sexta-feira, 16 de maio de 2014

O PENSAMENTO PSICANALÍTICO DE DRA. MÉLANIE KLEIN


Melanie Klein (Viena, 30 de março de 1882 — Londres, 22 de setembro de 1960) foi uma psicanalista austríaca. Em geral é classificada como uma psicoterapeuta pós-freudiana.
O pai de Melanie, de origem judaica, era um estudioso do Talmude que aos 37 anos rompeu com a ortodoxia religiosa e cursou Medicina. Era um médico judeu polonês, originário de Lemberg, na Galícia, que se tornou clínico geral graças a uma ruptura com pais tradicionalistas. A mãe mantinha um pequeno comércio para colaborar com o marido na manutenção da casa. Judia eslovaca brilhante, dedica-se, por necessidades familiares, ao comércio de plantas e répteis, cuja família, erudita e culta, era dominada por uma linhagem de mulheres.
Melanie Klein, pouco desejada, foi a quarta entre os filhos desse casal que não se entendia. Quando, por sua vez, se tornou mãe, também sofreria na vida particular as intrusões da mãe, Libussa, personalidade tirânica, possessiva e destruidora. A juventude de Melanie foi marcada por uma série de lutos, muitos provavelmente responsáveis pela culpa, cujos vestígios se encontram na obra teórica.
Tinha quatro anos quando a irmã Sidonie morreu de tuberculose com a idade de 8 anos; tinha 18 quando o pai, debilitado há longos anos, morreu, deixando-a com a mãe; tinha 20. Quando seu irmão Emmanuel, que a influenciara muito, morreu esgotado pela doença, pelas drogas e pelo desespero.
Em 1896, Melanie Klein interessava-se pelas artes, tendo-se preparado para o exame de admissão ao liceu feminino, visando cursar Medicina. Mas, após o casamento com Arthur Klein, em 1903, abandonou a Medicina e seguiu cursos de Arte e História, na Universidade de Viena, sem graduar-se. A seguir teve três filhos.
Melanie Klein Nasceu em 1882 e faleceu em 1960, psicanalista britânica de origem austríaca. Filha de um médico judeu polonês, de Lemberg, na Galícia, que se tornou medico clínico Sua mãe, judia eslovacas ocupava-se com o comércio de plantas e répteis. Mélanie Klein foi à quarta entre os filhos do casal. Quanto ela tinha quatro anos de idade sua irmã morreu de tuberculose e quando seu pai faleceu tinha 18 anos e passou a viver com a mãe.
Em 1916, em Budapeste, teve o primeiro contato com a obra de Sigmund Freud e fez análise com SándorFerenczi. Estimulada por ele, iniciou o atendimento de crianças. Em 1919 tornou-se membro da Sociedade de Psicanálise de Budapeste. No ano seguinte conheceu Freud e Karl Abraham, no Congresso Psicanalítico de Haia. Abraham convidou-a para trabalhar em Berlim. Em 1921, o marido se transferiu para a Suécia e Melanie permaneceu em Berlim com os filhos.
A partir de 1923, passou a dedicar-se integralmente à Psicanálise e, aos 42 anos, iniciou uma análise de 14 meses com Abraham. Em 1924, no VIII Congresso Internacional de Psicanálise, Klein apresentou o trabalho A técnica da análise de crianças pequenas.
Em 1927, Anna Freud publicou o livro O tratamento psicanalítico de crianças e Melanie criticou suas ideias, dando início a um subgrupo kleiniano na Sociedade Britânica de Psicanálise. No mesmo ano tornou-se membro da Sociedade.
De 1929 a 1946, Melanie Klein realizou a análise em Dick, um menino autista com cinco anos. Em 1930 começou as análises didáticas e o atendimento de adultos. Em 1932 publicou a obra A psicanálise da criança, simultanemante em inglês e alemão; em 1936 realizou conferência sobre O desmame; em 1937 publicou Amor, ódio e reparação, com Joan Rivière; entre 1942 e 1944 elaborou, com discípulos, a sua teoria.
Em 1945 a Sociedade Britânia de Psicanálise foi dividida em três grupos: annafreudianos (freud contemporâneo), kleiniano e independente. Em 1947, aos 65 anos, publicou Contribuições à psicanálise. Em 1955 foi fundada a Fundação Melanie Klein. No mesmo ano foi publicado o artigo A técnica psicanalítica através do brinquedo; sua história, sua significação, escrito a partir de uma conferência de 1953.
Em 1960 ficou anêmica e em setembro foi operada de um câncer do cólon. Morreu no dia 22 de setembro, aos 78 anos de idade.
No inicio Klein estudou arte e história na Universidade de Viena, mais após a morte do pai devido as grandes dificuldades financeiras abandonou os estudos. E provavelmente esta teria sido a causa de ter abandonado os estudos de medicina. Em 1903, casa-se com Arthur Klein, engenheiro químico que ela conhecera dois anos antes e com ele teve três filhos. Em 1914, sua mãe morreu e nesse mesmo ano nasceu seu terceiro filho, Erich Klein (futuro Eric Clyne), que ela analisaria como Hans e Melitta, o irmão e a irmã mais novos. Também em 1914 realizou os primeiros estudos sobre um texto de Sigmund Freud, “Sobre os sonhos”, o na mesma época deu início de sua análise com SandorFerenczi. Essa análise foi interrompida devido à guerra. Ela recomeça, em 1924, em Berlim, com K.Abraham, e mais uma vez é interrompida com sua morte em 1925. E por fim conclui a analise com S.Payne em Londres.

PSICANALISAR CRIANÇAS
A Psicanálise segundo Freud, e uma terapêutica eficaz para o tratamento de neuroses as “neuroses de transferências”, ou seja: histeria de angustia, histeria de conversão e neuroses obsessionais. Em cada uma dessas neuroses o processo de cura se dá na relação do analisado com o analista, que no decurso do tratamento, existe uma produção de uma transferência, operação inconsciente em si mesma, de uma atualização dos desejos inconscientes existentes do analisado sobre a pessoa do psicanalista. Essa transferência e essencial no processo de cura e é o caráter comum em que todas essas neuroses resultam do processo de cura. Qual então seria o motivo pelo qual seria impossível psicanalisar a criança. Segundo a teoria dos estádios, na qual se conduziu o tratamento dessas neuroses em adultos, parece não ser possível uma relação entre a criança e o analista devido ao seu grau de amadurecimento. A tese de Freud e Anna Freud é que o período de latência se situa entre a resolução do complexo de Édipo e a puberdade e sua característica é o recalcamento dos conflitos da primeira infância. Outro aspecto da objeção teórica para se psicanalisar crianças é que a vida da criança está em processo de formação e que seus fantasmas e os seus recalcamentos não se encontram ainda distintas daquilo que os deu origem. Também podemos ressaltar que alem destes obstáculos teóricos seria ainda importante ressaltar o motivo da criança não ser capaz de ter o domínio suficiente da linguagem. E a linguagem no processo psicanalítico se constitui no campo de interpretação imprescindível ao Psicanalista.
Obstáculos da teoria Psicanalítica e Mélanie Klein no seu projeto Psicanalítico
Diante de todos esses obstáculos teóricos da Psicanálise, Mélanie Klein passa a utilizar um modelo essencialmente pratico que é o de observar a criança. Na pratica o tratamento das neuroses permitiu concluir que a causa determinante das perturbações psíquicas deve ser procurada numa fixação da energia psíquica sobre o que passa a ser uma representação recalcada, associadas às pulsões sexuais infantis, energia que se transforma na produção de sintomas em que as representações recalcadas se manifestam. Portanto na relação criança e analista convêm, pois evitar esta fixação que pode ser originada pelo recalcamento. O próprio Freud reconhece que se trata mais em controlar o desenvolvimento psíquico da criança do que analisar este reconhecimento consiste do apoio pratico através dos trabalhos psicanalíticos com adultos.
FUNÇÃO DA ANALISE NO JOGO
A análise, portanto deve limitar-se a intervir assim que se manifeste no comportamento da criança uma inibição resultante do recalcamento da curiosidade ou de um conflito vivido na angustia. A função da analise em síntese não consiste em impedir o recalcamento, mas em neutralizar os seus efeitos ulteriores,a fim de que a energia psíquica seja novamente utilizada na atividade intelectual.
O JOGO
A técnica do jogo revela os desejos e os fantasmas da criança. O que se chama de Jogo tem primordialmente a função de facultar ao analista o material associativo através do qual se manifestam as representações recalcadas que atuam nas perturbações das crianças. Esta técnica e realizada colocando a criança em uma sala com pouca mobília, onde é observado por um psicanalista, que poderá associar as suas atividades ulteriores, respeitando os princípios de abstinência, que consiste na conduta de cura do analista, que implica em não aceitar os pedidos do analisado e em não permitir uma relação analítica de uma situação que satisfaça os desejos do analisado. No momento que o analisado entra na sala todo o seu comportamento, gestos, palavras, todos os jogos e seus encadeamentos são vistos pelo analista e assumem valor importante de informação. Também é importante a maneira com o analista é associada ao jogo, assim como a inibição do jogo,a narração, os comentários, a manipulação dos objetos, experiências vividas, representações recalcadas, e finalmente o conflito interno que se encontra na base da neurose.
EXPRESSÕES DO JOGO
Muitos jogos exprimem representação fantasmática de cenas das relações sexuais entre os progenitores que foi quer primitivamente observada, quer imaginada a partir de indícios reais, em função das representações associadas às pulsões sexuais. Outro jogo manifesta-se o desejo de matar o progenitor do mesmo sexo, ou mesmos colocá-lo no jogo, como filho para poder castigá-lo. Assim são frequentemente observado que meninas entre os quatro e os seis anos ,que ao brincarem com suas bonecas passam a identificar esta com a sua mãe,castigando por ter chupado o dedo e também matam-na e depois ressuscitam-na. Também os fantasmas masturbatórios nos meninos são frequentemente observado a sua natureza,tão significativo que Mélanie Klein não tem duvida em ver neles a causa de um eterno jogo,sendo assim a primeira sublimação desta atividade obsessional. Assim os jogos dos meninos com os automóveis e as locomotivas experimentam frequentemente o ato sexual-colisão entre os brinquedos são identificados com os pais mais também a excitação dos órgãos genitais. Assim esse fantasma é através deles, suas expressões arcaicas e simbólicas representadas nos jogos, que dão acesso direto ao inconsciente da criança.
OS PRIMEIROS TRAÇOS ESPECIFICAM ANÁLISE DO JOGO - A RELAÇÃO EDIPIANA
A Relação Edipiana torna-se o primeiro traço especifico da analise das crianças através desta técnica do jogo. Esta técnica evidencia a estreita relação existente entre a vida consciente com a vida inconsciente durante os primeiros anos de vida da criança. Isso explica e evidencia a relativa facilidade com que as crianças aceitam sugestões do analista nas interpretações do seus jogos e consequentemente a rapidez das primeiras melhoras no tratamento das neuroses infantis,pelo menos durante o declínio do complexo edipiano e na fase da entrada de latência. O analista procura então o acesso às organizações inconscientes do psiquismo anterior à resolução da neurose, e esse acesso se operará através das representações recalcadas. Também e bom ressaltar que as neuroses infantis não têm as mesmas manifestações que as neuroses dos adultos,em que os sintomas são facilmente descritíveis. Nas neuroses infantis não e a presença de inibições especificas ou de fantasmas singulares, e nem nas atividades rituais,nos relatos fantásticos,nos tiques (que muitas vezes são o deslocamento de uma atividade masturbatóriaobsessional ) certas situações criadoras de angústia – ansiogênica antigas. O que indica a necessidade de submeter a criança a cura é exatamente as manifestações simultâneas de um forte sentimento de culpabilidade. Este sentimento é observável a partir dos três anos de idade e se traduz por um relacionamento profundo da relação edipiana na vida da criança. Um exemplo e o caso da menina que se entrega ao rito de agressão ao analista e esta agressão segue-se um extremo receio: e recusa-se a considerar a mãe da sua boneca,ou seja; não assume desempenhar o papel de mãe. No entanto e bom evidenciar que o analista embora não se dirija ao ego com faz o pedagogo, mesmo assim leva em consideração a sua cooperação para acender ao inconsciente das crianças.
TRANSFERÊNCIA DA PSICANÁLISE DAS CRIANÇAS
A doença na criança é apenas uma questão quantitativa (mais ou menos) assim as dificuldades alimentares, terrores noturno,fobias,desinteresse entre outros, podem ser a manifestação de predisposições mórbidas. Quando se torna possível estabelecer, a partir de observação das neuroses infantis,um inventário de sinais sintomáticos,se observa que muitos deles se encontram em crianças que podem ser consideradas “normais”. Portanto a importâncias do jogo e operar uma ampliação;permitir conhecer a que grau da profundidade do psiquismo nascem os fantasmas,reconhecer o tempo e o momento da fixação e diagnosticar com relativa segurança a perturbação que no desenvolvimento que constitui a neurose. Este instrumento de cura tem ,portanto, suas limitações e raramente é utilizado a partir do seis anos - limiar teórico do período latente – e só de modo excepcional na puberdade. Para Mélanie Klein a cura das crianças de pouca idade dá lugar a uma transferência negativa nas primeiras sessões e positiva a partir do momento em que se estabelece o relacionamento analítico. A transferência no processo analítico com as crianças traduz a presença de um conjunto de princípios morais de extremo rigor -o superego - deste a idade precoce.
RELAÇÃO EDIPIANA
Klein demonstra que a relação edipiana é muito precoce. A formação do complexo de Édipo e do superego -concomitante- o acontecimento que produz o trauma do desmame conduz simultaneamente ao desencadeamento de pulsões de destruição dirigidas contra o seio materno e ao aparecimento de um sentimento de culpabilidade, resultante da interiorização do objeto frustrante que fundamenta o desenvolvimento ulterior do superego. Se estabelece assim desde os primeiros anos de vida,a ambivalência afetiva da relação com o objeto que, é a essência do conflito edipiano.Em relação ao comportamento agressivo destrutivo da criança,o incentivo ao conhecimento desenvolve-se mesmo antes do surgimento da linguagem a curiosidade manifesta ou latente do quarto ano de vida marca o seu limiar e não o seu nascimento. Em ambos os sexos se opera muito cedo uma identificação com a mãe,que está na origem da fase de feminilidade. No menino manifesta-se muito cedo e até o período de latência um “complexo de feminilidade” que corresponde segundo Klein ao complexo de castração. Em outras palavras significa,à consciência da falta do pênis na menina; sucede assim que o medo da mãe – a qual a criança quis furtar o conteúdo do seu corpo e contra o qual exerce tendências destrutivas – não e menos forte que o medo do pai. Após esta fase o menino se identifica com o pai e passa a rivalizar-se com ele associando ainda de maneira intima, no desejo de possuí-la, tendências destrutivas e tendências reparadoras. Na menina segundo Klein o desejo de receber o pênis,fonte ilimitada de satisfação,seguindo este desejo à frustração constituída pelo desmame. Como resultado desta frustração,o seio se torna objeto de tendências destrutivas e o pênis o bom objeto da satisfação do qual a mãe se apropriou do pênis a priva. Assim se observar que na menina,paralelamente a um desenvolvimento psicossexual mais precoce a presença de um superego,quer dizer;de princípios morais,particularmente rigoroso e sádico. No adulto o acesso à organização genital da libido é mais problemático e mais diretamente submetido às exigências do superego na mulher do que no homem. Mélanie no tratamento analítico das neuroses infantis, portanto insistiu em afirmar que na precocidade das tendências destrutivas, e também pôs em evidência a mesma precocidade do mecanismo de interiorização que está na base do desenvolvimento do superego. Portanto o significado do complexo de Édipo a partir do sexto mês sofreu uma profunda modificação. Conclui-se logo que as primeiras relações objetivas que se adquirem logo ao nascimento determinam essencialmente o desenvolvimento ulterior do psiquismo. Assim a partir do nascimento a criança tem no seio materno o objeto de suas tendências fisiológicas à “pulsão sexual. Do mesmo modo a partir do nascimento a criança,se exerce as pulsões de vida e as pulsões de destruição,e é a partir dos primeiros meses de vida que este fenômeno tem mais força. Assim a partir deste ponto, o fenômeno construtivo da vida psíquica;são o caráter inato das tendências destrutivas ou “sádicas” e o seu investimento imediato no objetivo da frustração.
VIDA PSÍQUICA DO RECÉM-NASCIDO
O que determina a vida psíquica do recém-nascido são as satisfações e as frustrações. Ao nascer a criança entra, pois em relação com o seio materno,fonte do suprimento da necessidade física,e que ao mesmo tempo é também objeto de satisfação. Porem a mãe,identificada como o seio pelo recém-nascido,nem sempre é gratificante. Isto porque muito antes do desmame, a mãe se recusa a proporcionar a satisfação de que é fonte. E desta forma irrompe as pulsões destrutivas devido a frustração, vivida como uma punição. Este mecanismo da divisão do objeto (fonte de satisfação e frustração) renova-se em todos os estádios ulteriores da evolução para todos os objetos de satisfação.
POSIÇÃO PARANOIDE
O único e mesmo objeto que gratifica e que frustra se divide num bom objeto e num mau objeto, representações das pulsões de vida e de frustrações. Os primeiros quatro meses de vida são aqueles em que as angustias infantis exprimem o medo da destruição pelo mau objeto. Mélanie dar a esta forma de organização da vida psíquica no seu primeiro estádio o nome de “posição paranoide”.Aqui o superego,neste período, provavelmente ele é mais cruel. O) medo de ser destruído pelo mau objeto interiorizado produz na criança o medo de perder objeto gratificante como punição pelos maus tratos exercida contra ele.Cada saída da mãe,cada ausência reproduz esta situação de angústia e produz mecanismos de defesa que definem a “posição depressiva”Este mecanismo de defesa fazem da posição depressiva uma forma de organização da vida psíquica inteiramente semelhante à que apresenta o quadro clínico das psicoses (maníacas depressivas) atualmente conhecidas com transtornos bipolar. A posição depressiva decresce progressivamente no decurso do primeiro ano de vida,quando se forma o complexo de Édipo que modifica a relação da criança com a mãe.Klein utilizou o termo “posição” para designar as duas formas mais antigas da vida psíquica ressalta o caráter repetitivo destes modos de relação de objetos em cada estádio do desenvolvimento ulterior .Em 1934 em artigo atribuído à formação dos estados maníaco-depressivos (bipolar) ,com algumas modificações feitas em 1952 em uma artigo sobre a vida emocional do recém-nascido,em que o termo “posição paranoide – esquizoide” é adaptado,esta teoria do primeiro desenvolvimento psíquico da criança. nunca foi posta em profundidade por Mélanie Klein. Ela passou a insistir sempre no caráter gratuito do sadismo infantil e na realidade fantasmática da “má mãe”

SÃO TRÊS OS PILARES FUNDAMENTAIS DA TEORIA KLEINIANA
Primeiramente existe um mundo interno, formado a partir das percepções do mundo externo, colorido com as ansiedades do mundo interno. Com isso os objetos, pessoas e situações adquirem um colorido todo especial. O seio materno, primeiro objeto de relação da criança com o mundo externo, tanto é percebido como seio bom quando amamenta, daí o nome de “seio bom” a esse objeto no mundo interno, quanto é percebido como “seio mau”, quando não alimenta na hora em que a criança assim deseja. Como é impossível satisfazer a todos os desejos da criança, invariavelmente ela possui os dois registros desse seio, um bom e um mau. Esse conceito também é muito importante no estudo da formação de símbolos e desenvolvimento intelectual.
Em segundo lugar os bebês sentem, logo quando nascem, dois sentimentos básicos: amor e ódio. É como se a vida fosse um filme em branco e preto, ou se ama, ou se odeia. É fácil, portanto, perceber que a criança ama o “seio bom” e odeia o “seio mau” sendo essa a origem do conceito de "seio bom, seio mau". O problema é que na phantasia da criança, o “seio mau”, esse objeto interno, vai se vingar dela pelo ódio e destrutividade direcionados a ele. Esse medo de vingança é chamado de ansiedade persecutória. Quando nos defrontamos diante de um perigo, como por exemplo, quando caminhando em um parque nos defrontamos diante de uma cobra, temos o instinto de fugir. Essa reação diante do perigo é chamada em psicanálise de defesa. O conjunto de ansiedade persecutória e suas respectivas defesas são chamados por Klein de “posição esquizoparanóide”.
Com o desenvolvimento o bebê percebe que o mesmo objeto que odeia (seio mau) é o mesmo que ama (seio bom). Ele percebe que ambos os registros fazem parte de uma mesma pessoa. Agora o bebê teme perder o seio bom, pois teme que seus ataques de ódio e voracidade o tenham danificado ou morto. Esse temor da perda do objeto bom é chamado por Klein de “ansiedade depressiva”. O conjunto de ansiedade depressiva e suas respectivas defesas do ego são chamados por Klein de “posição depressiva”.
O conceito de posições é muito importante na escola kleiniana, pois o psiquismo funciona a partir delas, e todos os demais desenvolvimentos são invariavelmente baseados em seu funcionamento. Nesse sentido, o desenvolvimento em fases, proposto por Freud (fase oral, fase anal e fase fálical), é aqui substituído por um elemento mais dinâmico que estático, pois as três fases estão presentes no bebê desde os três primeiros meses de vida. Klein não nega essa divisão, muito pelo contrário, mas dá a elas uma dinâmica até então ainda não vista em psicanálise.
Aliás, é essa palavra que distingue o pensamento kleiniano do freudiano. Para Klein, o psiquismo tem um funcionamento dinâmico entre as posições esquizoparanóide e depressiva, que se inicia como o nascimento e termina com a morte. Todos os problemas emocionais, como neuroses, esquizofrenias e depressão são analisados a partir dessas duas posições. Por isso, em uma análise kleiniana, não se trata de trabalhar os conteúdos reprimidos, é preciso “equacionar” as ansiedades depressivas e ansiedades persecutórias. É necessário que o paciente perceba que o mundo não funciona em preto e branco, e que é possível amar e odiar o mesmo objeto, sem medo de destruí-lo. Em outras palavras, não adianta trabalhar o sintoma (neurose) se não trabalhar os processos que levaram seus surgimentos (ansiedades persecutória e ansiedades depressiva).
A obra de Mélanie Klein pretende obter em seus resultados fundamentos relacionados a experiência analítica,na medida em que é acima de tudo uma simbólica,descreve um domínio de relações pautadas à observação positiva. Fica, portanto difícil tanto refutá-la quanto verificá-la, e não sendo qualificada para dar conta de fatos observáveis,desqualifica qualquer observação que pretenda diminuir as suas conclusões.Apesar destas condições extremas refutá-las ou confirmá-las a obra de Klein é no entanto um exemplo;que teve sua origem pedagógica que pretendia evitar desde a infância,através da Psicanálise, os problema dos adultos,ampliando a interpretação da vida psíquica cujos condições se estabelecem logo após o nascimento. Klein acaba por descobrir na infância todo o nosso mal estar e de todos os nossos problemas, consequência inevitável de qualquer retorno às origens.

  
Pesquisa realizada pelo Dr. Josué Campos Macedo