A ciência da Psicanálise foi uma descoberta notável para os campos da Medicina e da Psicologia. O Pai da Psicanálise é o Dr. Sgmund Schlomo Freud (Freiberg in Mähren, 6 de maio de 1856 — Londres, 23 de setembro de 1939), médico neurologista austríaco, que realizou diversas pesquisas no fim do século XIX/início do século XX e está intimamente relacionada a sua prática psicoterapêutica. A Psicanálise é baseada em diversos estudos da Teoria Psicanalista do psiquismo humano.
É uma teoria que procura
descrever a etiologia dos transtornos mentais, o desenvolvimento do homem e de
sua personalidade, além de explicar a motivação humana. Com base nesse corpo
teórico Freud desenvolveu um tipo de psicoterapia. Ao conjunto formado pela
teoria, a prática psicoterapêutica nela baseada e os métodos utilizados dá-se o
nome de psicanálise.
Acredita que os conflitos fazem
parte do desenvolvimento humano, portanto procura descrever as causas dos
transtornos mentais. O sistema freudiano trouxe o conceito de inconsciente em
uma teoria da sexualidade.
Estruturou o aparelho psíquico
como um iceberg, onde o submerso, inconsciente, não é voluntariamente
controlado.
A CONSCIÊNCIA DO SER HUMANO É
DESCRITA POR FREUD EM TRÊS NÍVEIS:
O consciente: abarca todos os
fenômenos que em determinado momento podem ser percebidos de maneira
conscientes pelo indivíduo;
O pré-consciente: refere-se aos
fenômenos que não estão conscientes em determinado momento, mas podem
tornar-se, se o indivíduo desejar se ocupar com eles;
O inconsciente: diz respeito aos
fenômenos e conteúdos que não são conscientes e somente sob circunstâncias
muito especiais podem tornar-se.
Os sonhos são vistos como
expressão simbólica dos conteúdos inconscientes. Muitos desejos, sentimentos e
motivações são inconscientes, mas podem influenciar e guiar o comportamento
consciente.
O APARELHO PSÍQUICO, NA TEORIA
FREUDIANA, É COMPOSTO POR TRÊS NÍVEIS ESTRUTURAIS QUE COMPÕE A PERSONALIDADE:
Id: O id é a fonte da energia
psíquica (libido). O id é formado pelas pulsões - instintos, impulsos orgânicos
e desejos inconscientes. Ele funciona segundo o princípio do prazer, ou seja,
busca sempre o que produz prazer e evita o que é aversivo. O id desconhece
juízo, lógica, valores, ética ou moral, é completamente inconsciente.
Ego: O ego desenvolve-se a partir
do id com o objetivo de permitir que seus impulsos sejam eficientes, ou seja, o
ego permite o id levando em conta o mundo externo. É o chamado princípio da
realidade. Esse princípio introduz a razão, o planejamento e a espera ao
comportamento humano. A satisfação das pulsões é retardada até o momento em que
a realidade permita satisfazê-las com um máximo de prazer e um mínimo de
consequências negativas. A principal função do ego é buscar uma harmonização,
inicialmente entre os desejos do id e a realidade e, posteriormente, entre os
desejos do id e as exigências do superego.
Superego: É a parte moral da
mente humana e representa os valores da sociedade. O superego tem três
objetivos:
(1) inibir (através de punição ou
sentimento de culpa) qualquer impulso contrário às regras e ideais;
(2) forçar o ego a se comportar
de maneira moral (mesmo que irracional) e,
(3) conduzir o indivíduo à
perfeição - em gestos, pensamentos e palavras. O superego forma-se após o ego,
durante o esforço da criança de apreender os valores recebidos dos pais e da
sociedade. Ele pode funcionar de uma maneira bastante primitiva, punindo o
indivíduo não apenas por ações praticadas, mas também por pensamentos.
A função do ego é tentar
harmonizar a ação do id, do mundo exterior e do superego.
MECANISMOS DE DEFESA DO PSIQUISMO
Para isso, pode fazer uso dos
mecanismos de defesa. Esses conceito foram melhor desenvolvidos pela filha de
Freud, Ana. Os principais mecanismos de defesa são:
-Repressão: processo pelo qual se
afastam da consciência conflitos e frustrações demasiadamente dolorosos para
serem experimentados ou lembrados, reprimindo-os para o inconsciente;
-Formação reativa: consiste em
ostentar um procedimento e externar sentimentos opostos aos impulsos
verdadeiros, indesejados.
-Projeção: consiste em atribuir a
outros as ideias e tendências que o sujeito não pode admitir como suas.
-Regressão: consiste em a pessoa
retornar a comportamentos imaturos, característicos de fase de desenvolvimento
que a pessoa já passou.
-Fixação: congelamento no
desenvolvimento, que é impedido de continuar. Uma parte da libido permanece
ligada a um determinado estágio do desenvolvimento e não permite que a criança
passe completamente para o próximo estágio. A fixação está relacionada com a
regressão, uma vez que a probabilidade de uma regressão a um determinado
estádio do desenvolvimento aumenta se a pessoa desenvolveu uma fixação nesse
estádio.
-Sublimação: a satisfação de um
impulso inaceitável através de um comportamento socialmente aceito.
-Identificação: processo pelo
qual um indivíduo assimila um aspecto, uma característica de outro. Uma forma
especial de identificação é a identificação com o agressor.
-Deslocamento: processo pelo qual
agressões ou outros impulsos indesejáveis, não podendo ser direcionados à(s)
pessoa(s) a que se referem, são direcionadas a terceiros.
A teoria psicanalítica defende
que o desenvolvimento psicossocial do indivíduo inicia desde os primeiros anos
de vida, em fases ou estágios psicossexuais definidas por regiões do corpo, nos
quais surgem necessidades que exigem ser satisfeitas. A maneira como essas
necessidades são satisfeitas determina como a criança se relaciona com outras
pessoas e quais sentimentos ela tem para consigo mesma.
AS FASES DO DESENVOLVIMENTO DO
PSIQUISMO
As fases se seguem umas às outras
em uma ordem fixa e, apesar de uma fase se desenvolver a partir da anterior, os
processos desencadeados em uma fase nunca estão plenamente completos e
continuam agindo durante toda a vida da pessoa.
-Fase oral (do nascimento até
aproximadamente um ano de vida).
A primeira fase do
desenvolvimento é a fase oral, que se estende desde o nascimento até
aproximadamente um ano de vida. Nessa fase a criança vivencia prazer e dor
através da satisfação (ou frustração) de pulsões orais, ou seja, pela boca.
Essa satisfação se dá independente da satisfação da fome. Assim, para a criança
sugar, mastigar, comer, morder, cuspir etc. têm uma função ligada ao prazer,
além de servirem à alimentação. Ao ser confrontada com frustrações a criança é
obrigada a desenvolver mecanismos para lidar com tais frustrações. Esses
mecanismos são a base da futura personalidade da pessoa. Assim, uma satisfação
insuficiente das pulsões orais pode conduzir a uma tendência para ansiedade e
pessimismo; já uma excessiva satisfação pode levar, através de uma fixação
nessa fase, a dificuldades de aceitar novos objetos como fonte de prazer/dor em
fases posteriores, aumentando assim a probabilidade de uma regressão.
A fase oral se divide em duas
fases menores, definidas pelo nascimento dos dentes. Até então a criança se
encontra em uma fase passiva-receptiva; com os primeiros dentes a criança passa
a uma fase sádica-ativa através da possibilidade de morder. O principal objeto
de ambas as fases, o seio materno, se torna, assim, um objeto ambivalente. Essa
ambivalência caracteriza a maior parte dos relacionamentos humanos, tanto com
pessoas como com objetos.
A fase oral apresenta, assim,
cinco modos de funcionamento que podem se desenvolver em características da
personalidade adulta:
O incorporar do alimento se
mostra no adulto como um "incorporar" de saber ou poder, ou ainda
como a capacidade de se identificar com outras pessoas ou de se integrar em
grupos;
O segurar o seio, não querendo se
separar dele, se mostram posteriormente como persistência e perseverança ou
ainda como decisão;
Morder é o protótipo da
destrutividade, assim do sarcasmo, cinismo e tirania;
Cuspir se transforma em rejeição
e
O fechar a boca, impedindo a
alimentação, conduz a rejeição, negatividade ou introversão.
O principal processo na fase oral
é a criação da ligação entre mãe e filho.
Nessa fase a criança vivencia
prazer e dor através da satisfação ou frustação de pulsões orais, ou seja, pela
boca. Essa satisfação se dá independente da satisfação da fome. Para a criança,
sugar, mastigar, comer, morder, cuspir etc. tem uma função ligada ao prazer,
além de servirem à alimentação. A fase oral se divide em duas fases menores,
definidas pelo nascimento dos dentes. Antes, passiva-receptiva; com os
primeiros dentes a criança passa a uma fase sádica-ativa através da possibilidade
de morder.
-Fase anal (aproximadamente do
primeiro ao terceiro ano de vida).
Nessa fase a satisfação das
pulsões se dirige ao ânus, ao controle da tensão intestinal. A criança tem de
aprender a controlar sua defecação e, dessa forma, deve aprender a lidar com a
frustração do desejo de satisfazer suas necessidades imediatamente.
A segunda fase, segundo Freud, é
a fase anal, que vai aproximadamente do primeiro ao terceiro ano de vida. Nessa
fase a satisfação das pulsões se dirige ao ânus, ao controle da tensão
intestinal. Nessa fase a criança tem de aprender a controlar sua defecação e,
dessa forma, deve aprender a lidar com a frustração do desejo de satisfazer
suas necessidades imediatamente. Como na fase oral, também os mecanismos
desenvolvidos nesta fase influenciam o desenvolvimento da personalidade. O
defecar imediato e descontrolado é o protótipo dos ataques de raiva; já uma
educação muito rígida com relação à higiene pode conduzir tanto a uma tendência
ao caos, ao descuido, à bagunça quanto a uma tendência a uma organização
compulsiva e exageradamente controlada. Se a mãe faz elogios demais ao fato de
a criança conseguir esperar até o banheiro, pode surgir uma ligação entre dar
(as fezes) e receber amor, e a pessoa pode desenvolver generosidade; se a mãe
supervaloriza essas necessidades biológicas, a criança pode se desenvolver
criativa e produtiva ou, pelo contrário, se tornar depressiva, caso ela não
corresponda às expectativas; crianças que se recusam a defecar podem se
desenvolver como colecionadores, coletores ou avaros.
-Fase fálica (dos três aos cinco
anos de vida).
Essa fase se caracteriza pela
importância da presença (ou, nas meninas, da ausência) do falo ou pênis. Prazer
e desprazer estão centrados na região genital. As dificuldades dessa fase estão
ligadas ao direcionamento da pulsão sexual ao genitor do sexo oposto e aos
problemas resultantes. A resolução desse conflito está relacionada ao complexo
de Édipo e à identificação com o genitor de mesmo sexo.
A fase fálica, que vai dos três
aos cinco anos de vida, se caracteriza segundo Freud pela importância da
presença (ou, nas meninas, da ausência) do falo ou pênis; nessa fase prazer e
desprazer estão, assim, centrados na região genital. As dificuldades dessa fase
estão ligadas ao direcionamento da pulsão sexual ou libidinosa ao genitor do
sexo oposto e aos problemas resultantes. A resolução desse conflito está
relacionada ao complexo de Édipo e à identificação com o genitor de mesmo sexo.
Freud desenvolveu sua teoria
tendo, sobretudo os meninos em vista, uma vez que, para ele, estes vivenciariam
o conflito da fase fálica de maneira mais intensa e ameaçadora. Segundo Freud o
menino deseja nessa fase ter a mãe só para si e não partilhá-la mais com o pai;
ao mesmo tempo ele teme que o pai se vingue, castrando-o. A solução para esse
conflito consiste na repressão tanto do desejo libidinoso com relação à mãe
como dos sentimentos agressivos para com o pai; em um segundo momento
realiza-se a identificação do menino com seu pai, o que os aproxima e conduz,
assim, a uma internalização por parte do menino dos valores, convicções,
interesses e posturas do pai. O complexo de Édipo representa um importante
passo na formação do superego e na socialização dos meninos, uma vez que o
menino aprende a seguir os valores dos pais. Essa solução de compromisso
permite que tanto o ego (através da diminuição do medo) e o id (por o menino
poder possuir a mãe indiretamente através do pai, com o qual ele se identifica)
sejam parcialmente satisfeitos.
O conflito vivenciado pelas
meninas é parecido, mas menos intenso. A menina deseja o próprio pai, em parte
devido à inveja que sente por não ter um pênis (al. Penisneid); ela sente-se
castrada e dá a culpa à própria mãe. Por outro lado, a mãe representa uma
ameaça menos séria, uma vez que uma castração não é possível. Devido a essa
situação diferente, a identificação da menina com a própria mãe é menos forte
do que a do menino com seu pai e, por isso, as meninas teriam uma consciência menos
desenvolvida - afirmação esta que foi rejeitada pela pesquisa empírica. Freud
usou o termo "complexo de Édipo" para ambos os sexos; autores
posteriores limitaram o uso da expressão aos meninos, reservando para as
meninas o termo "complexo de Electra".
A apresentação do complexo de
Édipo dada acima é, no entanto, simplificada. Na realidade o resultado da
resolução do complexo de Édipo é sempre um identificação como ambos os pais e a
força de cada uma dessas identificações depende de diferentes fatores, como a
relação entre os elementos masculinos e femininos na predisposição fisiológica
da criança ou a intensidade do medo de castração ou da inveja do pênis. Além
disso, a mãe mantém em ambos os sexos um papel primordial, permanecendo sempre
o principal objeto da libido.
O complexo de Édipo é caracterizado
por sentimentos de amor e hostilidade, quando ocorre a diferenciação do sujeito
em relação aos pais. A criança começa a perceber que os pais pertencem a uma
realidade cultural e que não podem dedicar-se apenas a ela porque possuem
outros compromissos.
Nessas fases, ao ser confrontada
com frustações, a criança é obrigada a desenvolver mecanismos para lidar com
tais frustações. A maneira como a criança atravessa essas fases e as reações
dos familiares perante suas ações constituem mecanismos que são a base da
futura personalidade da pessoa.
Este complexo é formado por sentimentos
e afetos com componentes de agressividade, fúria e medo, paixões, amor e ódio,
oriundos dos desejos sexuais em relação aos genitores de sexo oposto que
acontece entre os 5 e 6 anos de idade. O complexo de Édipo se manifesta no
menino desejando a mãe e querendo eliminar o pai, seu concorrente. O medo da
castração por parte do pai faz com que renuncie ao desejo incestuoso e aceite
as regras ou a Lei da Cultura. Na menina se manifesta pelo fato de descobrir
que não tem o pênis-falo, e com isto, sente-se prejudicada, tem "inveja do
pênis". Ao perceber que a mãe também não o tem, passa a desvalorizá-la e,
nessa medida, se dirige para a figura do pai, dotado de FALO e, portanto, cheio
de poder e fascinação.
Observação: De acordo com a
interpretação do psicanalista LACAN (nascido em Paris em 1901 e falecido na
mesma cidade em 1981) o que provoca inveja não é o pênis anatômico, mas o PÊNIS-FALO,
o objeto imaginário fálico, que tem o sentido de COMPLETUDE e de PLENITUDE
NARCÍSICAS. Neste sentido o homem também tem inveja do pênis-falo. Com
este sentido o FALO está presente em todos os seres humanos de tal forma que a
falta do pênis nas meninas e mulheres simplesmente é negada. O falo é, em última
análise, o significado da falta, conforme o define Lacan.
- Mas apesar de o menino
abandonar o desejo pela mãe por medo da castração ela não deixa de acontecer
para ambos os sexos e de forma simbólica de acordo com a interpretação de
Lacan. CASTRAÇÃO no sentido simbólico significa a impossibilidade de retorno ao
estado narcísico do qual fomos expulsos com o nosso nascimento. CASTRAÇÃO significa
a perda, a falta, o limite imposto à onipotência do desejo. É um processo que
já acontece desde o corte do cordão umbilical. A rigor quem castra é a mãe. Se
a mãe permite a independência da criança, negando formar um todo narcísico com
ela, ela castra. A castração é um evento absolutamente progressista na nossa
vida e que torna possível a vida em sociedade e a nossa autonomia. Através da
CASTRAÇÃO introduz-se a LEI DA CULTURA que é produto de Eros e não de Thanatos.
A Lei não existe para aniquilar o desejo e sim para articulá-lo com a
convivência social. "É a guardiã do desejo na medida em que o encaminha no
sentido de uma subordinação ao Princípio da Realidade" (pág. 312, Os
Sentidos da Paixão, Hélio Pellegrino)
- A CASTRAÇÃO nos faz sentir como
seres incompletos, carentes. Mostra-nos que é da brecha entre tudo o que se
quer e aquilo que se pode (princípio de Realidade) que nascem as possibilidades
de movimentos do desejo. Mas o seu exagero pode trazer conseqüências negativas
como as neuroses.
-Período de latência (até a
puberdade)
Trata-se de uma fase mais tranquila,
onde as fantasias e os impulsos sexuais são reprimidos, tornando-se
secundários, e o desenvolvimento cognitivo e a assimilação de valores e normas
sociais se tornam a atividade principal da criança, continuando o
desenvolvimento do ego e do superego.
Depois da agitação dos primeiros
anos de vida segue-se uma fase mais tranquila que se estende até a puberdade.
Nessa fase as fantasias e impulsos sexuais são reprimidos, tornando-se
secundários, e o desenvolvimento cognitivo e a assimilação de valores e normas
sociais se tornam a atividade principal da criança, continuando o
desenvolvimento do ego e do superego.
-Fase genital (durante a
adolescência, estendendo-se até a vida adulta).
Nessa última fase as pulsões
sexuais, acompanhando a maturação biológica, despertam-se novamente e são
dirigidas a uma pessoa do sexo oposto. A escolha do parceiro não se dá
independente dos processos de desenvolvimento anteriores, mas é influenciada
pela vivência nas fases antecedentes. Além disso, apesar de continuarem agindo
durante toda a vida do indivíduo, os conflitos internos típicos das fases
anteriores atingem na fase genital uma relativa estabilidade conduzindo a
pessoa a uma estrutura do ego que lhe permite enfrentar os desafios da idade
adulta.
A última fase do desenvolvimento
psicossocial é a fase genital, que se dá durante a adolescência. Nessa fase as
pulsões sexuais, depois da longa fase de latência e acompanhando as mudanças
corporais, despertam-se novamente, mas desta vez se dirigem a uma pessoa do
sexo oposto. Como se depreende da explanação anterior, a escolha do parceiro
não se dá independente dos processos de desenvolvimento anteriores, mas é
influenciada pela vivência nas fases anteriores. Além disso, apesar de
continuarem agindo durante toda a vida do indivíduo, os conflitos internos
típicos das fases anteriores atingem na fase genital uma relativa estabilidade
conduzindo a pessoa a uma estrutura do ego que lhe permite enfrentar os
desafios da idade adulta.
A FORMAÇÃO DA PERSONALIDADE
Freud imaginava a psique (ou aparelho
psíquico) do ser humano como um sistema de energia: Cada pessoa é movida,
segundo ele, por uma quantidade limitada de energia psíquica. Isso significa,
por um lado, que se grande parte da energia for necessária para a realização de
determinado objetivo (ex. expressão artística) ela não estará disponível para
outros objetivos (ex. sexualidade); por outro lado, se a pessoa não puder dar
vazão à sua energia por um canal (ex. sexualidade), terá de fazê-lo por outro
(ex. expressão artística). Essa energia provém das pulsões (às vezes chamadas
incorretamente de instintos). Segundo o autor, o ser humano possui duas pulsões
inatas, a sexual e a de morte. Essas duas pulsões opõem-se ao ideal da sociedade
e, por isso, precisam ser controladas através da educação, de forma que a
energia gerada pelas pulsões não podem ser liberadas de maneira direta. O ser
humano é, assim, sexual e agressivo por natureza e a função da sociedade é
amansar essas tendências naturais do homem. A situação de não poder dar vazão a
essa energia gera no indivíduo um estado de tensão interna que necessita ser
resolvido. Toda ação do homem é motivada, assim, pela busca hedonista de dar
vazão à energia psíquica acumulada.
TRANSTORNOS MENTAIS
A melhor maneira de definir “distúrbio”
é caracterizá-lo como deficiência psicológica com repercussão na área emocional
e interpessoal. Este termo caracteriza uma faixa que vai desde formas
neuróticas leves até a loucura, na plenitude do seu termo. "Normal"
seria aquela personalidade com capacidade de viver eficientemente, manter um
relacionamento duradouro e emocionalmente satisfatório com outras pessoas,
trabalhar produtivamente, repousar e divertir-se, ser capaz de julgar
realisticamente suas falhas e qualidades, aceitando-as. A falha de uma ou outra
dessas características pode indicar a presença de uma deficiência psicológica
ou “distúrbio” mental.
Classificam-se os distúrbios
mentais em 3 grandes tipos básicos:
Primeiro tipo:
-Neuroses
É a existência de tensão
excessiva e prolongada, de conflito persistente ou de uma necessidade
longamente frustrada, é sinal de que na pessoa se instalou um estado neurótico.
A neurose determina uma modificação, mas não uma desestruturação da
personalidade e muito menos de perda de valores da realidade. Costuma-se
catalogar os sintomas neuróticos em certas categorias, como:
a) Ansiedade: a pessoa é tomada
por sentimentos generalizados e persistente de intensa angústia sem causa
objetiva. Alguns sintomas são: palpitações do coração, tremores, falta de ar,
suor, náuseas. Há uma exagerada e ansiosa preocupação por si mesmo.
b) Fobias: uma área da
personalidade passa a ser possuída por respostas de medo e ansiedade. Na
angústia o medo é difuso e quando vem à tona é sinal de que já existia, há
longo tempo. Se apresenta envolta em muita tensão, preocupação, excitação e
desorganização do comportamento. Na reação fóbica, o medo se restringe a uma
classe limitada de estímulos. Verifica-se a associação do medo a certos
objetos, animais ou situações.
c) Obsessiva-compulsiva: a
obsessão é um termo que se refere a ideias que se impõem repetidamente à
consciência. São por isto dificilmente controláveis. A compulsão refere-se a
impulsos que levam à ação. Está intimamente ligada a uma desordem psicológica chamada
de transtorno obsessivo-compulsivo.
Segundo tipo:
Psicoses
O psicótico pode encontrar-se ora
em estado de depressão, ora em estado de extrema euforia e agitação. Em dado
momento age de um modo e em outro se comporta de maneira totalmente diferente.
Houve uma desestruturação da sua personalidade. O dado clínico para se aferir à
psicose é a alteração dos juízos da realidade. O psicótico passa a perceber a
realidade de maneira diferente. Por isso, faz afirmações e tem percepções não
apoiadas nem justificadas pelos dados e situações reais. Nas psicoses, além da
alteração do comportamento, são comuns alucinações (ouvir vozes, ter visões e
delírios). Pode ser possuído por intensas fantasias de grandeza ou perseguição.
Pode sentir-se vítima de uma conspiração assim como se julgar milionário, um
ser divino, etc. As Psicoses se manifestam como:
a) Esquizofrenia: apatia
emocional, carência de ambições, desorganização geral da personalidade, perda
de interesse pela vida nas realizações pessoais e sociais. pensamento
desorganizado, afeto superficial e inapropriado,riso insólito, bobice,
infantilidade, hipocondria, delírios e alucinações transitórias.
b) Maníaca-depressiva: caracteriza-se
por perturbações psíquicas duradouras e intensas, decorrentes de uma perda ou
de situações externas traumáticas. O estado maníaco pode ser leve ou agudo. É
assinalado por atividade e excitamento. Os maníacos são cheios de energia,
inquietos, barulhentos, falam alto e têm ideias bizarras, uma após outra. O
estado depressivo, ao contrário, caracteriza-se por inatividade e desalento.
Seus sintomas são: pesar, tristeza, desânimo, falta de ação, crises de choro,
perda de interesse pelo trabalho, por amigos e família, bem como por suas
distrações habituais. Torna-se lento na fala, não dorme bem à noite, perde o
apetite, pode ficar um tanto irritado e muito preocupado.
c) Paranoia: caracteriza-se,
sobretudo por ilusões fixas. É um sistema delirante. As ilusões de perseguição
e de grandeza são mais duradouras do que na esquizofrenia paranoide. Os
ressentimentos são profundos. É agressivo, egocêntrico e destruidor. Acredita
que os fins justificam os meios e é incapaz de solicitar carinho. Não confia em
ninguém
d) Psicose alcoólica: é
habitualmente marcada por violenta intranquilidade, acompanhada de alucinações
de uma natureza aterradora.
e) Arteriosclerose cerebral: evolui
de um modo semelhante a demência senil. O endurecimento dos vasos cerebrais dá
lugar a transtornos de irrigação sanguínea, as quais são causa de que partes
isoladas do cérebro estejam mal abastecidas de sangue. Os sintomas são,
formigamento nos braços e pernas, paralisias mais ou menos acentuadas, zumbidos
no ouvido, transtorno de visão, perturbações da linguagem em forma de lentidão
ou dificuldade da fala.
Terceiro tipo:
Psicopatias
Os psicopatas não estruturam
determinadas dimensões da personalidade, verificando-se uma espécie de falha na
própria construção. Os principais sintomas das psicopatias são: diminuição ou
ausência da consciência moral. O certo e o errado; o permitido e o proibido não
fazem sentido para eles. Desta maneira, simular, dissimular, enganar, roubar,
assaltar, matar, não causam sentimentos de repulsa e remorso, em suas
consciências. O único valor para eles é seus interesses egoístas: inexistência
de alucinações; ausência de manifestações neuróticas; falta de confiança; busca
de estimulações fortes; incapacidade de adiar satisfações; não toleram um
esforço rotineiro e não sabem lutar por um objetivo distante; não aprendem com
os próprios erros, pelo fato de não reconhecerem estes erros; em geral, têm bom
nível de inteligência e baixa capacidade afetiva; parecem incapazes de se
envolver emocionalmente. Não entendem o que seja socialmente produtivo.
A IMPORTÂNCIA DA PSICANÁLISE
A Teoria de Freud, desperta
interesse do público em geral.
A Psicanálise é um campo clínico e
de investigação teórica da psique humana independente da Psicologia, que tem
origem na Medicina, desenvolvido por Sigmund Freud, médico que formou-se em
1882, trabalhou no Hospital Geral de Viena e teve contato com o neurologista
francês Jean Martin Charcot, que lhe mostrou o uso da hipnose.
Freud, médico neurologista
austríaco, propôs este método para a compreensão e análise do homem,
compreendido enquanto sujeito do inconsciente, abrangendo três áreas:
-um método de investigação da mente
e seu funcionamento;
-um sistema teórico sobre a
vivência e o comportamento humano;
-um método de tratamento psicoterapêutico.
Essencialmente é uma teoria da personalidade
e um procedimento de psicoterapia; a psicanálise influenciou muitas outras
correntes de pensamento e disciplinas das ciências humanas, gerando uma base
teórica para uma forma de compreensão da ética, da moralidade e da cultura
humana.
Em linguagem comum, o termo
"psicanálise" é muitas vezes usado como sinônimo de
"psicoterapia" ou mesmo de "psicologia". Em linguagem mais
própria, no entanto, psicologia refere-se à ciência que estuda o comportamento
e os processos mentais, psicoterapia ao uso clínico do conhecimento obtido por
ela, ou seja, ao trabalho terapêutico baseado no corpo teórico da psicologia
como um todo, e psicanálise refere-se à forma de psicoterapia baseada nas
teorias oriundas do trabalho de Sigmund Freud; psicanálise é, assim, um termo mais
específico, sendo uma entre muitas outras formas de psicoterapia.
O inconsciente, Diz Freud, não é
o subconsciente. Este é aquele grau da consciência como consciência passiva e
consciência vivida não reflexiva, podendo tomar-se plenamente consciente. O inconsciente,
ao contrário, jamais será consciente diretamente, podendo ser captado apenas
indiretamente e por meio de técnicas especiais de interpretação desenvolvidas
pela psicanálise.
A psicanálise surgiu na década de
1890, com Sigmund Freud, um médico interessado em achar um tratamento efetivo
para pacientes com sintomas neuróticos ou histéricos. Conversando com os
pacientes, Freud acreditava que seus problemas se originaram da inaceitação
cultural, sendo assim reprimidos seus desejos inconscientes e suas fantasias de
natureza sexual. Desde Freud, a psicanálise se desenvolveu de muitas maneiras
e, atualmente, há diversas escolas.
O método básico da Psicanálise é
a interpretação da transferência e da resistência com a análise da livre
associação. O analisado, numa postura relaxada, é solicitado a dizer tudo o que
lhe vem à mente. Sonhos, esperanças, desejos e fantasias são de interesse, como
também as experiências vividas nos primeiros anos de vida em família.
Geralmente, o analista simplesmente escuta, fazendo comentários somente quando
no seu julgamento profissional visualiza uma crescente oportunidade para que o
analisando torne consciente os conteúdos reprimidos que são supostos, a partir
de suas associações. Escutando o analisado, o analista tenta manter uma atitude
empática de neutralidade. Uma postura de não-julgamento, visando a criar um
ambiente seguro.
A Psicanálise foi criada pelo neurologista austríaco Sigmund Freud, com o objetivo de tratar desequilíbrios psíquicos.
Este corpo teórico foi responsável pela descoberta do
inconsciente, antes já desbravado, porém em outro sentido, por Leibniz e Hegel
-, e a partir de então passou a abordar este território desconhecido, na
tentativa de mapeá-lo e de compreender seus mecanismos, originalmente
conferindo-lhe uma realidade no plano psíquico. Esta disciplina visa também
analisar o comportamento humano, decifrar a organização da mente e curar
doenças carentes de causas orgânicas.
Freud foi inspirado pelo trabalho
do fisiologista Josef Breuer, por seus trabalhos iniciais com a hipnose, que
marcaram profundamente os métodos do psicanalista, embora mais tarde ele
abandone essa terapêutica e a substitua pela livre associação. Ele também
incorporou à sua teoria conhecimentos absorvidos de alguns filósofos,
principalmente de Platão e Schopenhauer. Freud interessou-se desde o início por
distúrbios emocionais que na época eram conhecidos como ‘histeria’, e
empenhou-se para, através da Psicanálise, encontrar a cura para estes
desajustes mentais. Desde então ele passou a utilizar a arte da cura pela fala,
descobrindo assim o reino onde os desejos e as fantasias sexuais se perdem na
mente humana, reprimidos, esquecidos, até emergirem na consciência sob a forma
de sintomas indesejáveis, por uma razão qualquer – o Inconsciente.
Freud organiza em seu corpo
teórico dados já conhecidos na época, como a idéia de que a mente era dividida
em três partes, as funções que lhe cabiam, as personalidades que nasciam de
cada categoria e a catarse. Essa espécie de sincretismo científico deu origem a
inúmeras concepções novas, como a sublimação, a perversão, o narcisismo, a
transferência, entre outras, algumas delas bem populares em nossos dias, pois
estes conceitos propiciaram o surgimento da Psicologia Clínica e da Psiquiatria
modernas. Para a Psicanálise, o sexo está no centro do comportamento humano.
Ele motiva sua realização pessoal e, por outro lado, seus distúrbios emocionais
mais profundos; reina absoluto no inconsciente. Freud, em plena era vitoriana,
tornou-se polêmico, e sua teoria não foi aceita facilmente. Com o tempo, porém,
seu pensamento tornou possível a entrada do tema sexual em ambientes antes
inacessíveis a esta ordem de debates.
A teoria psicanalítica está
sintetizada essencialmente em três publicações: Interpretação dos Sonhos, de
1900; Psicopatologia da Vida Cotidiana”, que contém os primeiros princípios da
Psicanálise; e “Três Ensaios sobre a Teoria da Sexualidade”, na qual estão os
esboços básicos desta doutrina. No atendimento clínico, o paciente, em repouso,
é estimulado a verbalizar tudo que brota em sua mente – sonhos, desejos,
fantasias, expectativas, bem como as lembranças da infância. Cabe ao
psicanalista ouvir e interferir apenas quando julgar necessário, assim que
perceber uma ocasião de ajudar o analisando a trazer para a consciência seus
desejos reprimidos, deduzidos a partir da livre associação. No geral, o
analista deve se manter imparcial.
Para Freud toda perturbação de
ordem emocional tem sua fonte em vivências sexuais marcantes, que por se
revelarem perturbadoras, são reprimidas no Inconsciente. Esta energia contida,
a libido, se expressa a partir dos sintomas, na tentativa de se defender e de
se preservar, este é o caminho que ela encontra para se comunicar com o
exterior. Através da livre associação e da interpretação dos sonhos do
paciente, o psicanalista revela a existência deste instinto sexual. Essa
transferência de conteúdo para o consciente, que provoca uma intensa desopressão
emocional, traz a cura do analisando. A mente, dividida em Id, Ego e Superego,
revela-se uma caixinha de surpresas nas mãos de Freud. No Id, governado pelo
‘princípio do prazer’, estão os desejos materiais e carnais, os impulsos
reprodutores, de preservação da vida.
No Ego, ou Eu, regido pelo
‘princípio da realidade’, está a consciência, pequeno ponto na vastidão do
inconsciente, que busca mediar e equilibrar as relações entre o Id e o
Superego; ele precisa saciar o Id sem violar as leis do Superego. Assim, o Ego
tem que se equilibrar constantemente em uma corda bamba, tentando não se deixar
dominar nem pelos desejos insaciáveis do Id, nem pelas exigências extremas do
Superego, lutando igualmente para não se deixar aniquilar pelas conveniências do
mundo exterior. Por esse motivo, segundo Freud, o homem vive dividido entre
estes dois princípios, o do Prazer e o da Realidade, em plena angústia
existencial. O Superego é a sentinela da mente, sempre vigilante e atenta a
qualquer desvio moral. Ele também age inconscientemente, censurando impulsos
aqui, desejos ali, especialmente o que for de natureza sexual. O Superego se
expressa indiretamente, através da moral e da educação.
Segundo a Psicanálise, o
Inconsciente não é o subconsciente, nível mais passivo da consciência, seu
estágio não-reflexivo, mas que a qualquer momento pode se tornar consciente, e
só se revela através dos elementos que o estruturam, tais como atos falhos, eles
se expressam nas pessoas sãs, refletindo o conflito entre consciente,
subconsciente e inconsciente; são as famosas ‘traições da memória’ -, sonhos,
chistes e sintomas. Freud também elaborou as fases do desenvolvimento sexual,
cada uma delas correspondente ao órgão que é estimulado pelo prazer e o objeto
que provoca esta excitação.
Na fase oral, o desejo está
situado na boca, na deglutição dos alimentos e no seio da mãe, durante a
amamentação. Na fase anal, o prazer vem da excreção das fezes, das brincadeiras
envolvendo massas, tintas, barro, tudo que provoque sujeira. Na fase genital ou
fálica, o desejo e o prazer se direcionam para os órgãos genitais, bem como
para pontos do corpo que excitam esta parte do organismo. Nesse momento, os
meninos elegem a mãe como objeto de seu desejo, constituindo o Complexo de Édipo,
relação incestuosa que gera também uma rivalidade com o pai -, enquanto para as
garotas o pai se torna o alvo do desejo, Complexo de Eletra.
Outros pontos importantes da
Psicanálise são os conceitos de perversão, ocorre quando o Ego sucumbe às
pressões do Id, escapa do controle do Superego e não consegue se sublimar, e
pode assim atingir uma dimensão social ou coletiva, como, por exemplo, o
Nazismo -, e de Narcisismo, o indivíduo se apaixona por sua própria imagem,
cultivando durante muito tempo uma auto-estima exagerada.
A partir do assunto estudado é
possível entender alguns conteúdos da psicanálise de fundamental importância
para a compreensão de comportamentos.
Existem alguns lapsos nas
atividades diárias, as chamadas parapraxias, que podem ser consideradas como a
psicopatologia da vida cotidiana. Esses acontecimentos, no passado, eram
considerados como acidentes e até mesmo influência de espíritos maliciosos.
Hoje se sabe que são a consequência direta da repressão e acontecem para evitar
a ansiedade e/ou a culpa. São fenômenos inconscientes e só podem ser
confirmados através de associações pelo método psicanalítico, ajudando a
revelar a natureza desses lapsos. Eles podem ocorrer mais facilmente em virtude
de cansaço, falta de atenção, pressa, entre outros, mas não ocorrem
casualmente. São aos fenômenos associados ao processo primário. O ego deixa
escapar alguns assuntos reprimidos. É bastante complicado diferenciar uma
parapraxia de um fenômeno psíquico normal. As diferenças são em relação à
qualidade. Quanto mais bem sucedido for o ego mais distante das parapraxias o
fenômeno mental estará. Já o chiste é um fenômeno comum da vida no qual o
processo primário desempenha um papel essencial. O que com o processo primário
é um chiste, quando reformulado no processo secundário torna-se inteligente,
amargo, cínico ou impróprio. O chiste pode se utilizar do deslocamento, da
condensação, da representação do todo por uma parte, da equivalência de opostos
e do simbolismo. O chiste faz o indivíduo regredir parcial e temporariamente do
ego, porém são regressões controladas e ocorrem automaticamente. O prazer do
chiste deriva da substituição regressiva do processo secundário ao primário e
da liberação dos impulsos que seriam, em outras ocasiões, proibidos.
Ao introduzir os conteúdos sobre
a primeira obra de Freud, A Interpretação dos Sonhos, que explana que nos
sonhos os processos inconscientes são revelados de forma tão clara e acessível,
pode-se ter um entendimento melhor sobre estes fenômenos. Através deles os pensamentos
alcançam os recessos do inconsciente, revelando, principalmente, conteúdos
reprimidos pelo ego. Os conteúdos dos sonhos são distintos em sonho manifesto,
que é experiência consciente, o conteúdo latente, que são pensamentos e desejos
inconscientes, e elaboração do sonho, que são os pensamentos inconscientes que
se transformaram em sonho manifesto. O significado do sonho é a expressão do
conteúdo latente, que é compreendido pelas impressões sensoriais noturnas, as
preocupações da vida diária e os impulsos do Id. Este conteúdo tende a ser
infantil, pois é proveniente dos desejos reprimidos da primeira infância e é
sempre inconsciente, porém, o conteúdo manifesto, que é expresso através de
imagens, é consciente. Esta relação faz tornar-se, através de fantasias,
consciente o conteúdo latente, e gratifica parcialmente os impulsos do
indivíduo. Entretanto, mesmo que durante o sonho o inconsciente seja capaz de
manifestar os impulsos reprimidos, o ego ainda exerce as suas influências
distorcendo o conteúdo manifesto, tornando-o portanto, incompreensível. Este
fenômeno de conexão entre os elementos do sonho são chamados de formação de
compromisso. Ainda assim, existem sonhos nos quais há ansiedade devido a um
elemento do conteúdo latente penetrar no conteúdo manifesto, o que poderia ser
muito difícil do ego tolerar, então ele reage de forma ansiosa. Já no sonho de
punição, o superego condena os impulsos que adentram o consciente de forma
direta. Assim o sonho manifesto é uma fantasia disfarçada de punição pelo desejo.
Além do mais o ego tem a capacidade de dar coerência e lógica ao conteúdo
manifesto.
Ao estudar a teoria da
psicanálise não se pode esquecer-se do estado anormal do indivíduo que é
estudado como psicopatologias.
Para que seja diagnosticada a
psicopatologia são verificados os sintomas que o indivíduo apresenta não são
feitos exames porque não existem lesões. As classificações são, portanto,
descritivas e o tratamento deve ser feito a partir da causa dos sintomas,
principalmente com psicoterapia. Para que haja uma psicopatologia é necessária
a ocorrência de um conflito psíquico, sendo este tão repugnante ao ego que
procurará defesas. Há hipótese de que essas doenças são conseqüências de uma
sedução sexual durante a infância, ou seja, um acontecimento traumático para a
criança. Entretanto o paciente adulto se recorda de fantasias tão reais em seu
imaginário que ele próprio acredita ter acontecido. Considera-se também o fator
da hereditariedade na etiologia das psicopatologias. Não existe uma linha divisória
entre o normal e o patológico, o que acontece é uma evolução gradativa do
normal para o anormal.
É importante discorrer sobre como
o indivíduo lida com a cultura das sociedades. Os desejos da criança na vida
adulta podem influenciar na formação de traços importantes do caráter, que são
classificados baseados nos impulsos catequizados numa fase relativa ao
desenvolvimento psicossexual. Geralmente as escolhas do indivíduo têm relações
com a vida instintiva durante a infância, pois os primeiros objetos são os dos
primeiros anos de vida, consequentemente a vida adulta será os reflexos da
criança e de como foi organizada a vida instintiva em relação à escolha
vocacional, aos parceiros sexuais, às práticas religiosas, à moralidade, à
apreciação artística, entre outros, acontecendo, porém, cada um com suas
peculiaridades.
Contudo, desde que foi iniciado o
estudo da psicanálise uma grande revolução aconteceu dentro da psicologia. Os
objetivos da psicanálise, de permitir a compreensão do comportamento humano,
visto que o homem não guia sua própria mente e sim o seu inconsciente, têm sido
cada vez mais aperfeiçoados, mas como toda ciência nova, ela só será
completamente aceita de uma forma gradativa pela sociedade de todo o mundo.
Entretanto muitas pessoas já reconheceram a sua importância para a compreensão
dos comportamentos.
A psicanálise geralmente é um
processo muito lento e demora meses ou anos.
Freud procurou demonstrar que a
psicanálise não era uma teoria que falava apenas da anormalidade, mas sim uma
descrição do funcionamento da mente humana em geral.
No entanto podemos definir a
Psicanálise como um:
1. Um procedimento para
investigação de processos mentais, praticamente inacessíveis de outra forma,
especialmente vivências internas e profundas como pensamentos, sentimentos,
emoções, fantasias e sonhos.
2. Um método (baseado nessa
investigação) para o tratamento das neuroses;
3. Um acúmulo sistemático de
conhecimentos sobre a mente, obtidos através desse procedimento, que
gradualmente está se tornando uma nova ciência.
4. É um método de investigação
que busca evidenciar o significado inconsciente das palavras, atos e produções
imaginárias (sonhos, devaneios...) de um indivíduo, baseados na associação
livre.
CONCEITOS BÁSICOS NA PSICANÁLISE
FREUDIANA
ATOS FALHOS OU SINTOMÁTICOS
Os chamados Atos sintomáticos são
para Freud evidência da força e individualismo do inconsciente: e sua
manifestação é comum nas pessoas sadias. Mostram a luta do consciente com o
subconsciente (conteúdo evocável) e o inconsciente (conteúdo não evocável). São
os lapsus linguae, popularmente ditos "traição da memória", ou mesmo
convicções enganosas e erros que podem ter consequências graves.
Para explicar o comportamento Freud
desenvolve a teoria da motivação sexual (sobrevivência da espécie) e do
instinto de conservação (sobrevivência individual). Mas todas as suas
colocações giram em torno do sexo. A força que orienta o comportamento estaria
no inconsciente e seria o instinto sexual.
FASES DO DESENVOLVIMENTO SEXUAL
Freud contribuiu com uma teoria
das fases do desenvolvimento do indivíduo. Este passa por sucessivos tipos de
caráter: oral, anal e genital. Pode sofrer regressão de um dos dois últimos a
um ou outro dos dois anteriores, como pode sofrer fixação em qualquer das fases
precoces.
Essas fases se desenvolverão
entre os primeiros meses de vida e os 5 ou 6 anos de idade, e estão ligadas ao
desenvolvimento do Id:
(1) Na fase oral, ou fase da
libido oral, ou hedonismo bucal, o desejo e o prazer localizam-se
primordialmente na boca e na ingestão de alimentos e o seio materno, a
mamadeira, a chupeta, os dedos são objetos do prazer;
(2) Na fase anal, ou fase da
libido ou hedonismo anal, o desejo e o prazer localizam-se primordialmente nas
excreções e fezes. Brincar com massas e com tintas, amassar barro ou argila,
comer coisas cremosas, sujar-se são os objetos do prazer;
(3)Na fase genital ou fase
fálica, ou fase da libido ou hedonismo genital, o desejo e o prazer
localizam-se primordialmente nos órgãos genitais e nas partes do corpo que
excitam tais órgãos. Nessa fase, para os meninos, a mãe é o objeto do desejo e
do prazer; para as meninas, o pai.
TIPOS DE PERSONALIDADE
Aqueles que se detêm em seu
desenvolvimento emocional, e por algum motivo se fixam em qualquer uma das
fases transitórias (Freud. 1908), constituem tipos e subtipos de personalidade
nomeados segundo a fase correspondente de fixação.
O tipo que se detém na fase oral
é o Oral receptivo, pessoa dependente - espera que tudo lhe seja dado sem
qualquer reciprocidade; ou o Oral sadístico, o que se decide a empregar a força
e a astúcia para conseguir o que deseja. Explorador e agressivo, não espera que
alguém lhe dê voluntariamente qualquer coisa.
O Anal sadístico é impulsivamente
avaro, e sua segurança reside no isolamento. São pessoas ordenadas e metódicas,
parcimoniosas e obstinadas.
O tipo genital é a pessoa
plenamente desenvolvida e equilibrada.
COMPLEXO DE ÉDIPO
Depois de ver nos seus clientes o
funcionamento perfeito da estrutura tripartite da alma conforme a teoria de
Platão, Freud volta à cultura grega em busca de mais elementos fundamentais
para a construção de sua própria teoria.
No centro do "Id",
determinando toda a vida psíquica, constatou o que chamou Complexo de Édipo,
isto é, o desejo incestuoso pela mãe, e uma rivalidade com o pai. Segundo ele,
é esse o desejo fundamental que organiza a totalidade da vida psíquica e
determina o sentido de nossas vidas. Freud introduziu o conceito no seu
Interpretação dos Sonhos (1899). O termo deriva do herói grego Édipo que, sem
saber, matou seu pai e se casou com sua mãe. Freud atribui o complexo de Édipo às
crianças de idade entre 3 e 6 anos. Ele disse que o estágio geralmente
terminava quando a criança se identificava com o parente do mesmo sexo e
reprimia seus instintos sexuais. Se o relacionamento prévio com os pais fosse
relativamente amável e não traumático, e se a atitude parental não fosse
excessivamente proibitiva nem excessivamente estimulante, o estágio seria
ultrapassado harmoniosamente. Em presença do trauma, no entanto, ocorre uma
neurose infantil que é um importante precursor de reações similares na vida
adulta. O Superego, o fator moral que domina a mente consciente do adulto,
também tem sua parte no processo de gerar o complexo de
Édipo. Freud considerou a reação contra o complexo de Édipo a mais
importante conquista social da mente humana. Psicanalistas posteriores
consideram a descrição de Freud imprecisa, apesar de conter algumas verdades
parciais.
COMPLEXO DE ELETRA
O complexo de Electra define-se
como sendo uma atitude emocional que, segundo as doutrinas psicanalíticas,
todas as meninas têm para com a sua mãe; trata-se de uma atitude que implica
uma identificação tão completa com a mãe que a filha deseja, inconscientemente,
eliminá-la e possuir o pai. Freud referia-se a ele como Complexo de Édipo Feminino,
tendo Jung dado o nome "Complexo de Electra", baseando-se no mito de
Eletra, filha de Agamemnon. Freud rejeitava o uso de tal termo por este
enfatizar a analogia da atitude entre os dois sexos.
O complexo de Electra é, muitas
vezes, incluído no complexo de Edipo, já que os princípios que se aplicam a
ambos são muito semelhantes.
NARCISISMO
Conta o mito que o jovem Narciso,
belíssimo, nunca tinha visto sua própria imagem. Um dia, passeando por um
bosque, encontrou um lago. Aproximou-se e viu nas águas um jovem de
extraordinária beleza e pelo qual se apaixonou perdidamente. Desejava que o
jovem saísse das águas e viesse ao seu encontro, mas como ele parecia
recusar-se a sair do lago, Narciso mergulhou nas águas, foi ás profundezas á
procura do outro que fugia, morrendo afogado. Narciso morrera de amor por si
mesmo, ou melhor, de amor por sua própria imagem ou pela autoimagem. O narcisismo
é o encantamento e a paixão que sentimos por nossa própria imagem ou por nós
mesmos, porque não conseguimos diferenciar um do outro. Como crítica à
humanidade em geral, que se pode vislumbrar em Freud, narcisismo é a bela
imagem que os homens possuem de si mesmos, como seres ilusoriamente racionais e
com a qual estiveram encantados durante séculos.
PERVERSÃO
Porém, assim como a loucura é a
impossibilidade do Ego para realizar sua dupla função (conciliação entre Id e
Superego, e entre estes e a realidade), também a sublimação pode não ser
alcançada e, em seu lugar, surgir uma perversão ou loucura social ou coletiva.
O nazismo é um exemplo de perversão, em vez de sublimação. A propaganda, que
induz no leitor ou espectador desejos sexuais pela multiplicação das imagens de
prazer, é outro exemplo de perversão ou de incapacidade para a sublimação.
Os sonhos: conteúdo manifesto e
conteúdo latente (Significados conscientes e subconscientes)
A vida psíquica dá sentido e
coloração afetivo-sexual a todos os objetos e a todas as pessoas que nos
rodeiam e entre os quais vivemos. As coisas e os outros são investidos por
nosso inconsciente com cargas afetivas de libido. Assim, sem que saibamos por
que, desejamos e amamos certas coisas e pessoas e odiamos e tememos outras.
É por esse motivo que certas
coisas, certos sons, certas cores, certos animais, certas situações nos enchem
de pavor, enquanto outras nos trazem bem-estar, sem que saibamos o motivo. A
origem das simpatias e antipatias, amores e ódios, medos e prazeres desde a
nossa mais tenra infância, em geral nos primeiros meses e anos de nossa vida,
quando se formaram as relações afetivas fundamentais e o complexo de Édipo.
A dimensão imaginária de nossa
vida psíquica - substituições, sonhos, lapsos, atos falhos, prazer e desprazer,
medo ou bem-estar com objetos e pessoas: indica que os recursos inconscientes
surgem na consciência em dois níveis: o nível do conteúdo manifesto (escada,
mar e incêndio, no sonho; a palavra esquecida e a pronunciada, no lapso; o pé
torcido ou objeto partido, no ato falho) e o nível do conteúdo latente, que é o
conteúdo inconsciente verdadeiro e oculto (os desejos sexuais). Nossa vida
normal se passa no plano de conteúdos manifestos e, portanto, no imaginário.
Somente uma análise psíquica e psicológica desses conteúdos, por meio de
técnicas especiais (trazidas pela psicanálise), nos permite decifrar o conteúdo
latente que se dissimula sob o conteúdo manifesto.
PSICANÁLISE, RAZÃO E CONSCIÊNCIA
Descobrir a existência do
inconsciente não é esquecer a consciência, a razão, e abandoná-las como algo
ilusório e inútil. É pela consciência, pela razão, que desvendamos e deciframos
o inconsciente. Em outras palavras, a razão não está descartada apesar das
forças irracionais inconscientes. Longe de desvalorizar a razão a psicanálise
exige que o pensamento racional não "faça concessões às ideias
estabelecidas, à moral vigente, aos preconceitos e às opiniões de nossa
sociedade, em que os enfrente em nome da própria razão e do pensamento."
(pág. 356, Convite à Filosofia, Marilena Chauí)
PSICANÁLISE E ÉTICA
A psicanálise mostrou que uma das
causas dos distúrbios psíquicos é o rigor excessivo do SUPEREGO, a CASTRAÇÃO
excessiva. Quando isto acontece há dois caminhos não éticos: ou a transgressão
violenta de seus valores pelos sujeitos reprimidos ou a resignação passiva de
uma coletividade neurótica, que confunde neurose e moralidade." (pág.
356, op. Cit., Marilena Chauí). Não éticos porque a violência é
introduzida: violência da sociedade que exige dos sujeitos padrões de conduta
impossíveis de serem realizados e, por outro lado, violência dos sujeitos
contra a sociedade, pois somente transgredindo e desprezando os valores
estabelecidos poderão sobreviver. Em suma é necessária a repressão dos desejos,
da sexualidade, para ser possível a convivência social e a ética "mas por
outro lado a repressão excessiva destruirá primeiramente a ética e depois a
sociedade." (pág. 356, op. Cit. Marilena Chauí). Segundo Freud o sujeito
da psicanálise é responsabilizado, sim, por seu inconsciente pois "quem
mais, além de mim, pode se responsabilizar por algo que, embora eu não
controle, não posso deixar de admitir como parte de mim mesmo? Responsabilidade
difícil de assumir, esta, pelo estranho que existe em nós, age em nós e com o
qual não queremos nos identificar. No entanto, eticamente, é preferível que o
sujeito arque com as consequências dos efeitos de seu inconsciente, fazendo
deles o início de uma investigação sobre o seu desejo, a que ele permita que
tais efeitos se manifestem apenas na forma do sintoma. Ou, o que é ainda mais
grave, que o sujeito tente se desembaraçar do inconsciente, por meio dos atos
de intolerância que projetam no outro o que o eu não quer admitir em si mesmo. A
passagem por uma análise torna o sujeito não apenas mais responsável pelo
desejo que o habita, mas também preserva as pessoas que lhe são mais próximas,
aquelas que dependem de seu afeto e de sua compreensão - filhos, parceiros,
subordinados etc , de se tornarem objetos das projeções e das passagens ao ato
de quem não quer assumir as condições de seu próprio conflito." (pág. 32, Sobre
Ética e Psicanálise., Maria Rita Kehl).
Através da temática da
Psicanálise a partir de Sigmund Freud (1856-1939), a descoberta do
inconsciente, a primeira e segunda teorias sobre as estruturas do aparelho
psíquico, a descoberta de sexualidade infantil, os mecanismos de defesa e o
recalque, os métodos e forma de atuação da psicanálise freudiana e a
interpretação dos sonhos.
Em vista disso, tem-se que a
psicanálise surgiu com o médico Freud, em 1980, com o objetivo de estabelecer
tratamentos dos sintomas histéricos e neuróticos. Definiu com isso que o
aparelho psíquico é dominado pelos princípios da realidade e do prazer. O
princípio da realidade propicia a renúncia da satisfação imediata tendo uma
situação real na realidade. O princípio do prazer é o processo primário que
liberta e rompe barreiras distantes da razão.
Verificou-se que, a partir de
Sigmund Freud ocorreu uma transformação que foi capaz de alterar todo
pensamento referente a vida psíquica do ser humano. Adotando uma abordagem
científica, esse autor criou a psicanálise por meio de observações das regiões
obscuras e dos processos misteriosos do psiquismo, transformando-a em teorias e
métodos. Para Freud a compreensão do ser humano só pode ocorrer por meio de um
resgate da historia pessoal do indivíduo ligada à sociedade e aos grupos de seu
pertencimento.
Entende-se, com isso, que
teoricamente a psicanálise freudiana é caracterizada pela sistematização do
conjunto de conhecimentos oriundos do funcionamento psíquico do ser humano.
Metodologicamente, traduziu-se num método interpretativo buscando o significado
das produções imaginárias humanas. Por consequência, transformou-se numa
prática profissional com referência ao modo de tratamento buscando a cura e o
autoconhecimento.
O funcionamento psíquico para
Freud se dá por meio do aspecto econômico, o tópico e o dinâmico. Assinala ele
que o aspecto econômico se dá em razão da existência de uma quantidade de
energia que alimenta os processos psíquicos. O tópico é onde ocorrem sistemas
que identificam a natureza e o modo de funcionamento psíquico. E o dinâmico, é
onde ocorre a pulsão que reside no interior do psiquismo como uma força
conflitante.
Por isso, a primeira teoria sobre
as estruturas do aparelho psíquico foi o primeiro passo na direção do
entendimento da personalidade, sendo assentada sobre três instâncias psíquicas
ou sistemáticas, determinadas no pré-inconsciente, no inconsciente e no
consciente.
Nessa teoria, o pré-inconsciente
é visto como um sistema de conteúdos que acessam a consciência.
Com a descoberta do inconsciente
ocorreu a transformação no entendimento acerca da posição subjetiva do ser
humano, subvertendo o sujeito moderno na conquista do espaço subjetivo. Assim,
é entendido como aquele que exprime o conjunto de conteúdos reprimidos da
consciência. Esse conceito direciona-se à proposição de uma realidade psíquica,
entendida como uma zona de pulsões, desejos, tendências e medos.
O consciente, por sua vez, é
visto como um sistema do aparelho psíquico receptivo às informações interiores
e exteriores, destacando a atenção, a percepção e o raciocínio.
A descoberta da sexualidade
infantil se deu por meio de investigações procedidas por Freud na prática
clínica, percebendo que os desejos e pensamentos reprimidos eram oriundos de
conflitos sexuais da vida infantil, período esse que é afetado por marcas
profundas na formação da pessoa. Ele identificou a função sexual desde o
princípio da vida, definindo fases, a exemplo da oral, identificando a boca
como zona de erotização, determinando que o prazer está na excitação da mucosa
dos lábios e da cavidade bucal na ingestão de alimentos, incorporando o objeto;
a anal, quando o ânus é identificado como a zona de erotização, com relação
ativa e passiva do objeto e controle de fonte de prazer nova dos esfíncteres
uretral e anal; a fálica, quando o pênis torna-se essa zona, quando há
interesse narcísico do menino e na menina à descoberta de sua ausência quando
há compensação no desejo de ter um filho; a latência, que corresponde à
diminuição das atividades sexuais possibilitando um intervalo na evolução da
sexualidade, se prolongando até a puberdade; e a genital, quando o outro ou um
objeto externo passa a ser o objeto da erotização em lugar do corpo, quando as
meninas e meninos adquirem a consciência de suas identidades sexuais.
Identifica ele que nessas fases ocorrem vários processos. Assim, o autor
precisa que na estruturação da pessoa ocorram marcas oriundas dos conflitos de
ordem sexual localizado na vida infantil. Por resultado, a observância do autor
levou ao entendimento de que a função social ocorre a partir do nascimento, seu
período é complexo e longo até o adulto, e que a libido é a energia dos
instintos sexuais.
A segunda teoria do aparelho
psíquico remodelou a teoria freudiana, em razão da introdução dos conceitos dos
sistemas da personalidade a partir do id, ego e superego. O id é visto como o
reservatório de energia psíquica, local regido pelo princípio do prazer e onde
se encontram as pulsões de vida e morte. O ego é o equilíbrio entre o id e o
superego, regulando por meio de suas funções básicas, quais sejam a memória, a
percepção, o pensamento e os sentimentos, as condições da realidade. E o
superego originado nas internalizações dos limites, proibições e autoridade,
com referências às exigências culturais e sociais.
Os mecanismos de defesa
freudianos são identificados como processos que são efetuados pelo ego no
inconsciente, ocorrendo independentemente da vontade e distorcendo a realidade,
como a formação reativa, o recalque, a projeção, a regressão e a
racionalização.
Os métodos e formas
psicanalíticas se dão por meio da interpretação da resistência e da
transferência da livre associação. O método utilizado é interpretativo visando
compreender o sintoma individual ou social e desvendar o real. Tem-se,
portanto, como característica da psicanálise a interação dos conteúdos e
deciframento do inconsciente nos conteúdos da consciência. A finalidade está no
autoconhecimento para que o indivíduo possa lidar com seu sofrimento. Assim, a
metodologia freudiana partia da investigação do inconsciente e estabelecia as
relações que transitavam na realidade do paciente, estudando as formas de
tratamento para os distúrbios psíquicos. Utilizava também a interpretação dos
sonhos uma vez que este é a essência de um desejo reprimido da infância.
Pesquisa realizada pelo Dr. Josué Campos
Macedo