, Fitoterapia, terapia floral, acupuntura, hidroterapia, cromoterapia, aromaterapia, geoterapia, quiropraxia, ginástica terapêutica, iridiologia e terapias de respiração.
Em 2005, a Secretaria de Ciência e Tecnologia e Insumos Estratégicos, por meio do Departamento de Assistência Farmacêutica e Insumos Estratégicos (DAF/SCTIE/MS) elaborou, em parceria com outros ministérios e com colaborações de consultores e pesquisadores, uma lista de espécies vegetais considerando as já utilizadas nos serviços de saúde estaduais e municipais, o conhecimento tradicional e popular e os estudos químicos e farmacológicos disponíveis.
Esse documento subsidiou, em 2008, a elaboração da Relação Nacional de Plantas Medicinais de Interesse ao SUS (Renisus). A finalidade do Renisus é subsidiar o desenvolvimento de toda a cadeia produtiva, inclusive nas ações que serão desenvolvidas também pelos outros ministérios participantes no Programa Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos, relacionadas à regulamentação, cultivo, manejo, produção, comercialização e dispensação de plantas medicinais e fitoterápicos. Terá também a função de orientar estudos e pesquisas que possam subsidiar a elaboração da Renafito (Relação Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos), o desenvolvimento e a inovação na área de plantas medicinais e fitoterápicos. As espécies vegetais foram pré-selecionadas por regiões que referenciavam seu uso, por indicações de uso e de acordo com as categorias do Código Internacional de Doenças (CID-10). Essa parte inicial do trabalho foi realizada por técnicos da Anvisa e do Ministério da Saúde (MS), profissionais de serviços e pesquisadores da área de plantas medicinais e fitoterápicos, vinculados à área da saúde, representando as diversas regiões brasileiras. A partir dessa pré-seleção foram excluídas espécies exóticas e as que constam da lista de espécies da flora brasileira ameaçadas de extinção, do Ministério do Meio Ambiente (IN nº 6/2008). A Renisus ficou com 71 plantas (veja a seguir a relação oficial completa).

RENISUS
RELAÇÃO NACIONAL DE PLANTAS MEDICINAIS DE INTERESSE PARA O SUS
1 Achillea millefolium - Mil-folhas, aquiléia, mil-em-rama
2 Allium sativum – Alho
3 Aloe spp (A. vera ou A. barbadensis) – Babosa
4 Alpinia spp (A. zerumbet ou A. speciosa) - Alpínia, falso-cardamomo, pacova
5 Anacardium occidentale – Cajueiro
6 Ananas comosus – Abacaxi
7 Apuleia ferrea = Caesalpinia ferrea - Pau-ferro
8 Arrabidaea chica - Crajiru, pariri, cipó-cruz
9 Artemisia absinthium - Losna, absinto
10 Baccharis trimera – Carqueja
11 Bauhinia spp (B. affinis, B. forficate ou B. variegata) - Pata-de-vaca
12 Bidens pilosa - Picão-preto
13 Calendula officinalis – Calêndula
14 Carapa guianensis – Andiroba
15 Casearia sylvestris – Guaçatonga
16 Chamomilla recutita = Matricaria chamomilla = Matricaria recutita – Camomila
17 Chenopodium ambrosioides - Erva-de-santa-maria, mentrasto, mentruço, mentruz
18 Copaifera spp – Copaíba
19 Cordia spp (C. curassavica ou C. verbenacea) - Erva-baleeira
20 Costus spp (C. scaber ou C. spicatus) - Cana-do-brejo
21 Croton spp (C. cajucara ou C. zehntneri) – Sacacá
22 Curcuma longa - Açafrão, açafrão-da-terra, cúrcuma
23 Cynara scolymus – Alcachofra
24 Dalbergia subcymosa – Verônica
25 Eleutherine plicata - Marupari, marupazinho
26 Equisetum arvense – Cavalinha
27 Erythrina mulungu – Mulungu
28 Eucalyptus globulus – Eucalipto
29 Eugenia uniflora ou Myrtus brasiliana – Pitanga
30 Foeniculum vulgare - Funcho, falsa erva-doce
31 Glycine max – Soja
32 Harpagophytum procumbens - Garra-do-diabo
33 Jatropha gossypiifolia - Jalapa, pinhão-roxo
34 Justicia pectoralis - Anador, chambá
35 Kalanchoe pinnata = Bryophyllum calycinum - Pirarucu, folha-da-fortuna
36 Lamium album - Urtiga branca
37 Lippia sidoides - Alecrim-pimenta, alecrim-bravo
38 Malva sylvestris – Malva
39 Maytenus spp (M. aquifolium ou M. ilicifolia) - Espinheira-santa
40 Mentha pulegium - Poejo, menta-miúda
41 Mentha spp (M. crispa, M. piperitaou M. villosa) - Menta, hortelã
42 Mikania spp (M. glomerata ou M. laevigata) – Guaco
43 Momordica charantia - Melão-de-são-caetano
44 Morus sp - Amoreira, amora
45 Ocimum gratissimum – Alfavaca
46 Orbignya speciosa - Coco babaçu
47 Passiflora spp (P.alata, P. edulis ou P. incarnata) - Maracujá, passiflora
48 Persea spp (P. gratissima ou P. americana) – Abacateiro
49 Petroselinum sativum - Salsa, salsinha, cheiro-verde
50 Phyllanthus spp (P. amarus, P. niruri, P. tenellus e P. urinaria) - Quebra-pedra
51 Plantago major – Tanchagem
52 Plectranthus barbatus = Coleus barbatus - Falso-boldo, boldo-de-jardim
53 Polygonum spp (P. acre ou P. hydropiperoides) - Erva-de-bicho
54 Portulaca pilosa - Ora-pró-nóbis, beldroega
55 Psidium guajava - Goiaba-branca
56 Punica granatum – Romã
57 Rhamnus purshiana - Cáscara-sagrada
58 Ruta graveolens – Arruda
59 Salix alba - Salgueiro-branco
60 Schinus terebinthifolius = Schinus aroeira – Aroeira
61 Solanum paniculatum – Jurubeba
62 Solidago microglossa - Arnica brasileira
63 Stryphnodendron adstringens = Stryphnodendron barbatimam – Barbatimão
64 Syzygium spp (S. jambolanum ou S. cumini) - Jambolão, Jamelão
65 Tabebuia avellanedeae - Ipê-roxo, pau-d´arco
66 Tagetes minuta - Coari, cravo-de-defunto
67 Trifolium pratense - Trevo-dos-prados, trevo-vermelho
68 Uncaria tomentosa - Unha-de-gato
69 Vernonia condensata - Boldo-baiano, boldo-japonês
70 Vernonia spp (V. ruficoma ou V. polyanthes) - Assa-peixe
71 Zingiber officinale – Gengibre

BIBLIOGRAFIA
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Pesquisa realizada pelo Dr. Josué Campos Macedo